O Druida Lendário Brasileira

Autor(a): Raphael Fiamoncini


Volume 1

Capítulo 1: O Melhor da Nação

Daniel de Oliveira Dantas tinha 26 anos de idade, vivia em Florianópolis e era considerado o melhor jogador brasileiro de Nova Avalon Online, o jogo de realidade virtual mais jogado do mundo.

Fazia cinco anos que estava na equipe catarinense Dark Age, e graças a sua genialidade e liderança, eles venceram o Campeonato Brasileiro e iriam representar o país no 8º Campeonato Mundial.

Como de costume, Daniel acordou cedo e chegou à sede da Organização Dark Age antes do sol raiar. Dentro do prédio deparou-se com jogadores, técnicos e demais funcionários da empresa transitando pelos corredores do prédio. Ele os cumprimentou, pegou o elevador e dirigiu-se à sala de treinamento no quarto andar.

Os cinco jogadores da equipe principal estavam imersos dentro das cápsulas de imersão. Daniel foi até a mais próxima a estar desocupada. Ele se acomodou no assento, colocou o visor de realidade virtual e vocalizou o comando que transportou sua mente ao mundo virtual de Nova Avalon Online.

Dentro do jogo ele estava no controle de seu avatar, Dante, um cavaleiro em armadura reluzente portando um escudo redondo na mão esquerda, enquanto a direita empunhava o Martelo de Ametista, uma das armas lendárias mais famosas do jogo.

Ele treinou por cerca de seis horas. Foram duas horas duelando contra colegas da equipe principal, outras duas treinando a equipe secundária, até por fim terminar sozinho, aperfeiçoando combos de alto nível para o mundial. E foi em meio a uma sequência de golpes que duas mensagens piscaram em seu campo de visão:

Juliet: Eiii! Bela adormecida, está na hora de acordar!!!

Juliet: Estamos te esperando………………………!

Daniel desconectou do jogo para se encontrar com a garota por trás do avatar Juliet. De volta ao mundo real, retirou o visor de realidade virtual, respirou fundo e observou as nove cápsulas da sala de treinamento, todas vazias.

— Já estava na hora de retornar ao mundo dos vivos — Júlia anunciou cruzando os braços, seus olhos castanhos o encaravam. — Estamos te esperando na sala do chefe.

— Mas você está aqui…

— Estou aqui porque me mandaram vir te buscar. Faltou muito pouco para eu não te arrancar à força daí de dentro.

Ele acreditou nas palavras dela mesmo de brincadeira, pois a garota exibia um corpo definido pelos treinos diários na academia e pelas aulas de artes marciais que praticava.

Ele fechou a tampa da cápsula, mas ao se abaixar, Júlia desferiu um tapa em seu traseiro e soltou uma risadinha debochada. Ele tentou revidar, mas ela recuou com um salto para trás, em seguida, ergueu os punhos e o desafiou:

— Vai encarar?

— Não… burp… — Daniel não conseguiu impedir o escapar de um arroto. — Desculpa…

— Pelo menos você não fazia isso quando a gente estava junto.

— Está com saudades? — Ele sorriu em provocação.

— Por mais que você quisesse, não tinha como dar certo uma relação onde uma das partes é um egocêntrico.

— E a outra é uma narcisista.

— Ei! — ela protestou socando de leve o ombro dele.

Os dois riram da cara do outro. Júlia puxou Daniel pela manga do casaco preto e cinza do uniforme e o conduziu para fora da sala de treinamento.

— Jú — Daniel a chamou poucos antes de chegarem à porta. — Eu já disse o quão linda você fica de uniforme?

— Umas mil vezes! — Ela o empurrou. — Vamos indo, capitão. Temos um mundial para ganhar.

***

A sede da organização Dark Age ficava à beira-mar da ilha de Florianópolis. Da sala do presidente, no quinto andar, era possível contemplar a vastidão azul do mar que, no limiar do horizonte, unia-se a um céu sem nuvens. Porém, nenhum dos cinco jogadores profissionais ali reunidos admirava a paisagem.

No início, Daniel e Júlia imaginaram que apenas o time principal estaria presente, mas por algum motivo, os sócios e os diretores da empresa também estavam ali, além de Ronaldo Emerich, o presidente da Organização Esportiva Dark Age.

Ninguém disse nada.

Por ser o capitão do time principal, Daniel ocupava o centro do sofá. À esquerda estava Júlia, nervosa ao ponto de ficar batendo o pé direito no chão. Ao notar que Daniel a encarava, ela mordeu o lábio inferior e segurou a mão dele.

O presidente respirou fundo, ajeitou o terno cinza, chacoalhou o relógio em seu pulso, e anunciou:

— É com muitíssimo pesar que venho lhes informar que… nossa organização está fechando as portas. — Ele olhou para o chão, então lamentou: — Peço desculpas a todos vocês.

— O quê? — Daniel se exaltou levantando do sofá, assustando Júlia no processo. — Que merda é essa? É uma brincadeira sem graça por acaso? — Sua indignação foi acompanhada pela manifestação dos outros jogadores que também levantaram do sofá.

— Não, não é brincadeira… — confirmou Ronaldo Emerich. — A organização está sendo investigada. Os bens da empresa estão em processo de apreensão judicial.

Ninguém se pronunciou. Daniel olhou para Júlia, ela tapava a boca com a mão direita, prestes a chorar, mas em vez disso, respondeu sem muita esperança:

— E o… Campeonato Mundial?

— Fomos desclassificados… — Emerich respondeu.

Dos seis jogadores, dois renderam-se às lágrimas. Apesar de também estar com o emocional abalado, Daniel cerrou o punho e questionou o presidente:

— Se a empresa está realmente sendo investigada, o que diabos vocês fizeram? No que vocês se meteram?

— Olha como fala, capitão… não estou gostando do seu tom de voz.

— Responda! — Júlia interveio. — O que foi que aconteceu?

O presidente coçou a nuca como alguém que não sabia de nada. E falou em um tom complacente:

— É algo complexo demais para vocês entenderem…

Antes que eles pudessem protestar contra o presidente, a recepcionista entrou na sala do presidente, caminhou a passos rápidos até ficar ao lado de Emerich. Ela sussurrou no ouvido dele, mas seus gaguejos foram ouvidos demais presentes:

— P-pre-presidente, a-a po-polícia.

Emerich estremeceu, a atitude despreocupada sumiu em um estalar de dedos.

— Diga que… diga que já estou indo. Querida, tente ganhar um tempo para mim, por favor.

— Ma-ma-mas. — A recepcionista gelou ao ver a equipe da polícia entrando na sala do presidente. Eram seis homens vestindo a farda da corporação.

E o primeiro agente a entrar proferiu em tom categórico:

— Presidente Ronaldo Emerich? Somos da polícia federal. Nós viemos buscar o senhor. — Ele exibiu seu distintivo e uma cópia do mandado judicial.

***

Após algemarem o presidente Emerich, a polícia federal se dirigiu aos jogadores. O chefe da operação informou que eles deveriam se preparar para uma futura audiência e também recomendou que entrassem em contato com seus advogados o mais cedo possível.

A notícia trouxe apenas mais aflição aos jogadores, mas o policial logo os tranquilizou dizendo que a audiência trataria do fechamento da empresa, portanto nenhum deles tinha envolvimento no caso.

Após serem liberados, Júlia, que havia aguentado o choque inicial, permitiu-se chorar ao sair do prédio da organização, ela foi logo aparada pelo ombro de uma colega que fazia parte da equipe secundária.

Enquanto isso, Daniel se fez de durão, não demonstrou nada além de raiva e insatisfação em frente aos colegas de equipe, mas horas depois, quando chegou em seu apartamento, deixou-se levar pela frustração.

Socou a parede, xingou o mundo e derrubou uma porção de objetos da sala. Quando suas energias se esgotaram por completo, jogou-se na cama e soluçou ao pensar que o objetivo de sua vida, vencer o Campeonato Mundial com o time que tanto amava voltou a ser nada além de um sonho.

Tudo por culpa de Ronaldo Emerich, o presidente corrupto.

Daniel sabia que não tinha como provar que o maldito era de fato corrupto, mas se a empresa foi desmontada por uma operação da polícia, boa coisa o sujeito não deveria ser.

***

Após duas semanas de espera, o dia da audiência chegou. Dentro da sala reservada para a ocasião, os seis jogadores e seus advogados sentavam de um lado da mesa, enquanto Emerich e sua equipe ocupavam o outro. O juiz e o escrivão sentavam na ponta da mesa.

O rito iniciou com o magistrado narrando um resumo dos acontecimentos, ele citou os crimes as infrações cometidas pelos representantes da Organização Esportiva.

Em seguida foi citado o nome das partes envolvidas, estabelecendo que os seis jogadores profissionais presentes possuíam um vínculo empregatício com a empresa, e o mais importante, que eram inocentes.

A ação judicial estabelecia que Daniel e os demais jogadores deveriam receber uma compensação pelos atos da empresa. A lei estabelecia que a imagem do jogador era digna de compensação caso fosse afetada negativamente por ações ilegais ou imorais por parte da empresa.

A notícia trouxe alívio a Daniel, pois fazia alguns meses que conseguira financiar seu novo apartamento.

O juiz tomou em mãos uma dúzia de papéis. Todos ficaram apreensivos. Daniel sentiu um frio na barriga ao ver um sorriso estrando se formando no rosto do ex-presidente Emerich.

— Sobre os avatares dos jogadores — anunciou o juiz em alto e bom tom.

Os seis se olharam.

— Veio ao meu conhecimento que, junto do contrato empregatício padrão, a Organização Esportiva Dark Age também acordava com as partes recém-empregadas um acordo de cessão total de direitos do avatar. Isto, aos olhos da lei, é entendido como a posse integral das contas usufruídas pelos jogadores, sob a condição de terem sido criadas e oferecidas aos jogadores pela própria empresa.

O juiz fez uma pausa antes de prosseguir.

— Em minhas mãos estão os contratos assinados pelos integrantes da equipe principal. As assinaturas foram previamente validadas, portanto, são legítimas. Começando pelo capitão da equipe, Daniel de Oliveira Dantas, possuidor do avatar Dante, classe cavaleiro, nível 99. O valor estimado à leilão é de R$500.000,00 para o lance inicial.

— O quê? — Daniel esmurrou a mesa. — Que merda é essa?

— Daniel, se acalme! — seu advogado interveio, apavorado.

O juiz o encarou em reprovação, então disse:

— Recomendo que o senhor ouça a sugestão do doutor, ou ordenarei que se retire da audiência.

Não foi apenas Daniel que perdeu a calma. Os demais colegas também esbravejaram suas insatisfações, fazendo seus advogados tentarem, mas sem muito sucesso, fazer com que se acalmassem.

— Silêncio! — berrou o juiz. — Na próxima vez que algum de vocês faltar com respeito nessa audiência, irei lhes penalizar por quebra de decoro. Todos terão direito à fala, então exijo que se calem até que eu lhes dê a palavra.

Com o canto do olho, Daniel pôde ver Emerich se aguentando para não rir. E quando voltou seu olhar para Júlia, sentiu uma dor no peito ao vê-la chorando abraçada em sua advogada.

A audiência prosseguiu. Os demais avatares da equipe foram citados, avaliados e anunciados à leilão para quitar os encargos e dívidas da empresa falida.

O processo foi horrível e doloroso. Daniel sentiu suas forças esvaírem a cada minuto, sentiu-se impotente, sentiu vontade de chorar, sentiu vontade de destruir a sala de audiências, começando pela cara de Ronaldo Emerich.

Daniel se agarrou às palavras do advogado quando lhe disse que poderia contestar essa decisão arbitrária, ele também falou que não havia como algo tão baixo ser juridicamente válido, e lhe deu esperanças que Dante ainda era seu, o cavaleiro lendário à qual dedicou anos de sua vida para fazê-lo ser conhecido no mundo inteiro.

Por fim chegou a hora dos jogadores serem ouvidos. Daniel seria o primeiro, ele respirou fundo, encarou o juiz, e apresentou sua defesa:

— A minha vida depende de meu avatar. Sem ele eu não terei como voltar ao cenário competitivo. Senhor juiz; nós, jogadores profissionais, só podemos possuir um avatar. É proibido ter outro. Se Dante for tirado de mim, eu terei que começar do zero. O senhor não sabe o quão demorado e trabalhoso é alcançar os níveis altos. Eu poderia levar meses, quem sabe um ano para coletar os equipamentos necessários para voltar ao cenário competitivo. Para piorar, a maioria das equipes profissionais contrata somente jogadores de nível alto. E… eu acabei de financiar meu apartamento. Eu não tenho outra qualificação para me ajudar a arrumar um emprego. Por favor, eu preciso do meu avatar — Daniel implorou com lágrimas nos olhos. Do outro lado da mesa, Emerich sorria.

O juiz folheou os papéis em sua mesa, depois redigiu um questionamento:

— Daniel, você possuía algum avatar antes de entrar para a Organização Dark Age?

— Sim, um cavaleiro. Na época fui contratado como reserva após vencer um campeonato amador.

— Este cavaleiro seria Dante, o personagem objeto do litígio?

— Não. O técnico do time pediu para eu utilizar uma conta criada por eles. Tudo que eu fiz foi renomear a conta oferecida para “Dante”. Eu deletei meu personagem antigo para não ser multado por possuir duas contas.

— Então é correto presumir que Dante é uma criação da empresa?

— Mas doutor — interveio o advogado de Daniel. — Mesmo que o avatar seja propriedade da empresa, ele teve reconhecimento graças ao esforço de Daniel, sem ele o avatar não valeria nada.

— Doutor, isso é irrelevante.

— Mas…

— Sessão encerrada! — anunciou o juiz, calando todos que se ergueram para protestar.

— Isso é injusto, é ridículo, vocês nos roubaram! — berrou Daniel, acompanhado pelos colegas de equipe.

— Silêncio! — ordenou o Juiz, com um olhar fulminante.

— Essa audiência é uma farsa, esse caso é uma loucura. Devolva meu avatar! — Daniel ameaçou o juiz ao dar um passo em sua direção.

— Doutor, controle seu cliente — exigiu o juiz.

O advogado agarrou Daniel e implorou:

— Pelo amor de… se controle… Ele não é seu inimigo.

— Tem razão. O culpado é aquele desgraçado. — Daniel encarou Emerich.

Ao ver que estava sendo encarado, o ex-presidente da Dark Age falou:

— Garoto… escute seu advogado…

— Você acabou comigo. Eu dediquei a minha vida para sua organização. Eu sangrei ao lado dos meus colegas para conquistar todos aqueles títulos para você… Eu ia levar o nome da sua empresa suja para o mundial…

— Eu sei, eu sei. Sou muito grato, mas sabe como é, merdas acontecem. Então, bola pra frente, o jogo continua — Emerich respondeu.

— Como você pode estar tão tranquilo? Seu corrupto de merda. Você me ferrou. Eu estou falido por causa de você…

— Que ótimo. Que sirva de lição. — Emerich ergueu-se e levantou um dedo. — Lição número um: da próxima vez, lembre-se de não financiar um imóvel sem antes saber se poderá pagá-lo. — Levantou outro dedo. — Segunda lição: nunca assine um contrato sem antes ler e questionar cada cláusula.

Os advogados conseguiram acalmar seus clientes até a sala ficar em silêncio. Mas quando todos começaram a sair da sala, Daniel saltou sobre a mesa, parou em frente ao presidente Emerich e o atingiu em cheio no nariz com um cruzado de direita.

***

Por causa do soco, Daniel teve de arcar com um processo judicial caríssimo até para um jogador profissional bem-sucedido. Não demorou para o incidente vir a público. A reputação de Daniel ia de mal a pior. Canais de mídia não paravam de comentar sobre a decepção que ele se tornou enquanto figuras influentes de todo o país endossavam tal narrativa. Parecia que ninguém iria se dar ao trabalho de descobrir a verdade.

Daniel tentou remediar contando seu lado da história, mas tudo que postava nas redes sociais era massacrado por milhares de comentários odiosos. E os pouquíssimos canais que cediam espaço para ele se explicar acabavam sofrendo do mesmo destino.

Ninguém queria escutar seu lado da história, então ele deu um tempo de tudo e de todos.

Três meses passaram desde o fatídico evento. Para cobrir as despesas do dia a dia, Daniel se viu obrigado a arranjar um emprego comum.

Parecia que sua carreira profissional estava acabada.

Certo dia ele despertou com o toque do celular, ele aproximou a tela para perto do rosto e leu a mensagem:

“Você não está sozinho. Nós sabemos da verdade. Não desista!”.

Ele releu a mensagem, mas julgou ser uma pegadinha, por isso a ignorou. O celular tocou mais uma vez, era outra mensagem:

“Se você não quer passar o resto da vida lamentando por um avatar perdido, entre no jogo e crie um avatar novo.”

Daniel ficou confuso, por isso respondeu enviando um: “Quem é você?”.

A resposta que recebeu foi: “Somos amigos, mas nosso tempo agora é curto. Entraremos em contato depois que você criar um novo avatar, mas ele PRECISA ser um DRUIDA…”

Daniel estranhou aquela exigência, por que um avatar da classe druida? Como isso iria ajudá-lo? Ele clareou a mente e respirou fundo, aos poucos uma faísca de empolgação começou a arder dentro de si.

Estava imaginando como seria controlar um druida, a classe mais ignorada pelos jogadores profissionais. Ele olhou para o canto do quarto, para onde a cápsula de imersão estava instalada.

Como não tinha planejado nada para aquele final de semana, Daniel releu a mensagem em seu celular, e a tentação de entrar no jogo foi aumentando.

— Um druida? — refletiu em voz alta. — Uma classe interessante… — Ele já estava em frente à cápsula. — Seja lá qual for as suas intenções, meu amigo misterioso, você me convenceu.

Ele respirou fundo e entrou na cápsula de imersão. Após sentar-se confortavelmente e colocar o visor de realidade virtual, proferiu o comando de voz:

— Iniciar: Nova Avalon Online.

A sensação provocada pela imersão total era a de ser sugado para dentro de um vórtice. Você perdia a noção de tempo e espaço durante segundos, tudo ficava preto e, quando se dava conta, você já estava no mundo virtual.

Daniel deparou-se com uma sala de paredes brancas. Ele olhou para o próprio corpo e constatou que era uma representação virtual exata de si mesmo.

É claro, eu não tenho mais um avatar, Dante foi oficialmente tomado de mim, pensou.

Em sua frente havia uma criatura angelical possuidora de um par de asas brancas, com uma auréola sobrevoando a cabeça e uma espada embainhada na cintura.

— Seja bem-vindo a Nova Avalon — disse a criatura. — Meu nome é Mikhaela. Sou a celestial responsável por guiá-lo pelo processo de criação de seu novo avatar. Você tem alguma classe em mente?

— Sim, druida. — Daniel foi direto ao ponto.

Mikhaela gesticulou com a mão. Um painel holográfico surgiu em frente a Daniel, nele havia a representação de um druida, um homem vestindo um longo manto verde sobreposto por uma armadura de couro. Ele empunhava uma lança e conjurava um feitiço com a outra mão.

Abaixo constava a descrição da classe:

O druida é um protetor da natureza capaz de se transformar em criaturas poderosas para devastar seus oponentes. Seu repertório mágico deriva dos elementos naturais, ele pode conjurar de ventos curativos até raios e terremotos. O arsenal disponível para um druida é, de certa forma, limitado, pois não é um ser devotado ao domínio de técnicas marciais avançadas.

Depois de analisar a classe, Daniel não pode deixar de refletir sobre como ela divergia da classe que dedicou anos de sua vida. Ele ponderou se valeria a pena se esforçar para dominar uma nova classe.

Não! Repreendeu-se mentalmente. Se tudo desse errado e o contato misterioso acabasse sendo uma farsa, ainda daria tempo de voltar e tentar de novo. Daniel sentia que deveria agarrar essa oportunidade com todas as suas forças, por mais obscura que parecesse.

Mikhaela perguntou:

— Você gostaria de confirmar a classe druida para seu novo avatar?

— Sim.

— Entendido — ela falou, se aproximando. Em seguida pôs as mãos nos ombros de Daniel e entoou um cântico:

— Ó deidades da natureza, concedam a este aventureiro um avatar digno de seus talentos e abençoem-no com a sabedoria primordial dos druidas.

A sala branca foi iluminada por um clarão verde forte o bastante para ofuscar Daniel. Quando a luz esmaeceu até desaparecer, ele olhou para baixo e viu-se vestindo um longo manto verde-musgo, com uma corda de cipó amarrada na cintura.

— Ótimo, me tornei um hippie abraçador de árvore. — Foi a reação que teve ao encarnar em seu novo personagem.

— Nobre aventureiro, contemple a sua beleza no reflexo deste espelho.

Daniel caminhou até o espelho e viu-se na pele do druida.

— Você gostaria de alterar a sua aparência?

Ele estava posando em frente ao espelho quando ela falou isso.

— Não. Está perfeito assim. Adorei o cabelo preto e rebelde, pareço até um anti-herói. — Foi depois de minutos de contemplação ao próprio corpo, principalmente a musculatura, que ele anunciou: — Estou pronto.

— Estamos quase finalizando. Você tem um nome para este novo avatar?

Ele esteve pensando nisso desde que chegou.

— Ragnar.

— Ótimo. Aventureiro, acredito que a criação de seu avatar está concluída, você gostaria de conferir suas estatísticas antes de partir?

— É claro que sim.

Ela estalou os dedos, fazendo surgir uma tela holográfica na frente dele.

Informações Gerais

[Nome: Ragnar] [Classe: Druida]
[Nível: 1] [Experiência: 0/100]
[Vida: 112/112] [Energia: 92/92] [Mana: 120/120]

Atributos

[Força: 5] [Agilidade: 5] [Constituição: 5]
[Poder Mágico: 8] [Talento Mágico: 7]

Habilidades

Forma Animal: Urso Selvagem (Nível: 1): Você se transforma em um grande urso, tornando-se mais forte e resistente, mas fica incapacitado de conjurar feitiços.

Brisa Curativa (Nível: 1): Invoca uma lufada de vento que cura uma pequena quantidade de vida ao longo de 30 segundos.

Invocar Raízes (Nível: 1): Invoca três raízes que poderão prender até três inimigos por um curto período de tempo.

Talentos

Amigo da Selva: Sua presença pode incitar um animal a lutar ao seu lado.

Talentoso por Natureza: Você já é iniciado nas profissões de Herbalismo e Alquimia.

Visão Além do Alcance: Você detecta armadilhas e mistérios ocultos com maior facilidade.

Ragnar estufou o peito e anunciou para a criatura celestial:

— Estou pronto. Por favor, me transporte para o mundo de Nova Avalon.

— Como quiser, nobre aventureiro. Desejo boa sorte em sua jornada.

Mikhaela conjurou um portal azulado em frente ao druida. Ele respirou fundo e entrou.


Página do Facebook onde você pode ficar por dentro dos lançamentos e também poderá interagir com o autor.

Página do Padrim para quem quiser contribuir mensalmente.

Chave PIX[email protected]



Comentários