Volume 5

Capítulo 181: Os motivos do trio

Na verdade, Rumina não estava mentindo sobre estar ocupada. Seus familiares vieram consultá-la quase que a todo momento, ao que ela sempre respondia dando uma série de ordens. Os familiares que ela tinha dessa vez pareciam ter sido projetados um pouco diferente daqueles que vimos da última vez que a visitamos. Eles se pareciam mais com manequins e tinham a capacidade de se comunicar através da fala humana.

— Precisamos invocar mais alg-...

— Não, isso é o bastante.

— Entendido madame.

— Na verdade, acredito que está na hora de paramos de invocar Seres Malignos.

— Sim madame.

Considerando que ela ainda estava no meio de alguma tarefa, decidimos fazer algumas perguntas finais antes de voltarmos ao nosso caminho.

“É verdade que a única razão pela qual é difícil para os Gatos-Negros evoluírem é porque a tribo sofre com a Retribuição Divina?”

— Sim. Essa é a precisa verdade.

“Então, o que aconteceu? Em primeiro lugar, por que eles foram punidos?”

— Isso… eu não posso dizer.

Droga, imaginei que não. Sua resposta foi um pouco decepcionante, no entanto, eu estava satisfeito. Não fomos capazes de descobrir os detalhes picantes que queríamos ouvir, mas pelo menos pude verificar que a teoria de Aurel estava correta.

“Sabe, Aurel nos contou sobre aquela história das Dez Tribos Originais. A Tribo dos Gatos-Negros era uma delas?”

— Não posso dizer.

Parecia que ela dizendo que não poderia nos contar era o equivalente a confirmar nossas declarações, então decidi continuar perguntando sobre o tema para ver se poderíamos descobrir o que queríamos saber. De modo natural, toda a coisa de ficar afirmando era apenas uma suposição de minha parte, mas isso era melhor do que nada, e eu estava bastante confiante de que estava certo.

“Me lembro de ter visto um manto com o nome de ‘Manto do Tigre-Negro-Celestial’. Isso tem relação com os Gatos-Negros?

O item em que eu estava pensando era uma das coisas que Salrut estava usando¹. Utilizando o nome do item e assumindo o pior cenário possível, consegui chegar à conjectura de que isso era algo feito de um ou mais Gatos-Negros evoluídos. Usar um homem-fera falecido como material não era algo que você poderia considerar estar dentro do reino do senso comum, mas o fato de ele ser um raidosiano fazia com que isso não parecesse tão estranho.

— Acredito que a resposta mais compreensível para sua pergunta seria uma que venha na forma de um exemplo. Você está ciente dos Lobos-Brancos-da-Neve da Tribo dos Cães-Brancos, correto? No passado, existiu um monstro que compartilhava o mesmo nome. Ele foi denominado como o Lobo-Branco-da-Neve e, como a Tribo dos Homens-Fera, descendia da Fera Divina. A diferença entre os dois é que um foi criado através da união de uma Fera Divina e um humano, enquanto o outro nasceu da união da Fera Divina e um animal.

Quer saber, isso na verdade nem me assustou nem nada do tipo. Os supostos Deuses da Terra faziam coisas assim também. Alguns andaram por diferentes formas e tiveram filhos com praticamente tudo e mais algumas coisas.

— Os dois já foram os mesmos, mas agora foram separados na classificação. Um lado é tratado como um ser humano, enquanto o outro, como seria uma fera demoníaca, uma definição nascida de um tempo em que não havia escolha a não ser consumir um ao outro para se sustentar. Mas, mais uma vez, isso é apenas uma conversa antiga. As feras demoníacas há muito se desviaram e perderam toda a semelhança com a Fera Divina, exceto por sua forma. Além disso, a Tribo dos Cães-Brancos não se importa se alguém caçar a fera demoníaca Lobo-Branco-da-Neve. Este mesmo conceito também se aplica a todas as outras nove tribos originais restantes.

Eu acho que isso faz sentido. Parecia o mesmo com eu não me incomodando muito em matar macacos. Não havia qualquer razão para eu acusar e brigar com uma pessoa só porque ela acabou matando um de meus ancestrais.

Bem, isso era tudo o que eu queria saber por ora, então achei que já era hora de ir.

— Ouvi dizer que o Lorde das Feras chegou a Ulmut. Fique atenta. Pouquíssimas coisas boas são ditas dele.

— Nn...

Fran fez uma careta em resposta a menção de Rumina ao Lorde das Feras; ela ainda não tinha superado aquele encontro anterior.

“Nós já o conhecemos.”

— Quê!? Ele fez algo a vocês? Vocês estão bem?

“Estamos bem, pelo menos por enquanto. Tudo o que ele fez foi nos intimidar um pouco.”

Pelo que eu vi, o Lorde das Feras não pretendia esmagar por completo a vontade de Fran. Ele por acaso era um pouco forte demais para nosso próprio bem, isso foi tudo.

— Tudo bem agora.

— Vo-você tem certeza?

— Nn.

— Ain-ainda assim, acredito que seria melhor para você ficar alerta. Nem mesmo eu faço a menor ideia de como ele agirá.

— Entendido.

— O atual Lorde das Feras é conhecido pelo ato de parricídio². Eu duvido que até seja possível ser cuidadoso demais quando ele está por perto.

Rumina ficou com uma cara um pouco terrível quando transmitiu esse aviso. Ela possuía pelo Lorde das Feras o que parecia ser um sentimento bastante profundo de ressentimento, um que eu não pude deixar de supor que surgia de um rancor pessoal que ela tinha por um de seus ancestrais.

O pensamento ativou minha memória e me lembrou de algo que ouvimos de Dias. Ele disse que o Lorde da Feras foi o primeiro a ordenar que a Tribo dos Gatos-Negros fosse vendida como escravos. Se isso fosse verdade, então a própria Rumina deveria saber um pouco mais sobre o assunto, mas não era como se ela pudesse nos dizer qualquer coisa.

— Gostaria apenas de dizer mais uma vez para enfatizar que realmente estou falando sério. Tenham cuidado, vocês dois.

— Nn.

“Ééé, sabemos disso.”

— Bom.

Rumina assentiu antes de continuar.

— Ah, certo. Antes de você sair, gostaria de lhe pedir para concluir uma tarefa. Você poderia transmitir uma mensagem para Dias por mim?

— Mensagem?

— Eu gostaria que você pedisse a ele para vir me ver.

— Entendido.

— Agora vá. Tenha cuidado no caminho de volta, e espere o que está por vir.

— Nn?

“Esperar pelo que está por vir?”

— Hahaha! Isso, eu não posso dizer. O que posso dizer, contudo, é que Fran teve sorte de ter conhecido você, Mestre. E por isso, sou grata.

Rumina se recusou a dizer outra palavra, então acabou se despedindo sem acrescentar nenhum detalhe adicional.

Nós corremos para a guilda no momento em que saímos do calabouço. Desta vez, nós conseguimos contatar Dias. Não tivemos o azar de acabar tendo um segundo encontro com o Lorde da Feras.

— Você já completou todos os seus pedidos restantes?

— Nn. Aqui.

Fran entregou os materiais que tinha obtido a Dias, que na mesma hora confirmou que não havia nada de errado com qualquer uma das coisas que tínhamos adquirido. Ele ficou um pouco surpreso com o quão rápido nós conseguimos fazer tudo, mas acabou concordando que poderia agora elevar o posto de Fran.

Dias chamou um de seus subordinados e deu-lhe algumas ordens. Sendo mais específico, ele disse ao funcionário para agendar dois anúncios. O primeiro era que Fran havia sido promovida para o rank C. O segundo foi que ela aceitou um pedido designado.

“Tem certeza de que está tudo bem anunciar que ela aceitou um pedido designado?”

— Não se preocupe. É apenas uma coisinha que estou fazendo para manter alguns certos indivíduos sob controle. De qualquer maneira, tenho certeza que o Lorde das Feras não gostaria de nos antagonizar.

Bem, acho que está tudo bem então.

— Quero perguntar algo.

— O que foi?

“Você se lembra da Gata-Negra com a qual você costumava conversar há cerca de 53 anos?”

— Entendo... acho que isso significa que Aurel abriu o bico.

— Nn.

— Ó, verdade, isso me lembrou de algo. Vocês por acaso tiveram algum tipo de encontro com o Lorde das Feras?

“Como você sabe?”

Eu tinha o Isolamento de Pensamento Perfeito funcionando, então era impossível para ele ter lido nossas mentes.

— Heh. Só queria te lembrar que sou tecnicamente um profissional. Você achou que mesmo que não seria capaz de decifrar você só porque não estou mais lendo sua mente? Eu não sou assim tão dependente da habilidade, sabia?

“Sério?”

— Sério. Foi em grande parte porque Fran reagiu no momento em que mencionei o Lorde das Feras, isso foi tudo.

Para ser sincero, eu devia ter imaginado isto. Dias não era apenas um Mestre da Guilda, mas também alguém cujas habilidades se concentravam no conceito de aproveitar as fraquezas de outras pessoas.

— Encontrei na frente da guilda.

— Estou imaginando que você encontrou com ele ontem, foi isso?

— Nn.

“Acontece que encontramos ele quando tentamos fazer uma consulta com você ontem.”

— Que infelicidade. Ele é do tipo de pessoa que considera a intimidação um método de negociação. Você sabia que ele estava com força total quando veio visitar? Eu acho que ainda é um comportamento aceitável, já que impede as pessoas de brigarem com ele…

“O que isso deveria significar?”

— Bom, acho que posso te contar isso. Sente-se.

— Nn. Entendido.

Dias pessoalmente nos preparou um bule de chá, sentou-se e começou a falar.

— Tudo isso aconteceu há 53 anos. Tanto Aurel quanto eu ainda éramos apenas novatos rank D naquela época.

Espere aí, isso não significa que eles conseguiram se tornar rank D enquanto ainda estavam na adolescência? Para ser honesto, isso soava muito impressionante, se você quer saber minha opinião.

— Eu estava muito orgulhoso naquela época. Eu adorava me gabar de todas as minhas conquistas. Mas um dia, ela apareceu, e ao fazê-lo, rasgou meu amado orgulho em pedaços.

— A garota Gata-Negra?

— Sim, a garota Gata-Negra. Seu nome era Kiara, e na época, ela tinha apenas 15 anos de idade. Eu e Aurel, sendo sincero, costumávamos menosprezar ela, mas não porque ela era uma Gata-Negra. A razão pela qual nós não a aprovávamos era por ela ser mais nova que nós. Não achávamos que participar de aventuras era algo que uma criança poderia fazer.

Eu acho que a cultura dos aventureiros não mudou nos últimos 50 anos, não é?

— No entanto, nossa visão negativa dela foi muito curta. Ela nos calou quase no mesmo instante ao colocar sua força em evidência, já que sempre espancaria alguém que zombasse dela. Não posso negar que ela tinha a tendência de exagerar um pouco, mas isso só servia para enfatizar sua capacidade. Embora ela só se aventurasse sozinha, suas visitas ao calabouço só poderiam ser descritas como extremamente bem-sucedidas. Eu não sei quando isso aconteceu, mas ela acabou ganhando um apelido, nós, aventureiros, começamos a nos referir a ela como “A Gata-Negra”.

Isso é muito impressionante. Me pergunto se ela tinha algum tipo de item mágico que a ajudasse? Ou ela era apenas algum tipo de gênio?

— Assim, algumas coisas aconteceram e ela acabou salvando ambos Aurel e eu da morte certa. Nós três começamos a nos aventurar juntos depois disso de tempos em tempos. Para ser honesto, era muito divertido estar com ela por perto. Não me lembro de ficar entediado em sua presença.

— Se apaixonou?

— Ahahahaha! Puxa, você foi direto ao assunto sem a menor hesitação. Hmmm… não tenho certeza, para ser franco. Porém, o que eu posso dizer com certeza é que eu costumava admirar ela, e que ela era realmente linda.

O sorriso de Dias estava tingido com uma leve tristeza. Parecia que ele ainda sentia falta dela.

— Kiara… queria evoluir. Ela já atingira seu nível máximo, mas não sabia o que fazer depois disso, ou pelo menos até conhecer Rumina. As duas conversaram sobre várias coisas diferentes em várias ocasiões. Uma de suas conversas parecia ter dado a Kiara uma dica sobre o que ela precisava fazer, e assim, provocou seu desaparecimento.

— Parecia?

— Eu coloquei dessa forma porque não sei de verdade o que aconteceu com ela. Ela desapareceu antes de me dizer qualquer detalhe.

— Ela desapareceu para que pudesse evoluir?

— Eu divido disso. Em certo ponto, ela disse a Aurel e eu que ela queria que a acompanhássemos e emprestássemos nossas habilidades para que ela pudesse evoluir.

Hum, então por que ela acabou indo embora sem dizer nada a nenhum deles? Ela tinha que ter uma razão muito boa para se preparar e desaparecer do nada.

— Aurel e eu chegamos à conclusão de que ela se envolveu em algum tipo de incidente, então nós tentamos o nosso melhor para encontrá-la. No final, tudo o que conseguimos foram alguns indícios.

— Detalhes?

— A primeira pista foi que Rumina e Kiara pareciam ter discutido uma com a outra pouco antes de isso acontecer. Aurel por acaso escutou a última gritar com a Mestra do Calabouço enquanto dizia a ela para cuidar de sua própria vida, e que ela estava indo longe demais.

Eu me pergunto o que acabou causando isso? Rumina não parecia ser do tipo que tentaria prejudicar uma Gata-Negra.

— Bem, essa parte não é muito relevante. O desaparecimento de Kiara não foi culpa de Rumina. Isso eu verifiquei lendo a mente da Mestra do Calabouço.

Para ser mais específico, ele chegou a essa conclusão porque Rumina acabou reagindo com surpresa e tristeza quando descobriu sobre o desaparecimento da Gata-Negra.

— Porém, parecia que Kiara realmente havia descoberto o que os Gatos-Negros precisavam fazer para evoluírem. Assim o motivo para eu pensar que isso tivesse relacionamento com o desaparecimento dela.

“Alguém acabou transformando-a em um alvo porque descobriu que ela sabia o que fazer para evoluir?”

— Esse também foi meu pensamento. Eu até identifiquei a pessoa responsável por seu desaparecimento...

— Quem?

— Eu estava convencido de que era o Lorde das Feras que estava no poder na época, o pai do Lorde atual. Para ser mais exato, os autores foram Gatos-Azuis que trabalhavam para ele. Não tenho nenhuma prova real, mas consegui obter provas suficientes para, pelo menos, tê-los como suspeitos.

Dias e Aurel ouviram rumores de vários Gatos-Azuis visitando o local em que ela ficava logo após seu desaparecimento. Assim, eles os investigaram.

Eles usaram a influência e rede de informação de Aurel para bisbilhotar até encontrarem uma evidência que afirmava que os Lordes das Feras de antigamente não eram Leões-Dourados, mas sim Tigres-Negros.

A partir daí, os dois chegaram à conclusão de que os Leões-Dourados acabaram por usurpar o trono dos Tigres-Negros depois que os últimos sofreram com a ira dos Deuses.

Os Leões-Dourados obtiveram domínio sobre os Homens-Fera. Mesmo assim, eles ainda estavam com medo, com medo de que os Tigres-Negros pudessem um dia recuperar o que já foi deles. Por isso, eles eliminaram todo e qualquer documento relativo ao passado, destruíram qualquer indício do que os Gatos-Negros precisavam fazer para evoluírem e ordenaram aos Gatos-Azuis que os perseguissem e os mantivessem os mais fracos possível. E isso, por sua vez, explicava precisamente porque nenhuma das outras tribos criticou a Tribo dos Gatos-Azuis por vender seus companheiros à escravidão; a tribo dominante os apoiava.

Foi um acordo no qual a Tribo dos Gatos-Azuis só se beneficiou. Eles não apenas se elevaram em prestígio, mas também obtiveram uma fonte de renda significante em suas transações no tráfico de escravos. Além disso, era uma oportunidade para eles pisotearem naqueles que tinham sido considerados superiores a eles, uma oportunidade que eles aproveitaram com alegria. Através disto, poderia se dizer que o desprezo da Tribo dos Gatos-Azuis pela Tribo dos Gatos-Negros permaneceu, apesar do fato de que os Deuses haviam apagado de suas memórias os pecados da outra tribo.

— Nós torturamos e interrogamos todos os Gatos-Azuis na cidade na época, apenas para descobrir que um dos seus superiores, um que ainda residia no país dos Homens-Fera, havia ordenado a captura de Kiara. Através disso, nós também descobrimos que o Lorde da Feras tinha enviado um guerreiro habilidoso que vinha de uma tribo que servira ao lado dele por gerações, e que aquele guerreiro tinha entrado em contato com Kiara.

Em outras palavras, o Lorde das Feras matou, sequestrou ou silenciou Kiara...

Ouvir a história de Dias fez Fran ficar o mais furiosa que já vi. Ela tremia de raiva e irradiava um ar de sede de sangue tão poderoso que me senti grato por estarmos conversando com Dias. Seu desejo de matar tinha chegado ao ponto em que provavelmente aterrorizaria qualquer outra pessoa.

— A verdade?

— Mais uma vez, não posso dizer com 100% de certeza, pois são apenas minhas deduções, nada mais, nada menos. Dito isto, estou convencido de que ela acabou se envolvendo com o Lorde das Feras.

— Tá.

A expressão de Fran ficou sombria. Senti que ela poderia disparar contra o Lorde das Feras e o desafiar se ela não estivesse ciente da extensão de sua força. Tendo o encontrado, ela e eu estávamos agora conscientes de quão ruim seria essa ideia. Se aproximar dele sem um plano só poderia levar à morte. Para piorar as coisas, seus guardas eram muito capacitados. Nós precisaríamos que, no mínimo, Fran evoluísse antes de pensarmos em desafiá-lo. Sabendo disso, a garota se segurou, mas ao fazê-lo, acabou apertando os punhos com tanta força que começou a sangrar.

— Eu sei que você está com raiva, mas não vá desafiar o Lorde das Feras, certo?

— Nn...

Fran assentiu, apesar de estar o mais frustrada possível. Ela teria na mesma hora invadido, o espancado e feito com que ele divulgasse tudo o que sabia se tivesse o poder.

— Escute. Não jogue sua vida fora. Evolua e fique mais forte antes de pensar em desafiá-lo.

— Nn.

Dias mudou de assunto e começou a falar sobre sua associação com Rumina.

Os dois sofreram um forte golpe com o desaparecimento de Kiara, e assim, acabaram concordando com um pacto, no qual ambas as partes trabalhariam para apoiar qualquer Gato-Negro que seguisse seus passos, qualquer Gato-Negro que buscasse a evolução.

Rumina usou suas habilidades para criar um segundo calabouço, o calabouço do Oeste de Ulmut. Ela tinha intencionalmente o criado como um campo de treinamento para novos aventureiros, para os Gatos-Negros que desejavam se tornar mais poderosos. A calabouço do oeste foi anunciada como um segundo calabouço, seu próprio labirinto independente. Mas, na realidade, essa não era a realidade. Ele era apenas uma extensão do oriental. Não havia um segundo Mestre do Calabouço. Esse papel foi desempenhado por Rumina o tempo todo.

Isso também não foi tudo o que ela fez. Ela também economizou o máximo de força que pôde para ajudar qualquer um dos Gatos-Negros que atingiu seu nível máximo no processo da evolução. Dias não conhecia os detalhes em si. Rumina não poderia dizer a ele o que era necessário para que os Gatos-Negros evoluíssem. Porém, ela foi capaz de dizer que ele ainda seria capaz de ajudar.

Ela precisaria de uma quantidade exorbitante de energia mágica para fornecer a assistência desejada. Não era uma quantidade que estava fora do escopo de suas habilidades, desde que ela conservasse o máximo que pudesse ao longo de várias décadas. Isso, no entanto, não era algo que ela poderia fazer. De modo natural, havia desvantagens em conservar ativamente sua energia mágica. O ato deixou o calabouço indefeso. Ela precisava de um método pelo qual pudesse afastar poderosos aventureiros nesse meio tempo.

E foi aí que Dias entrou.

Ele se reportou a Guilda dos Aventureiros e afirmou que conseguira negociar com a Mestra do Calabouço. É claro que isso não foi tudo. Ele também falou com os líderes do país e os convenceu de que o calabouço era valioso, tanto por seus recursos quanto por sua capacidade de preparar novos aventureiros. O esquema valeu a pena. O Reino viu suas contribuições como fenomenais e, portanto, ele não só foi capaz de garantir a segurança de Rumina, como também se tornou o Mestre da Guilda da cidade.

Dias fez isso.

Ele obteve todo o poder que precisava para proteger a Tribo dos Gatos-Negros.

As palavras do aventureiro idoso não continham nem mesmo o menor fragmento de falsidade. Ele, Aurel e Rumina estavam realmente trabalhando pelos mesmos dois objetivos: identificar os inimigos de Kiara e proteger a Tribo dos Gatos-Negros como um todo. Foi por isso que os três trataram Fran de forma tão favorável.

— Anunciaremos que você aumentou seu rank em algum momento amanhã.

— Nn. Entendido.

— Mesmo assim, há um processo oficial pelo qual precisamos passar. Por que não vamos em frente e resolvemos tudo isso aqui e agora?


Notas

[1] O Mestre encontrou esse item quando avaliou Salrut no capítulo 88.

[2] O parricídio, ou patricídio, consiste no ato de uma pessoa matar seu próprio pai.



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