Volume 7

Capítulo 363: O encontro deles

Passaram-se algumas horas desde que Alistair iniciou o processo de remodelagem. Ao que tudo indicava, levava muito tempo para colocar meu sistema interno em funcionamento e pronto para o controle.

Como antes, Alistair ficou parada com os olhos fechados, antes de abri-los de repente e olhar para cima.

— Tá legal, está pronto. Podemos entrar no processo de renovação a qualquer momento.

Em seguida, ela enxugou o suor da testa. Ela esteve trabalhando sem parar por várias horas sem beber ou comer. Imaginei que ela estava muito cansada, mas não vi nenhum sinal significativo de fadiga em seu rosto.

"Ei, você precisa de uma pausa? Já é noite, sabia?"

Da única e pequena janela fornecida nesta sala, já podíamos ver a escuridão da noite antes que pudéssemos perceber. O quarto estava tão claro e cintilante que nem percebi a passagem do tempo.

— Estou bem. Eu não me canso com tanta facilidade. No entanto, temos um longo caminho a percorrer. Vamos fazer uma pequena pausa...

"Fran também deve estar cansada, não?"

— Estou bem.

— Estou cansada. Então, vamos fazer uma pausa.

Ela não acabou de me dizer que não estava cansada?

Alistair estava demonstrando sua preocupação por Fran. Por sorte, Fran não era uma criança que não conseguia ler o clima bem o suficiente para tornar essa preocupação inútil, então ela acenou com a cabeça com um sorriso tímido às palavras de Alistair.

— Tudo bem…

— Então vamos subir.

— Não é bom descansar aqui?

— Eu não como minhas refeições na oficina.

Parecia que essa era uma regra que ela seguia como artesã. Ainda bem que a comilona Fran não pegou nenhum alimento e passou a comê-lo durante as análises. A concentração de Alistair teria sido interrompida e ela poderia ter estragado tudo por causa disso. Ou melhor, o processo de análise poderia ter sido interrompido.

— Mas então…

Fran olhou para mim. Ela parecia preocupada em me deixar aqui.

"Fran, está tudo bem. Não estou mais sentindo dor, não se preocupe com isso!"

— Mas…

"Diferente de mim, Fran está cansada, e precisa de um descanso. Mesmo que eu esteja curado, de que adiantaria se você ficar incapacitada?"

E então, Alistair me levantou.

O que ela estava fazendo?

— Bobagem, fizemos alguns reparos básicos, então, enquanto não tivermos nenhuma luta séria, podemos carregá-lo por aí.

Você poderia ter me dito isso antes! Tivemos uma conversa tão sincera por nada!

— Aqui Fran.

— Nn.

Ó, sabia que me sentiria em casa nas costas da Fran, embainhado na bainha especial do velho Gallus. Ela me servia com perfeição e eu sentia como se estivesse enrolado em um cobertor confortável. É esse o conforto de voltar para casa? De qualquer forma, o alívio que senti estava além das palavras.

— É aqui.

Alistair me levou até as escadas, e me encontrei em uma mansão surpreendentemente comum. Era um pouco mais luxuosa do que uma pousada elegante. O interior era feito de pedra e era decorado em um estilo de vila estiloso.

Pela porta onde Alistair acabou de passar, havia uma sala de jantar. Havia também convidados em frente à grande mesa de jantar de mármore.

— Vocês terminaram?

— Ainda não. Só estou dando um tempo.

— Entendo…

— Ei, abra espaço, demônio estúpido.

— Ó-ó, sinto muito.

Ainda sentia que Asura era fraco ou reservado perto de Alistair. Havia uma familiaridade, mas também parecia mais do que isso, como se Asura estivesse se segurando.

Até com Kiara, Asura ainda falou em um tom de comando. Havia um forte senso de dissonância que senti quando vi Asura agindo de forma tão humilde. Era como se não fossem a mesma pessoa.

Fran parecia pensar da mesma maneira, pois ela inclinou a cabeça um pouco em perplexidade.

— Ei, vocês dois não se dão bem?

Foi uma pergunta direta. Alistair levantou as sobrancelhas e Asura parecia perturbado. Era algo que não deveríamos ter perguntado?

— Não é que não nos damos bem.

— Be-bem…

— Então por quê?

Senti que estavam tentando se esquivar da pergunta. No entanto, Fran continuou o interrogatório. Eu também estava interessado em saber mais, então não iria desistir.

— Haa, quando esse cara veio até mim pela primeira vez, fiquei tão surpresa com a estupidez dele que lhe dei uma pequena palestra. Eu tenho o chamado de demônio estúpido desde então.

— Palestra?

— Sim, e o que você acha que esse cara disse na primeira vez que nos encontramos?

Alistair mostrou um olhar severo para Asura. Parecia que eles tiveram um primeiro encontro muito ruim. Só de lembrar desse evento parecia ter irritado a ferreira.

— Sabe, esse cara veio até mim, e a primeira coisa que ele me disse foi: "Um ferreiro de nível divino pode destruir uma espada divina, não pode?" E então ele me deu sua espada e me disse: "Destrua essa coisa!"

— Is-isso… eu já pedi desculpas por isso...

— É claro! Para nós, ferreiros divinos, espadas divinas são como nossos próprios filhos! Não importa se foi feito por outro ferreiro divino, elas ainda são especiais para nós! E você queria que eu destruísse uma? Por acaso, você está querendo ter sua cabeça aberta, não está?

— ...

Asura acariciou sua testa sem dizer uma palavra. Era como se a cabeça dele tivesse rachado de verdade. Depois disso, ela fez Asura sentar-se ereto enquanto lhe dava palestras com paixão acalorada, continuando nisso por meio dia.

— A Espada Divina Gaia, uma vez atribuída a um proprietário, só pode ser usada por essa pessoa. E mesmo que seja descartada, ela irá voltar. Mas não é como se essas armas tivessem livre-arbítrio...

Por um momento, pensei que Gaia tinha uma mente própria, mas parecia que não era esse o caso. Talvez fosse mais um tipo mecânico de espírito artificial, algo como a Locutora-san.

— Não sei por que ela me escolheu, mas pensei que era uma porcaria.

Eu entendi como Asura se sentia. Justo quando ele estava em agonia depois de se transformar em um demônio calamitoso e ganhou a habilidade de demonização da loucura, de repente, o aventureiro obteve a espada divina. Se a arma voltaria para ele quando descartada, então significava que ele com certeza a teria em mãos quando a demonização da loucura fosse desencadeada.

Para ser franco, seria o nascimento do pior tipo de demônio que poderia espalhar destruição em massa. Se ele sabia que não podia selar a loucura, deveria pelo menos tentar lidar com a espada divina.

— Eu já aceitei isso agora.

— Nn.

— É por isso que estou caçando feras demoníacas no meio do nada para que eu não incomode as pessoas...

Asura parecia ter aceitado sua posse da espada divina agora. Devia ser por isso que Alistair não estava reclamando e o chutou para fora. Apesar disso, ainda achava que era impossível para ela ser gentil com o homem.

— ... mesmo agora, acabei causando problemas.

— ... Kiara não morreu por sua causa.

— Eu entendo. Não estou tentando culpar quem matou aquela mulher, só quero saber o que aconteceu. Você se importaria de me contar sobre isso?

— Nn.

— Eu irei te contar.

— Está tudo bem. Vou falar. Quero falar o que aconteceu eu mesma.

Alistair tentou cuidar disso, mas Fran recusou. Ela só esteve com a mulher por pouco tempo, mas foi a morte de Kiara, a quem ela respeitava. A garota provavelmente queria falar sobre o incidente com suas próprias palavras. Ela parecia pensar que este era o seu papel como a pessoa que testemunhou Kiara dar seu último suspiro.

Isso não era uma coisa ruim. Pessoalmente, achei que era muito mais fácil para Fran se recompor fazendo isso do que apenas lidar com o evento sozinha. Além disso, como Fran disse antes, o fim da vida de Kiara não foi uma tragédia. Ela começou a contar a história, incluindo a parte que ouviu de mim, como se ela mesma visse os eventos. Foi o fim de uma guerreira, uma que lutou contra um inimigo poderoso e partiu contente.

Asura já não tinha uma expressão triste em seu rosto quando ouviu a releitura de Fran. Em vez disso, ele riu.

— Ah, então você partiu enquanto sorria... você lutou contra um inimigo poderoso que não poderia vencer mesmo se colocasse tudo o que tinha contra ele, sacrificou seu tempo de vida, e morreu com um sorriso no rosto. É a cara de Kiara partir dessa forma. E eu... bem... inveja...

Eu não consegui entender por completo os pensamentos desses maníacos por batalha, mas poderia pelo menos entender o peso de seus sentimentos. Até o fim, tendo uma batalha satisfatória e morrendo no campo de batalha... tudo isso parecia invejável para Asura.

Talvez esse final não fosse possível para Asura neste momento. Se ele fosse pego em uma batalha até a morte, sua demonização da loucura seria ativada. Se isso acontecesse, ou ele mataria seus inimigos sem perceber, ou acabaria morto. Asura não estaria consciente durante esse acontecimento. Nesse ponto, a única coisa que o conduziria seria a pura loucura.

— Não sei o que vocês estão passando... mas tenho certeza que também poderia imaginar essa pessoa morrendo de forma pacífica em seu leito de morte, cercada por seus discípulos.

— Certo. Isso mesmo.

— A espada é para o campo de batalha... acho que significa o mesmo para os guerreiros. Que alguns deles se sentiriam mais felizes apodrecendo em um campo de batalha do que em uma prateleira... eu gostaria de entender esse tipo de sentimento também.

Era a cara de Alistair ser tão empática.



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