Volume 6

Capítulo 256: Suarez

Fran desarmou os dois executivos que capturou antes de fazê-los se sentarem para poder interrogá-los.

Seu objetivo era, obviamente, fazê-los divulgar os segredos do Navio de Guerra Dragão da Água.

— Como controlar dragão?

— Não-não faço ideia.

— Nn?

— Giiiiiiiii!

Um dos executivos tentou se fazer de bobo, ao qual Fran reagiu sem piedade me esfaqueando em sua coxa.

— Como controlar dragão?

— Os-os únicos que podem lhe dizer isso são o chefe e os caras logo abaixo dele!

— Es-estamos dizendo a verdade! Somos apenas piratas comuns que subiram na hierarquia! Eles não contavam nada para gente como nós!

— Conte toda informação conhecida. Mesmo insignificante.

— Eu vou lhe contar tudo o que sei, então, por favor, tire sua espada da minha perna!

— Nn.

O pirata que concordou em conversar começou a lamentar em uma mistura de dor e medo quando ela me removeu da coxa dele.

Seu companheiro, o mago, empalideceu. Ele percebeu que logo sofreria o mesmo destino que seu amigo, caso se recusasse a falar. Para esse fim, o conjurador franzino começou a soltar tudo o que sabia, e chegou ao ponto de elaborar as coisas sem que precisássemos fazer perguntas.

Embora ele não soubesse muitos detalhes, ele pelo menos era capaz de confirmar que o dragão parecia obedecer a ordens; o monstro não estava sendo controlado através de algum tipo de item mágico em larga escala. Mesmo assim, ele ouviria o príncipe, o cara que os piratas chamavam de chefe deles.

Perguntar a eles como o príncipe estava controlando o dragão não levou a nenhum resultado. Eles nem sabiam se o monstro o reconhecia como alguém que deveria ouvir, ou se estava sendo manipulado por outros meios. Em outras palavras, itens, habilidades e feitiços de menor escala eram todas possibilidades que ainda tínhamos que considerar.

A coisa mais útil que conseguimos foi fazê-los nos contar um pouco sobre o príncipe. O nome dele era Suarez Sheedran, e poderia ser melhor descrito como um homem enorme e robusto de pele marrom com cabelos loiros prateados adornando sua cabeça. Suarez era bem versado em combate; um aventureiro mediano não seria capaz de se igualar a ele. Sua arma principal era um enorme machado de batalha, algo que ele provavelmente estaria carregando. Capturá-lo parecia ser muito mais fácil em um plano do que na realidade.

É claro que também conseguimos convencê-los a falar sobre o dispositivo mágico que estavam usando para fortalecer o dragão. Ao que parecia, o monstro era bastante grande e estava perto da retaguarda do navio, mas como a parte do navio que o segurava estava isolada do resto, não conseguiríamos encontrá-lo se apenas andássemos por aí.

De forma bastante irritante, nenhum dos dois que capturamos sabia como entrar na seção isolada. Na realidade, ambos não faziam ideia de sua localização precisa. Sem dúvidas, isso decorria do fato de o príncipe não confiar neles. Eles, diferente de muitos outros executivos, não começaram como seguidores de Suarez. Em vez disso, os dois eram apenas os ex-chefes dos bandos de piratas que costumavam ocupar a área antes da chegada do príncipe. Embora ele confiasse neles o suficiente para permitir que mantivessem suas posições, o príncipe nunca os deixou participar de nada muito importante.

— Nós-nós contamos tudo o que você pediu!

— En-então, por isso, não nos mate!

— Entendido.

— Mui-muito obrigad-guraaaaghh!

Fran chutou o mago bem na cara. A força o enviou em espiral para fora do convés do navio.

— Vo-você não disse que não nos mataria se nós disséssemos o que você queria saber!?

O lanceiro gritou indignado enquanto observava o amigo mergulhar no mar.

— Não matei. Apenas joguei no mar porque estava no caminho.

— O-o que diabos isso dever-raaaaghghhhh!

Ela não estava errada. Fran não havia matado nenhum dos dois. Em vez disso, ela apenas os derrubou do navio ao mesmo tempo em que os privou de suas consciências. Embora fosse bastante provável que eles morressem, eles ainda poderiam viver se tivessem sorte, por isso seria mais preciso atribuir suas mortes à sua própria incapacidade, em vez de atribuí-las a garota. Além disso, eles eram piratas, pragas marítimas "profissionais". Para mim, eles com certeza sobreviveriam.

— Caramba Professora, você é totalmente impiedosa!

— Eu amo muito essa parte dela.

— Parece que devemos seguir o exemplo dela e começar a fazer coisas assim também.

Os aprendizes de Fran fizeram alguns comentários enquanto observavam o segundo homem seguir o primeiro para o mar. Os dois primeiros, Miguel e Naria, pareciam impressionados, enquanto o terceiro, Liddick, começou a tomar nota do comportamento da garota. Perceber que eles estavam assistindo me levou a pensar se eles se beneficiariam ou não de imitar suas tendências impiedosas.

Meu primeiro instinto foi refutar o pensamento, mas então considerei a possibilidade de um dia eles serem esfaqueados nas costas e morrerem porque simpatizaram com um inimigo. A partir disso, determinei que a abordagem de Fran devia ser melhor para eles a longo prazo. Provavelmente.

"De qualquer forma, por que não vamos caçar Suarez?"

— Nn.

Informamos todos os outros aventureiros ainda no convés do navio sobre Suarez, para que eles pudessem nos ajudar a procurá-lo. Não tínhamos sido capazes de conversar com a equipe de Mordred, já que eles já haviam invadido o interior do navio, mas tentamos compensar por isso pedindo a todos que retransmitissem as informações se eles o vissem.

Eu não fazia ideia de quão forte era Suarez, mas havia uma chance de que, excluindo Fran, o grupo de Mordred seria o único capaz de lidar com ele.

— Urushi, procure também.

Au!

Todos os marinheiros de Algieba já sabiam que Urushi era o familiar de Fran, então a chance de ele ser atacado por um de nossos aliados no meio da busca era baixíssima.

"Capture ele se puder, mas volte se você achar que ele é forte demais, tudo bem?"

Au, au!

— Começar.

Com uma única palavra e nada mais, Fran se aventurou no interior do navio pela saída mais próxima.

Nossos aliados já haviam derrubado a maioria dos piratas, então fomos capazes de olhar em volta sem nenhuma interferência... ou pelo menos foi assim até descermos um lance de escada.

Os inimigos começaram a nos atacar no momento em que descemos e continuaram a fazer isso enquanto explorávamos. Nenhum deles chegava perto de ser páreo para Fran, mas ainda assim, eram bastante irritantes.

Uma densa aura de sede de batalha começou a nos atacar à medida que avançávamos um pouco mais. Parecia que havíamos encontrado nossa presa.

“Fran!”

— Nn!

Fran o localizou em uma porta incrivelmente grande, que ela chutou para revelar algo ao longo das linhas de um armazém vazio.

Vários aventureiros e piratas estavam se enfrentando no centro da sala. A sede de sangue que Fran rastreara se originara das duas pessoas mais poderosas da sala.

Um deles era nosso aliado, Mordred. E, de forma natural, o outro era Suarez, o pirata que estávamos procurando capturar.

Para ser honesto, o príncipe sheedraniano era bastante forte. Ele tinha Habilidades Divinas com Arco e várias outras habilidades indicavam que ele era um guerreiro talentoso. Mesmo assim, não achei que ele fosse qualificado o suficiente para atuar como capitão de um navio pirata. Ele não tinha muito no departamento de navegação para que eu o considerasse um verdadeiro marinheiro.

Infelizmente, avaliá-lo não me contou muito sobre como ele estava controlando o dragão. Nenhuma de suas habilidades indicava que ele era capaz de domar ou invocar monstros.

— Seus idiotas, retardados! Vocês acham mesmo que poderiam derrotar um Navio de Guerra Dragão da Água?

— É verdade que seu navio é forte, provavelmente o mais forte que existe, mas isso não significa nada se pudermos lidar com as pessoas a bordo.

— Gyahahaha! Bela piada! Vou torturá-lo ainda mais do que todas as minhas presas habituais antes de te dar como alimento para os peixes!

Então ele gosta de torturar as pessoas que captura? Isso é muito baixo...

Os dois combatentes se atacaram enquanto eu refletia sobre os hobbies desagradáveis do príncipe.

— Dorryaaaahhhh!

Suarez balançou o machado de batalha diretamente para o topo da cabeça de Mordred. Seu ataque era bastante rápido; ele parecia ser pelo menos tão forte quanto um aventureiro de rank C.

Mas, apesar disso, não estávamos nem um pouco preocupados.

— Lento demais.

— Kuh! Que impertinente!

Mordred recebeu o golpe com a lança e aparou-o de maneira limpa — um movimento que pareceu estar dentro dos cálculos de Suarez. O portador do machado não deixou que o impacto resultante o desequilibrasse. Ele girou a arma de imediato e a trouxe de volta para uma segunda investida. Eu tinha que admitir que a técnica era habilidosa e teria sido mais do que suficiente para ele derrubar um aventureiro comum.

Mas Mordred não estava na média.

— Controle de Metal!

— O-o quê!?

— Seu machado é meu. Ele já está sob meu controle.

À primeira vista, quase parecia que Mordred levantou o braço direito por desespero depois de perceber que não podia bloquear o ataque, mas é claro que não era esse o caso.

O machado maciço que parecia estar a caminho de cortar o braço do aventureiro dobrou sua forma no momento em que estava prestes a fazer contato. Quase parecia que o machado de batalha fora feito de barro e não de aço.

Embora Suarez já tivesse perdido, Mordred não parou. Ele garantiu sua vitória manipulando o metal do machado e envolvendo-o no corpo do pirata. A maneira como ele se enrolou em torno de seu antigo portador quase o fez parecer uma espécie de criatura viva.

As ações de Mordred demonstraram por que a Magia da Lava era tão assustadora. Ela permitia que seu portador assumisse o controle e manipulasse substâncias com base de metal.

— Merda! O que foi que aconteceu!?

O machado de Suarez, ou melhor, seus novos grilhões, já havia retornado a um estado endurecido. O príncipe tentou se libertar, mas logo se viu incapaz de escapar de suas restrições. O aço não tinha apenas derretido e sido remodelado. Ele também foi fortalecido.

— Guooooooohhhhh! Me solte, droga!

— Pare de se debater. Não será possível para alguém tão fraco quanto você escapar.

E com isso, o príncipe foi feito nosso prisioneiro.



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