Os Raios de Lost Sun Brasileira

Autor(a): Gil Amorim


Volume 1

Capítulo 10: A última dança

Escorpião Sorrateiro e eu voltamos a Lost Sun.

Vento-Galopante acomodou-se no estábulo e eu dirigi-me ao saloon.

Foi ali que tudo começou.

As pessoas aparentavam estar muito felizes como de costume. Bebiam, comiam e dançavam.

— Amanhã é sábado, pessoar! — aquela frase era padrão— Vamo comemorá e despois teremo nosso miricido discanso!

O maldito descanso nunca chegava.

— Ora se num é o Coiote-do-Deserto! — disse o barman ao avirtar-me. — Há! Há! Há! A última vez que esteve aqui num tinha nem roupa e agora é quase um caçadô!

— Esta é a minha última missão! — Mostrei o saco com a cabeça. — Rodada grátis pra todo mundo!

As pessoas gritaram em um longo coro de alegria!

— O mundo dá volta... — falou o barman.

— Me vê seu melhor uísque e um charuto!

 

Após festejar por alguns minutos, segui em direção à delegacia. O xerife aguardava-me com um sorriso no rosto.

— Cumpriu o dever com êxito, Coiote-do-Deserto! Quem imaginaria que o jovem e preguiçoso xerife de uma cidade no fim do mundo pudesse chagar tão longe.

— Um amigo um dia me disse que preguiçosos são mais rápidos em formularem saídas inteligentes para situações difíceis no afã de não ter que trabalhar muito...

— Interessante. Aos meus olhos, Escorpião-Sorrateiro era um melhor candidato que você... mas ele não tinha o que era necessário para o posto...

— Ambição...?

— Traição!

— Cale a boca e tome essa maldita cabeça... além do mais, Escorpião-Sorrateiro é muito melhor que eu. Ele dará um jeito de cumprir com êxito a missão final...

— Ah, não se preocupe! Ele já o fez!

Fiz um breve silêncio.

 — ... Chegaram relatos mais cedo de que ele se explodiu junto com a fazenda do Senhor-Sangrento! Você o informou que lá era o local primordial do limiar, não é?

— Sim. Como estava descrito no contrato que você me passou.

Há! Há! Há! De fato o Senhor-Sangrento é o primeiro dos mortos, mas esta delegacia é o local do Limiar. É preciso destruir os dois para que Lost Sun seja destruída.

Joguei a arma de prata na mesa do xerife.

— Eu cumpri a minha parte do acordo.

— Pois bem. — O homem levantou-se da cadeira. — A partir de agora você será o novo Xerife-da-Noite! Lost Sun é sua!

— Para onde vai?

— Reconstruir a minha fazenda!

— E os Solarius?

— Caíram em nossa armadilha em Lincoln Garden. Mandei um ataque com quase todos os caçadores de Lost Sun e pedi ajuda de outra cidade fantasma amiga. Acredito que você já tenha se encontrado com eles por aí.

— Sim, em Riverline. Uma mulher sinistra de cabelos pretos que liderava um grupo de homens bizarros.

— São fantasmas mercenários. Ajudam muito. Se precisar, eu te passo o contato.

— Entendi...

— Vou indo. Obrigado pelos seus serviços, Kenny Ryan.

O xerife estendeu a mão direita.

— Ou melhor... Xerife-da-Noite!

Estava selado. O último contrato fora cumprido.

Demos o último cumprimento.

 

Lost Sun. Delegacia do Xerife-da-Noite. Horário indeterminado.

 

Toc-toc!

— Pode entrar — disse.

— D-desculpe-me a falta de decoro, senhor...

Um homem nu aparecera diante da minha porta.

— Está em busca de um emprego, não é?

O homem calou-se por um momento.

— Tem familiaridade no manejo de pistolas?

— S-sim...

Ora que familiar...

— Ah! Ótimo! Sente-se, vou buscar o contrato!

Contrato?

Abri uma gaveta abaixo da escrivaninha. Peguei uma muda de roupas composta por uma camisa de manga longa marrom, uma calça bege, um sobretudo azul escuro, um lenço com uma caveira desenhada, bem como uma pistola, um chapéu e um broche no formato de uma estrela com uma caveira esculpida nela.

— Tome, use estas!

— O-obrigado...

— Assine aqui! — Entreguei uma folha e uma caneta.

— Que maluquice, né? Um homem aparecer aqui totalmente nu. Hé! Hé! Hé!

— É mais comum do que parece...

O sujeito calou-se.

Antes de assinar, passou o olho rápido sobre aqueles termos.

— Senhor... acho que há algo errado aqui neste contrato...

— Não há nada de errado!

— ...O-o preço pelas roupas e a pistola é de...

— “Duas almas”!

— E o que seria essas... almas?!

— Apenas formalidades. “Almas” é como chamamos as cabeças-prêmio.

Ainda que relutante, o homem assinou o papel.

— Muito bem! Foi um prazer fazer negócio contigo!

— Er... na verdade gostaria de saber o que está acont...

— A partir de agora assumirá o codinome de Escorpião-Sorrateiro! Uma charrete o espera na praça principal, junto com seu bando.

Pensei ter visto isso antes...

— Que se inicie a caçada!

Talvez seja coisa da minha cabeça...

— Seja bem-vindo a Lost Sun!



Comentários