Volume 6

Capítulo 237: O sparring começa

Dewfo, o jovem, mas com nível decente de Espadachim Fantasma, arrastou seus pés com lentidão em direção à arena. Seu rosto transmitia uma óbvia sensação de descontentamento. Podia-se dizer com facilidade que ele sentiu que tudo isso era apenas uma perda de tempo. O garoto não entendeu por que ele, o mais forte do grupo, tinha que perder tempo lutando com uma garotinha fraca.

O mestre da guilda desconsiderou suas emoções e se posicionou entre Fran e Dewfo como se fosse um simples árbitro.

— Ah, e você terá que enfrentar Fran pelo menos duas vezes.

— Talvez se ela durar tanto tempo.

— Bem, que tal dizermos que depende de quão bem vocês podem lidar com ela?

A única resposta de Dewfo foi encolher os ombros.

— Eu já tenho alguém para curá-los se vocês se machucarem, então se apresse e comece.

— Tá, tá. Já entendi.

A pessoa que Gamud havia chamado era uma que eu só poderia descrever como a tia de alguém. Ela basicamente parecia uma aldeã comum de meia-idade. É sério. Ela estava usando roupas simples que você esperaria de um aldeão. Ela praticamente incorporava o conceito de "Aldeão A".

Apesar disso, ela ainda era uma curandeira capaz. A avaliação dela permitiu-me perceber que havia uma grande diferença entre sua aparência e suas capacidades. Ela era bem forte. Na verdade, ela era mais forte do que todos os aventureiros que Gamud nos pediu para enfrentar.

Meus olhos foram atraídos na mesma hora para a habilidade Magia de Recuperação nível 3, uma indicação clara de que ela era capaz de usar Cura Superior.

— Oi, eu sou Beth. Eu costumava ser uma aventureira rank B, mas depois me aposentei e me casei, então sou apenas uma dona de casa agora.

— Você diz isso, mas ainda aceita um pedido de vez em quando.

— Só porque as recompensas chamam sua atenção, sem dúvida.

— Bem, eu tenho que trabalhar duro por essas recompensas, sabia? Eles realmente ajudam nas finanças domésticas, já que a renda do meu marido não é a que você chamaria de muito alta. Ahahaha.

Uma parte de mim quase queria dizer que a aparência da mulher servia como o disfarce perfeito com o qual ela poderia camuflar suas habilidades.

Fran percebeu o fato de que ela seria capaz de causar um bom dano sem precisar se esforçar muito. Seus olhos quase começaram a brilhar como resultado.

— Vão para seus lugares e se curvem conforme a rotina¹.

— Dewfo.

— Fran.

— E comecem!

Ambos os lutadores tomaram suas posições e levantaram suas armas quando Gamud começou a partida.

Nenhum dos dois se mexeu enquanto se encaravam. Era como se os dois lutadores quisessem deixar o outro fazer o primeiro movimento. Suas ações eram as mesmas, mas suas razões eram diferentes. Fran começou observando o oponente e deduzindo a extensão de sua força. A conclusão que ela tirou foi que Dewfo era muito mais fraco que ela e que a batalha terminaria no momento em que ela agisse. Por isso, ela estava permitindo que ele desse o primeiro passo.

Por outro lado, Dewfo depositou sua confiança no resultado da avaliação de Red. Ele estava permitindo a Fran o primeiro movimento porque achava que ela era muito mais fraca que ele. Sua página de estatísticas o fez parecer experiente o suficiente para avaliar a força de um oponente que estava diante de seus olhos, mesmo assim, ele não foi capaz de julgar Fran. Parecia que seu julgamento estava sendo nublado, porque ele nunca considerou a possibilidade de que a jovem gata-negra que ele estava enfrentando fosse mais forte que ele.

Vê-lo me fez mais uma vez confirmar que ter e manter a impressão errada do oponente era uma falha fatal.

— O quê? Algo errado? Você não vai atacar?

— Tudo bem fazer isso?

A pergunta de Fran foi dirigida a Gamud, mas Dewfo respondeu porque ele interpretou o contrário.

— Normalmente, é cortesia deixar a pessoa mais fraca tomar a iniciativa em momentos como esses.

Suas palavras quase me fizeram rir.

— Nn?

"Nah, não é nada."

— Tá.

— Que diabos você está resmungando? Apresse-se e venha até mim para que possamos acabar com isso. Preciso voltar ao trabalho e não tenho o dia todo.

— Mas deixar mais fraco atacar?

— Hã?

— Mais fraco primeiro. Você primeiro.

As palavras de Fran acabaram provocando Dewfo, embora ela não tivesse feito nada além de afirmar a verdade. Elas o atravessaram e deram um golpe em seu orgulho.

— Que merda pirralha? Você está tentando se gabar ou algo assim?

— Se gabar? Como assim?

— Estou dizendo que você está se achando demais, sua pirralha maldita! É claro que você está fazendo isso, vendo como está alegando que é mais forte que eu!

— Mas, óbvia verdade.

— Ora sua pequena…

Me parecia que Dewfo era um pouco imaturo. Ele começou a agir como um pirralho no momento em que viu Red descartar as habilidades de Fran. Porém, pensando bem, isso fazia sentido. Dewfo era mais velho que Fran, mas ele ainda tinha apenas 22 anos. Ele ainda estava tecnicamente no lado dos mais jovens.

Gamud e Forrund haviam treinado suas habilidades, então ele era muito mais forte do que a maioria dos outros aventureiros de sua idade, mas não devia ter visto o mundo ou enfrentado qualquer tipo de crise real. Ele ainda estava sem as experiências necessárias para crescer de verdade.

Essa devia ser uma das razões pelas quais Gamud havia pedido a Fran que o humilhasse um pouco.

— Ei, anda logo e apenas ataque ela já.

— Não é? Discutir com ela não é menos vergonhoso do que não a deixar fazer o primeiro movimento, então apresse-se!

— Apenas mostre a essa garota o lugar dela, droga!

Todos os outros aventureiros começaram a instar Dewfo. Nenhum deles parecia achar que o mais forte deles acabaria perdendo em um combate individual, pelo menos não para Fran.

— Calem suas bocas! Por que eu não cederia o primeiro movimento para alguém mais fraco que eu!?

Apesar disso, ele se recusou a se mover. Ele não iria tomar a iniciativa.

"Bem, parece que ele não se mexerá até que façamos algo, então podemos apenas atacar."

"Nn. Entendido.”

Fran me brandiu e fez uma declaração antes de enfim começar.

— Vou atacar agora. Defenda-se.

— Hãã? Deixe-me adivinhar, a única coisa em que você é boa é blefar.

— Agora.

— Argh!?

Com a guarda baixa, Dewfo não conseguiu responder ao ataque de Fran. Em um momento ela estava em pé na frente dele, no outro, estava bem na cara dele. Ele não foi capaz de perceber que ela o atacara, mas a dor aguda que atravessou sua perna e forçou seus joelhos a se dobrarem, informou-o de que ele havia sido atingido.

— Graaaagghhhh!

"Hmmm... você não acha que pode ter sido um pouco demais para um primeiro ataque?"

A investida de Fran tinha sido bastante lenta. Ela se conteve de propósito para fazer Dewfo levá-la a sério, mas as coisas não pareciam funcionar da maneira que ela pretendia.

"Espero que os outros levem a sério agora."

“É, tem razão. Eles provavelmente irão."

Fizemos de Dewfo um exemplo e o usamos para informar aos outros aventureiros que eles acabariam sendo esmagados a menos que levassem Fran a sério.

"Além disso, revanche."

“Certo. Ele vai te levar mais a sério da próxima vez que tiver que lutar com você."

— Rashid, você é o próximo.

— Hum? Huuuh!?

— Se apresse!

— Si-sim senhor!

Gamud gritou e levou o próximo sacrifício para o palco. A pessoa em questão era um dos caras que insultara Dewfo alguns momentos mais cedo.

— Chamada Fran.

— Eu-eu sou Rashid. Es-espere! Espere um segundo!

Rashid ainda não havia processado por completo o que havia acontecido, mas Gamud não se importou, pois sinalizou o início da próxima partida na mesma hora.

— Comecem!

— Nn.

— Gyaaaahh!

Rashid foi forçado a se retirar quase tão rapidamente quanto Dewfo. Seu braço direito foi destruído no momento em que ele levantou sua lança e a apontou na direção de Fran.

Só então os aventureiros entenderam de verdade que Fran não era apenas uma garota comum. E assim, eles mais uma vez começaram a ficar tensos enquanto os gritos de seus companheiros enchiam a arena.


Nota

[1] Essa é a rotina em sparring de artes marciais. Os dois lutadores se encaram e se apresentam antes de começarem. Em algumas ocasiões, você diz sua escola (estilo), entre outras coisas, durante esta parte da partida.



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