O Druida Lendário Brasileira

Autor(a): Raphael Fiamoncini


Volume 1

Capítulo 21: O Plano de Ragnar

Relaxando nas sombras de uma árvore gigantesca, Ragnar aproveitava seu tempo livre para ler “O Círculo da Lua”, o livro que lhe fora presenteado pelo líder da Pata Negra.

Ao finalizar o capítulo que estava lendo, pousou o volume sobre o gramado e deu uma espiada na entrada da mina de ferro a trinta metros de distância.

A silhueta de Havoc surgiu das profundezas do túnel. Ela corria para fora com a espada desembainhada, seus pontos de vida estavam abaixo da metade, e uma pequena horda de goblins disparava em seu encalço.

— Precisa de ajuda? — Ragnar gritou, recostado no tronco da sequoia.

— Me cure — disse ela, esbaforida.

O druida esticou a mão direita e deixou a energia fluir. A Brisa Curativa foi lançada em uma pequena rajada verde que envolveu a espadachim.

Ela agradeceu, depois virou-se para a entrada da mina. A maré de goblins vinha a toda velocidade, ela esboçou um sorriso sádico, então deu início à matança.

Entre berros de dor e súplicas de piedade, Ragnar tomou em mãos o seu livro, retomando a leitura.

A história de O Círculo da Lua narrava a antiguíssima lenda dos druidas que se rebelaram contra o Círculo do Sol. No livro, o Círculo do Sol era retratado como um grupo de adoradores fanáticos da divindade Tal Bali, a deusa do Sol.

Entre os muitos rituais cruéis praticados por eles, o de iniciação era de longe o pior, pois exigia que os novos integrantes vislumbrassem o sol por um longo período de tempo. E, caso a pessoa desviasse o olhar ou acabasse perdendo a visão, ela seria queimada viva.

Fartos de tanta crueldade, um grupo de druidas renegou Tal Bali em favor de Bal Moni, a divindade da Lua. A troca ocorrera porque, para eles, Bal Moni era um astro de grande beleza, que iluminava as noites e não queimava os olhos de quem desejasse contemplar sua beleza.

Esse novo grupo ganhou força, mas não o bastante para rivalizar contra as mentes cegas dos adoradores do sol. Eles fugiram para muito longe, para uma montanha branca cujo topo perfurava as nuvens. Lá eles fundaram o primeiro e único Santuário Druídico da Lua.

A última página do livro era dedicada a especulações a respeito destes renegados. Sabia-se que o líder do grupo adotou o nome de Hamoni após se converter. Foi ele quem liderou a grande expedição e idealizou a construção do santuário.

Assim, Hamoni e seus seguidores foram recompensados com uma fração do poder da Lua. Posteriormente, o líder dedicou-se às artes marciais, fundou uma escola e, através dela, difundiu um novo estilo de combate junto aos seus alunos.

Ragnar fechou o livro e respirou fundo. O Círculo Druídico da Lua não era uma novidade. Fazia tempo que os jogadores da classe druida se depararam com as lendas dos círculos do sol e da lua. Alguns até conseguiram recompensas raras e poderosas como feitiços solares, os mais sortudos foram os que encontraram as raríssimas armas lunares, mas a localização do santuário ainda era um segredo em Nova Avalon.

O último goblin caiu perante a lâmina de Havoc, ela embainhou a espada e caminhou na direção da árvore onde o druida estava.

— Como está a leitura?

Ragnar balançou o livro em sua mão direita.

— Produtiva, deu para aprender umas coisinhas novas.

— É mesmo? — Havoc falou sentando em sua frente.

— Você não faz ideia.

Seus olhos se encontraram. Nenhum dos dois reagiu ou hesitou àquilo. Eles apenas contemplaram a imagem do avatar em sua frente. O cabelo loiro, longo e liso de Havoc era desprovido do corte elaborado que a maioria das garotas utilizam em seus avatares.

Os olhos castanhos também eram fora do padrão verde e azul que se via em Nova Avalon, ou das possibilidades únicas do mundo virtual, como: cinza, prateado, dourado e lilás.

Para finalizar, apesar do corpo esguio, ele era desprovido das características mais apelativas. Portanto, Ragnar acreditava que o avatar dela indicava ser uma recriação de sua aparência no mundo real.

Porém, mal sabia Ragnar que algo semelhante se passava na mente dela. Havoc firmou seu olhar nele, e disse:

— Já te falaram que você se parece com um vilão?

— Foi isso mesmo que eu pensei quando o jogo gerou este avatar para mim.

— Mas você alterou alguma coisa para ficar desse jeito?

Ragnar negou sacudindo a cabeça, então rebateu com uma pergunta:

— Este seu avatar… ele é você no mundo real?

Ela olhou para as poucas nuvens no céu, depois deitou-se sobre o gramado, e enfim respondeu à pergunta:

— Sim.

— Você mudou alguma coisa?

— O sistema gerou esse avatar com um cabelo muito mais longo, olhos cinzentos e… seios maiores. Então eu ajustei tudo para ficar mais parecida comigo.

A resposta era carregada de uma sinceridade que o deixou receoso em continuar o assunto. Ele guardou o livro em seu inventário e engatinhou pela grama até parar ao lado dela.

Havoc o encarou, mas diferente de antes, suas bochechas adquiriram um leve tom rosado.

— Você talvez seja a única pessoa que conheço a fazer algo desse tipo — disse Ragnar. — Eu nunca vi alguém alterar seu avatar para ficar menos atraente.

— Quer dizer que eu nerfei minha beleza? — ela disse em um tom bem humorado. — Mas falando sério, eu prefiro essa forma por causa de algumas experiências ruins que tive em outros jogos de realidade virtual. — O tom bem-humorado deu lugar a uma seriedade melancólica.

Aquilo deixou Ragnar ainda mais curioso, fazendo-o perguntar:

— O que foi que aconteceu.

Antes de responder, ela virou o rosto para o outro lado.

— Prefiro não contar, me desculpe. — Ela respirou fundo e se impulsionou para frente, ficando sentada com as pernas cruzadas, ao lado do druida. — Não me leve a mal, mas eu já me abri demais a você por hoje.

Ragnar concordou balançando a cabeça. O clima constrangedor de antes voltou para atormentá-los. Ambos ficaram sentados embaixo da árvore, sem dizer nada. Havoc olhava para o horizonte enquanto Ragnar tentava decifrar o que passava em sua cabeça.

Uma experiência ruim, ele ponderou as palavras dela. Vindo de uma garota que gosta de jogos em realidade virtual, aquilo poderia significar algumas poucas coisas, e ele sabia o quão ruins elas eram. Por isso, decidiu deixá-la em paz.

No instante que Ragnar se levantou, Havoc recebeu uma mensagem. E quando ela viu remetente, abriu-o sem hesitação e leu o que estava escrito. Ao terminar, resumiu o conteúdo para Ragnar:

— Zed está convocando todos os oficiais para uma reunião extraordinária urgente. Como isso exclui todos da patente sargento para baixo, você está de fora, recruta.

Ele suspirou aliviado.

Não querendo perder tempo, Havoc se levantou e se espreguiçou, mas, antes de partir rumo à Fortaleza Toca dos Lobos, falou:

— Foi muito divertido e gratificante jogar com você. Espero que a gente possa se aventurar mais uma vez em breve, mas eu preciso ir, você não sabe o quão rabugento nosso líder é com quem chega atrasado nas reuniões.

Ragnar esboçou um sorriso bem humorado que a deixou sem graça.

— Boa-sorte na reunião.

***

Após despedir-se de Havoc, Ragnar entrou em contato com Skiff, Artic e Niki para se encontrarem em frente ao portão de Salem.

O cavaleiro e o caçador chegaram em menos de dez minutos, já a assassina apareceu meia hora depois, munida de justificativa comum entre os jogadores:

— Desculpa pela demora, é que eu estava atolada de trabalhos da faculdade.

Com todo mundo reunido, Ragnar anunciou que precisava de ajuda para caçar mais megalotauros. Como era de se esperar, Artic e Niki reclamaram de pedido egoísta, pois não os ajudaria de forma alguma. Porém, ele tinha um argumento engatilhado na ponta da língua:

— Tudo bem, eu entendi, nossa amizade realmente não significa nada para vocês. Que tal mil rubros para cada megalotauro abatido?

— Para cada um de nós? — Niki especificou.

Ragnar revirou os olhos, praguejando por terem notado a ambiguidade em sua proposta.

— É óbvio, não sou um muquirana — disse a contragosto.

Artic virou-se para a amiga.

— É uma boa oferta. O que você acha?

Niki pensou um pouco antes de responder:

— Por mim tudo bem.

***

Ragnar liderou seus amigos pelos campos verdes à oeste de Salem, parando às margens de um lago familiar. O lugar os fez lembrar da batalha contra o Megalotauro. E, como daquela vez, o pasto ao redor era ocupado por grupos de touros.

Primeiro eles eliminaram os touros comuns nas redondezas, pois este era o gatilho que faria o chefão aparecer. Quando Niki eliminou o último deles, o Megalotauro surgiu ao longe.

Porém, dessa vez a batalha foi rápida. Artic havia evoluído nos últimos dias e comprado novos equipamentos, então foi capaz de bloquear as chifradas sem ser arremessado para longe.

E, graças ao entrosamento entre Skiff e Niki com a tática Irmãos de Sangue, o chefe sangrou até morrer com a hemorragia afligida pela nova adaga da assassina.

Para a alegria do druida, o espólio deixado pelo chefe foi uma dúzia de couro de megalotauro, um item raríssimo com 10% de chance de cair.

O objetivo da empreitada fora concluído.

O quarteto retornou a Salem. Artic e Niki estavam irritados porque o druida ainda não revelou seu plano.

De volta a Salem, Ragnar os levou para conhecer a loja de produtos mágico do amigo vampiro. Sinistro os recebeu com um sorriso no rosto, e os conduziu até uma mesa no canto do estabelecimento, pouco depois, serviu uma xícara de chá para cada um.

Os quatro bebericaram o chá oferecido enquanto discutiam trivialidades.

Ragnar estava na ponta da mesa, próximo à parede da loja. Ele pegou a pequena colher ao lado do pires e a bateu duas vezes em sua xícara, produzindo um tinir gracioso que chamou a atenção dos três.

— Pessoal, um momento de atenção, por favor.

Eles ficaram em silêncio, aguardando o druida prosseguir:

— Eu tenho uma proposta para os senhores. — Niki o encarou com uma face sugestiva. — E senhoritas…

— Continue — disse ela.

— Como vocês perceberam ao sentar nessa mesa, eu me filiei a Pata Negra.

Os três arregaram os olhos com a revelação. Niki então parou para ajustar sua postura na cadeira, aproximando-se para mais perto da mesa. Artic cruzou os braços e encarou o druida, então disse:

— Você nos deve uma explicação.

— Minha ideia inicial era aproveitar das vantagens de uma guilda numerosa como eles para avançar de nível mais rápido, fosse participando de alguma masmorra ou incursão junto deles.

Niki balançou a cabeça em desaprovação.

— Você está jogando sujo! — Ela respondeu puxando uma adaga e cravando-a na maçã dentro da bandeja de frutas decorando a mesa.

— Calma… — Ragnar tentou tranquilizá-la, mas o olhar dela era mortal. — Então eu conheci a fortaleza deles. Lá eu descobri uma falha nos cadastros de permissões de depósitos e retiradas de itens.

Artic descruzou os braços e assumiu uma postura branda, com um olhar que denotava interesse nas palavras que saiam da boca do druida.

— Então eu lhes faço uma proposta: eu quero que vocês também entrem na Pata Negra.

— O que nós iremos roubar? — adiantou-se o cavaleiro.

Perspicaz como sempre, Ragnar refletiu.

— Toneladas de ferro, meu amigo.

Artic soltou uma risada, naquela mesma hora, Niki estalou os dedos ao ligar os pontos e compreender o plano. Em seguida apoiou os cotovelos sobre a mesa, juntou as mãos e apoiou seu queixo sobre elas.

— Mas ferro é pesado e não é vendido a um preço muito alto — disse ela.

— Correto. Por isso nós vamos bolar um plano que permita roubar toda a fortaleza. Não podemos deixar sequer uma grama de ferro com eles. E há um detalhe, essa brecha só existe na patente recruta, então nada de pensar em subir de patente. Arranjem desculpas para não participar das missões que empurrarem para vocês, senão irão promovê-los para soldados. E eu acabei de terminar minha primeira há algumas horas.

— Ok, entendemos, mas como nós vamos movimentar tanto ferro sem levantar suspeitas? Eu imagino que haja algum registro do que foi retirado. Alguma hora eles irão perceber.

— A Pata Negra é uma guilda desordenada pelo que pude ver — disse Ragnar. — O tempo de reação deles é lento, nós podemos nos aproveitar disso agindo no melhor horário. Em uma hora eu garanto que nós conseguiremos movimentar mais de 5.000 unidades de ferro para fora da fortaleza.

— Como? A gente mal consegue colocar cem quilos em nosso inventário, mais do que isso irá nos sobrecarregar — alertou Niki.

Ela dizia a verdade. O limite de peso de um jogador iniciante era de 150 quilos, o equivalente a 150 unidades de ferro, mas esse limite poderia ser aumentado comprando bolsas, mochilas, investindo em força ou adquirindo itens especiais que aumentem esse limite. Então Artic seria o jogador com o maior limite de peso entre os quatro, porém, sua armadura pesava mais que a dos colegas, o que encurtava essa vantagem.

Mas Ragnar tinha a solução.

— Nós temos a minha forma animal lendária. Ela possui todas as conveniências de uma montaria tradicional, inclusive a possibilidade de equipar bolsas de carga. Para vocês terem uma ideia, a forma de urso selvagem me permite carregar até quatro bolsas, já como urso de ferro, esse limite sobe para oito.

— Tu tá de sacanagem! — disse Niki, de olhos arregalados e boca aberta.

— Uau. — Foi a reação de Artic.

— Que foda! — comemorou Skiff.

— Espera um pouco — Niki falou. — Se você consegue carregar tanto peso assim, sozinho, porque precisa da nossa ajuda?

Skiff bateu suas mãos com força na mesa, as xícaras vibraram. Lá do balcão da loja, o vampiro olhou feio para o caçador, que se desculpou:

— Desculpe. — Então voltou-se para Niki e Artic. — Ele precisa da gente porque a forma de urso é grande demais para passar pelas portas da fortaleza.

Ragnar acenou com a cabeça repetidas vezes.

— É isso mesmo, nosso amigo está certo — Ele terminou de beber seu chá antes de lhes perguntar: — Posso contar com vocês?

Os três aceitaram.

— Então chegou a hora de vocês conhecerem a Toca dos Lobos.

***

Ragnar e seus amigos subiram a passos lentos o morro de acesso à fortaleza da guilda Pata Negra. Durante o trajeto, Artic, Niki e Skiff conversavam entre si, especulando como seria o funcionamento de uma fortaleza durante um cerco.

Dessa vez o druida deixou a postura de sabe tudo de lado para deixá-los se entrosarem sem a sua interferência.

Ao se aproximarem do topo, foram recebidos por Havoc, pois Ragnar a avisou que sabia de três pessoas interessadas em se juntar à guilda.

Quando os olhos da espadachim pousaram sobre a o caçador, ela se curvou.

— Peço desculpas por tê-lo atacado aquele dia. Espero que possamos ser amigos de agora em diante.

Skiff estava com uma face nada amigável, mas aceitou as desculpas de Havoc. Artic e Niki cumprimentaram a tenente com um aperto de mãos. Ambos adotaram uma expressão amigável.

Eles sabem fingir muito bem, observou Ragnar.

— Me acompanhem — adiantou-se Havoc. — Infelizmente, nosso líder, Zed, está ocupado. Então eu mesma irei introduzi-los à guilda, depois a gente precisa conversar sobre as regras e as funções que temos disponíveis para vocês.

Havoc os conduziu para dentro do forte. Ela parecia uma guia turística, pois apresentava cada área com entusiasmo e naturalidade, diferente do jeitão bruto e forçado adotado por Zed na primeira vinda de Ragnar.

Foram ao todo vinte minutos de apresentações até Havoc os levar de volta ao pátio da fortificação, onde os lembrou das principais regras da guilda:

— Nossa filosofia é a de uma organização neutra e individualista. Nós não fazemos favores. Qualquer serviço prestado em nome da Pata Negra deve ser remunerado.  Lembrem-se, 30% do lucro que obtiverem deverá ser depositado no cofre do Salão dos Tesouros. Estamos entendidos?

Os três novatos concordaram. Quando Havoc desviou o olhar, eles espiaram de canto de olho para Ragnar, que os tranquilizou com uma piscadela.

— Como hoje é sábado e vocês são recrutas, estão liberados, então aproveitem. — Ela virou-se para Ragnar: — Não se preocupe, semana que vem a gente encontra uma missão para promovê-lo a soldado.

— Mal posso esperar — disse ele.

Havoc se despediu do grupo e dirigiu-se aos estábulos da fortaleza, localizado nos fundos. Momentos depois ela passou por eles montada em um cavalo, rumo ao portão frontal.

— Poxa, eu também quero uma montaria — disse Skiff.

— Apenas sargentos tem permissão para usar o estábulo, meu caro amigo.

— Você pode comprar um pangaré em Salem — acrescentou Artic.

— Só que o mais barato vai te custar mais de 20.000 rubros — interveio Niki.

Skiff suspirou, desanimado.

Ragnar girou o corpo devagar até completar uma volta, ao longo do movimento seus olhos estudaram cada centímetro da fortaleza. As muralhas escuras eram guarnecidas por dois sentinelas. O pátio era ocupado apenas um trio avatares de baixo nível.

— E agora? — perguntou o caçador.

 — Agora nós iremos planejar o assalto.

— Para quando? — foi Artic quem perguntou.

— Para hoje mesmo, depois do meio dia.

Os três se viraram, espantados.

— O líder da guilda está offline. Havoc acabou de sair. Já o segundo em comando, apesar de aparecer online, está longe daqui.

— Me parece imprudente — disse Artic.

— Imprudente seria esperar. A cada dia que passa, a chance de arrumarem a falha nas permissões dos recrutas só aumentam. Você não ouviu que a garota já está querendo me jogar em uma nova missão? Eu duvido que até segunda-feira eles não me promovam.

— Certo, eu entendi — Artic acenou, concordando.

— Skiff — Ragnar chamou-lhe a atenção. — Está na hora de confeccionar as oito bolsas de megalotauro.

— É pra já.


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