Volume 6

Capítulo 261: Voltando ao navio

Embora o leviatã, a Besta Divina, tivesse nos salvado, ele também criou seu próprio tipo de problema, pela simples razão de que encontrá-lo era algo extraordinário. Ao retornar ao navio, percebemos que todos tinham perdido a razão.

Alguns estavam atordoados, enquanto outros começaram a sorrir como idiotas. Havia até um grupo que começou a oferecer aos céus suas orações.

Como todo mundo, Jerome e seu imediato estavam incapazes de responder da maneira habitual. Em vez disso, eles começaram a rir.

Para ser honesto, fiquei impressionado que o Algieba ainda estava flutuando do lado certo. O estado atual da tripulação parecia indicar que ele deveria ter virado, ainda mais ao considerar o que acabara de acontecer. O leviatã era enorme, de modo que ondas gigantescas acompanhando sua chegada eram algo certo...

... exceto que não houve nenhuma.

De alguma forma, o monstro conseguiu evitar perturbar o oceano e criar ondas, apesar de seu tamanho maciço.

“Isso significa que ele estava tentando evitar virar o Algieba? Nah, sem chances, não é? Provavelmente, ele estava apenas por coincidência usando algo que permitia nadar mais rápido através da redução da resistência da água ou algo parecido.”

Mordred, Jerome e Buphett recuperaram seus sentidos nessa ordem, em grande parte porque essa foi a ordem em que Fran decidiu agitar seus corpos.

Apesar de ser conhecido por sua calma e racionalidade, o aventureiro ficou em pânico. O evento o chocou o suficiente para fazê-lo começar a gritar de forma histérica no momento em que enfim recuperou sua capacidade de falar.

— Merda! Eu acabei de suar o suficiente para uma vida inteira. Estou surpreso que meu coração não tenha parado. Puta merda, isso foi absolutamente aterrorizante. Acho que não vou aceitar nenhum emprego de escolta relacionado a barcos por um bom tempo! — Mordred gritou.

Encontramos um dragão da água, alguns krakens, uma serpente de midgard e, para completar, o monstro rank S, leviatã. Tivemos um total de quatro encontros diferentes em questão de segundos. Cada um dos quatro grupos de criaturas era poderoso o suficiente para causar uma morte instantânea e, portanto, acabamos sendo arrastados para uma série de batalhas ferozes. Era demais para absorver, até para Mordred. O aventureiro experiente fora reduzido a um estado aterrorizado.

— Cara. Uoa. Merda. Cê viu aquela coisa? Cê viu!? — Jerome, por outro lado, estava empolgado pra caramba. Ele estava debruçado sobre a borda do navio e olhando na direção em que o leviatã tinha ido.

— Sim, capitão... mas eu tenho que dizer, nunca imaginei que veríamos aquilo por essas partes... — Buphett comentou. — Espere, e se...

Ao contrário dos outros dois, o estado de Buphett era mais parecido com o de suspeita. Ele já havia passado a questionar os motivos do leviatã.

— Leviatã, ele só deveria aparecer no oceano demoníaco? — Fran dirigiu sua pergunta para Jerome, pois seu estado mental parecia muito mais sólido do que o de qualquer outra pessoa presente.

Puxa, aquela coisa era enorme demais. Ele devia ter por volta de 100 metros, mesmo que você olhasse apenas da base do pescoço até a ponta do nariz. Só sua cabeça parecia ter cerca de 40 a 50 metros de altura. Eu não entendia como esse monstro poderia se encaixar nessas partes. As áreas mais profundas pareciam chegar a apenas 300 metros, o que significava que existiam muitos pontos com profundidade de 100 metros ou menos.

Dado seu tamanho, o leviatã acabaria se arrastando pelo fundo do oceano enquanto se movia.

— É assim que sempre foi no passado, mas o passado e o presente são claramente duas coisas diferentes. É verdade que ele só foi visto no mar demoníaco, mas isso não é evidência suficiente para dizermos que o monstro nunca aparecerá em nenhum outro lugar. Aquela coisa maldita é uma lenda. Não há como os humanos entenderem tudo sobre isso. — Jerome deu de ombros.

É, fazia sentido. Não havia nenhuma razão para ele não deixar seu ninho para caçar, especialmente vendo como ele acabou de fazer isso.

Não havia razão para o leviatã permanecer em uma pequena área confinada, dada a sua velocidade. Parecia haver uma boa chance de que o monstro foi avistado no mar demoníaco por acaso, e que ele estava se movendo e indo para onde quisesse, permanecendo debaixo d'água o tempo todo.

— Tudo bem, agora que isso acabou, deveríamos dar o fora daqui. —, o capitão se recuperou depressa e voltou à tarefa.

— Parece uma ideia muito boa. Todos os krakens fugiram devido ao medo do leviatã, então temos a chance que precisávamos. — Da mesma forma, seu imediato também se concentrou em um conjunto mais subsequente de prioridades.

Os krakens não eram páreo para a serpente de midgard ou o leviatã, então todos escaparam para longe da área. Da mesma forma, os piratas que lançamos no oceano também não estavam à vista. Todos foram arrastados por krakens, engolidos pela serpente do mar ou apenas foram pegos nas ondas maciças que resultaram do advento das criaturas e levados para longe.

— Então, o que vamos fazer com ele? — A primeira coisa que Mordred fez após recuperar o juízo foi chutar o prisioneiro rolando a seus pés. Por acaso, Suarez foi levado de volta para o Algieba porque esse era o fluxo mais natural das coisas. Ele ainda estava inconsciente, em grande parte devido a toda a dor que Mordred infligiu a ele enquanto tentava fazê-lo desistir.

— O que você diz de jogá-lo em algum lugar? — Ele comentou enquanto dava outro chute no homem.

“Não há nenhum sentido em mantê-lo vivo por muito mais tempo, vendo como o dragão se foi, mas ele ainda é da realeza, portanto, mantê-lo vivo poderia nos apresentar algum mérito.”

Ele poderia ser usado como uma espécie de moeda de troca, mas, ao mesmo tempo, também era possível que ele acabasse servindo para provocar algum tipo de conflito político. Não havia como saber com certeza as consequências de nossas ações, então escolhemos deixar a decisão nas mãos de uma pessoa mais qualificada. Ou seja, fizemos Jerome, um homem oficialmente sancionado pelo país dos Homens-Fera, tomar a decisão final.

— Hmm... eu diria que é melhor mantê-lo no porão do navio.

— Sim, capitão, eu concordo, principalmente porque ele pode ter algum tipo de recompensa por sua cabeça. —, acrescentou Buphett.

— É mesmo? Roubar um desses Navios de Guerra Dragão da Água é uma maneira infalível de atrair a ira de um país. —, o capitão sorriu.

Uma parte de mim pensou que poderia acabar sendo algum tipo de presente, mas não parecia ser o caso. Todo Navio de Guerra Dragão da Água era uma parte vital das forças do país. Causar um tumulto era propenso a levar a problemas diplomáticos.

Em outras palavras, não havia como Suarez reivindicar o navio que ele possuía.

— Seria muito mais conveniente nos livrarmos dele, mas eu diria que ele tem uso suficiente para ficar por aqui. —, resmungou Jerome.

Com isso, o destino de Suarez foi decidido. Mordred o levou para o porão e organizou os aventureiros para que pudessem vigiá-lo.

— Como você está se sentindo, princesa?

Com todos os assuntos urgentes tratados, Jerome voltou-se para Fran e perguntou-lhe sobre sua condição.

— Ela parece bastante exausta para mim. —, comentou seu imediato.

— Nn… corpo parece pesado.

O Advento do Relâmpago Negro em que Fran investiu todo seu poder a havia drenado da maior parte de sua resistência e magia. Ela ainda podia andar, mas não tinha a capacidade de se envolver em qualquer tipo de conflito sério.

— Eu esperava que sim, vendo a quantidade de energia por trás do ataque que você lançou. Duvido que você consiga se sair muito bem em qualquer combate como está agora, então, volte para o seu quarto e descanse um pouco. — Buphett a dispensou de seus deveres para que pudesse se curar e estar pronta para qualquer batalha que ocorresse.

— Nn. Farei isso.

Decidimos que Urushi vigiaria o convés no lugar de Fran enquanto ela descansava. Ele e Mordred provavelmente seriam mais do que suficientes para lidar com qualquer monstro que aparecesse no navio enquanto Fran estivesse fora de serviço.

"Estamos contando com você Urushi."

— Dê seu melhor.

Au!



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