Volume 8
Capítulo 437: O jeito Aiwass de fazer as coisas
Ela tinha a intenção de levar Aiwass com ela para a mansão do Conde Bailleys, mas Faize invadiu o porão, ofegante.
— Faize, qual o problema?
— Parece que a Ordem dos Cavaleiros já começou a entrar na residência de Holmes.
O quê?! Deveria haver mais de uma hora na agenda!
— O que você quer dizer?
— Parece que o Rei ordenou diretamente aos cavaleiros.
De modo natural, o Rei parecia ter tomado este incidente como um assunto sério. Depois de receber uma explicação do Conde Bailleys, o Rei decidiu convocar o Marquês Ashtonah na mesma hora. Um mensageiro foi despachado.
Dizia-se que o Marquês nem chegou a se mostrar para tratar do assunto, embora tenha sido avisado que seria acusado de traição se não consentisse. Parecia que a governanta, que estava dando desculpas, foi capturada e os cavaleiros foram enviados para a batalha.
O fato de ter levado apenas uma hora até agora mostrava a força do sentimento de crise do Rei. Além disso, sua confiança no Conde Bailleys e sua forte desconfiança de Marquês Ashtonah parecia ter contribuído para a celeridade de sua decisão.
Não, eles não podiam sequer ir para a batalha se já não estivessem prontos. Será que o Conde Bailleys previu tudo isto? A inteligência do Marquês Ashtonah não devia ser subestimada, e era possível que ele já soubesse sobre o anúncio do Conde para sair em três horas.
Se fosse esse o caso, eles disseram três horas e atacaram antes desse tempo para tirar vantagem da situação. Não era algo impossível.
Me lembrei da conversa que Fran e o Conde tiveram antes de partirmos.
“Se você demorar demais, os Cavaleiros podem apenas sair por conta própria, entende?”
“Nn.”
“Em relação a isso, mova-se como quiser. Você vai ser sair melhor dessa forma. Mas não se esqueça de cooperar com os cavaleiros, tudo bem?”
Essa foi a conversa. Poderia ter sido isso o que ele tinha em mente todo esse tempo?
— Conde Bailleys está no comando, e ele está liderando a acusação na praça em frente ao castelo real.
A Guilda dos Ladrões também era incrível por ser capaz de adquirir tanta informação em tão pouco tempo. Eles podiam não ser capazes de se igualar a Guilda dos Aventureiros em termos de combate, mas tinham uma rede de informação majoritariamente superior.
— Parece que batalhas ferozes já começaram no distrito nobre.
Dizia-se que espadachins controlados por pseudoespadas fanáticas emergiram da mansão do Marquês Ashtonah, a mansão do Conde Holmes e sua casa de campo, e estavam lutando contra os Cavaleiros.
— Qual é o estado da guerra? E aqueles caras estranhos com uma espada presa neles?
— Eles apareceram. Parece que os Cavaleiros estão em desvantagem.
Eu sabia que isso aconteceria. Eles eram aventureiros e mercenários que se encontravam em um estado de Potencial Latente Liberado por uma pseudoespada fanática. Eles eram muito mais fortes do que os cavaleiros e tinham habilidades de regeneração mais elevadas. Se ambas as magias e habilidades fossem canceladas, seria uma luta difícil.
— Cerca de 20 aventureiros da Guilda dos Aventureiros correram para nos apoiar. Eles são todos aventureiros de nível médio e acima, mas veremos o quanto podem acrescentar a força de combate...
— Eles vão perder?
— Não. A mestra da guilda ainda está reunindo outros aventureiros, e cavaleiros estão se reunindo de toda a capital, então não seremos inferiores por muito tempo.
Se fosse esse o caso, para onde deveríamos ir? Ou deveríamos aproveitar a oportunidade e ir resgatar Gallus e Velmeria?
Além disso, estava curioso sobre algo.
— Ei, o inimigo saiu da mansão do Visconde por um espaço subterrâneo?
— Você se refere à residência do Visconde Alsund? Sim, mandaram um cavaleiro para a casa, mas estava vazia.
“Hmm. Suspeito que seja o oposto.”
“Nn.”
Além disso, se não houvesse inimigos, esta não seria uma boa chance de explorar a instalação subterrânea? A Guilda dos Ladrões parecia pensar assim.
— ... jovem senhorita. Por que não deixa a luta para os cavaleiros e aventureiros e vai para a residência do Visconde Alsund? Nós também estamos curiosos sobre o paradeiro de Mestre Gallus. Tenho certeza que você vai ficar feliz em cuidar disso.
— Entendido.
Era isso o que nós queríamos. Deixando a luta para o Conde e a Guilda, decidimos ir direto para a mansão do Visconde Alsund.
Embora ele fosse um homem velho, ele era um ex-rank A. Ele foi capaz de acompanhar Fran enquanto ela corria junto com Faize. Ele não parecia estar sem fôlego enquanto ouvia Fran falar sobre a pseudoespada fanática.
Um velhinho raivoso com as costas curvadas que corria de forma leviana era estranho de se olhar. Isso me lembrou da lenda urbana da Vovó Turbo1. As pessoas que passamos de vez em quando reviraram os olhos para nós.
A residência do antigo Visconde Alsund estava localizada na borda da seção sul do bairro nobre. Uma vez que estava fora do caminho da residência de Marquês Ashtonah e da residência do Conde Holmes, parecia que nenhuma batalha havia ocorrido nesta vizinhança.
De longe, podia ouvir explosões que pareciam ser o resultado de magia, e o grito de batalha de cavaleiros.
— Esta é a residência do ex-Visconde Alsund.
O jardim da mansão, que estava abandonado há mais de um mês, estava aos poucos crescendo ervas e estava começando a parecer um pouco irregular. No pátio que Faize nos levou, as flores nos canteiros e outras áreas estavam murchas.
Parecia que o Visconde Alsund voltou a seu domínio para se recuperar de sua doença. No entanto, histórias estavam se espalhando que ele perdeu sua habilidade para detectar mentiras e foi rude com a família real, e muitos nobres e pessoas do submundo sabiam a verdade.
— Bem, foi a Guilda dos Ladrões que espalhou o boato.
Havia muitos ladrões que tinham sido incriminados pelo Conde Holmes e seu filho, e que tinham sido culpados pelos crimes do Conde e sua facção. Eles procuravam uma oportunidade de retaliar um dia.
— Como resultado, Visconde Alsund foi empurrado para um canto da propriedade.
— Hmmh.
Fran, não parecia nada interessada. Tenho quase certeza que a culpa era nossa que ele estava naquele estado, mas, que seja. Ele teve o que merecia. Agora tínhamos que encontrar o subterrâneo.
— Parece haver um espaço logo abaixo deste.
— Mas você não sabe como entrar? Você tem ao menos um palpite?
— Sim. O homem que está usando os ratos também não tem ideia de como eles poderiam ter entrado. Havia um buraco ou uma rachadura em algum lugar, e os ratos acabaram a encontrando por acaso em seu caminho.
— Usuário de ratos. Nunca encontrei um, mas que tipo de habilidade ele tem?
— Umm, eu acho que...
Pelo visto, o usuário de ratos era capaz de sentir onde os ratos estavam, espiando em suas memórias e até mesmo lendo seus pensamentos superficiais. No entanto, a inteligência dos próprios ratos não era muito alta, por isso eles não conseguiam ouvir os detalhes da história.
— Que história útil. Se usarmos magia para destruir esta área, podemos destruir a passagem subterrânea também, não concorda?
— Não, por favor, não faça isso. Isso pode matar até o Mestre Gallus.
— É mesmo? Que dor de cabeça.
Nós tínhamos que pensar em uma solução para isso antes de Aiwass fazer algo estúpido.
“Hmmm... sem dúvidas há um grande espaço. Também sinto múltiplos sinais vitais... e este desconforto. Com certeza há uma pseudoespada fanática lá.”
“Nn.”
No entanto, eu não sabia o número exato. Não achava que existiam mais de cem deles, provavelmente porque devotaram suas forças para lutar contra os Cavaleiros, mas talvez havia dez ou vinte. Se pudéssemos nos aproximar, poderíamos... talvez pudéssemos nos esgueirar até eles enquanto cavávamos um buraco com Magia da Terra?
Era possível entrar usando o Teleporte, mas seria muito perigoso ter que lidar com incontáveis soldados controlados por aquela pseudoespada fanática.
“Não, se pudermos teletransportar e imediatamente atacá-los antes que eles possam fazer um movimento e reduzir a força do inimigo...”
Enquanto estava pensando assim, Aiwass de repente começou a entoar sua magia. Em seguida, ele cavou um enorme buraco com magia da terra.
— Quê?! Senhor Aiwass! O quê você fez?!
— Não adianta entrar escondido por aqui, não é mesmo? Se for esse o caso, por que apenas não encontramos aquele espaço subterrâneo?
Olhei para o buraco e vi que era incrivelmente profundo. Além disso, pude ver uma luz pálida escapando de suas profundezas. Talvez o buraco tenha alcançado o misterioso espaço subterrâneo.
Pensei em cavar um buraco com Magia da Terra, não pensei? Mas se fizesse de uma forma tão espetacular, com certeza seríamos descobertos!
— Está chegando até lá, hein? Hmm, parece que havia uma barreira contra a Magia da Terra, mas não estava em um nível forte o suficiente para impedir minha magia.
Parecendo irritantemente calmo, Aiwass jogou algo no buraco. Mais do que um. Parecia uma garrafa, mas o que diabos era aquilo?
Fran perguntou a Aiwass, que estava começando a tampar o buraco com Magia da Terra.
— O que foi isso?
— São drogas especiais. É feita para vaporizar e se espalhar de uma vez.
Drogas? É veneno? Oh, vamos lá, Gallus pode estar lá! Fran encarou Aiwass enquanto colocava as mãos em mim.
— Não é apenas o inimigo que está lá!
— Kukukuh. Não me encare assim. Não se preocupe, nenhuma dessas drogas pode matar. São uma droga entorpecente que causa dor intensa na pele, uma droga corrosiva que só funciona no metal quando entra em contato com o ar e uma droga que estimula os centros mágicos dos seres vivos, fazendo com que percam o controle da magia rapidamente.
— Mas...
— A droga entorpecente pode causar dor, mas na verdade não reduz a vida, e só causa dormência aos membros. Não vai te matar devido ao esgotamento do poder mágico. As drogas de corrosão metálica não têm efeito sobre o corpo humano. Um anão com alta tolerância às drogas não morrerá. No entanto, pode ser eficaz contra um soldado controlado pela espada que você me disse ao longo do caminho.
Embora as duas primeiras usassem mágica no processo de produção, o produto final em si aparentemente não era uma droga mágica. Portanto, havia uma alta possibilidade de que o efeito de neutralização de magia da pseudoespada fanática não fosse capaz de combater isso. As drogas de esgotamento de energia mágica eram um item mágico, mas também parecia ser intencional.
— Se você quiser prevenir todas as três dessas drogas, precisará usar a neutralização de magia e os estados de Potencial Latente Liberado que você mencionou. Podemos desgastá-los mesmo antes da batalha, assim, não estamos desperdiçando nada.
— ...
“Bem, o que está feito está feito. Vamos esperar o resultado em vez de culpar Aiwass.”
“Nn...”
“Mais importante, não baixe sua guarda. Porque, na pior das hipóteses, poderíamos estar lidando com dezenas de peseudoespadas fanáticas!”
— Nn!
Nota
1 A Vovó Turbo (ou Turbo Baachan como os locais gostam de chamá-la) é uma lenda originada na prefeitura de Hyogo, onde várias pessoas afirmam ter sido ultrapassadas em seus carros por uma velha correndo a pé. Existem vários relatos que apoiam a lenda, mas o maior número de avistamentos parece ocorrer ao longo dos numerosos túneis salpicados ao redor da região montanhosa de Rokkōsan. A premissa geral é que os carros que ultrapassam a velocidade de 100km/h, ao passarem pelos túneis à noite, verão uma senhora idosa correndo atrás deles pelo espelho retrovisor. Na maioria dos casos, a velha corre ao lado do carro, surpreende o motorista batendo na janela lateral e depois corre antes de desaparecer no ar. Outros relatos de testemunhas oculares indicam que, em alguns casos, a velha também irá quebrar a janela e amassar o carro enquanto passa correndo.