S.S. Vol 6
Short Story 2: A Existência Ideal
Era comum dizer que os pais devem dar amor incondicional e cuidado aos filhos. Para Mahiru, no entanto, esse ditado era impossível de entender. De sua perspectiva, ela não tinha lembranças de ter sido amada ou cuidada. Desde o nascimento, ela só recebia dinheiro enquanto seus pais a evitavam. Eles apenas lhe davam o mínimo de cuidado de que ela precisava.
Ela foi tratada dessa forma desde antes de conseguir se lembrar, então não é surpresa para ninguém que ela tenha crescido sem sentir qualquer afeição por seus pais. Mesmo que ela não os amasse, Mahiru tinha sentimentos confusos de querer amor de seus pais, ao mesmo tempo em que era insegura e queria evitá-los. Recentemente, no entanto, esses sentimentos contraditórios têm desaparecido lentamente de seu coração.
“Bom dia, Mahiru-chan. Lamento dizer que o Amane não acordou ainda~”
Depois de passar alguns dias na casa dos pais de Amane, ela se acostumou a viver lá. Mahiru acordou no seu horário habitual e desceu para a sala de estar, onde foi recebida pelo sorriso brilhante de Shihoko.
Mahiru de repente apertou os olhos para o olhar. “Bom dia. Eu só acordei cedo. Amane-kun geralmente acorda por volta dessa hora também, mas ele deve ter acordado tão cedo nos últimos dias que está cansado.”
“Bem, não vou reclamar só porque ele está na casa dos pais tendo uma boa noite de sono.”
“Fufu. Se ele não acordar logo, vou dar uma olhada nele um pouco.”
“Oh meu Deus, você realmente adora o Amane, Mahiru-chan.”
“...Você olharia para Shuuto-san se ele estivesse dormindo, não é, Shihoko-san? Tenho certeza que sim.”
“Não sei por que, mas sempre que o vejo dormindo, ele acorda.”
Mahiru pensou que provavelmente era por causa de sua voz, mas ela não ousou apontar. Ela continuou dando um sorriso para Shihoko, que então riu de alegria. Enquanto Mahiru e Shihoko sorriam uma para a outra, Shuuto, que parecia ter acabado de acordar, apareceu com um sorriso gentil no rosto.
Shihoko se virou alegremente para o marido, “Oh, Shuuto-san. Bom dia.”
“Bom dia, Shihoko-san.”
Os dois se abraçaram com um sorriso apaixonado diferente daquele que deram a Mahiru, que não conseguiu evitar desviar o olhar deles. Ela sabia que os pais de Amane eram muito próximos, mas ainda se sentia desconfortável quando eles expressavam sua afeição um pelo outro tão abertamente na frente dela. No entanto, para Mahiru, eles personificavam o casal ideal e os pais ideais, então ela ainda acabou os observando apesar disso.
...Pais, hein?
Nem é preciso dizer que ela raramente via seus pais. A mãe dela passava a maior parte do tempo com o novo amante, e o pai dela se concentrava principalmente no trabalho, raramente voltando para casa para ela. Ambos eram inadequados para serem pais, mas a atitude do pai dela em relação a Mahiru era mais suave do que a da mãe, o que era uma coisa boa.
...O que estou pensando?
Ao contrário da mãe de Mahiru, que sempre foi fria com ela, embora não diretamente abusiva, o pai dela não guardava rancor ou alienava Mahiru propositalmente, mas também não podia dizer que se importava com a filha. Era só que ele escolheu ser indiferente, não machucá-la, mas também não se importar com ela, talvez apenas ajudá-la financeiramente, mas então ignorá-la completamente. Ela não sabia — ou queria saber — se deveria pensar neles como seus próprios pais.
“Mahiru-chan? Você parece um pouco pálida. Você está se sentindo mal? Talvez isso seja demais para seus olhos?” Shihoko, que parecia ter notado o atordoamento de Mahiru, gritou para ela em um tom preocupado, e Mahiru balançou a cabeça em pânico.
“Não, estou apenas com um pouco de ciúmes e inquieta. Nunca vi minha mãe chegar em casa. Desde o começo, ela nunca sequer reconheceu minha existência.”
“…Desculpe por lembrá-la de algo desagradável.”
Embora Amane não tenha contado os detalhes a Shihoko ou Shuuto, parecia que eles sabiam mais ou menos sobre a história de Mahiru.
O rosto preocupado de Mahiru se iluminou um pouco, enquanto ela pensava no exemplo dos pais de Amane. “Não é isso. Eu apenas admiro casais como vocês dois. Eu sempre acho que eles devem ter uma família maravilhosa.”
Essa era a verdadeira intenção de Mahiru ao fazer o comentário. Ela invejava Amane por ter nascido de pais tão adoráveis. Era inevitável que Mahiru o invejasse por ter pais que não só se amavam, mas também cuidavam de seus filhos de uma forma tão amorosa. Ela não quis insinuar mais nada e tentou sorrir o mais calmamente que conseguiu.
Vendo isso, Shihoko arregalou os olhos, deu um sorriso gentil e então chamou Mahiru com uma voz calorosa. “Eu já considero você minha filha, vamos, venha, é normal que meninas sejam mimadas por suas mães, certo?”
O gesto mostrado a Mahiru provavelmente era o mesmo mostrado a Amane. Era gentil, caloroso e suave, como se ela estivesse cuidando de seu próprio filho amado. Talvez por essa razão, Mahiru foi naturalmente atraída pelo coração de Shihoko.
“Oh meu Deus, ela é realmente fofa, não é? Amane nunca me deixaria fazer isso,” Shihoko refletiu consigo mesma, “A primeira vez que a vi, pensei: ‘Oh, que fofa. Ela é uma garota tímida.’”
Shihoko parou de dar um abraço reconfortante em Mahiru e olhou para o marido, “Shuuto, você não quer participar?”
“Não é bom para mim, na minha idade, chegar muito perto de uma garota. Claro, eu também a vejo como minha própria filha... Mas se Amane descobrisse, ele definitivamente ficaria com ciúmes. Vejamos.”
Shihoko olhou para cima, quando Amane entrou na sala. “Oh, bem, não tem problema ter ciúmes dos seus pais, você não acha, Amane?”
Parecia que Amane finalmente estava acordado, quando ele olhou para Mahiru por trás e disse com uma voz estupefata, “...Por que estamos tendo uma festa de amor Mahiru tão cedo pela manhã?”
“Oh, não se preocupe, você quer participar também?”
“Claro que eu quero, mas se a Mahiru quer ser mimada assim por vocês dois, então eu acho que está tudo bem deixá-la ser mimada assim até que ela esteja satisfeita. Eu posso levar meu tempo e tê-la só para mim mais tarde, afinal.” Amane sorriu ao ver a cena e então continuou alegremente, “Eu vou lavar meu rosto.”
Depois que ele saiu da sala de estar, Shihoko sorriu ironicamente, falando baixinho para si mesma: “…Ele está realmente ficando cada vez mais parecido com Shuuto.”
Mahiru olhou para Shihoko, com um olhar esperançoso no rosto, “Você acha?”
“Absolutamente.”
“Você também vê, não é, Shiina-san……?”
Mahiru não estava muito familiarizada com Shuuto, mas ela podia dizer por suas palavras e ações que ele e Amane realmente eram pai e filho. Era óbvio o suficiente que a maneira como Amane expressava sua afeição era semelhante à de Shuuto.
“…Eu acho que você só quer um relacionamento como o nosso, Mahiru-chan, não é? Mas tenho certeza de que isso não será um problema para você.”
Ao seu sussurro, Mahiru disfarçou seu constrangimento e se escondeu enterrando sua cabeça no peito de Shihoko.
Comentários do Tradutor e do Revisor:
-DelValle: Curiosidade a parte, ali onde é referido ao coração de Shihoko, a palavra em inglês utilizada traz um sentido duplo. Bosom, essa palavra em tradução significa tanto seio ou peito, assim como alma e coração ou confiança, intimidade e guardar (palavra relacionada a proteger ou em contexto de algo precioso). O que, sinceramente, sem perversidade, achei um significado muito bonito.
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