Volume 4

Capítulo 111: Preparando os itens com antecedência

A primeira coisa que nós fizemos após deixarmos o orfanato foi seguir para a Guilda dos Aventureiros, assim poderíamos pedir que eles nos ajudassem ao enviar uma mensagem para a filial de |Aressa|.

Eu assumi que toda a comunicação era feita através do uso de algum tipo de item mágico, então eu estava completamente ignorante sobre o fato de eles usarem pombos-correios. Bom, não exatamente pombos-correios, mas algo parecido. Para ser preciso, as mensagens eram carregadas por Feras Demoníacas parecidas com falcões.

Os falcões-correios eram uma espécie de Fera Demoníaca chamada Águia do Vento. Elas eram especializadas em voo de alta velocidade, e, como resultado, eram classificadas como Nível de Ameaça E. Na verdade, elas eram tão rápidas que a que acabamos de enviar para |Aressa| chegaria a seu destino no mesmo dia.

As Águias eram realmente convenientes dado o fato de que eles podiam cobrir enormes distâncias em muito pouco tempo, mas a Guilda não tinha tantos deles a disposição. Mesmo a filial de |Barbola| tinha apenas dois. Como você poderia presumir apenas por esse fato, eles não eram apenas caros para se usar, mas também estavam sempre muito ocupados. Eu imagino que você poderia dizer que tivemos muita sorte que nossa mensagem tenha sido enviada imediatamente.

E, a propósito, caro significa caro. Enviar apenas essa carta nos custou a quantia de dez mil Gorudo. Dez mil! Eu quase senti que seria melhor pegar nosso dinheiro e o doar para o orfanato, mas eu acabei enviando a carta de qualquer forma, assim que eu racionalizei que isso ainda seria o melhor investimento à longo prazo.

Agora, com tudo isso dito, Fran e eu estávamos totalmente conscientes que Amanda não tinha permissão para deixar |Aressa|, mas isso não significava que ela não seria capaz de nos ajudar. Podia ser possível para ela mexer alguns pauzinhos para fazer o Lorde de |Barbola| voltar a dar dinheiro para o orfanato. Do mesmo modo, nós também poderíamos ser capazes de usar o nome dela com o objetivo de desencorajar aqueles que estavam olhando para o orfanato com olhos cheios de malícia.

Naturalmente, a carta continha mais do que apenas nosso pedido por ajuda. Nós primeiro escrevemos um pouco sobre nós mesmos e nossas mais recentes experiências e conquistas antes de seguir explicando as circunstâncias menos do que satisfatórias. A razão para deixarmos o assunto do orfanato por último era para que pudéssemos terminar a carta, intencionalmente, dizendo, "Há muitas crianças passando necessidades que seriam imensamente beneficiadas com a sua ajuda. Por favor, você poderia dar uma mão a eles?", teria muito mais impacto dessa forma.

Eu estava consciente de que nós meio que estávamos empurrando todo esse problema para ela, mas nós não hesitamos em buscar a ajuda dela. Nós imaginamos que Amanda teria mais do que influência suficiente e a capacidade para fazer algo ser feito. Isto era muito mais do que apenas nosso problema, então eu senti que era necessário fazer uso de cada recurso à nossa disposição.

(Urushi): "Woof woof"

(Mestre): "Bem-vindo de volta Urushi"

Urushi voltou de sua aventura repleta de delitos assim que terminamos todo o nosso negócio relacionado com a Guilda.

Eu meio que queria seguir para o Conglomerado Luciel imediatamente, mas eu estava mais interessado no resultado das investigações de Urushi, então nós primeiro decidimos seguir para o lugar de onde ele tinha acabado de vir, apesar do Conglomerado estar na direção oposta.

(Mestre): "Então, ele veio para cá?"

(Urushi): "Woof"

Urushi nos guiou para a área residencial da cidade, onde nos encontramos parados diante de uma enorme mansão com uma cerca de cinco metros rodeando sua propriedade. Seu tamanho era um indicativo do fato que ela provavelmente pertencia a algum tipo de nobre.

Eu realmente queria que ela tivesse algo tão conveniente quanto uma placa de identificação, mas a realidade nunca era tão conveniente assim.

O que nós precisávamos era informação. Nós não poderíamos tomar nenhuma decisão ou chegar a nenhuma conclusão sem isso, então decidimos perguntar por aí e reunir o máximo de informação possível.

Fran ainda era uma criança, assim, felizmente, ela fazendo algumas perguntas não acabaria levantando suspeitas de algo malicioso. Tudo o que ela precisava fazer para as pessoas divulgarem a informação que ela queria era atuar um pouco. Era uma pena que Urushi não pudesse ficar ainda menor, caso contrário, poderíamos usá-lo para fazer o papel do cãozinho amigável.

Sempre que passávamos por um homem, nós fazíamos Fran inclinar um pouco sua cabeça enquanto encarava os olhos dele. Ver ela agindo assim basicamente faria com que qualquer homem por quem passássemos imediatamente ficasse o mais obediente possível.

(Fran): "Hey, senhor?"

(Homem A): "Si-sim? Você precisa de alguma coisa?"

A maioria deles reagia como se estivesse encantado. Parecia que ver Fran interagindo com eles dessa forma fazia com que eles despertassem para um novo tipo de interesse. Whoops, erro meu. Isso, uh, não foi intencional. Hahaha

As mulheres foram abordadas de uma forma muito mais natural. Elas pareciam agir muito mais amigavelmente quando Fran mantinha sua usual cara sem expressões.

(Fran): "Com licença madame"

(Mulher A): "Sim?"

(Fran): "Essa mansão. Parece mesmo grande. Propriedade de nobres?"

(Mulher A): "Agora que você mencionou, eu acho que ela deve ser a maior nesta vizinhança, então, acho que sim"

(Fran): "Parece que o dono tem mau gosto. Mal decorada"

(Mulher A): "Ahahaha, você está certa sobre isso. No entanto, ninguém sabe exatamente quem é o proprietário"

(Fran): "Não sabe?"

(Mulher A): "Bem, isto é apenas um rumor, mas, aparentemente, ela está ocupada por algumas pessoas bem questionáveis. Eles dizem que você só vê pessoas entrando e saindo do edifício no meio da noite"

(Fran): "Ilegal, organização clandestina?"

(Mulher A): "É o que eu pensei também, porém, eu ouvi que algumas carruagens que visitam o prédio regularmente têm o brasão do Lorde da cidade nelas"

(Fran): "Lorde envolvido com crime?"

(Mulher A): "Eu não sei sobre isso. O Lorde não é o único que tem acesso a carruagens com seu brasão à mostra"

A maioria das conversas que tivemos mais ou menos seguiu a mesma história. No fim, nunca fomos capazes de descobrir exatamente a quem a mansão pertencia. Tudo o que conseguimos foram mais rumores sobre como o local estava sendo usado por "pessoas ruins". Além disso, todos com quem conversamos sempre baixavam suas vozes e checavam os arredores antes de nos dizer qualquer coisa sobre os rumores.

(Mestre): “Hey, Urushi, havia muitas pessoas lá dentro?”

[Urushi]: ("Woof. ]Latido, latido[")

Urushi respondeu com vários sons de cão para responder minha pergunta positivamente.

(Mestre): "Hmm… então invadir provavelmente não é uma grande ideia"

Quero dizer, eles são suspeitos e tudo o mais, porém, nós não tínhamos nenhuma evidência da culpa deles.

Oh, bem, que seja. Nós descobrimos onde a base deles ficava. Só esse fato era mais do que suficiente, por enquanto.

(Mestre): "Você memorizou o cheiro deles?"

[Urushi]: ("Woof")

Não sabíamos se eles tentariam interferir com nossos negócios, mas era muito melhor prevenir do que remediar.

Muito bem, em seguida, o Conglomerado Luciel! Eles podem até ter um pouco de informação sobre este lugar, vai saber?

E assim, o tempo passou; uma hora voou enquanto seguíamos com nossos negócios.

(Rengil): "Tudo bem! Eu acho que isso deve ser tudo"

(Fran): "Nn. Obrigada"

(Rengil): "Não se preocupe, o prazer foi meu. Tenha certeza de esmagar os outros participantes da competição"

O óleo, os vegetais e a farinha que nós pedimos do Conglomerado já estavam todas preparadas, então nós seguimos em frente e os buscamos. Eu estava honestamente surpreso pela rapidez com que eles conseguiram preparar tudo, eu achei que o tamanho e reputação deles não eram falsos.

Rengil chegou até a nos arrumar uma carruagem e alguns profissionais para nos ajudar com o transporte de todos os produtos que compramos, assim, ele ficou completamente estupefato pelo fato de casualmente armazenarmos tudo dentro de outra dimensão. Eu me senti um pouco culpado por desperdiçar seus esforços, mas, bem, nós realmente não precisávamos de nada disso. As coisas simplesmente eram assim.

Ele estava muito impressionado pela quantidade de espaço para armazenagem que tínhamos. Na verdade, ele chegou até a nos perguntar se estaríamos dispostos a trabalhar com transporte daqui para frente. Usuários de Magia de Espaço-Tempo frequentemente tinham enormes [Bolsas de Itens], e o tamanho de suas áreas dimensionais aumentaria com o nível de sua habilidade, mas a maioria não era capaz de replicar nada que fosse tão espaçoso quanto o que tínhamos.

Magos Espaço-Temporais já eram raros o bastante, então o que tínhamos era algo que poderia ser considerado como uma chance entre um milhão de possibilidades. No entanto, isso fazia sentido, já que não estávamos apenas usando Magia de Espaço-Tempo, nós também tínhamos uma habilidade de Armazenamento Dimensional. Seria estranho que nós não nos destacássemos. Aparentemente, a maioria dos Mercadores estaria disposta a pagar qualquer preço para tamanho espaço de armazenagem.

Nossas compras não foram limitadas a apenas produtos comestíveis. Nós também pedimos ao Conglomerado uma boa quantidade de sacos de papel, assim poderíamos tornar as coisas mais fáceis para nossos clientes. Para minha surpresa, |Barbola| tinha acesso a um vasto suprimento de papel que permitia até que as pessoas comuns fossem vistas o usando regularmente. Aparentemente, produtos de papel eram, em geral, divididos em duas categorias. O papel regular era muito usado por todos, enquanto pergaminhos eram usados apenas para tarefas que envolviam magia.

De qualquer forma, os sacos de papel que conseguimos do Conglomerado eram idênticos ao que eu usava quando ainda estava no Japão, só que... a qualidade não era tão alta. Eles eram simples, marrons, feitos de material barato e vinham em dois tamanhos. O tamanho menor comportava duas porções de pão de curry, e o maior, seis. Cada saco também tinha uma alça em seu topo para facilitar seu transporte.

(Rengil): "Nós ainda temos muitos sacos em estoque, então sinta-se livre para passar aqui sempre que você precisar de mais"

(Fran): "Nn. Entendido"

Outra coisa que fizemos antes de partir foi perguntar a Rengil se ele sabia algo sobre a mansão que acabamos de investigar. Infelizmente, ele não sabia. Contudo, ele ficou muito irritado após ouvir sobre a situação do orfanato. Ele disse que ia pedir a alguns de seus contatos para investigar um pouco, o que nos deixou bastante gratos.

(Rengil): "E por último, mas não menos importante, temos... isso"

(Fran): "Chave?"

(Rengil): "Eu acho que você mencionou algo sobre precisar de um local para cozinhar, correto? Essa chave pertence a um restaurante que está fechado a quase um mês. Ninguém comprou o lugar ainda, então ele só está lá, sem nenhum propósito. Nós deixamos o local como estava quando foi desocupado, então ele ainda deve ter todos os utensílios necessários. Eu particularmente não me incomodo em emprestá-lo por alguns dias"

Ele nos mostrou o citado restaurante abandonado. O fogão e os utensílios ainda pareciam intactos, e havia até uma área para guardar água nos fundos. O Conglomerado tinha cuidado adequadamente do lugar, apesar do fato de ele estar vazio, então ele não estava realmente empoeirado nem nada do tipo. Ele era exatamente o que precisávamos, e assim, nós acabamos o pegando emprestado por uma semana.

Muito bem! Isso é tudo o que precisávamos. Tudo o que precisávamos fazer era carregar tudo para a Guilda dos Chefs, assim poderíamos relatar nossos custos. Errr, espere, não. Eu tenho que preparar a água antes.

(Mestre): "Okay, por que não começamos a fazer a água com infusão mágica que estávamos planejando usar?"

(Fran): "Nn. Onde? Banheiro?"

(Mestre): "Eu acho que será melhor se usarmos Magia do Solo para criarmos uma piscina ou algo do tipo"

Havia um enorme espaço ao lado da cozinha que recebemos, então não tínhamos que nos preocupar com alguém vigiando nossas atividades. Mas primeiro, nós precisávamos fazer um rápido experimento. Quer dizer, nós precisávamos descobrir quanto da [Poção dos Atributos Reversos] precisaríamos usar por litro de água do pântano. Nós também precisávamos determinar se seria melhor usar a água do pântano ou a [Mistura de Veneno de Altíssimo Nível] como nossa base. Para isso, eu comecei a fazer um monte de recipientes menores, assim, poderíamos fazer todos os testes necessários.

(Fran): "Nn. Parece interessante"

(Urushi): "Woof. Ruff"

(Fran): "Em seguida, isto"

(Urushi): "]Latido, latido!["

(Fran): "Nn? Este aqui?"

(Urushi): "Woof!"

Nossos testes terminaram com algo parecido com um experimento científico; nós misturamos vários produtos químicos e observamos enquanto eles reagiam um com o outro e documentávamos os resultados. Fran estava se divertindo tanto com isso que ela até fez Urushi secretar um pouco de seu veneno, assim ela poderia conduzir alguns testes adicionais.

O custo de nossos produtos dispararia se usássemos itens que eram efetivos demais, assim, depois de consultarmos Rengil, nós acabamos chegando à conclusão que seria melhor usarmos a [Água de Recuperação]. A [Água de Recuperação] tinha a capacidade de restaurar qualquer condição negativa de Status infligida dentro dos últimos dias. A limitação mencionada parecia funcionar como compensação pela proeminência de seus efeitos.

Eu realmente não entendi a distinção, mas, aparentemente, ela não era considerada uma [Poção]. Uma [Poção] era definida estritamente como um tipo de remédio. Por algum motivo estranho, água com infusão mágica não entrava nessa classificação e, ao invés disso, era colocada em sua própria categoria.

De qualquer forma, nós experimentamos. Nós misturamos uma grande quantidade de água do pântano, veneno, água criada magicamente e água criada com Alquimia em nome da ciência.

Foram precisos muitos testes, mas, no fim, nós acabamos conseguindo encontrar a mistura correta e, finalmente, produzimos em massa a [Água de Recuperação] que nós queríamos. No entanto, eu achei que acabamos produzindo muito desse item. Ah, bem, de novo, melhor prevenir do que remediar, então, que seja.

(Mestre): ("Whew. Isso é tudo. Vamos preparar uma fornada rápida de teste e então seguir para a Guilda dos Chefs"

(Fran): "Nn. Finalmente"



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