O Condenado Brasileira

Autor(a): Guilherme F. C.


volume 1

Capítulo 15: Academia Elefthería

― Seja bem-vindo a academia de encantamentos mágicos, Elefthería! ― disse Eliza à Tércio.

― Aquela é a academia Elefthería? É enorme! ― Tércio olhava pela janela da carruagem em total júbilo. Ele não conseguia acreditar que existia uma construção tão grande em um lugar tão remoto.

A carruagem seguiu rumo à escola, descendo a ladeira, até que a estrada que era feita de terra começou a mudar, transformando-se em um caminho calçado com pedras de tamanhos distintos, mas muito bem encaixadas umas nas outras. Como em um quebra-cabeça, elas se ligavam, formando um extenso e liso tapete sólido.

Quando a carruagem entrou na estrada nova, não demorou muito para alcançar uma gigante muralha feita de rochas gigantes, empilhadas umas sobre as outras. E a única passagem que se tinha para a academia era um enorme portão de ferro que estava sendo guardado por homens usando armaduras e espadas.

Ao ver a carruagem se aproximar, dois dos soldados que guardavam o portão se adiantaram e fizeram um sinal para parar. E Kacio, que estava guiando os cavalos, imediatamente puxou a corda guia, obrigando os animais a frear.

No momento em que o veículo parou, os soldados se aproximaram um de cada lado, como se estivessem se preparando para dar início a uma longa e detalhada inspeção. Mas quando identificaram o guia, eles pararam de repente...

― Vice-diretor Kacio!! ― falaram em uníssono. Ambos pareciam bastante surpresos.

― A diretora Eliza está com o senhor? ― perguntou um dos homens.

― Sim, ela está dentro da carruagem. ― respondeu Kacio, apontando o polegar para trás.

― Que bom! ― Ambos suspiraram aliviados, quase como se um enorme fardo tivesse sido tirado de suas costas.

Kacio olhou para aquele comportamento estranho e não pôde evitar de experimentar um mau pressentimento. A floresta em que fica a academia Elefthería é lotada de monstros de diversas espécies, cada uma mais forte do que a outra, e apesar dele ser o vice-diretor, Kacio também era a principal força de defesa. E como ele esteve fora por muito tempo, se monstros muito poderosos atacassem, não haveria muita coisa que os soldados restantes pudessem fazer.

― Aconteceu alguma coisa? ― perguntou preocupado.

Os soldados se entreolharam por um instante com olhos indecisos, quase como se estivessem tentando se comunicar através da mente, decidindo se contariam ou não. E após um momento de pausa, um deles balbuciou nervosamente:

― Não é que tenha acontecido nada de grave, é só que... ― O homem que começou a falar voltou a encarar o companheiro, implorando em silêncio para que ele terminasse de contar.

E assim ele fez:

― É só que... Desde que o senhor e a diretora Eliza deixaram a escola, a conselheira Darcy tem sido... Como eu posso dizer...

― Muito rigorosa! ― afirmou o que falou primeiro. Seu rosto se tornou sombrio, do tipo esperado em um sujeito que se recorda de algo angustiante.

― Desde que vocês saíram, ela tem nos obrigado a trabalhar sem parar.

― Faz dois dias que eu não volto para casa! E eu moro bem ali, no fim da estrada.

Os dois soldados continuaram a reclamar por algum tempo, pois ao notar que suas queixas estavam sendo escutadas, sentiram-se inspirados a continuar. E quando terminaram, Kacio suspirou e disse:

― Eu realmente sinto muito! Se soubesse que ela faria isso eu teria... Não, mesmo sabendo, não haveria muito que eu pudesse fazer... ― confessou ele em tom de lamentação. Foi impossível evitar o sentimento de impotência, pois para esse Cavaleiro de Palavras Encantadas, a mulher conhecida como a conselheira de Elefthería era uma existência que estava além de suas capacidades.

― Entendo, nem mesmo o vice-diretor poderia fazer algo contra aquela megera. ― lamentou um dos soldados, deixando escapar uma parte de seus verdadeiros pensamentos.

Kacio se sentiu mal por aqueles homens e todos os outros que vinham sofrendo da “tirania” daquela mulher, mas agora não tinha muita coisa que ele pudesse fazer a não ser voltar para a sua função de vice-diretor.

― Poderiam abrir o portão? Estamos cansados da viagem e gostaríamos de entrar o quanto antes.

― Sim senhor!!

Dizendo isso, os homens voltaram para seus postos e logo repassaram a ordem para abrir o portão. E com um estrépito de metal se remexendo, o gigante de ferro aos poucos começou a ceder e uma venda para longe da selvageria foi aberta.

Durante a conversa de Kacio, Tércio permaneceu dentro da carruagem, apenas escutando o que eles falavam. E quando a discussão chegou ao fim, sua curiosidade era inevitável.

― Quem é essa tal Darcy que eles tavam falando?

A pergunta fez Eliza se estremecer. Seu rosto se tornou soturno e uma gota de suor brotou em sua testa, denunciando o tipo de pensamento pavoroso que passou por sua cabeça. Era como se a simples menção desse nome lhe causasse calafrios de medo.

― Ela... É uma pessoa incrivelmente assustadora. ― admitiu a duquesa com uma expressão sombria no rosto.

Tal comentário vago permitiu a mente de Tércio voar livremente em um mundo fantasioso, onde sua imaginação concebeu uma criatura abominável que possuía orelhas e narizes pontudos, com um rosto carrancudo e garras e presas afiadas capazes de dilacerar as pessoas que a irritasse.

Bom, se ela possuía garras e presas afiadas ou orelhas pontudas isso era um mistério, mas de uma coisa Tércio tinha certeza: que ela era mais uma pessoa problemática! Seja como for, isso era algo que acabaria descobrindo.

Antes que o portão fosse aberto por completo, os cavalos voltaram a andar. E puxando o pesado veículo e seus passageiros, eles passaram pela brecha criada.

Não querendo perder nenhuma das inusitadas vistas que surgiriam dali para frente, Tércio se escorou na janela da carruagem e com olhos expectantes assistiu o cenário aos poucos se transformar.

Do lado de dentro do portão, próximo às muralhas de pedra, gramas se estendiam como um exuberante tapete verde dos dois lados de uma longa estrada que parecia levar rumo a um mundo novo e desconhecido. Canteiros das mais lindas flores cercavam o jardim, liberando um perfume tão doce que fazia até mesmo as abelhas se derreterem. E compondo os limites dos passeios feitos de lajotas cor de barro, existia uma bela e detalhada extensão de cerca viva, aparada nas pontas e desenhada para ter um formato retangular. Nas laterais das ruas, aqui e ali, postes contendo Claritas espalhavam um brilho tímido, pois estavam sendo ofuscadas pelos últimos raios de sol.

A carruagem seguiu pela estrada, sem correr, mas também com certa pressa. E não demorou muito para as primeiras casas aparecerem.

Como se fosse uma vila, casinhas feitas de madeira começaram a tomar conta da paisagem, muito parecidas umas com as outras. Todas possuíam telhados pontudos, cinco janelas na frente ― três na parte de baixo e duas em cima. À medida que avançavam, postes contendo Claritas se tornaram mais frequentes. E, sem nenhuma surpresa, trançando pelas ruas havia diversas pessoas, em sua maioria homens usando armaduras como as dos soldados que guardavam o portão de entrada.

Alguns possuíam armaduras totalmente pratas, sem nenhum detalhe marcante, apenas o seu brilho característico. Enquanto outros ― a maioria ― vestiam armaduras prateadas com um discreto brasão dourado, em forma de grifo, gravado do lado esquerdo do peito.

Aquela sem sombra de dúvida era a área em que os soldados encarregados de proteger a academia residiam.

Tércio estudou com bastante atenção as casas daquela região, já que era ali que provavelmente moraria. Ele pensou que não seria tão ruim ficar lá, visto que além dos soldados também havia crianças e mulheres andando livres pelas ruas.

Conforme a carruagem andava, a vista que se tinha mudava. As pequenas casas de madeira foram dando lugar a diversos tipos de comércios. A maioria estava a portas fechadas, até porque já era quase noite, porém estampado nas fachadas era possível ver numerosas placas com símbolos diferentes.

Em uma das fachadas, entalhado numa prancha de madeira, encontrava-se o desenho de uma lança e um escudo que se cruzavam. E logo ao lado, preso em finas correntes, havia uma escultura muito real de uma baguete.

Não importava para onde se olhava, existiam lojas em todos os lugares e cada uma trazia suas próprias figuras entalhadas e outras formas de propaganda. Na frente de um comércio, ocupando metade da calçada, era possível ver uma cabra e um pastor em tamanho real esculpidos em madeira maciça no meio de um processo de ordenha. Num ponto mais afastado, notava-se um gigante sapato feito de algodão, pendurado no telhado por cabos.

Enquanto passavam pelo distrito comercial da academia, Tércio ficou se perguntando se era por ali que ele poderia vender o núcleo de cristal do Tardo.

A carruagem continuou avançando e o cenário mudando. Após deixar as lojas e suas chamativas propagandas, Kacio guiou os cavalos em uma caminhada de alguns minutos por uma estrada desabitada. Assim como na entrada da academia, o lugar pelo qual eles estavam passando agora parecia ser completamente gramado, mas isso era algo que Tércio não podia confirmar, já que o sol tinha desaparecido por completo há alguns minutos. Agora as Claritas brilhavam livres, lançando seu intenso brilho amarelado sobre as ruas e a calçada de lajota.

Passado algum tempo, Tércio aos poucos avistou a figura de um imenso edifício que estava sendo clareado por centenas de Claritas. E tal cena lhe encantou os olhos e arrancou o seu mais sincero suspiro. Nunca antes se deparou com uma cena tão magnífica.

A construção, localizada bem no fim da rua ― o último ponto de parada ―, estendia-se por dezenas e até centenas de metros de comprimento e também possuía mais de dez metros de altura. Tão impressionante quanto sua estrutura monumental eram as numerosas janelas ocupando toda a vista frontal, as quais indicavam uma quantidade impressionante de corredores, salas, salões, quartos e outras divisões.

No entanto, apesar de toda a imponência apresentada pelo lugar, o mais belo espetáculo era todo apresentado pelas milhares de Claritas posicionadas de forma estratégica. Elas completavam umas às outras, cobrindo as falhas das demais e aumentando o brilho que as tornava tão majestosas. O brilho amarelo caía sobre as paredes e as monumentais colunas de pedra como se fosse ouro líquido, transformando o cenário em uma verdadeira caixa de joias.

A carruagem parou no fim da rua, do lado da calçada e de frente para uma gigantesca porta de mogno. Eliza foi a primeira a sair e Tércio e Kay logo seguiram o seu exemplo.

E quando saltou para fora, Tércio não pôde evitar de mais uma vez ficar impressionado. Vendo de perto, a mansão se tornava ainda mais imponente. Ela tinha pelo menos quatro andares, talvez cinco ― tudo dependia de como era no interior ―, e era comprido o suficiente para caber trinta carruagens estacionadas, e isso só na parte calçada com paralelepípedos.

― Vocês moram aqui? ― Ele estava admirado e não parava de olhar para a mansão. Sabia que nobres moravam em casas grandes, mas nunca pensou que fosse tão desproporcional ao que tinha imaginado.

― Não exatamente. Aqui é onde as aulas acontecem. A casa em que eu moro, fica na parte de trás. ― respondeu Eliza com sinceridade. Tércio não reparou, mas a duquesa estava sorrindo por ver a reação inocente do garoto.

― Isso é a escola?! ― exclamou, boquiaberto.

― sim!

Tércio sempre se perguntou como seria estudar, aprender mais sobre o mundo em que vive, descobrir coisas que eram desconhecidas. Mas por ser um plebeu, isso era algo impossível, já que somente os nobres podem frequentar escolas.

Mas agora, mesmo que ainda não pudesse estudar, ele enfim conheceu uma escola. E o mais impressionante, era a academia Elefthería, um lugar sem igual, cujas verdadeiras belezas estão escondidas pelas sombras projetadas pela noite.

Ora, alguém que se faz de “durão” não devia ficar tão impressionado com tijolos, luzes e muita tinta ― caçoou Kay enquanto colocava a mão na frente da boca para conter uma risada.

Mas Tércio estava entretido de tal maneira que se quer ouviu a zombaria.

― Vou levar os cavalos para descansar! ― avisou Kacio antes de mais uma vez partir guiando os cavalos.

― Venha, vamos entrar! ― chamou Eliza, segurando Tércio pelo pulso e o puxando em direção a entrada.

Juntos eles subiram por uma escada curta que possuía o formato de um arco na horizontal até dar de frente com a porta, cuja estrutura era composta quase inteiramente por vidros.

Sem perder tempo, Eliza girou a maçaneta dourada e passou pelo portal, arrastando o garoto consigo, sem ao menos dar a ele uma chance de respirar fundo.

O lado de dentro da escola estava tão claro que parecia ser dia. As luzes refletiam de maneira extraordinária ao se chocar contra as paredes brancas, mas perdia vigor ao ser confrontada pelo piso escuro, o qual aparentava ser composto de algum tipo de pedra lustrosa.

Quadros podiam ser vistos espalhados por todo o lugar. Na maioria eram pinturas de paisagens marcantes ou de criaturas amedrontadoras, mas existiam alguns retratos de pessoas. Além disso, as paredes também estavam decoradas por elegantes candelabros.

Depois de passar pela porta e se soltar, Tércio seguiu Eliza por uma larga passagem, mas após alguns passos, ele se viu em uma encruzilhada de corredores, que se estendia por um longo caminho para a direita e esquerda.

Eliza, que já estava habituada com aquele lugar, virou para a direita e continuou andando com firmeza. Em ambos os lados do corredor era possível ver inúmeras portas e todas tinha algo escrito nelas. Tércio tentou espiar o que havia do lado de dentro, mas sem sucesso, já que as portas de madeira estavam totalmente vedadas.

Após uma breve caminhada, o grupo chegou a uma escada localizada no lado esquerdo do corredor. E sob a liderança de Eliza, todos subiram.

― Minha sala fica no último andar! ― informou a duquesa enquanto subia. A cada dois lances de escada era possível ver saídas que levavam a outros corredores, mas eles não pararam em nenhum desses. Continuaram subindo.

E após subir por exaustivos quatro andares, eles enfim pararam de escalar.

Mas então, antes de avançarem em direção a sala da duquesa, Eliza de repente parou no último degrau e com um sinal de mão pediu que Tércio e Kay fizessem o mesmo.

Ela se escorou na parede lateral e furtivamente inclinou a cabeça para espiar o que se passava no corredor. E depois de uma meticulosa avaliação, virou-se para os dois a seguindo e disse em tom de sussurro:

― A sala da conselheira Darcy é a última na direita. Parece que ela ainda está lá, então a partir de agora vamos avançar com cuidado. Pise somente onde eu pisar ― instruiu.

Tércio não entendeu o motivo de precisarem de tanta cautela, mas se a duquesa chegou ao ponto de agir de forma tão estranha e suspeita, como agora, essa conselheira só podia ser alguém muito perigosa.

Seguindo o comando de Eliza, eles deixaram a escada. Ao contrário dos outros andares, esse tinha um espaço mais amplo e no final do largo corredor, havia um lindo portal branco em forma de arco.

Como o piso daquela parte era feito de tábuas de madeira, eles tiveram que andar lenta e cautelosamente para evitar que o chão rangesse. Eliza demonstrava uma incrível sagacidade, indo de um lado para o outro, pisando apenas em pontos específicos. Até mesmo Kay, que demonstrava ser um sujeito instável, tinha extremo cuidado ao avançar.

Observando aquela dança precisa, os passos sorrateiros e a forma como distribuíam o peso, Tércio teve certeza de que essa não era a primeira vez deles fazendo isso.

A caminhada foi lenta e extremamente tediosa, ainda mais levando em consideração o tamanho extravagante do corredor. Mas depois de algum tempo eles enfim alcançaram o objetivo e nesse momento todos soltaram um suspiro de alívio, embora a jornada ainda não tivesse acabado.

E com a mesma cautela que usou para encontrar os pontos certos nos pisos, Eliza abriu a porta branca e entrou de fininho, pisando na ponta dos pés.

Parecia que tudo daria certo, mas essa foi uma impressão que durou por pouco tempo. Assim que Tércio atravessou o portal, a porta que deveria ser fechada com delicadeza de repente bateu violentamente, provocando um estrondo de doer os ouvidos e fazendo o chão tremer.

Em um sobressalto, Eliza se virou para encarar o garoto com um olhar preocupado. Estava pronta para dar uma bronca. Mas então, antes que qualquer palavra saísse de sua boca, seu rosto ficou pálido, como se tivesse visto um fantasma.

Parado atrás de Tércio encontrava-se uma mulher com uma expressão severa e um olhar furioso. Ela fitava a duquesa de uma maneira que fazia parecer que estava diante de seu maior inimigo.

Sua aparição foi tão repentina que até mesmo o valente ex-prisioneiro se surpreendeu quando notou a figura em suas costas. Ele deu um pulo para o lado, ergueu os braços e começou a balançar o corpo, preparando-se para lutar.

Marcada por algumas rugas ainda em desenvolvimento e outras prontas para se aposentar, a mulher aparentava ter por volta dos cinquenta anos de idade. Ela vestia uma blusa bege sem enfeites e uma saia longa da mesma cor, a qual deixava exposto apenas um pedacinho do pé. Seu cabelo outrora dourado, da altura do ombro, estava desbotado, com fios espetados para todos os lados, como se tivesse levado um choque. E os olhos arregalados, que em outras ocasiões eram verdes, encontravam-se tingidos de vermelho, um vermelho furioso, pronto para explodir.

― Srta. Eliza! ― Apesar da aparência raivosa, seu tom de voz era calmo e controlado. Mas existia certa aspereza nas notas que fizeram o corpo de Tércio tremer.

― Co- conselheira Darcy... ― balbuciou em resposta.

Ora, parece que fomos descobertos! ― disse Kay de uma maneira bastante casual, como se tudo não passasse de uma brincadeira.

 ― Srta. Eliza, como diretora da única academia de encantamentos mágicos do reino de Aurora, a senhorita tem a obrigação de zelar por esse instituto ― começou Darcy, tranquila e assertiva. ― Tendo dito isso, diga-me ― ela fechou os olhos, respirou fundo ―, por que você, a diretora, saiu por duas semanas sem dizer nada a ninguém?! ― vociferou, deixando toda a frustração que sentia aparecer. ― Você faz alguma ideia do quanto deixou as pessoas preocupadas?!

― Is- isso é... ― Eliza tentou se justificar, mas tudo o que conseguiu fazer foi embolar algumas palavras, pois logo que ela começou a falar, a conselheira tornou a gritar...

― “Isso é” o que?! Ahnn?! Além de sair sem avisar, você também levou o vice-diretor. E se um monstro poderoso tivesse atacado? O que acha que teria acontecido?

― Eu sei que foi errado, mas...

― Cale-se! Eu ainda não terminei de falar. ― Darcy era implacável. Mesmo Eliza sendo a diretora da academia e uma duquesa, ela ainda assim não pegava leve e continuava a esbravejar, sem medo das consequências.

Eliza, apesar de toda a autoridade que impunha só pelo nome, encolhia-se com os ombros arqueados e cabeça baixa enquanto recebia as fervorosas críticas. Kay ,por outro lado, assistia do canto com um sorriso divertido no rosto.

Tércio realmente não entendia o que estava acontecendo. Durante a viagem ele teve a impressão de que mesmo tendo sido tratado com gentileza, ela ainda era uma pessoa que passava um ar de imponência. Mas agora a coitada parecia uma garotinha que aprontou e estava sendo repreendida pelos pais.

― Neste lugar, não só alunos, mas também há famílias que dependem de você para protegê-lo! Sem falar que faltam poucas semanas para as aulas começarem. E mesmo assim você foge sem falar nada para ninguém!? A partir de agora eu me certificarei de que cumpra devidamente suas obrigações. ― Depois de tanto berrar, esbravejar e criticar, a conselheira precisou fazer uma pausa para respirar, mas nem por isso deixou de encarar a imprudente.

― Posso falar agora? ― perguntou Eliza, bastante tímida.

― Fale! Explique-me por que cometeu tal imprudência.

― Bem, isso é... Eu não posso dizer exatamente o motivo, mas foi por uma causa importante.

― Entendo... Você não pode me dizer... Sua!... Você tem alguma ideia... ― Darcy já estava para começar a gritar de novo quando se deu conta da presença de um rosto não familiar.

Até agora ela estava tão focada em repreender Eliza, que sequer havia reparado no garoto parado ao seu lado. Mas quando Darcy notou sua presença incomum, a conselheira parou e mudou o foco de sua atenção.

Ela olhou para Tércio de cima a baixo, estudando suas roupas esfarrapadas que estavam cobertas de sangue, e então, com um olhar julgador e uma voz ríspida, perguntou:

― Quem é esse garoto?

Ah, esse é o Tércio. Ele vai se juntar à equipe de subjugação ― respondeu a duquesa no mesmo instante, percebendo que enfim tinha encontrado uma chance de escapar das broncas.

― Equipe de subjugação? E ele tem poder para isso?

― Sim. Pode não parecer, mas ele é muito poderoso.

― De fato, sua Magia Individual é muito interessante ― disse Kay, que se manteve quieto até o momento.

Hmm, magia Individual... Isso é bem raro ― comentou Darcy, olhando uma segunda vez para o garoto.

― Enfim, eu sei que ainda temos muito que conversar, mas por hora eu vou levá-lo para um quarto ― dizendo isso, Eliza correu para perto de Tércio e tentou usá-lo para escapar, guiando-o de volta para a saída.

Mas a conselheira não a deixaria ir com tanta facilidade.

― Espere! Outra pessoa pode cuidar disso, eu ainda não acabei com você. ― Darcy foi até a porta, abriu e então gritou para o corredor. ― Henry!!

 


Nota do autor

Sim, eu sei que fiquei muito tempo sem postar e eu sinto muito por isso. Expliquei um pouco sobre os motivos nas redes sociais e nos últimos capítulos de Um Alquimista, mas o importante é que agora vou me esforçar para isso não voutar a acontecer.

E para voltar com o pé direito, além do de hoje, amanhã também terá outro capítulo.

 


Página do Facebook

Fique por dentro de lançamentos, conheça curiosidades, saiba em primeira mão sobre novas histórias e interaja comigo quando quiser, a qualquer hora, além de muitas outras coisas.

Instagram

Se preferir, me siga pelo instagram, onde estarei postando ilustrações, curiosidades, novidades e muito mais.

Um Alquimista Preguiçoso

Leia minha outra novel!



Comentários