O Primeiro Serafim Brasileira

Autor(a): Anosk


Volume 1

Capítulo 38: O Reino dos Sonhos

Não demorou para que Luna sonhasse e, mais uma vez, com algum momento de quando era criança e brincava com seu pai.

Contudo havia algo diferente agora. Em todos os seus sonhos, sua visão era sempre do ponto de vista de sua memória, mas dessa vez, era capaz de ver tudo como um observador externo e até caminhar livremente pelo quarto, tudo isso enquanto sua versão mais jovem ainda existia.

Ela se aproximou de sua versão criança e de seu pai e tentou tocá-los, mas sua mão os atravessou como se fossem fantasmas.

Depois, caminhou pelo quarto surpresa com a descoberta, olhando de perto os móveis, brinquedos, quadros... Muitas coisas haviam permanecido as mesmas.

Quando olhou pela janela, percebeu que o lado de fora estava completamente branco, como se nada além dali existisse.

— Será que isso é porque, nessa memória, eu nunca olhei pela janela? Então coisas que não observei não existem no sonho?

Ela estava pensando quando sentiu uma aura diferente da dela tentando invadir seu sonho por algum lugar.

Quando olhou para trás, percebeu que a porta do quarto estava entreaberta. Pelo vão, havia um intenso brilho, e mãos feitas de luz marrom tentavam abrir ainda mais a fresta.

Um medo primordial e adormecido despertou em Luna, como se uma voz a dissesse que ela não devia, em hipótese nenhuma, permitir que seu sonho fosse invadido. Temendo se tratar de algo ruim, se jogou contra a porta para impedir este invasor, conseguindo frear seu avanço com facilidade.

— Espere, Luna! Sou eu, Sariel!

Ao ouvir isso, Luna parou de resistir.

— Sariel? — Ela não abriu a porta, ainda estava desconfiada.

— Sim, pode me deixar entrar?

— Me diga um segredo que apenas nós sabemos.

— Te salvei do ataque de uma criatura de fogo antes de chegarmos na Montanha de Fogo.

Ao ouvir aquilo, Luna abriu a porta imediatamente, deparando-se com ninguém menos que Sariel.

— Sariel... Que sonho bizarro é esse... Você provavelmente não vai acreditar quando eu te contar pela manhã.

— Não será necessário, pois essa é minha consciência, não um fruto de seu sonho.

— Como é?

— Isso é algo possível de fazer com magia de Alteração. Se comunicar pelos sonhos é uma técnica de alto nível, e felizmente os elementos não significam nada para mim.

— Entendo, peço perdão por ter tentado te expulsar.

— Não se desculpe, todos tem a mesma reação na primeira vez.

— A mesma reação? Por quê?

— Bem, ter sua consciência invadida por outra pessoa é bem perigoso, pois ela pode ver seus sonhos, descobrir seus segredos mais obscuros, apagar ou modificar suas memórias e, até mesmo, causar uma morte psíquica, deixando a vítima em um estado vegetativo. Portanto, reagir é algo intrínseco de todo humano, igual como todo animal teme o fogo.

Luna ouvia tudo atentamente, pois era a primeira vez que ouvia sobre isso. Não sabia nem mesmo que era possível uma pessoa entrar no sonho de outra.

— Oh? Este é seu sonho então? — Sariel caminhou pelo quarto e olhou a jovem Luna e seu pai brincando. — Você já consegue vagar no próprio sonho... Muito bom!

Sem compreender a importância daquilo, Luna perguntou: — Pode me explicar o que quer dizer?

— Ah, sim. Bem, o subconsciente é um lugar abstrato e de difícil acesso. Normalmente você só consegue acessá-lo quando sonha, mas algumas pessoas conseguem dominar e adentrá-lo conscientemente.

“A maioria das pessoas só acessa esse lugar pelos sonhos, e o acesso que têm é bem limitado, com elas revivendo memórias passadas, ou criando um sonho próprio baseado nas emoções dela.

“Há níveis de proficiência em vagar pelo seu inconsciente. O primeiro e mais básico é pelos sonhos, no segundo a pessoa já é capaz de pensar conscientemente, mas se mantém presa no ponto de vista de sua memória. No terceiro, a pessoa é capaz de vagar dentro do próprio sonho, sendo capaz de ver com clareza o local ao redor, e no quarto a pessoa já é capaz de escolher uma memória para reviver.

“Depois disso, vem os níveis mais difíceis, que consiste em adentrar a área mais profunda do subconsciente e alterá-la da maneira que quiser, podendo criar paisagens e caminhar por elas. No nível final, você já é capaz de organizar em várias seções suas lembranças e até estudar aqui, já que o tempo que se passa na camada mais interior pode passar mais lento se a pessoa domina a própria consciência bem.”

— No seu caso, já está bem encaminhada já que consegue caminhar em seus sonhos. Poderemos conversar à vontade agora.

— Deve ser importante já que preferiu usar esse método para conversar.

— De fato, por isso irei direto ao ponto, Indra está vivo.

Ao ouvir aquilo, a princesa permaneceu em silêncio enquanto processava aquela informação.

— Vivo?! E aquela explosão enorme?

— Acredite, aquela explosão poderia ser várias vezes mais poderosa, eu usei a quantidade de poder certa para feri-lo o suficiente para que não pudesse mais batalhar, mas continuasse vivo.

— Mas estamos com problemas então! Ele irá contar ao Conselho sobre nós.

— Lembra sobre o que eu disse mais cedo sobre uma pessoa invadir a consciência da outra?

Lembrando-se das palavras do viajante, Luna se lembrou de cada palavra com perfeição como se tivesse escutado tudo no segundo anterior.

— Você... apagou as memórias dele?

— Modifiquei, pois se apagasse o Conselho descobriria que haveria algo de errado, portanto, manipulei as memórias dele para que se lembrasse da luta, mas achasse que apenas lidou com uma Seita.

— E por que não nos contou?

— Primeiro que desconfiariam sobre eu ser um Volátil, que graças a Aegreon não é mais um segredo. Além disso, Aegreon poderia tentar matá-lo se desconfiasse que ainda estava vivo.

— Se nos encontrarmos com ele futuramente, Aegreon irá desconfiar de você.

— Mas você já sabe a verdade, portanto guarde-a até o momento chegar... se chegar. — Sariel se calou por um breve momento. — E não diga a ninguém, nem mesmo Raymond — reforçou.

— Tudo bem.

Sariel voltou a observar o cenário e com uma expressão levemente impressionada pela riqueza de detalhes no sonho.

Luna o encarava fazendo isso quando se lembrou de seus sonhos estranhos sem explicação e com aquela mulher estranha, que provavelmente era Elise. Pensando nisso, considerou que talvez ele pudesse ajudar a desvendá-los.

— Você disse que posso acessar qualquer memória que eu queira, certo? Como posso fazer isso? Tem uns sonhos estranhos que quero entender.

— Ainda é muito cedo para isso, primeiro deve focar em transformar seus sonhos em sonhos lúcidos. Já deve ter ouvido falar sobre eles, certo?

— Mas esse já não é o caso? Sei que estou sonhando e posso interagir com ele.

— Não exatamente, em um sonho lúcido você é capaz de manipulá-lo da maneira que quiser, como fazer pessoas que não estão nele aparecerem, fazer objetos surgirem e alterar qualquer coisa que quiser.

— E como faço isso?

— Para começar, você pode tentar fazer seu pai usar um daqueles óculos com nariz grande e bigode exagerado que algumas crianças gostam de brincar. Mas temos que ir agora, em breve amanhecerá.

— O quê? Mas estamos conversando a apenas alguns minutos! Você não disse que o tempo passa mais devagar?

— Apenas quando você já é capaz de mergulhar na sua parte mais profunda da consciência, há uma diferença grande entre o seu “reino dos sonhos” e sonhar. Enquanto sonha, um minuto é igual a dez no mundo real, já no reino dos sonhos, é o contrário.

— Certo... Te vejo em breve.

— Na próxima vez, te mostrarei meu subconsciente. — Com um breve aceno de cabeça, o viajante atravessou pela porta e deixou o sonho da princesa, que tentou fazer coisas imaginárias se tornarem reais por algum tempo, mas logo ouviu uma voz chamando-a.

Ao abrir os olhos, se deparou com Sariel.

— Bom dia, princesa adormecida.

— Bom dia... — respondeu ela esfregando os olhos, incomodada pela claridade.

Após acordar, todos se apressaram para comer e logo partiram novamente.


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