Volume 5

Capítulo 157: O velho homem-cão-branco

— Espere Fran! Espere apenas por um segundo!

— Nn?

Erza nos chamou enquanto seguíamos nosso caminho da estalagem para o calabouço.

Ele correu na nossa direção com força total, suas coxas internas se esfregando e seu corpo imenso sacudindo como resposta a seus movimentos.

Urushi parecia se sentir da mesma forma que eu; ele estava deitado com seu rabo entre as pernas. Sua linguagem corporal fazia parecer que ele simplesmente perdeu o desejo de existir porque Erza existia.

Fran, por outro lado, foi capaz de manter sua compostura. Puxa, ela tem mais coragem do que nós dois juntos.

— Erza? Precisa de algo?

— Sabe, eu acabei de conhecer alguém que quer se encontrar e pedir uma coisa a você.

— Quer se encontrar comigo?

— Hum-hum! Ele ficou interessado em você por causa de todas as coisas que ouviu dos outros aventureiros. Ele quer muito conhecer a Garota da Espada Mágica que todos estão falando.

— Que tipo de pessoa?

— Hmmm… bom, ele com certeza não é um cara ruim. Ele costumava ser um aventureiro, então ele também não é do tipo rigoroso. Ele é efetivamente o chefe dos homens-fera de Ulmut, então não vai fazer mal para você conhece-lo.

A descrição de Erza fez parecer que se dar bem com a pessoa em questão nos forneceria muitos benefícios. Mesmo assim, podemos acabar não nos dando bem com ele.

Ele pode pensar que somos atrevidos. Aliás, ele é um homem-fera, então o próprio fato de que ele quer se encontrar com Fran parece ser suspeito, considerando que ela é uma Gata-Negra.

“Mas foi apresentado por Erza.”

“Verdade. Duvido que Erza apresentaria a você alguém que iria tentar te causar mal…”

— Sei como você se sente. Você deve estar um pouco angustiada com isso, mhmm?

— Nn.

Sim, em mais de um sentido.

— Não se preocupe! Vou estar lá com você. Vou garantir de assumir a responsabilidade se ele tentar te ludibriar.

Quê? Mas como? Maldição, Urushi está ficando com os olhos cheios de lágrimas. Está tudo bem garoto, ele não é tão assustador, está tudo bem.

— … tá bom. Vou conhecer.

— Brigadinha! Vou te levar até ele então.

— Nn.

— Você se incomodaria se pegássemos um atalho? Acho que este é um que você deve ser capaz de seguir sem nenhum problema.

Erza pulou no momento que terminou de falar.

Ao que parecia, seu assim chamado atalho envolvia correr pelo telhado dos prédios. Acho que faz sentido vendo como esta cidade foi construída como um labirinto, mas estava mesmo tudo bem fazer isso? Não vamos nos envolver em algum problema?

Er, na realidade, acho que não haveria nenhuma reclamação, pelo menos não com Erza presente. Ah, bem, acho que isso economizará tempo, portanto, que seja.

— Nn. Sem problemas.

Au!

— Eu sabiaaaa!


E assim, nos encontramos na frente de uma casa bastante enorme após uns dez minutos.

Não era tão grande quanto as mansões dos nobres normalmente são, mas ainda era de um tamanho considerável. Dois homens-fera que pareciam muito fortes estavam de guarda na frente do portão da propriedade.

— Aqui?

— Yup. Está é a casa do Vovô Aurel. Bom dia guardas.

— Bom dia Erza. Faz muito tempo desde a última vez que te vimos. Por favor, entre.

— É o que vou fazer. Ó, verdade, eu trouxe uma pequenina comigo, então não se preocupem com ela.

— Senhor.

Uou, Erza mostrou seu rosto rapidamente e isso nos fez passar pela segurança? Droga.

— Eu realizei vários trabalhos para o Vô, então ele gosta de mim e me permite entrar e sair quando quero.

— Espaçoso.

Au.

— Ele é um ex-aventureiro rank B e um empresário de sucesso. Ele até já serviu ao lado do Rei.

Puta merda, Aurel parece ser a imagem cuspida e escarrada do sucesso. É, ele não aparenta ser do tipo que se daria bem com Fran. Muito bem, tenho que encontrar uma desculpa para nos tirar daqui só para o caso de o clima azedar.

Porém, acho que ele já está com os olhos em nós, considerando como ele nos chamou agora mesmo.

Puxa, o jardim desse cara é absolutamente enorme. Nós ainda não tínhamos nem chegado a casa.

O jardim era lindo. Ele estava repleto com uma diversidade de flores em plena floração e decorado com fontes e estátuas. Erza nos contou um pouco sobre os nomes das flores enquanto seguíamos nosso caminho para o prédio principal.

Mesmo assim, nem Fran nem Urushi pareciam se importar muito com o que ele estava dizendo.

— Vô! Estou aqui!

— Olá Erza.

— Ei Shalla, onde está Aurel?

— Ele está relaxando no terraço.

— Brigadinha. Por aqui Fran.

— Nn.

Erza parecia conhecer muito bem o local. A empregada reconheceu o rosto dele, e ele conseguiu encontrar seu caminho para o destino com facilidade e nem teve que parar e pedir por direções.

Nosso destino, o terraço, estava no segundo andar da construção. Ele, como o jardim, era incrivelmente vasto e expansivo. O tamanho da mansão fazia o terraço nos fornecer uma boa visão sobre a cidade em sua totalidade. Ambos Fran e Urushi também pareciam muito impressionados pelo ângulo que tinham de Ulmut.

— Uou.

Ão.

Os dois correram direto para o corrimão do terraço e começaram a olhar a cidade enquanto ignoravam por completo o dono da mansão.

— Hahahaha. Parece que a vista é do seu agrado.

Ufa, graças a Deus ele não era todo rigoroso sobre boas maneiras. Ele apenas observou Fran, Urushi e os olhos brilhantes da dupla com um olhar um pouco entretido em seu rosto

— Nn. Incrível.

Au.

— É bom ouvir isso. Eu sou Wijaht Aurel, um Homem-Cão-Branco. Se incomoda em me dizer seu nome, jovem mocinha?

— Nn. Gata-Negra, Fran. Este é Urushi.

Au!

— Obrigado por aceitar meu convite. Por favor, se sente.

O Cão-Branco era como Erza no sentido de transmitir um incrível senso de impacto, embora fosse um tipo completamente diferente; o homem transmitia o mesmo tipo de impressão que um Chefe da Máfia.

Suas costas estavam retas, e sua atitude cheia de vitalidade, apesar do fato de ele parecer muito velho.

— Você realmente não aprece alguém na casa dos setenta, não importa como eu olhe para você. Queria muito que você me contasse seu segredo.

— Não é nada de especial. Eu apenas continuo definindo objetivos para mim mesmo e sigo em frente. Eu só não dou a meu corpo qualquer tempo para envelhecer.

Graças a Deus ele não era do tipo de pessoa que eu suspeitei que poderia ser.

— Este chá é bem delicioso, é um dos meus favoritos, então recomendo muito que você experimente.

— Nn.

— As folhas vieram do Continente de Chrom. Colecionar folhas de chá tem sido o único passatempo que escolhi em meus anos de velhice.

— Jardim.

— Eu mesmo não cuido da jardinagem. Apenas contrato alguém e ele faz o que acha ser o melhor. O jardim provavelmente acabaria como algum tipo de selva se eu fosse a pessoa encarregada por ele.

Fran seguiu direto para os negócios enquanto aproveitava as bebidas fornecidas.

— Queria se encontrar comigo? Por quê?

— Hahaha, você com certeza é apressada. Sendo sincero, eu não fui guiado a fazer isso por nada em particular. Acontece que senti vontade de conhecer você após ouvir todos os rumores que estão se espalhando pela cidade nos últimos tempos.

— Como disse mais cedo, ele é basicamente a pessoa responsável por todos os homens-fera de Ulmut. Ele só acabou ficando interessado em você Fran.

— Responsável pelos homens-fera da cidade? Isso é exagero. Eu apenas conheço a maioria das pessoas por aqui porque fui um aventureiro por pelo menos cinquenta anos.

Isso é mesmo tudo? Ele não gerencia uma operação a partir das sombras ou algo parecido? Tá bom, quer saber, vamos usar o Princípio da Falsidade e fazer uma dupla verificação. Sei que Fran acabou de me avisar sobre usar demais isso, mas este é um daqueles cenários onde tenho que fazer isso! Certo?

— Estou com um pouco de interesse em quão terrivelmente forte todos dizem que você é.

— Então, o que você acha? Ela não é fofa? Ela também é mesmo tão forte quanto eles dizem.

— Parece que você gostou mesmo dela. Posso ver o porquê, faz algum tempo desde que vi uma criança tão ousada, então eu também passei a gostar dela na mesma hora. Aliás, assumi o fato de que ela recebendo sua aprovação indicava que os rumores eram verdadeiros.

Ao que tudo indicava, a parte sobre ele gostando de Fran era verdade.

— Ainda acreditou nos rumores mesmo eu sendo uma Gata-Negra?

— O quê? Você pensa que ser uma Gata-Negra te torna fraca por natureza? Isso não é verdade. Conheci um muito forte quando era novo, e aqui mesmo em um dos calabouços de Ulmut.

Aurel falou com um tom um pouco nostálgico.

— Sério? Essa é uma história que ainda não ouvi.

— É porque nunca mencionei isso.

— Onde está essa pessoa agora?

Fran perguntou Aurel em um tom de voz muito mais firme do que o seu usual. Mas eu podia ver o porquê, esta era nossa primeira vez ouvindo sobre outro Homem-Gato-Negro forte.

— Essa… não é uma pergunta da qual sei a resposta.

— Então, que tipo de pessoa?

— Bom, tudo aconteceu há 53 anos, eu basicamente me esqueci de tudo

Parecia que ele acabara de mentir para nós… mas, por quê? Era porque essa pessoa morreu em um calabouço?

A expressão de Aurel ficou sombria. Não parecia que ele queria explorar o tópico com mais detalhes.

— Conheço a maioria dos homens-fera desta cidade, então me diga se você encontrar qualquer problema. Vou me certificar de te dar uma ajuda.

O Princípio da Falsidade informou que ele foi mesmo sincero no que disse, que ele nos ajudaria se precisássemos. Quer saber, não vamos tentar remoer essa história do outro Gato-Negro. Não faz sentido sonda-lo sobre esse tópico, especialmente vendo como acabamos conquistando o favor dele. Não vale a pena nos arriscarmos a perder isso agora.

— A propósito, por acaso eu tenho um pedido para você. Você se incomodaria em aceita-lo?

— Que tipo?

— Gostaria que você entregasse algo em um lugar não longe daqui. Você deve conseguir cuidar disso se você trabalhar no ritmo de Erza.

— Não pode apenas pedir a Erza?

— Eu preferia que você aceitasse este pedido. Que tal?

— Tá bom.

Fran o respondeu de imediato. Senti que tudo isto parecia um pouco suspeito, mas ela aparentava pensar que estava tudo bem, assim, só deixei as coisas continuarem.

— Magnífico. Obrigado.

— Nn.

Aurel mostrou um sorriso um pouco aliviado. Parecia que ele realmente queria que Fran aceitasse sua solicitação.

— Muito bem então. Gostaria que você levasse isto para um de meus conhecidos.

— Pingente?

Aurel entregou a Fran um pingente com aparência simples e uma pedra preta embutida em seu interior. Parecia ser do tipo que você deveria usar ao redor de seu pescoço.

Aparentava ser um item bem barato, o tipo de coisa que você encontraria em qualquer lugar.

— Isso é tudo. Você poderia entregar o item para o Mestre do Calabouço do leste?

— Mestre do Calabouço?

— É. Tenha certeza de entrega-lo pessoalmente, entendido?

— Nn. Entendido.

Hmm, este pedido ficou com um ar um pouco misterioso. Estou mesmo ansioso para ver o que aparecerá para nós ao fazermos isso.



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