Volume 5
Capítulo 151: Confusão
Tifão desceu suas mãos segurando o Raio e o lançou o raio diretamente em direção ao peito de Lucas, que jazia imóvel no chão, indefeso. A arma avançava rapidamente, cortando o ar, sem encontrar qualquer resistência. O aprendiz, ainda desacordado, estava completamente vulnerável, sem chance de se defender, prestes a ser atingido pelo golpe fatal que se aproximava inevitavelmente.
Quando o Raio estava prestes a atingir Lucas, o ar se rasgou com um estrondo. Uma explosão violenta tomou conta do campo de batalha, liberando uma onda de choque púrpura que varreu tudo ao redor. A força da explosão foi tão intensa que arremessou tanto Lucas quanto Tifão para longe. A sombra perdeu o controle por um instante, com sua arma chegando a tocar o chão ao lado do aprendiz, mas o impacto a desviou por um triz, errando o corpo por poucos centímetros. Apesar disso, a onda de choque continuou a empurrar Tifão com violência, arrastando-o pela terra, incapaz de resistir à força do poder liberado pela explosão.
— Deu certo? — questionou Tifão, colocando o braço direito na frente do rosto, tentando manter firme sua visão no meio daquela tempestade de vento e fogo — Alguém despertou um novo poder quando seu companheiro estava prestes a morrer?
No meio de todo aquele caos, algo que deveria deixar qualquer um com medo gerou apenas alegria e satisfação para a sombra; ainda existia alguém que lhe daria a grande batalha que ele tanto esperava.
Com o choque, Lucas foi lançado para longe, seu corpo rolando pelo campo de batalha, mas pequenos caules o agarraram, era Aurora que o conduzia para perto de si com o pouco de energia elemental que havia recuperado. Ela não podia deixar o aprendiz à mercê do que estava prestes a acontecer.
A explosão, seguida pela densa nuvem de poeira, impedia Tifão de ver quem havia despertado aquele novo poder.
— É estranho, essa energia elemental não estava aqui quando cheguei — a sombra abriu um sorriso, analisando que o poder elemental dessa figura era como se fosse de alguém novo.
Mas não era isso. Quando a fumaça começou a se dissipar, Tifão finalmente conseguiu identificar que se tratava do garoto de cabelos vermelhos, agora em uma forma totalmente diferente. Gael estava envolto por uma densa energia elemental roxa, que parecia crepitar ao redor de seu corpo como se ele estivesse em chamas. A aura não era apenas uma manifestação de poder — ela assumia a forma majestosa de um leão, com contornos pulsantes e bem definidos que aumentavam sua presença imponente. O corpo de Silvaz estava inclinado para frente, com os dois braços apoiados no chão, como um animal em posição de ataque, suas mãos quase se fundindo à terra.
A energia roxa ao redor de Gael era viva, formando os detalhes do leão de maneira impressionante. Seus bigodes eram longos e afiados, tremulando levemente com o fluxo da energia, enquanto as orelhas do felino se erguiam em alerta, captando qualquer movimento ao redor. A juba do leão, feita inteiramente de energia roxa, irradiava para os lados e para trás como um manto feroz, envolvendo Gael de maneira protetora e ao mesmo tempo ameaçadora. Além disso, uma cauda formada pela mesma energia elemental se movia atrás dele, como se estivesse atenta a qualquer sinal de ameaça. Cada movimento que ele fazia, mesmo o mais sutil, parecia ecoar a força e a ferocidade do leão, como se o próprio espírito do animal estivesse agora conectado ao corpo de Gael.
Seus dentes caninos haviam crescido de forma assustadora, afiando-se como presas de um predador, enquanto todo o corpo de Gael assumia uma postura bestial. Seus músculos pareciam mais densos, seus movimentos mais selvagens, como se a própria essência de uma criatura primordial estivesse fluindo por ele. As garras em suas mãos pareciam prontas para rasgar o ar, e seus olhos brilhavam com uma intensidade feroz, como os de um animal caçando sua presa.
— ROOOOOOAAAAAAAAAARRR!!!
Quando o rugido explodiu da garganta de Gael, ecoando pelo campo de batalha, o som reverberou com uma força assustadora. Tifão, por mais que estivesse acostumado com o caos da guerra, sentiu um arrepio profundo percorrer sua espinha, como se cada fibra de seu corpo reconhecesse aquele grito como algo muito além de um simples adversário. O som parecia vir de algo ancestral, algo tão antigo que precedia não apenas a ele, mas qualquer coisa que ele já conhecera — um poder que existia antes de tudo do que ele compreendia.
— Esse moleque não está mais no controle do seu corpo!
Só houve tempo para Tifão processar aquele pensamento quando Gael avançou em sua direção com uma velocidade impressionante. Num instante, o garoto estava diante dele, e em seguida um soco poderoso acertou o estômago Da sombra. O impacto foi devastador, e faíscas roxas explodiram ao redor do golpe como faíscas roxas tremulando pela atmosfera. O ar foi arrancado do corpo do filho de Tártaro, fazendo as serpentes que envolviam suas pernas naquela forma sumirem instantaneamente. Suas asas sumiram como se tivessem sido apagadas por uma força invisível, e por um breve momento, sua forma original, desprovida daqueles poderes, foi revelada.
Tifão lutou para forçar seus pulmões a funcionar novamente, cada respiração parecia um esforço titânico. O ar finalmente voltou a encher seus pulmões, e com isso, suas serpentes retornaram, rastejando de volta às suas pernas, e suas asas se abriram novamente. No entanto, antes que pudesse reagir, Gael já estava sobre ele mais uma vez, desferindo um novo golpe. Dessa vez, foi um soco direto no rosto, tão brutal que o jogou para trás, o ar ao redor dele vibrando com o impacto. Faíscas roxas iluminaram o campo de batalha mais uma vez, enquanto Gael gritava com fúria primitiva:
— ROOOOAAAAAAAARR!!!
— O que está acontecendo com esse garoto? Isso é mesmo possível? — questionou Tifão, sorrindo com a confusão que estava sentindo — Sua energia elemental mudou quase por completo, isso não é o poder que os bem-aventurados costumam usar, e não parece ser algo apenas provindo da besta que está dentro dele. Ele forçou esse estado dentro de si!
Tifão ficou sério por alguns segundos, entendendo que estava vendo algo impossível diante de seus olhos:
— Esse garoto está usando o lado da energia elemental que as sombras utilizam.
Tifão foi lançado para longe, porém, não por mais um golpe de Gael, mas sim por seu pai, Tártaro, durante um treinamento que havia ocorrido há eras:
— Chega, não vai ser hoje que conseguirei acessar meu dom — a voz de Tártaro era carregada de decepção, enquanto a fumaça se espalhava pelo local.
— É uma pena que o senhor não consiga acessar tal poder, pai. Seria uma grande honra lutar contra o senhor nesse estado.
— Você só pensa em lutar, lutar e lutar. Não tem nada além disso nessa sua cabeça?
Tifão refletiu por alguns segundos sobre a pergunta do pai e se lembrou de algo que havia ocorrido com a chegada de alguns filhos de Cronos ao Tártaro, já que proteger o local era sua nova função:
— Sim, tem algo que eu gostaria de perguntar. Por que os filhos do rei Cronos e da rainha Reia são diferentes de nós?
Tártaro olhou para o filho com uma expressão surpresa:
— Então você percebeu? — riu ao perguntar isso — É porque eles não são sombras, são bem-aventurados. As histórias sobre como sombras e bem-aventurados surgiram variam de dimensão para dimensão e é extremamente confusa. No início, não havia diferença entre eles, todos viviam como iguais, todos usando o mesmo lado da energia elemental.
Os dois seguiram para se sentar em uma pequena mureta que rodeava a arena de luta, onde, de vez em quando, pai e filho travavam confrontos:
— Quando Tr— Tártaro percebeu que ia dizer algo que não devia e se corrigiu rapidamente diante do filho — Quando o Caos e a Escuridão criaram a mim, Gaia e Eos, nos criaram como bem-aventurados, mas a busca por poder de minha irmã era inesgotável. Foi então que ela descobriu um estado chamado Thalvion. Aqueles com grande poder elemental que acessam esse estado, ou que foram gerados como sombras, como você, não podem ser mortos pelos bem-aventurados. Mas nem todos os bem-aventurados podem acessar isso.
— Mas por que eu nasci como uma sombra e não como um bem-aventurado, como Hades ou Poseidon?
— Isso tem a ver com a forma como Gaia te criou. Depois que o Thalvion é acessado, não há como voltar ao estado anterior, porque ele “corrompe” o eixo. Esse bem-aventurado passa a ser uma sombra, e tudo que venha a criar a partir do momento em que acessa o Thalvion é “corrompido” pelo outro lado da energia elemental, gerando novas sombras.
— Então nascemos como sombras por causa dessa “corrupção” de Gaia?
— Exatamente. Gaia criou Urano e depois criou Cronos e Afrodite para serem filhos de Urano, todos como sombras. Como Gaia também te criou para ser meu filho, você nasceu como uma sombra. Mas quando Cronos se apaixonou por Reia, antes de destronar seu pai, seus filhos começaram a nascer como bem-aventurados, porque não eram criações de Gaia. Se uma sombra criar artificialmente alguém com seus genes, será gerada uma sombra. Se um bem-aventurado criar alguém com seus genes, será gerado um bem-aventurado. Se duas sombras gerarem alguém, esse ser será um bem-aventurado que não consegue acessar o estado de Thalvion. Se uma sombra gerar um filho com um bem-aventurado, a criança nasce bem-aventurada, mas pode acessar o estado de Thalvion para se tornar uma sombra.
Quando terminou de explicar, Tártaro percebeu que havia fumaça saindo da cabeça de Tifão, um claro sinal de que seu filho não estava entendendo nada:
— Por ser algo tão complexo, que Cronos decidiu mudar isso. Você se lembra que, quando Reia estava grávida de Hades, o rei declarou que a separação entre bem-aventurados e sombras não existiria mais como raças, mas sim por quem se alinhasse a ele ou não? Quem se aliasse a ele seria bem-aventurado, e quem se opusesse seria considerado sombra. Ele fez isso porque já sentia que seus filhos nasceriam como bem-aventurados, mas assim que segurou seu primogênito, começou a enlouquecer, assim como seu pai.
Tártaro levantou-se da mureta rindo e se lembrando da declaração de Cronos:
— O mesmo termo que define uma raça também define aliados ou inimigos de quem governa as dimensões. No fim, o que importa é de que lado da história você está. Se estiver com os vencedores, será chamado de bem-aventurado; se estiver com os perdedores, será considerado uma sombra.
Tifão, apesar de não ser o mais inteligente e, como seu pai dizia, estar sempre focado em lutar, tinha momentos de surpreendente clareza. Naquele instante, ele percebeu que algo estava errado. Sentia que seu pai não estava contando toda a verdade. Havia uma peça faltando na explicação, pois ela só fazia sentido em Elysium.
No meio de seus pensamentos, Tifão foi arrancado de sua concentração por um golpe devastador. Sem qualquer aviso, Gael manifestou uma enorme pata de energia elemental, feita de chamas roxas, que tomou forma ao redor de seu corpo, como se fosse uma extensão de seu próprio braço. A pata não só possuía o formato detalhado de um felino, com garras afiadas e poderosas, como também parecia pulsar com o poder bruto da energia elemental do garoto.
De repente, a pata avançou com uma força descomunal. Ela veio de baixo para cima, em um movimento ascendente rápido e preciso. O golpe atingiu Tifão com tanta intensidade que ele mal teve tempo de reagir. O impacto o arremessou com brutalidade para o alto, seu corpo sendo lançado violentamente em direção ao céu. A força era tamanha que o ar ao redor da sombra parecia tremer.
Ele foi impulsionado pelos ares como um míssil descontrolado, sua figura diminuindo à medida que subia, sem controle sobre seu próprio corpo diante da potência do ataque.
Tifão, ainda girando descontroladamente pelo impacto, tentou abrir suas asas para recuperar o controle antes que pudesse atingir o solo. As asas se expandiram, batendo com força contra o vento, mas o impacto o havia desestabilizado demais. Quando finalmente conseguiu desacelerar sua subida, alcançando o ponto mais alto nos céus, ele se deu conta de que já não estava mais sozinho.
Gael o aguardava, tendo alcançado aquele ponto com uma agilidade assustadora. Sem perder tempo, o garoto avançou, envolvendo Tifão com seus braços em um movimento rápido e implacável. Em um só impulso, Silva os empurrou em direção ao solo, carregando a sombra consigo. A gravidade parecia dobrar seu peso, e os dois caíam em uma trajetória vertiginosa. O ar ao redor deles cortava como lâminas, enquanto o jovem mantinha seu aperto firme. Seja lá o que estivesse controlando o corpo do garoto naquele momento, estava determinado a levar a sombra direto para o chão com um impacto devastador.
Fim do capítulo!
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