Volume 5

Capítulo 163: Tatuzinho-do-Desastre

Uma enorme bola preta, o Tatuzinho-do-Desastre, em pouco tempo se aproximou de nós.

Seu corpo maciço tornava seus ataques incrivelmente poderosos, mas isso não era tudo... o inseto se movia com facilidade. A combinação desses dois fatores fazia com que fosse muito difícil lidar com ele.

Já tínhamos experimentado a extensão desta combinação com nossa própria pele várias vezes. Nós mal conseguimos desviar dos ataques do inseto, só pare ver ele de repente se virando e voando em nossa direção em várias ocasiões. Já teríamos sido esmagados há muito tempo se não fosse por nossa capacidade de nos teleportar.

Você não poderia escapar do maldito mesmo se pulasse no ar, já que a habilidade Pulo Aéreo da fera a permitiria perseguir sua presa nas três dimensões.

Ainda mais problemático era a dureza de sua carapaça. Golpear isso com outra coisa que não fosse nosso ataque mais forte só deixaria um pequeno arranhão. Estaria tudo muito bem se isso nos permitisse acumular dano, se não fosse pelo fato de que o inseto podia se regenerar. Sua defesa era tão sólida quanto a de Rynford.

E se você pensou que isso era tudo, bem meu caro, ainda tem outra coisa que não te falei. O Tatuzinho-do-Desastre era capaz de usar um contra-ataque com o Golpe Vibratório no momento que tentávamos ataca-lo. Suas habilidades de detecção o tornavam capaz de descobrir onde iríamos atacar em todas as vezes.

Não parecia que iríamos derrotar o inseto só por distraí-lo e cutuca-lo esporadicamente. Na verdade, estávamos acumulando mais dano do que causando.

Mas, para ser sincero, isso só tornava as coisas muito mais simples.

— Nn. O mesmo de sempre.

Só precisávamos fazer como sempre fazíamos e acabar com a coisa com um único e poderoso golpe.

— Mestre.

“Entendido.”

Transformar era uma das habilidades que mais usei em nossa exploração do Calabouço do Leste de Ulmut; pratiquei centenas e mais centenas de vezes. A forma de Katana era uma das que mais assumi, e assim, eu agora era capaz de me transformar em um instante. Eu até me tornei capaz de manter essa forma por uma hora com relativa facilidade.

— Mestre. Indo.

“Certo! Urushi, atraia o chefão, depressa.”

Ão!

Escondemos nossas presenças enquanto Urushi provocava o tatuzinho e chamava sua atenção.

A enorme bola preta imediatamente se virou na direção de Urushi no momento que ele lançou um feitiço. O lobo estava em sua forma maior, porém, ele ainda parecia insignificante perto do gigante tatuzinho.

Rrrrrrrr!

Urushi não era apenas mais ágil do que Fran, como também era capaz de mergulhar nas sombras se precisasse, então eu estava certo que ele não teria nenhum problema se tudo o que ele precisasse fazer fosse desviar dos ataques do tatuzinho. Sua eficácia como isca foi impulsionada pelo fato de que seus golpes mágicos o permitiam garantir que o inimigo continuasse focado nele.

Terminamos todas as preparações necessárias em poucos momentos.

Mesmo assim, não houve espaço o suficiente para nós usarmos o que fizemos contra Rynford¹. O teto era baixo demais; não poderíamos cair o bastante para acumular toda a energia cinética que precisávamos para fazer a técnica funcionar. Não estava tão certo de como as coisas acabariam acontecendo, então não me atrevi a colocar toda a energia mágica à minha disposição em minha lâmina.

Porém, tínhamos mesmo um plano. Nenhuma das esquivas que fizemos foi injustificada. Não estivemos apenas fugindo.

Fran esperou pelo exato momento que o tatuzinho ficou preso em uma parede e na mesma hora partiu para a ofensiva bem quando ele perdeu sua velocidade.

Ela usou uma combinação de meus fios e Compressão do Ar para se lançar na direção do inseto. É claro que isso não foi tudo. Ela lançou tanto magia de vento quanto de fogo em uma mistura para se acelerar ainda mais. Ela ativou manipulação de peso e cercou minha lâmina nos elementos duas vezes enquanto me sacava de uma bainha de ar comprimido. Cada pedaço de força destrutiva que ela produziu estava concentrado na ponta de minha lâmina.

— Haaah!

“Maravilha!”

Eu estava certo de nossa vitória, mas parecia que estive subestimando o Tatuzinho-do-Desastre. Ele era um nível de ameaça C. Níveis de ameaça C eram mais do que monstros com apenas uma única habilidade. O inseto era capaz de muito mais do que só atacar.

O tatuzinho de repente usou emissão de magia e fez seu corpo começou a rodar na direção do ataque, uma ação que negou uma boa porção do dano que de outra forma teria o infligido.

Como resultado, o corte de Fran só conseguiu deixar um enorme talho na carapaça da fera demoníaca; seus órgãos internos continuaram ilesos.

“Droga!”

— Forte como esperado.

“Mas nós ao menos fizemos progresso o bastante.”

Quer dizer, seria ótimo se conseguíssemos acabar com ele em apenas um golpe, mas não realizar isso ainda foi bom. Só por precaução, já tínhamos planejado a próxima ação.

Focamos nossas atenções na ferida que acabamos de abrir.

“Parece que funcionou do jeito que pensamos que funcionaria.”

— Nn. Não pode regenerar quando congelado.

Nossa escolha de elementos não foi a combinação usual de fogo e relâmpago que amávamos usar. Ao invés disso, escolhemos gelo/neve.

Os experimentos que conduzimos a respeito das fraquezas elementais nos levou a conclusão que ferimentos causados com magia de gelo/neve se regenerariam com um ritmo anormalmente lento.

Criamos a fraqueza perfeita. Tudo o que precisávamos fazer agora era lançar um ataque na fenda que fizemos em sua carapaça e teríamos sucesso. Em outras palavras, nos garantimos um meio de atacar o interior do inseto.

— Mais uma vez.

“Vamos acabar com isso!”

Au!

O único problema era que o tatuzinho iria rodar da mesma forma que fez mais cedo. Seria muito difícil para Fran atacar o mesmo lugar que ela estava pretendendo mirar.

“Muito bem, aqui está o plano. Vamos deixar Urushi atacar logo após ele completar um de seus giros. É preciso uma boa quantidade de força para ele girar dessa forma, e ele deve usar muita energia mágica em cada giro, assim, ele não pode fazer isso em rápida sucessão”

— Nn. Urushi, conto com você.

Au!

Nós aceleramos para que pudéssemos derrubar o maldito inseto. Urushi começou a usar magia sem parar para atrair atenção dele enquanto Fran e eu calmamente esperávamos por uma abertura.

Não levou muito tempo para uma oportunidade surgir.

O tatuzinho emitiu muita energia mágica para caçar e eliminar Urushi, mas errou e se esmagou contra outra parede.

Fran imediatamente saltou no tatuzinho, cuja abertura por acaso apareceu diante de nós. Tudo estava perfeito. Tudo o que precisávamos era atingir o maldito mais uma vez.

“Vamos lá!”

— Haaaah!

Lançamos um segundo ataque com tudo o que tínhamos...

... só para perceber que ainda não tínhamos conhecido a total extensão da força do tatuzinho.

Pensei que o curso da batalha estava a nosso favor e que a vitória logo estaria a nosso alcance. Na verdade, eu não só pensei nisso. Fui convencido por ninguém menos do que o próprio Tatuzinho-do-Desastre.

Merda! Como diabos!? Perdi para um mero inseto em uma batalha de perspicácia!?

Algo saiu de dentro do ferimento do inseto no momento que Fran estava a ponto de corta-lo.

Ele nos atraiu e garantiu que atacássemos de uma distância em que não poderíamos evitar seu golpe. Mesmo assim, parecia que o monstro estava se esforçando muito, como se suas ações fizessem seu MP despencar.

— Nraaah!

“Merdaaa!”

O inseto comprimiu sua energia mágica e lançou um projétil de dentro de sua carapaça quebrada.

Nossos olhos foram instantaneamente preenchidos com nada além de um único clarão branco.


Nota

[1] Eventos do capítulo 131.



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