Volume 6

Capítulo 281: Sobre a tentativa fracassada contra a vida da Princesa do Raio Negro

Voltamos para Greengoat com os dois aventureiros sobreviventes pendurados na boca de Urushi. Fomos recebidos por um dos guardas quando nos aproximamos do portão.

— Você não acabou de sair daqui? — ele perguntou.

— Nn. Assunto para lidar.

— Espere... o que há com aqueles dois caras sendo arrastados pelo seu lobo?

— Assunto. Eles me atacaram. Aqui para entregá-los.

— Vo-você foi atacada!? Você está machucada?

— Não.

O guarda deu um suspiro de alívio.

— Graças a Deus! Mas isso com certeza é estranho. Não deveria haver mais bandidos nessas partes. O Lorde das Feras subjugou a todos no ano passado.

— Bandidos não. Assassinos. Especificamente me mirando.

— Assassinos!? Por-por favor, espere um momento. Devo notificar meus superiores agora mesmo. — Ele se virou para o outro guarda. — Vá buscar o líder do esquadrão imediatamente!

— Sim senhor!

O segundo guarda partiu. Entregamos os dois aventureiros ao guarda restante, que os amarrou, os arrastou para a torre de guarda e os jogou em uma cela. No momento em que ele voltou, seu parceiro e o chefe deles também estava presente.

— Princesa do Raio Negro! — disse o líder do esquadrão. — Você está ilesa?

— Nn. Ilesa.

— Essas são boas notícias. — Ele se virou para o guarda que havia ficado. — Você! Qual é o relatório da situação!?

O guarda contou ao chefe tudo o que lhe dissemos e que ele jogara os assassinos na prisão.

— Entendo. — O líder do esquadrão virou-se para Fran. — Tenha certeza, encontraremos os responsáveis por esse ataque desprezível sem demora. Também farei esse assunto ser transmitido ao senhor da cidade. Enquanto isso, posso lhe servir um chá?

— Nn.

Ele nos guiou até a torre de guarda e nos conduziu pela entrada da frente. Depois de subir uma escada, ficamos sentados em uma sala de recepção. Comparado com a mansão de recepção na capital, esta sala era bastante simples, mas sem dúvidas era a melhor sala que eles tinham.

— Ei, vocês! — gritou o líder do esquadrão. — Vão buscar o melhor chá que temos! E algo para ela comer!

— Sim senhor!

Um dos guardas na entrada desceu correndo as escadas. Depois de alguns minutos, ele voltou carregando uma bandeja com um bule de chá, uma xícara de chá de porcelana, um chá de primeira qualidade e uma variedade de geleias e mel. O guarda serviu uma xícara de chá e entregou a Fran junto de mel e uma colher.

— É do seu agrado? — perguntou o líder do esquadrão.

— Nn. Nada mal. —, disse Fran.

— Muitíssimo obrigado!

Mais dois guardas entraram na sala carregando uma travessa grande com uma tampa de prata quando Fran terminou sua primeira xícara de chá. Eles gentilmente colocaram o prato na frente de Fran e removeram a tampa.

Que diabos!? O que há com esse bife enorme!? Eles estão mesmo servindo isso com chá?

Ninguém mais na sala parecia compartilhar minha descrença. Fran mastigou o bife com alegria enquanto o resto dos guardas homens-fera aguardavam, caso ela tivesse algum tipo de pedido. Parecia que, para os homens-fera, bife e chá eram uma combinação natural.

Imaginei que ser um glutão era uma característica dos homens-fera, não algo exclusivo de Fran. Espere, Fran poderia devorar dois ou três deles, então ela provavelmente seria considerada uma gulosa, mesmo entre os homens-fera.

Ela estava se aproximando de sua última mordida quando ouvimos o som de passos pesados subindo as escadas. Os passos pararam perto da porta e, em seguida, a pessoa bateu na porta, como se lembrasse de suas maneiras no último minuto.

— Entre. —, disse Fran.

— Por favor, desculpe minha intrusão. Você é a Princesa do Raio Negro?

— Nn.

— Eu sou Marmanno, lorde da cidade de Greengoat.

O homem falou com uma voz alta que encheu a sala. Ele era um homem grande, com músculos inchados e tinha uma espada grande pendurada na cintura. Eu logo o avaliei e vi que sua espécie era cabra-verde.

Mas que merda? Ele não parece uma cabra. E ele nomeou a cidade em homenagem a ele mesmo[1]!?

— Recebi a notícia do que aconteceu e decidi dar uma olhada diretamente na situação. — Ele se virou para o líder do esquadrão. — Qual é a última atualização da situação?

— Senhor! Meus subordinados relataram que estamos no momento interrogando os suspeitos.

— Basharianos desgraçados. —, disse o homem-cabra. — Tenho certeza de que foram eles.

— Eu concordo. —, disse o líder do esquadrão.

— Faça com que eles falem, mesmo que você precise arrancar as unhas dos dedos deles para isso! Não deixe o mentor escapar. Capture-o por todos os meios necessários, caso você o encontrar. Ele teve a ousadia de atacar a Princesa do Raio Negro, uma verdadeira heroína, portanto, certifique-se de que ele pagará o preço!!

Uau, esse cara corpulento considerava Fran uma heroína? Ele nem era um gato-negro.

— Entendido, senhor. —, respondeu o líder do esquadrão. — Eu já enviei soldados para a cena do crime.

— Muito bom. Que tal pesquisar na cidade por pessoas suspeitas?

— É que... — o líder do esquadrão vacilou. — Eu já enviei dois esquadrões para locais da cidade onde os bandidos são conhecidos por se reunirem, mas não temos homens suficientes para vasculhar toda a cidade. A maior parte da guarnição foi destacada para a fronteira com os basharianos.

— Malditos sejam os bastardos basharianos! — berrou o homem-cabra, batendo com o punho na mesa. — Acione os cavaleiros. Faça com que eles vasculhem esta cidade de cima a baixo!

— Tudo bem senhor? Isso não comprometeria a segurança do castelo?

— Isso é de pouca importância! Eles atacaram a Princesa do Raio Negro! Eu farei aqueles malditos basharianos pagarem! Custe o que custar!

Duvidava que procurar na cidade trouxesse pistas adicionais. Se tudo o que o mentor quisesse fosse assediar Fran, então ele já teria deixado a cidade. No entanto, parecia que o lorde e seus guardas estavam ficando animados, então seria melhor eu segurar minha língua por enquanto. Seria rude da minha parte diminuir o entusiasmo deles.

— Então, Princesa do Raio Negro... —, disse Marmanno, — Você ficaria conosco até terminarmos de investigar esses assassinos? Vou hospedá-la em minha mansão e fornecer as acomodações mais luxuosas que posso oferecer. Podemos jantar juntos e trocar histórias do campo de batalha. O que você diz?

"Mestre, o que fazer?" perguntou Fran telepaticamente.

"Acho que devemos recusar. Ele parece ser um cara honesto, mas não temos tempo para sentar e esperar que eles peguem um criminoso que provavelmente não está mais na cidade."

“Nn. Tá?”

Fran recusou de forma gentil e saímos da torre de guarda e atravessamos os portões da cidade. Assim que chegamos do lado de fora, Fran chamou Urushi e o montou.

"Parecia que nos atrasamos um pouco, mas, tanto faz. Vamos nessa!"

— Óóó!

Urushi começou a acelerar em direção para o norte a partir de Greengoat. Ele estava correndo mais rápido que o normal, tentando recuperar o tempo perdido. Depois de viajar por algumas horas, avistamos um rio no sopé da cordilheira.

— Mestre. Logo ali. Aquele rio.

"Sim. Logo depois desse rio está Schwarzekatze. Mas não devemos atravessar isso ainda."

— Por quê?

“É só para o caso de sermos rastreados pelo mesmo cara que enviou aqueles assassinos. Vamos despistá-los.”

Urushi voltou e seguiu para o sul um pouco antes de virar para o leste e fazer um amplo círculo ao redor da vila. Quando estávamos no norte da vila, corremos um pouco para a frente antes de nos esconder atrás de alguns arbustos. Eu então teletransportei nós três de volta para onde vimos o rio pela primeira vez.

"Tudo bem. Isso deve ser o bastante. Vamos atravessar o rio."

Além do rio, encontramos uma encruzilhada com dois caminhos divergentes. Pegamos o caminho para o oeste e o seguimos até encontrar uma visão tranquilizadora.

— Mestre! Gato-Negro avistado!


Nota

¹ Greengoat significa “cabra verde” em inglês.



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