Volume 8

Capítulo 398: Perdidos nas ruas

Depois de quatro horas de espera, fomos enfim capazes de entrar na capital.

Ao contrário do que aconteceu em Ulmut e Vestia, não houve nenhum conflito com outros aventureiros aqui, o que era uma coisa boa.

Nosso primeiro objetivo era ir para a Guilda. O Mestre de Guilda de Barbola nos escreveu uma carta de recomendação para mostrar ao Mestre da Guilda da capital.

Enquanto caminhávamos pela cidade, pudemos ver muitos edifícios de aspecto antigo, considerando que esta cidade tinha mais de mil anos, imaginei que não era algo tão surpreendente. O beco pelo qual andamos era estreito e cheio de fileiras de edifícios pretos. Pareciam ter sido construídos sem observar nenhum tipo de layout planejado, tornando a cidade uma espécie de labirinto gigante.

A única razão pela qual estava tendo essas reflexões neste momento era que estávamos totalmente perdidos.

“Deveríamos ter ficado na avenida ao invés de tentar pegar um atalho.”, suspirei.

— Pulamos?

“Esta é a capital, não conhecemos ninguém e as pessoas podem não nos conhecer, por isso, vamos evitar chamar muita atenção. Vamos tentar procurar a rua principal.”

— Entendido.

As artes externas da cidade, ao longo das muralhas da fortaleza, pareciam novas e ordenadas, o que não era o caso da parte em que estávamos localizados. A parte em que estávamos remontava a uma época em que a cidade se expandia extremamente rápido e, como tal, nenhum planejamento foi feito.

À medida que caminhávamos, passamos por passagens subterrâneas, túneis passando por edifícios, etc... esta pequena aventura deixou Fran e Urushi de bom humor.

Este lugar seria muito assustador de se atravessar se estivesse deserto, seria uma cidade fantasma perfeita... se o lugar fosse deserto.

Tabernas baratas, refeitórios públicos, assim como um monte de outros estabelecimentos suspeitos podiam ser vistos em todos os lugares. Por causa disso, podíamos ver mulheres bêbadas e provocantes em qualquer lugar que olhássemos... esse sem dúvidas não era um bom lugar para se viver, você podia sentir o caos só de estar presente.

De forma surpreendente, Fran parecia gostar desta atmosfera. Bem, achei que ela não tinha nada contra esse ambiente animado, ela caminhava contente apesar de estarmos perdidos.

É claro que, estando nesse ambiente e com a aparência que Fran tinha, você teria muitas pessoas te avaliando. Fran apenas ignorou todos eles, assim como a presença que poderíamos sentir nas nossas costas. Dado o quão mal ele podia esconder sua presença, ele não era nosso oponente.

Sentindo que foi descoberto, parecia que a pessoa tentou em vão esconder sua presença de novo, mas não foi capaz. Reconhecendo este fato, ele desistiu. Um fracote, mas um inteligente.

“Estamos completamente perdidos, não estamos?” Perguntei.

Tudo era tão densamente construído que não conseguíamos sequer ver nenhum marco, como o palácio, para tentar nos orientar. Fran tinha uma habilidade chamada “Senso de Direção”, mas considerando quantos becos sem saída encontramos, ela não parecia útil.

— Precisamos pedir direções.

“É, parece que não temos escolha.”

Agora, a única questão era onde perguntar, nós procuraríamos alguém em um dos estabelecimentos ao longo da estrada?

Antes que eu pudesse chegar a uma conclusão, Fran deu meia-volta e foi para o caminho inverso do que estávamos seguindo.

“Fran, o que você está fazendo?”

— Sei o caminho.

Nem tive tempo de perguntar para quem ela ia pedir informações quando ela seguiu até o cara que estava nos seguindo mais cedo.

— Com licença, como chegar na Guilda dos Aventureiros?

— Como diabos você me notou?

A voz pertencia a um jovem que havia seguido Fran por quase meia hora. Provavelmente um dos locais. Ele pareceu surpreso, mas esperava mesmo passar despercebido?

Não achei que ele estava seguindo Fran. Se o objetivo fosse a vigilância, então ele esconderia sua presença e se moveria com muito mais cuidado. Por causa disso, os instintos de Fran não o consideraram hostil. Ou pelo menos não era considerado um inimigo digno de atenção.

— Quero ir a Guilda dos Aventureiros.

Huh? Do que você está falando?

Eu achava que o jovem a recusaria, mas ele permaneceu calmo. Fran podia parecer fraca à primeira vista, mas a espada em suas costas, bem como sua capacidade de sentir a presença de alguém, indicava sua força. Bem, o fato de Urushi estar ao lado dela também ajudou.

— É claro que não seria difícil para eu mostrar o caminho, mas quanto você está...

Ei, espere um segundo!

Assim que o jovem na nossa frente ia nos pedir um pagamento com um sorriso ganancioso no rosto, outro homem o interrompeu no meio da frase. Este parecia muito mais experiente, seu olhar penetrante parecia ver tudo.

Ele se juntou ao jovem para nos seguir e na verdade foi muito bom nisso pela maneira como ele entrou na conversou. O homem devia ser comparável a um aventureiro habilidoso em reconhecimento de terreno.

Fran também reconheceu que esse homem devia ser subestimado, mas ele não parecia ter nada a ver conosco, seu olhar foi direcionado para o jovem diante de nós.

— Kalk, o que você está fazendo?

— Não mexa com essa garota.

— Por que você está dizendo isso? Eu só queria vender informações a ela, só isso.

Sem surpresas, o jovem ficou com uma cara descontente ao ouvir tais palavras do homem que ele chamou de Kalk. Ele devia pensar que o homem estava tentando roubar sua “presa”.

— Só não mexa com ela.

— Do que você está falando?

— Não é da sua conta! Dê o fora daqui, depressa!

— Tá…

A expressão ameaçadora de Kalk forçou o jovem a partir. Antes de sair, ele olhou para Fran de novo, apenas para ser chutado por Kalk.

Ele saiu voando e bateu de cara no chão. Parecia que ele não esperava receber tal golpe. Seu rosto estava cheio de medo.

— Eu disse para você ir o mais calmamente possível, mas não me importo de mandar você embora em um saco se você continuar assim, desapareça agora mesmo!!

Iii... sinto muito!

O jovem tropeçou e fugiu, aterrorizado. Kalk então parou e curvou a cabeça diante de nós.

— Desculpe. Ele é apenas um tolo que não tem ideia da diferença entre a sua força e a dele. Você não pode ser generosa para perdoá-lo?

Nn?

— Não quis te deixar irritada. De qualquer forma, você queria encontrar o caminho para Guilda dos Aventureiros, certo?

Nn. Vai mostrar o caminho?

— Sim? Por favor, me siga.

Parecia que ele decidiu nos mostrar o caminho.

— Por que não apenas dizer como ir para a Guilda?

— Eu tenho que ser seu guia. Aquele tipo de idiota está em toda parte e não quero imaginar como esse lugar ficaria se alguém brigasse com você.

Kalk murmurou isso sem esconder seu medo. Parecia que o homem era bom em avaliar a força de outras pessoas e sua habilidade “Olho da Fragilidade” era a causa. Ela devia permitir que o portador soubesse o quão forte alguém era em relação a ele próprio. Neste caso, Fran devia parecer um verdadeiro monstro.

Se algum desses tolos acabasse em uma briga com ela, eles iriam se arrepender muito pelo pouco tempo em que seriam capazes de continuar conscientes e não havia como dizer a quantidade de destruição que isso poderia causar. Parecia que era isso que este homem mais temia.

Independente do motivo, Kalk não mentiu quando disse que ia nos guiar ele mesmo. Ele parecia ter uma boa compreensão desses lugares, então devíamos contar com ele.

— Entendo. Vamos lá.

— Por favor, por aqui.



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