Arco 2
Capítulo 31
— Vendi dois da mais alta classificação e dois de nível intermediário — explicou Seo Dawon. Se ele não tivesse me avisado ao pedir os dados da minha conta, eu estaria, sem dúvida, completamente embasbacado diante daquela notificação de depósito.
Enquanto eu me atrapalhava todo para fornecer meu endereço ao comprador, Seo Dawon me aconselhou a guardar os Barnázios no meu inventário com antecedência, pois o comprador chegaria em breve.
Menos de 30 minutos depois, a campainha tocou. Abri a porta, sem saber qual expressão facial adotar.
— Olá?
— Ah, olá…
Do outro lado da porta estava uma mulher com um corte de cabelo curto e esportivo. Seus olhos percorreram minha figura com um olhar desconfiado, então eu me apressei em perguntar:
— Você é Ban Soohyun?
— Sim. Podemos concluir a transação imediatamente?
— Hum, claro…
Minha aparência… minha casa… tinha plena consciência de que nada em mim transmitia a imagem de alguém capaz de vender itens tão raros quanto Barnázios.
Em contrapartida, a compradora exibia uma tatuagem peculiar que se estendia pelo rosto e pescoço. Seus braceletes também aparentavam ter o efeito de um item especial. É preciso habilidade e recursos financeiros para aprimorar acessórios Lendários… Sem dúvida, ela era uma ranqueada.
No entanto, ao me apressar para entregar o Barnázio que retirei do meu inventário, a expressão vigilante dela se suavizou. Ela rapidamente me agradeceu e fez uma breve reverência.
Antes que eu pudesse fechar o portão enquanto ela se retirava, ela se virou e perguntou:
— Sabe… Onde você conseguiu isso? Os Barnázios não dropam com frequência, e para estar vendendo tantos de uma vez…
— Hã? Ah… — corei de vergonha; eu não podia revelar que Seo Dawon era o fornecedor.
— Dei sorte. — sussurrou o meu parceiro fantasmagórico ao perceber minha hesitação, incentivando-me a usar sua explicação.
— Eu só… acho que dei sorte.
A compradora abriu a boca, como se estivesse prestes a dizer algo mais, mas acabou desistindo, virando-se elegantemente e murmurando:
— Que inveja.
Meu corpo permaneceu rígido até que a vi desaparecer completamente na esquina; só então fechei os portões e soltei um suspiro de alívio.
Essa interação se repetiu em torno de sete vezes.
Os últimos Barnázios de melhor qualidade de Seo Dawon foram vendidos para um Cavaleiro Wyvern que aterrissou em meu jardim frontal em seu Drake¹ branco colossal, esgotando assim todos os itens disponíveis.
Em apenas 5 horas, o saldo da minha conta bancária havia ultrapassado 22 bilhões de won².
Encarava o saldo no visor do celular como se estivesse sonhando; mesmo que Seo Dawon me considerasse simplório, não conseguia desviar o olhar daquela quantia impressionante.
— Seo Dawon… — murmurei.
— ?
— E-este cartão… por favor, guarde-o no seu inventário.
Após recobrar um pouco do meu juízo, entreguei o cartão de crédito vinculado à conta com 22 bilhões.
— Por quê? Acha que alguém vai roubá-lo enquanto dorme? — Seo Dawon concordou enquanto ria.
Esse foi o pior que ele conseguiu pensar? Eu já estava imaginando um arrastão. Enquanto eu balbuciava minha explicação, Seo Dawon sorriu, sem negar nenhuma das possibilidades sinistras que eu levantava.
— Yikyung-ah — ele chamou com uma grave que fez todos os pelos da minha nuca se arrepiarem.
— Que foi?
— Você gosta de dinheiro, não gosta?
— E tem alguém que não gosta? — respondi francamente. Pra que fazer perguntas com respostas tão óbvias?
O sorriso de Dawon se aprofundou.
— Quer que eu lhe diga como conseguir ainda mais dinheiro? Tanto que a quantia de hoje nem se compararia?
— …Oi?
— A guilda Yeonhong mantinha um fundo secreto escondido, e só eu sei como acessá-lo… Por isso, Bae Jaemin provavelmente não teve escolha a não ser sentar e chupar o dedo³.
Seo Dawon foi se aproximando e, quando estava perto o bastante, sussurrou a quantia total, com os lábios quase tocando minha orelha. Não consegui manter minha boca fechada e lancei um olhar desacreditado para ele.
Depois de observar preguiçosamente minha reação, Seo Dawon me lançou o canto da Iara:
— Se Bae Jaemin sumisse, você conseguiria engolir todo aquele dinheiro sem que ninguém percebesse. Eu não posso acessar esse fundo agora, pois chamaria muita atenção… Vender Barnázio é apenas uma ninharia em comparação…
— Dinheiro que eu poderia “engolir”... E-então, você daria tudo para mim?
— Eu já estou morto mesmo; almas não precisam de bens materiais. O mesmo vale para o resto dos patifes da minha guilda.
— Mas…
— Você não acha que deveria ser recompensado pelo seu papel na vingança?
Por alguma razão inexplicável, suas últimas palavras ecoaram em um recanto protegido nas profundezas do meu coração.
Quero dizer… Estava desolado por dentro com o fato de ter sido arrastado para “algo que não me diz respeito”. Porém, as palavras dele soaram como um ataque sorrateiro à fronteira que se desfaz entre nós — essa relação em transformação. Embora eu pudesse ser apenas um intruso num plano maior… eu realmente ansiava pela queda de Bae Jaemin.
Mas… é possível que Seo Dawon nem tenha notado. Sem contar que o valor proposto foi capaz de atiçar minha ganância. Senti meu coração acelerar ao umedecer os lábios ressecados e perguntei:
— Você realmente vai me dar tudo?
— Se quiser, posso incluir esse acordo nos termos contratuais — propôs Seo Dawon, materializando o contrato com alma vingativa em formato de pergaminho. Após hesitar entre ele e o espaço em branco no final do documento, acenei em concordância com a sua sugestão.
Assim, uma cláusula adicional foi incorporada ao nosso acordo.
Termos adicionais foram adicionados. Deseja renovar o contrato?
Após clicar em <Sim> na janela de mensagem, e com Seo Dawon finalizando sua assinatura, nossos objetivos se consolidaram: Seo Dawon conseguiria sua vingança e eu, por ajudá-lo em sua jornada, herdaria sua riqueza abandonada.
* * *
Depois de um dia cheio de eventos, senti o sono me encantando para o mundo dos sonhos, então tomei um banho rápido e me preparei para a cama.
Fiquei preocupado com o súbito desaparecimento de Seo Dawon, que momentos antes assistia TV no sofá. No entanto, encontrei-o pacificamente deitado em cima da cama ao abrir a porta do quarto.
Não pode ser… Ele está dormindo?
Só tinha uma cama nessa casa. Se Seo Dawon decidisse reivindicá-la, eu não teria onde dormir. Aos poucos, aproximei-me de fininho do colchão e perguntei numa voz quase inaudível:
— Você acabou adormecendo…?
— Quase. — respondeu ele sem abrir os olhos, enquanto um bocejo longo escapava de seus lábios.
— Você é capaz de dormir?
Depois de ouvir a minha pergunta genuína, Seo Dawon abriu os olhos, franzindo a testa.
— Você está questionando por que estou dormindo mesmo sem ter um corpo? Não faz sentido eu ser afetado pelo cansaço físico após a morte, huh?
— Não, é só que… — Na verdade, ele captou exatamente o que eu quis dizer. No entanto, seu tom irritado me fez pensar que eu tinha falado algo errado. Procurei uma desculpa: — Não, é só que… essa é a minha cama.
— Sim. E hoje eu consegui 22 bilhões para Yikyung-ie.
— Haa… Tá bom, tá bom. — Apesar das suas palavras provocativas, cedi e me desculpei pelo comentário insensível. Como Seo Dawon não parecia disposto a se mover, resolvi estender um cobertor e dormir no chão.
— Yikyung-ah, você já vai dormir?
— Aham. Estou exausto…
— Qual é a da sua stamina?
— ……
Ele sequer faz ideia do quanto sofri hoje? A frustração subiu a garganta, mas eu eventualmente a engoli. Por 22 bilhões de won, eu podia suportar mais injustiças.
Pensando bem, o dia até que terminou bem para mim. Em questão de horas, quase me afoguei num lago, fui perseguido por monstros, caí de uma grande altura, quase fui morto por Bae Jaemin e, por fim, assinei um contrato com o espírito vingativo de Seo Dawon… Além disso, consegui lucrar vendendo Barnázios para Usuários de alto nível.
Exausto demais para recapitular tudo o que havia me acontecido, puxei o cobertor sobre a cabeça, esperando que minhas respostas fossem suficientes para encerrar a conversa.
— Você realmente vai dormir? — indagou Seo Dawon da cama, puxando meu cobertor.
Seu fedelho⁴… Se está entediado, vá brincar com meu celular.
— Quase morri dezenas de vezes hoje… — murmurei, arrastando as palavras. Meu cansaço provavelmente transpareceu na minha voz, pois Seo Dawon afrouxou a pegada no cobertor.
— Como você chegou no meu último local de descanso? — questionou Seo Dawon, mesmo tendo afrouxado a pegada no cobertor.
Imagino que ele esteja curioso sobre tudo — afinal, ele já perdeu três anos, e qualquer informação adicional só poderia ajudar a avançar seus planos… Por fim, engoli o suspiro que ameaçava escapar e respondi com paciência, embora minhas palavras saíssem entrecortadas, arrastadas pelo sono que me dominava. Certamente estava difícil para ele decifrar com clareza o que eu dizia.
— Caí na água… Armadilha… Io me tacou… Ha… Com Lackey…
— Ah, verdade. Você mencionou que originalmente entrou na dungeon buscando um ingrediente para evoluir o seu servente. A propósito, qual é a do nome “Lackey”? Foi você quem o nomeou assim?
— Mhmmm… é só… o meu servente número um…
Seo Dawon fez outra pergunta, mas, já deslizando entre os domínios da consciência, não consegui ouvir direito o que disse. Não me recordo de mais nada depois disso.
Notas:
1 – Um dragão de quatro patas
2 – ~ 87,2 milhões de reais - cotação de fevereiro 2025
3 – Não sei se é uma expressão ainda conhecida, mas significa passar vontade
4 – Cara, não sei se ainda é usado, mas é utilizado para moleques irritantes (daqueles intrometidos kkkk)
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