O Meu Caminho Brasileira

Autor(a): Rafael AS

Revisão: Rafael-AS


Volume 1

Capítulo 36: Bola de Água

Estava sendo um dia difícil. Diferente do anterior, neste havia dormido menos e comecei as primeiras aulas com um cérebro mais cansado. Nem mesmo uma mente afiada conseguiu evitar o esgotamento de aprender numa só aula vocabulários e conceitos que demoraram meses aos colegas.

Assim se passaram as duas aulas de manhã e a primeira da tarde. A matéria de História de Veridis foi tranquila, um merecido descanso entre as matérias de Feitiçaria de Água, de quando o Sol nascia, e Feitiçaria de Fogo, após o almoço.

Descobri que há muitas cidades “humanas” em guerra umas com as outras, e que o imperador, a quem todos os nobres deviam submissão, era inexperiente e despreparado para lidar com essas questões. Ficava trancado dentro do palácio enquanto aos poucos seu império se desintegrava.

Isso tornava as relações políticas demasiadamente complicadas, com competições, alianças e desconfianças.

Não que isso importasse. Estava isolado numa Academia no meio do nada.

Mas, de todos os acontecimentos de hoje, o que mais fez meu coração acelerar foi durante a última aula do dia, a de combate corporal. Estava em um lugar mais isolado na arquibancada da arena, vendo outros dois alunos lutando, quando percebi...

Sentada próxima de mim, estava Violette me observando com curiosidade. Aquele sorriso traquina dela...

Durante todas as aulas nos entreolhamos com um sorriso gentil, mas nada demais; não houve oportunidade para conversar com ela. No almoço, quando ia falar com a Violette, Dolgan me chamou e me envolveu numa cadeia de conversas impossível de fugir.

Achei que não conseguiria conversar mais com ela. Contudo, agora ela estava aqui, a usual Violette com um sorriso provocante, como se nunca tivéssemos tido aquele atrito...

Estava feliz por ela parecer não estar mais brava comigo, mas também com dúvida sobre a mudança súbita de humor dela.

— É bom que já tivemos nosso duelo, então podemos só observar a batalha dos outros, não é? — comentou ela, espreguiçando-se de forma que ressaltava todas as curvas do corpo.

— Mhm. — Ela tinha razão. Agora duelavam dois jovens que ainda não conhecia, e a plateia sequer prestava atenção na luta. Mas...

Instintivamente meus olhos seguiram o contorno do corpo dela. Quando percebi, me repreendi e fixei minha visão no duelo, mas o sorriso dela cresceu em um tom tão divertido que me fazia querer me esconder debaixo da terra.

Aliás... — Ela se aproximou mais de mim, perto suficiente para sentir o ar quente de suas palavras tocando minha orelha. — No nosso duelo, você fez uns feitiços duplos que nunca vi antes...

— Ah... — respondi meio sem jeito, o rosto corando um pouco. — Também não sei muito sobre isso...

— Me mostra de novo?

Dei um suspiro fundo. Orgulhava-me disso, mas começava a ficar cansativo como todo mundo me pedia a mesma coisa...

Por favor? — falou ela com um tom tão suplicante quanto uma gatinha miando ao observar o dono comendo uma refeição deliciosa. Sem dúvidas, todos me pediam a mesma coisa, mas ninguém me pedia como ela...

Suspirei ainda mais fundo. Não tinha como evitar, e talvez eu nem quisesse.

— Tá bom. Mas... Antes, mais importante... Por que você não foi para aula ontem? — disse, olhando nos olhos dela.

Ela me encarou com olhos surpresos que logo se fizeram... tristes. Amuados. Meu coração se apertou, como se uma mão o espremesse entre os dedos. Não fazia sentido me sentir dessa forma com tão pouco, mas ela...

Aproximei-me da Violette e acariciei sua mão. Era um pouco estranho ser mais íntimo com ela depois de ter rejeitado a Guinevere, mas... A verdade era que Violette também tinha seu charme — e um charme do caramba...

Fiquei surpreso comigo mesmo por me sentir dessa forma. Ainda não entendia bem o porquê, mas uma parte de mim desejava senti-la cada vez mais... Talvez fosse por isso que o olhar dela triste parecia estrangular meu peito. Era como se consolá-la e fazê-la feliz fosse uma ordem imperativa para todo meu ser...

— Está tudo bem, Viol... Você pode me contar.

— E-eu... — Ela mordeu o lábio inferior, as linhas nas laterais dos lábios marcando uma certa angústia. — Desculpa, Flamel. Eu... Eu reagi muito mal... e sem razão... — A mão dela repousou sobre a minha e começou a acariciá-la; seus olhos se desprenderam dos meus e se voltaram ao chão.

— ...Por que você me trata assim?... — disse ela, fitando meus olhos de volta. A mão dela levantou e hesitou, mas, como se criasse mais coragem, parou no meu braço, alisando meu uniforme com o dedão.

— C-como assim?

— Você... Isso não é justo...

— Você não me parece do tipo que gosta tanto de justiça — eu disse com um sorrisinho, esperando que ela fosse gostar da provocação. No entanto...

Ela me olhou com as sobrancelhas contraídas em indignação. Abriu os lábios, prestes talvez a falar algo severo, mas os fechou e virou ainda mais o rosto.

— Violette... E-eu disse algo errado?

— N-não... É só que... — O tom dela tornou a se fazer abatido e triste. — Flamel, digamos que... hipoteticamente... você... — tentou ela falar mais, porém as palavras pareciam que não saíam de sua garganta.

Ainda pior que ver os olhos tristes de Violette era presenciar essa garota, usualmente tão provocativa e confiante, não conseguindo nem conversar comigo. Era como se sentimentos pesados sufocassem as palavras de saírem do peito...

— Hipoteticamente eu?...

— É... Digamos que... Você tenha vivido acreditando em algo e... anos depois descobre que suas crenças não podiam ser mais erradas... e que só fizeram mal, inclusive a si mesmo... O que você faria?

A pergunta dela...

Pus-me a pensar um pouco, embora, tão perto dela e com o coração acelerado, não conseguiria achar uma resposta ideal. E, mesmo se eu tivesse todo tempo do mundo para refletir, que competência tinha para falar sobre algo assim? Passei a vida inteira fugindo das responsabilidades como um covarde...

Talvez, mais do que uma resposta sensata, a Violette merecesse uma resposta verdadeira...

— Violette, eu... Eu não sei bem o que te falar, porque passei anos vivendo uma vida de merda. — Sorri de escárnio a mim mesmo. — Meu problema não foi por acreditar em algo errado, mas antes em acreditar que eu não poderia fazer nada certo... Vivi no erro, repetindo todo dia. E... se tem uma coisa que começo a perceber, Violette, é que fazemos nossa vida a todo momento, a cada escolha.

— A cada escolha? — Os olhos dela eram grandes e esperançosos em mim. Seu carinho no braço se tornava cada vez mais intenso, como se tentasse me puxar para si.

— Sim. Eu sempre tive a possibilidade de ser melhor, mas nunca percebi isso. Digo, eu sabia que poderia ser melhor, mas a diferença entre saber e realmente acreditar nisso é tão grande quanto a distância entre o céu e a terra. Por mais limitados que sejamos e por mais que tenhamos feito uma história horrível e que não pode ser desfeita, podemos sempre começar a mudar hoje e construir um final diferente. Por isso...

Passou pela minha cabeça o quão depressiva ela era falando sobre todos nobres serem ruins e ela estar inclusa nisso. Ao invés sentir receio pelo passado desconhecido dela, a garota na minha frente... estava vulnerável, com lágrimas aos olhos, com o rosto vermelho, segurando para chorar. Não era a face de uma criminosa, mas de alguém que clamava por socorro.

E uma das pessoas que mais queria ver sorrir.

— Por isso... Não sei o que você fez, Viol. Algum dia, se quiser me contar, estou aqui. Mas até lá... — Aproximei-me dela, olhando em seus olhos, e plantei um beijo sereno em sua testa. — Trate de fazer coisas das quais vai se orgulhar, tá? Você é forte. Mais forte que eu.

Quando retornei ao meu assento, vi uma lágrima descendo pela bochecha dela. Ela a limpou com a mão e observou a pele molhada, confusa, como se não soubesse o que era uma lágrima. Outra desceu pela face. A reação foi a mesma. Ela me olhou com uma expressão de dúvida. Balançou a cabeça para os lados e vi diante dos olhos surgiram duas runas mágicas. Elas brilharam e as lágrimas foram estancadas. Aquilo...

Apertei-lhe a mão.

— Pode chorar, Viol. Faz bem...

— Não. Não... — Ela balançou a cabeça violentamente, como se tentasse expulsar à força uma ideia tentadora da mente. — Desculpa...

— Está tudo bem...

Com movimentos lentos, como se lhe custasse processar tudo que ocorria dentro do coração, ela repousou de volta à cadeira e voltou a assistir ao duelo. Fiz o mesmo, sabendo que ambos pouco nos importávamos com a batalha.

Apesar de triste por ela, um sorriso agridoce impedia meus lábios de descerem, não importava o quanto lutasse para manter um rosto mais sério. A razão era que...

Nossas mãos. Continuaram juntas, os dedos entrelaçados. Pouco falamos verbalmente, mas, através dos toques dos nossos dedões, compartilhávamos toda sorte de emoções. Sentia seu carinho se tornar por vezes hesitante, vagaroso, e eu retribuía com uma afeição mais forte; então ela parecia se acalmar, acariciando minha mão com mais firmeza, como se tivesse gratidão. Retribuía isso com ainda mais calor e alegria.

— Obrigada, Flamel... Isso... Significa muito para mim.

Não aguentei e trouxe a mão dela aos meus lábios, beijando-a com a delicadeza que merecia. Ela riu, e voltamos a prestar atenção ao duelo.

Talvez cerca de meia hora depois, ela me encarou com olhos... alegres? Uma energia incomum vibrava neles, como uma criança que tem uma inspiração repentina a brincar de algo. 

— Flamel. — Ela riu. Algo naquela alegria súbita me deu medo. — Você ainda está me devendo uma amostra grátis do seu feitiço duplo...

— É verdade. — Sorri, achando engraçada fala dela. — Então, minha senhorita, concederei vosso pedido.

Soltei a mão dela — algo que me foi mais difícil que qualquer coisa daquele dia —, estendi as palmas das mãos e conjurei um feitiço em cada. Optei pelo caminho mais seguro e só refiz a combinação de bola de água com as pequenas chamas, igual havia feito no restaurante.

— Uau... — Ela se aproximou para ainda mais perto de mim, até encostar a coxa dela na minha. O contato físico fez meu coração acelerar, mas não fugi dele. — Posso tocar?

— No fogo? — perguntei, meio surpreso, já que o fogo estava na mão mais próxima dela. — Você vai se queimar, boba.

— Não, não. Digo a água. Ela parece tão macia...

Realmente era uma esfera perfeita, com uma textura fluida, tão macia aos olhos quanto seria uma bola de gel.

— É? Acho que... pode?

Ela riu e se colocou ainda mais em mim, fazendo nossas cinturas se encontrarem. Violette esticou os braços e suas mãos alcançaram gentilmente a esfera de água, envolvendo-a com dedos suaves e carinhosos, como se estivesse prestes a segurar uma parte de mim.

Quando seus dedos encostaram na água, meu coração deu um salto. Ela acariciou o orbe com as pontas dos dedos, e realmente senti como se fosse no meu corpo. Ser acariciado daquela forma fez meu estômago saltitar e cosquinhas envolverem minha barriga.

— V-Violette?! — chamei-a com o rosto quente, sem entender o que acontecia.

Ela sorriu de forma meiga e inocente, o que pouco combinou com seus lábios diabólicos e sedutores.

Tá tudo bem, Flamel... — sussurrou ela no meu ouvido, minha nuca se arrepiando até as costas. Quando foi que ela entrou nesse estado de humor mesmo?...

Sem mais pedir autorização, ela lentamente levou a bola para perto de si. As mãos dela irradiaram um calor carinhoso e suave na esfera que me fez remexer por inteiro.

Enquanto a encarava sem saber como reagir àquilo, ela... levou a bola aos lábios, escondendo-a com as mãos... Meus olhos não conseguiram ver o que ela fazia, mas de repente senti um puxão surpreendentemente agradável e prazeroso. A única coisa que pude ver era a garganta dela fazendo movimento como se engolisse algo. Espera...

E-ela estava chupando a minha bola de água, com um sorriso que exibia ao mesmo tempo inocência e perversão...

Aquela sucção continuou, e minha mana se espalhou para dentro da Violette, passando pela garganta e aos poucos se alastrando por todo seu corpo. Senti minha mana percorrendo seus ombros, braços, peito, seios, barriga, cintura, quadris, até na...

— Hmmm... Ela estava deliciosa... Mas, Flamel... — ela me fitou nos olhos, um sorriso provocador e um rubor intenso cobrindo o rosto todo —, você não vai interromper o fluxo de mana?... Ou será que você... — Ela colocou a mão sobre o seio, acariciando-se por cima do uniforme. — Quer sentir todo meu corpo?...

Fiquei desesperado, meu coração trovejando aturdido. Imaginei com toda minha força minha mana saindo dela, percorrendo o caminho de volta até mim. O movimento brusco do fluxo de mana, porém...

— A-ahh... Flamel... — gemeu ela alto suficiente para que alguém pudesse nos ouvir. — Seja mais gentil, por favor... Você está tão fundo em mim... Flamel...

Eu virei um caldeirão de sentimentos borbulhantes, indo desde ansiedade até excitação e agitação. Merda... Desesperadamente olhei ao redor, e ninguém parecia ter percebido, já que estávamos mais isolados.

Tentei cada vez mais retirar a mana dela, mas fazê-lo num ritmo lento demoraria muito, ela ingeriu mana demais... E, sempre que eu puxava minha mana com mais força, ela soltava um gemido ainda mais intenso, com os olhos meio fechados fixados nos meus e as bochechas rosadas. Vi gotas de suor se formando pelo pescoço dela, seu perfume tentador se tornando mais forte na pele úmida...

Dei meu máximo para ignorar como conseguia sentir o corpo todo dela, como se o apalpasse em cada lugar. Mas...

— Flamel... Por favor... Para... V-você está sendo tão bruto...

— E-eu tô tentando!

— Flamel... Por favor... V-vai logo... E-eu não vou aguentar por muito mais temp...

— CALA A BOCA, SUA INFELIZ! — gritou Guinevere, que surgiu ao meu lado com seu cajado voando em alta velocidade em direção à cabeça da Violette.

A moça ruiva interrompeu o bastão com dois dedos, como se agarrasse uma mera pena. Seu olhar havia se tornado penetrante, embora o rosto dela continuasse vermelho como o fogo, e um sorrisinho trêmulo ainda lhe figurasse nos lábios. Notei que Guinevere também estava vermelha, mas sobretudo com raiva.

— Estraga-prazeres.

— Sua vadia de merda. Olha a merda que você está fazendo.

Violette riu e apoiou o cotovelo no encosto da cadeira para servir de suporte para o queixo. Cruzou as pernas e estufou o peito com um sorrisinho como se fosse esfregasse algum tipo de vitória e superioridade no rosto da Guinevere. Enquanto essa a olhava, Violette lentamente levou o dedo indicador, ainda molhado com a água repleta da minha mana, até a boca, o chupando e beijando de forma bem sonora. Aquilo...

— Realmente estava com sede... Obrigada pela refeição, Flamel~

O rosto de Guinevere foi tomado por uma ira e vergonha que a fez parecer um tomate. Ergueu o cajado e uma extensa runa mágica começou a aparecer diante de si.

— Sua prostituta. Como você ousa fazer isso no meio da Academia?!

— Que foi? Só estou aproveitando um bom tempo com meu Flamelzinho~. E não tinha ninguém além de você olhando, tinha? Jamais o exporia assim, mas você precisava ver o rosto dele todo vermelho de vergonha... — falou Violette, como se ela própria não estivesse toda vermelha.

Ela... Merda... Não sabia como deveria me sentir sobre isso, eu...

Meus pensamentos foram interrompidos assim que notei que ar começava a ficar frio, frio demais, a ponto de meus braços se estremecerem. O cajado da Guinevere cintilava com um brilho assassino, tão frio quanto os olhos dela, como se ela estivesse determinada a exterminar a Violette.

— Parem vocês duas! — gritei. Ainda não sabia como me sentir em relação a nada daquilo, tudo ocorria rápido demais, mas a última coisa que queria era ver sangue sendo derramado. — Também é erro meu... Eu não tirei minha mana a tempo..

— Essa puta poderia ter cessado a conexão de mana entre vocês a qualquer momento, seu idiota — falou Guinevere, o brilho azul se tornando ainda mais intenso; flocos de gelo começavam a se espalhar flutuando nas redondezas. Merda...

— E-espera. Isso é verdade, Violette? — Encarei-a, sem saber muito bem como me sentia a respeito disso. Era... fofo?

— Puxa, mas estava tãaao bom... — Violette riu com uma alegria que parecia roubar a felicidade de todas as pessoas do planeta. — Ou, ainda melhor... Você deveria ter sentido como a mana dele mudava a cada sentimento dele... E não era só de desespero que ele sentia não... O Flamel é tão... Ahh...

Quanto mais o rosto de Guinevere se contorcia em desprezo, mais Violette sorria em vitória.

— Sua meretriz barata, vagabunda, ordinária! — Guinevere ergueu o pé e pisou com violência no peito de Violette. A garota ruiva prontamente segurou o sapato e bloqueou o ataque antes que encostasse no uniforme.

— Que foi, Guinevere? Vai me dizer que você nunca fez o mesmo com o Flamel? Hehe. Eu vi você o abraçando e inundando sua mana nele sempre que podia... Você aproveitava para ficar sentindo e apreciando o corpo dele todinho, não é? Com o meu Flamel. Quem é a meretriz aqui?

— Sua!... — O rubor do rosto da Guinevere se espalhou para o pescoço. Ela pressionou ainda mais fortemente a bota na Violette, com uma raiva sem igual. — Não fala merda!

Aos poucos, o gelo se condensava acima da Violette no formato de uma espada enorme, que se assemelhava a uma claymore de lâmina afiadíssima. Aquilo poderia pesar pelo menos uma tonelada... Se isso for jogado na Violette assim, então...

Não poderia deixar aquilo acontecer. Levantei-me e fui puxar o braço da Guinevere, mas ela me empurrou com uma força avassaladora, me fazendo ser jogado contra o chão a uns três metros delas.

— Isso é entre mim e ela. Não se intrometa — disse a garota loira, os olhos não mais como oceanos, mas brilhando como uma tempestade de neve. A pressão que exercia era ainda maior que no duelo contra o Hikaru.

A espada terminou de se cristalizar. Sem hesitar, Guinevere a lançou contra Violette, a qual parou de rir e pareceu ficar desesperada. Ela tentou fugir, mas o pé de Guinevere se fazia ainda mais pesado.

A espada caiu numa velocidade avassaladora logo acima da cabeça da Violette, e...

— Que merda vocês estão aprontando? — falou Hayek irritada, puxando firmemente o cabelo de Guinevere para trás e a fazendo cair de bunda no chão.

O feitiço da garota loira se desfez no mesmo instante, momentos antes de rachar o crânio da Violette.

— Você pirou?! — Hayek rugiu como uma leoa, as artérias da testa pulsando de raiva.

— D-desculpa, mas...

— Sem “mas”. É isso que você faz com as oportunidades que te dou? Age como uma garotinha irresponsável e impulsiva?

— Você precisava ver o que a Violette fez! — retrucou Guinevere, com os olhos cheios de lágrimas Ela ainda tinha o cabelo sendo esticado, e se podia ver o couro cabelo indo junto...

— Não importa. Você é melhor do que ela. Vem.

Hayek começou a andar até a saída do estádio, arrastando Guinevere pelo chão por meio da pegada no cabelo. A garota bateu os pés e protestou, mas nada foi capaz de tirar a força impetuosa da professora. Tudo ocorreu sob os olhos de toda a sala.

A professora atravessou a saída. Fitei a Violette, que encarava muda onde Hayek e Guinevere se foram. Não sabia que diabos fazer naquela porra de situação... Mas uma coisa sabia. A Guinevere foi muito além do que deveria, mas não era totalmente injustificada... Ela não ia realmente matar a Violette, ia? Não tinha como...

Coloquei-me de pé e passei pela Violette. Nossos olhos se conectaram num breve momento; vi confusão e... arrependimento escancarado na imensidão violeta de sua alma. Ela apertou os lábios, mas não sabia o que dizer. O que conseguiu foi...

— Flamel... — chamou-me, num tom melancólico e fraco, quase suplicante.

— ...

Meus olhos a observaram sem eu nada dizer. O que poderia, afinal? Ela...

Suspirei muito fundo. A verdade era que tantos sentimentos diferentes borbulhavam no peito que pouco saberia qual escutar, e não seguiria nenhuma atitude impulsiva para me arrepender depois. Por hora...

Repousei minha mão na cabeça dela e a acariciei um pouco. O rosto dela se abriu surpreso com meu carinho súbito, antes de abaixar a cabeça e se empurrar para mais perto da minha mão.

— Eu... vou ir atrás da Guinevere. Depois a gente conversa...

A verdade era que eu estava perdido, perdido até demais. Mas era o certo ir até a Guinevere no momento.

Dei um último tapinha gentil em sua cabeça antes de sair correndo atrás da Guinevere, cujos gritos ainda ouvia ecoarem pelo corredor atrás da arquibancada. Não sabia que tipo de punição ela teria com Hayek, mas sabia que a minha versão da história poderia auxiliá-la a ter uma punição menos severa.

Depois resolveria minhas questões com a Violette...

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