Volume 1
Capítulo 36: O Porto de Éter Sombrio…
O guerreiro usava uma armadura de couro, leve e flexível, semelhante à dos cavaleiros, mas o que mais chamava a atenção eram suas asas. Elas eram enormes, uma mistura de penas de aves de várias cores e asas transparentes de insetos gigantes.
Quando abertas, formavam padrões intrincados, mas, quando fechadas, eram tão grandes que arrastavam no chão. Lonios, sempre didático, explicou o significado de tudo isso.
— Percebem aquelas asas? Eles não nascem com elas. Elas são conquistadas através de um ritual tribal, onde seres simbiontes se ligam ao corpo deles. Esses seres se alimentam dos fluídos corporais, como sangue e energia, e em troca, oferecem a habilidade de voar.
— Que nojento! Então, esses simbiontes se alimentam deles, e eles ganham capacidade de voar? — perguntou Nimbus, incrédulo.
— Isso, mas esse simbionte de voo é apenas um dos tipos. Existem outros, usados para funções específicas, até para repor membros perdidos, assumindo a forma de braços ou pernas amputadas. Há uma grande variedade — Jim completou, com um olhar pensativo. Ele parecia saber mais sobre o assunto, provavelmente de algum livro.
— Onde aprendeu isso, Jim? — perguntou Lonios, surpreso.
— “O Povo Mais Exótico do Mundo” — respondeu Jim, com um sorriso envergonhado. — Um livro da biblioteca.
— Nunca o vi. Onde o encontrou? — perguntou Lonios, curioso.
— Na seção reservada — Jim sussurrou, para que os outros não escutassem, mas Elisis, com sua audição apurada, percebeu.
— Seção reservada? Mas para entrar lá precisa de uma chave — observou Nimbus.
— Eu dou o meu jeito — Jim disse, sem perder o tom baixo.
Todos riram, mas o capitão, ao perceber que os cavaleiros não se moviam para falar com o homem, se adiantou e foi até ele.
— Somos uma expedição de Cenferum. Viemos em caráter extraordinário para vender nossa carga e comprar suprimentos. Aqui está a carta de recomendação do governo de Cenferum — disse o capitão, entregando o documento. O homem leu rapidamente e, em seguida, devolveu a carta.
— Podem atracar na doca vinte e três, senhor. — Com isso, o homem bateu suas asas com força, gerando um pequeno furacão no convés.
O capitão, protegendo o rosto das rajadas de vento, se segurou na maçaneta da porta, tentando evitar ser levado pela força do vento.
Após algumas poderosas batidas de asas, o homem alçou voo e, com seus companheiros, retornou ao porto.
Poucos segundos depois, o grupo que estava sobre a Peregrino se juntou ao resto, e o capitão, ao entrar na ponte, começou a gritar ordens, enquanto os homens se apressavam.
— Temos autorização para atracar! Preparem-se para inflar o balão de atracagem e diminuir a velocidade.
Homens correram até o convés e começaram a liberar o balão. Assim que a boca do balão se abriu, o ar entrou rapidamente, e, em questão de segundos, ele se encheu.
Um alçapão se abriu no convés, e um maçarico de hidrogênio começou a aquecer o ar dentro do balão, fazendo a nave começar a se elevar.
— Diminuir velocidade para cinco por cento — disse o capitão, e a tenente Ka desligou os motores, mantendo apenas alguns em funcionamento.
O som das turbinas, que antes era ensurdecedor, agora estava quase inaudível, e a nave reduziu sua velocidade abruptamente, como se tivesse esbarrado em algo.
Continuou em baixa velocidade até chegar à doca vinte e três, que exibia um número desgastado pelo tempo.
As docas, construídas de pedra, formavam baias para as naves. A Peregrino se posicionou à esquerda da Brand, a cerca de dez docas de distância.
Durante o processo de atracagem, Jim, especialmente, ficou encantado com as naves ao redor, que estavam todas estacionadas naquele local. Ele apontava e explicava sobre cada uma delas.
— Olha, uma Destruidora da Classe Tityus, a mais poderosa nave de guerra já construída. Rápida, com blindagem média, mas com MUITO poder de fogo! — Ele apontava para uma nave maior que a Brand, com a proa em formato de meia-lua, repleta de canhões.
O capitão olhava com desconfiança para o entusiasmo do garoto.
— E ali está uma velha Canis. Embora esteja fora de linha, ainda é muito usada para transporte de pessoas e materiais por pequenas e até médias distâncias. — Jim apontava para uma nave que misturava metal com madeira, de tamanho menor que a Brand, com alguns canhões visíveis.
Jim continuou apontando outras naves e explicando para Nimbus, que nunca tinha visto tantas em um só lugar.
Elisis, por sua vez, não estava interessada no assunto e pediu licença ao capitão para se retirar, o que lhe foi concedido.
Ao se afastar, notou que estava sendo seguida, mas não se importou. Sabia que os outros estavam no andar de baixo, onde ficavam as portas de saída.
Quando chegou à sua cabine, abriu a porta e foi empurrada para dentro por alguém. Ao se virar, viu que era Valeros.
— O que significa isso, escudeiro? Mais respeito com uma amazona — ela respondeu, zangada. Ignorando a repreensão, Valeros fechou a porta atrás de si.
— Elisis, eu preciso lhe contar uma coisa — ele disse, com uma expressão séria.
Elisis, ao ouvir a voz dele, se acalmou. Ele se aproximou, e ela recuou até encostar-se à parede.
Ele estava tão perto que ela teve que olhar para cima para encontrá-lo nos olhos. Ele aproximou ainda mais seu corpo do dela e, com um olhar intenso, disse:
— Elisis — ele pausou por alguns segundos, mantendo o contato visual. — Eu estou completamente apaixonado por você.
Ela não disse uma palavra. Apenas se deixou levar pelo momento, olhou nos olhos dele, se levantou na ponta dos pés e o beijou.
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