Volume 5

Capítulo 208: Vs. Goldalfa — Epílogo

Fomos chamados para a área VIP na qual o Lorde das Feras estava situado logo após derrotarmos Goldalfa. Na verdade, poderíamos simplesmente recusá-lo, mas Fran acabou concordando com a oferta porque lhe ofereceram comida.

— Aí está você.

— Nn. Queria me ver?

— Bem, sim, quero dizer, você é um deles, os lendários Tigres-Negros-Celestiais, não é? Não teria jeito eu não querer dar uma olhada em você depois de descobrir tudo isso.

O Rei dos Homens-Fera observou Fran com atenção enquanto ele falava, uma ação que o levou franzir a testa em confusão.

— Sim, eu não entendo, eu não estou vendo... no começo, pensei que era só porque você estava um pouco longe demais para eu perceber...

— Sinto o mesmo. Ela parece como qualquer outro Gato-Negro para mim.

A habilidade Ocultar Evolução parecia ser capaz de fazer um ótimo trabalho, pois nem Roche nem o Lorde das Feras podiam dizer que Fran havia evoluído. Ambos ficaram em um estado de confusão devido à discrepância entre a impressão atual dela e o que haviam testemunhado antes.

— Importa-se de dizer como diabos você conseguiu encobrir isso dessa forma?

— Sua Majestade! Fazer uma pergunta como essa não é apenas rude, mas também uma violação de privacidade!

— Ó-ó, vamos lá…

O Líder dos Homens-Feras parecia curiosíssimo porque não conseguia descobrir o que diabos estava acontecendo. Mesmo assim, eu não estava planejando deixá-lo informado. Imaginei que contar a ele acabaria nos causando mais problemas do que benefícios e que seria melhor evitarmos isso.

Fran, contudo, discordava.

— Disposta a dizer.

"Es-espere Fran, pare aí mesmo!"

"Tive uma ideia."

"Se importar em compartilhar?"

"Só deixe comigo."

"Você, uh… tem certeza?"

"Sem problemas."

Fran parecia estar insistindo que ela sabia o que estava fazendo, então acabei cedendo e permitindo que ela fizesse o que estava planejando.

— Mas apenas sob certas condições.

— Ó? Que tipo de condições?

— Procurando por Ferreiro Divino. Contarei se falar a localização do ferreiro.

A ideia dela foi muito boa. A localização do ferreiro divino era algo extremamente valioso e, portanto, devia ser confidencial. Em outras palavras, era improvável que o Lorde das Feras estivesse disposto a contar a Fran em circunstâncias normais, mesmo se ele estivesse ajudando a Tribo dos Gatos-Negros e seus membros.

Sua personalidade parecia indicar que o oposto também era possível, mas nunca se podia ter certeza absoluta. Além disso, ter uma moeda de troca era sempre melhor do que não ter.

"Mestre, ative o Princípio da Falsidade."

"Entendido."

A melhor parte da ideia de Fran foi que ela nos permitiria obter pelo menos algumas informações, independentemente de o Lorde das Feras mentir ou não. Tudo o que ele precisava fazer era concordar e obteríamos algum lucro.

— Concorda?

— … vou deixar esta decisão inteiramente para você, Sua Majestade.

—Ó, de jeito nenhum, você não vai escapar dessa! Você vai pensar sobre isso também, a menos que queira Royce em nosso encalço por tomarmos outra decisão idiota.

O Líder dos Homens-Feras acabou decidindo nos contar o que sabia depois de discutir um pouco com Roche.

— … venha para mais perto.

— Nn.

O Lorde das Feras usou os dedos para gesticular para Fran, a fim de pedir que ela se aproximasse dele, um ato que indicava que ele não apenas sabia sobre o ferreiro em questão, como também queria que poucas pessoas ouvissem o que ele diria.

— Eu vou apenas dizer que a Nação dos Homens-Fera tem um.

Ele sussurrou direto no ouvido de Fran. Os lábios dele estavam tão perto dela que até comecei a me sentir um pouco desconfortável. Senti o desejo de cortar essas coisas imundas se elas tocassem Fran.

— De verdade?

Fran respondeu a ele enquanto eu tinha um pensamento bastante violento.

— É sério, mas o cara que você procura é um desgraçado mal-humorado. Ele é muito difícil de lidar, e eu realmente não posso dizer se ele estaria ou não disposto a vê-la.

— Ainda tudo bem, contanto que a localização seja informada.

— Ele é o tipo de cara que não tem muito respeito pela autoridade. Ele nem se importa que eu seja um rei. Vou escrever uma carta para ele saber que eu te enviei, mas esteja avisada de que isso pode não fazer diferença.

— Sério? Grande favor.

— É, tanto faz. Agora me diga sobre aquilo que estou curioso para saber.

— Nn. Entendido.

Ouvir sobre a habilidade Ocultar Evolução fez com que o Lorde das Feras começasse a pensar.

Ele e Roche começaram a debater se era ou não algo que os Tigres-Negros-Celestiais aprenderiam com a evolução.

“Mestre?”

"Ele estava te dizendo a verdade. Ele não apenas sabe onde o cara está, como também planeja apresentá-la a ele."

"Então precisaremos ir para a Nação dos Homens-Fera."

"Com certeza teremos."

Fran ficou em silêncio porque começou a conversar telepaticamente comigo. Os outros dois homens-fera, no entanto, entenderam isso como um sinal de que eles a deixaram de fora da conversa porque estavam muito focados em seus próprios interesses. Assim, Roche acabou se desculpando.

— Desculpe por isso. Vamos deixar as coisas assim por enquanto. Mais uma vez, obrigado por nos fornecer uma informação valiosa.

— Nn.

Parecia que havia uma boa chance de eles quererem nos pedir mais detalhes depois que o torneio terminasse.

— Gostaria que você aceitasse isso, embora não necessariamente como uma expressão de gratidão.

— Propósito?

Roche entregou a Fran um par de bilhetes.

— Esses ingressos permitirão o acesso a assentos reservados. Acredito que você deseja assistir as partidas restantes, correto?

— É porque você já fez um nome para você mesma. Todo mundo provavelmente a reconhecerá na mesma hora se você se sentar com todos os outros, e isso seria um pé no saco.

— E é por isso que gostaríamos que você ficasse com esses ingressos. Os assentos reservados estão localizados a uma distância razoável dos assentos regulares, e os indivíduos que têm direitos a eles são muito mais educados. Sentar-se ali ajudará você a evitar problemas.

— Obrigada. Por que dois?

— O outro é para aquele seu familiar, aquele que deixou Gold todo distraído e atrapalhado.

— Sua Majestade declarou no mesmo instante que desejava que seu lobo tivesse um assento depois de vê-lo. Obter o segundo ingresso foi uma tarefa e tanto.

— Sinto muito.

— Por favor, não se preocupe com isso. Meus problemas foram inteiramente o resultado da arbitrariedade de Sua Majestade.

— Ó, vamos lá cara, que diabos? Você está fazendo parecer que é tudo culpa minha.

— E como não seria? Ó, bem, eu particularmente não me importo, pois suas ações não resultaram em nenhum dano. Você terá, no entanto, que lidar com Sir Solbard mais tarde.

— É, é, eu já sei.

Ao que parecia, o bilhete de Urushi pertencia a um nobre do País dos Homens-Fera. O tal nobre estava visitando sozinho e não como membro do grupo do Lorde das Feras. Contudo, o Rei dos Homens-Fera forçou o homem a vender sua passagem mesmo assim.

Ele compensou isso convidando o homem para a seção VIP, um resultado com o qual a pessoa em questão estava muito feliz, uma vez que teve a chance de construir um melhor relacionamento com o Lorde das Feras.

— Originalmente, tínhamos garantido um único bilhete, pois suspeitávamos que você não gostaria de permanecer na área VIP.

— Nn.

A atmosfera aqui era um pouco rígida e, mais importante, a própria Fran não era capaz de relaxar. Ela ainda não tinha conseguido baixar a guarda perto do Líder dos Homens-Feras e seus companheiros.

Fran se preparou para deixar a área VIP com uma enorme travessa de comida que ela havia retirado logo quando o nobre que Roche mencionou se aproximou.

Ela se ofereceu para pagar o que iria comer, mas o Lorde das Feras acabou descartando a ideia e chamou o prato de recompensa que ela ganhou, dado que vencera Goldalfa. E assim, acabamos nos preparando para assistir as partidas que estavam por vir.


A área reservada estava cheia de nobres e outras pessoas com uma porrada de dinheiro sobrando. Alguns deles nos viram na mesma hora, mas eles não falaram nada, possivelmente porque estavam com medo de nós. Ou melhor, de Urushi.

Ele ainda parecia estar sentindo a adrenalina que teve da batalha superintensa que acabamos de travar, pois seu rosto tinha uma aparência um pouco mais selvagem do que o normal. Falando com honestidade, era um pouco assustador de se olhar. Eu não me incomodei em pedir para ele arrumar isso, pois esse fato mantinha as pessoas afastadas e, no fim das contas, acabava funcionando de forma conveniente.

"Então, a próxima partida ainda não começou?"

— Nn.

Au.

Nós meio que destruímos a arena. Os funcionários tiveram que consertá-la antes da próxima partida começar.

Eu considerei a possibilidade de que eles tivessem algo como um atual campeão ou algum gigante à disposição para usar na arena, mas não foi isso o que aconteceu. Eles estavam consertando tudo através da aplicação da Magia da Terra. Para esse fim, a pessoa responsável pelos reparos estava desenhando algum tipo de círculo mágico.


Demorou cerca de vinte minutos para eles criarem uma arena totalmente nova e trazerem o próximo par de competidores.

A segunda partida de hoje seria entre Amanda e Erza. Para ser sincero, eu não tinha certeza para quem deveríamos estar torcendo.

A batalha começou antes que eu pudesse me decidir.

Amanda começou a se mover pela arena e atacar com seu chicote, enquanto Erza permanecia centrado na mesma área, enquanto esperava a chance de lançar um contra-ataque.

Eu não pude deixar de apreciar observar enquanto a luta se desenrolava. O chicote de uma estava enfurecido dentro dos limites da barreira, como faria um dragão, enquanto a maça do outro estava abrindo buracos na arena todas as vezes que era desferida. Porém, havia apenas um pequeno problema…

— Ahhhhh…!

— Iwwaaaaahhh!

O único problema era o fato de que o homem afeminado gemia toda vez que era atingido pelo chicote. Eu não pude deixar de começar um debate interior para decidir se Fran tinha ou não idade suficiente para assistir esse confronto.

Eu senti que provavelmente teria direcionado sua atenção para outro lugar e a impedido de assistir se não fosse pelo fato de termos que enfrentar o vencedor ou vencedora.

Eu esperava que a partida durasse um bom tempo, já que Erza tinha defesas altas e a habilidade de Conversão de Dor, mas eu estava errado.

— Ahuuunnn!

— Acabou!

— Ahhh… haaaahhhhnnn!

Amanda balançou o chicote em um arco para baixo e fez Erza voar. Ele tinha desmaiado quando pousou, o que fazia sentido.

Não sentir a dor era útil e tudo mais, mas ainda assim, a pessoa acabaria perdendo a consciência e o controle sobre o corpo caso sofresse danos excessivos.

— Não posso acreditar nisso! Erza, a Heroína de Ulmut, foi derrotada com facilidade! Bem, essa é uma aventureira rank A para vocês! Esta rodada vai para Amanda de Hariti!

Fiquei surpreso ao ouvir o comentarista declarar abertamente "aquilo" como o herói da cidade. Parecia que o povo de Ulmut era muito mais receptivo do que eu estava imaginando.

"Você conseguiu enxergar o último ataque dela...?"

— Por pouco?

"Sim, eu também."

O chicote de Amanda se moveu tão rápido que eu nem sequer consegui acompanhá-lo por completo de longe. Fran e eu estávamos começando a temer que não pudéssemos repelir seus ataques.

"Parece que a nossa próxima partida será dificílima."

— Nn!



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