Raifurori Brasileira

Autor(a): NekoYasha


Volume 2

Capítulo 62: Reunião No Castelo

— Assassinatos em Fallen, sequestro no orfanato da irmã Rose e tropas no continente demoníaco… Ahhhh! Não sei, não sei o que fazer!

— Tá esquecendo do estrago feito pelo xará do Kurone. Você tá bem ferrada. — A bruxa debochou do rosto estressado da princesa.

— Ela precisa estar aqui mesmo?

— Desculpe, senhorita Elisabella, mas Ana é a única aventureira de confiança que conhece a situação do Kurone… quer dizer, do seu noivo. A senhorita terá que suportar ela por mais um pouco…

— Eu só tô aqui porque não quero que Grain sofra outro ataque! E que história é essa de "suportar"?! — A garota gritou indignada, apontando o indicador para Sophia.

A cena era familiar para a marquesa, duas garotas discutindo em meio a uma situação complicada, era como na vez do ataque em Grain.

— Leviathan ford Ingrid, Azazel van Elsie, Belphegor dé Halls e Nakano, o Demônio do Oriente são os responsáveis pelos problemas mais graves, temos que dar prioridade a eles — sugeriu Sophia.

— Se me permite, lady Sophia — Noah levantou a mão —, eu gostaria de sugerir máxima urgência ao problema envolvendo Kurone Nakano.

— Tsc, a essa altura do campeonato, ele deve tá a sete palmos abaixo da terra, bem melhor que a gente.

— Senhorita Ana — Elisabella elevou a voz —, devo lembrar que Kurone Nakano é o futuro rei de Andeavor…

— Sim, sim, foi mal. Eu só tô um pouco irritada com esses demônios.

Um silêncio momentâneo tomou conta da sala de reunião. O que poderiam fazer? Eram muitos problemas para poucas pessoas.

Elisabella olhou de relance para a janela à sua esquerda. Aquela era a sala de reunião na segunda torre do castelo, em frente ao quarto onde seu falecido pai costumava viver recluso. O que ele faria se estivesse em seu lugar? Phillip Andrew ford Andeavor II era conhecido por sua força insana, havia rumores sobre uma suposta batalha em que o rei Phillip derrotara, sozinho, um exército de semi-bestas.

A princesa baixou os ombros, seu pai fora um governante exemplar, enquanto ela, em suas primeiras horas, declarou guerra contra os demônios e obrigou alguém a tornar-se seu noivo para proteger a própria vida. Se pelo menos sua irmã mais velha estivesse ali…

— Tenho uma sugestão. — O homem que se manteve calado desde o início levantou a mão. Ele trocou olhares com a mestra de guilda, ao seu lado, antes de prosseguir: — Concordo com a menina Noah que a vida do jovem Kurone deve ser nossa prioridade…

— Então…!

— No entanto, não podemos apenas correr de maneira desordenada para um ponto e deixar os outros pontos vulneráveis, não é assim que se vence uma batalha.

— Qual seria sua sugestão? — Elisabella franziu o cenho. Não sabia o motivo, mas havia algo naquele homem que a deixava incomodada.

— Vamos juntar todos os inimigos em um único ponto.

— Ficou louco!? — gritou Sophia, nem ela conseguiu se conter dessa vez. — Você estava na última luta contra o Edward? Não viu aquele demônio? Eu posso afirmar que não conseguiremos dar conta de três daqueles!

— Marquesa Sophiette, se acalme por favor. — Elisabella tentou acalmar os ânimos, algo quase impossível diante daquela proposta. — Senhor Edgar, não é? Me diga, o que te garante que os demônios se reuniriam em um único ponto?

— Vocês são jovens, então não posso culpá-los por não lerem os relatórios, então farei um resumo do que percebi.

— Continue…

— Sabe o que todos os ataques têm em comum? Todos envolvem roubo. Além de sequestrar as crianças, Leviathan roubou algo de valor do orfanato, Belphegor está invadindo pequenas aldeias e surrupiando certos objetos e, se não me engano, houve também um roubo em suas terras, não foi, dona Sophia?

— Sim, roubaram um objeto inestimável… não me diga que isso tem algo a ver com os demônios?

O homem deu o silêncio como respostas e passou a refletir, alisando a barba branca. 

— O que o velho Edgar quer dizer é que podemos fazer uma arapuca para os mascarados.

O olhar de todos se dirigiu para a garota de braços cruzados ao lado da porta. Era a ex-inimiga de cabelos ruivos, Brain.

— Não precisam ficar assustados comigo, agora sou só uma cadela do Kurone, não tenho mais relações com demônios e também não quero morrer antes de ser madrinha de casamento da Amélia.

— O que isso deveria significar? — perguntou Elisabella. Ela não conseguia confiar naqueles dois. O primeiro era um homem com um ar misterioso à sua volta, enquanto a outra era uma ex-demônio com o título "Azazel van". A princesa também conhecia os sentimentos da tal "Amélia", por isso franziu o cenho ao escutar a alegação de Brain.

— Calma, calma. A princesa não chamou ninguém aqui para brigar. — Novamente, Linda interveio como mediadora da situação.

— É isso mesmo… mas quem marcou a reunião foi a marquesa Sophiette.

— Princesa, acho que está fazendo algum engano. Eu recebi uma carta sua e… Droga! — Sophia não finalizou a sentença, mas todos compreenderam a situação em segundos. Novamente foram manipulados e o pior de tudo era que…

— Aqui só tem pessoas envolvidas com o Kuroto — comentou a bruxa.

Silêncio. Ninguém moveu um músculo sequer após a fala da garotinha com um chapéu anormal. Só havia um ser com a capacidade de andar livremente por Andeavor e espalhar cartas sem ser notado.

— Temos que sair daqui. — Elisabella falou, arrumando rapidamente os papéis em cima da mesa. A imagem de Azazel van Elsie rindo de sua incompetência começou a repetir-se em sua mente. Ela estaria os vendo? Se divertindo com a maneira como foram feitos de idiota? A princesa cerrou os dentes. — Não podemos sair despreparados, pode ser uma armadilha. 

— Ela quer eliminar todos relacionados com o Kurone… — Noah olhou rapidamente para a marquesa, sinalizando algo com os ombros.

— Tem alguma passagem secreta por aqui? — perguntou Sophia.

— Sim, é para lá que vamos. Nunca usei, mas provavelmente nós não vamos nos perder — explicou Elisabella.


O grupo rapidamente se organizou e saiu da sala. Se Azazel escolhera aquele local, era porque havia preparado uma armadilha para os presentes.

A princesa, ao lado de Sophia, apontou para uma escada. Eles tentavam fazer o mínimo de barulho possível, porém, ao subirem até o andar mais baixo…

— Droga! Conhecido seu, Edgar? — A bruxa praguejou, apontando o báculo de madeira para o homem parado no outro lado do corredor.

A silhueta para ali mantinha uma postura reta, passando um ar nobre refinado. O rosto um pouco enrugado se destacava em meio às roupas negras. Na verdade, ele vestia um uniforme como o de um mordomo comum, mas o que mais chamava a atenção naquele homem era sua semelhança com o ex-aventureiro ao lado de Linda.

— Infelizmente sim. — Edgar comentou, sacando a espada que carregava na cintura. — É o meu irmãozinho. — Ele cerrou os olhos, mantendo cautela em relação ao homem se aproximando a passos lentos.

— A segurança disso aqui é uma porra! Como esses demônios conseguem invadir sem serem notados! — Ana cuspiu palavrões, tentando suprimir o medo.

— Me desculpem, — o invasor disse educadamente — mas eu não sou como a senhorita Azazel, infelizmente tive que matar todos os guardas do castelo e sujei meu uniforme no processo. É um absurdo um empregado lutar contra guardas, mas não tive escolhas.

Quanto mais o estranho se aproximava, mais a semelhança no rosto e na fala entre ele e Edgar se tornavam visíveis, porém aquele invasor emanava a presença de um demônio, como podia ser o irmão do mordomo?

— O que está fazendo aqui, Eiyan?

— Acho que cometeu um engano. É Baal, lembre-se disso, meu nome é Baal. 

Os dois continuaram encarando-se mortalmente até ficarem próximos o suficiente. Um podia sentir a respiração pesada do outro. Edgar deixou sua presença esmagadora percorrer o corredor.

— Senhoritas, vão andando, eu cuido dele. Tomem cuidado.

— Eu fico para…

— Não, deixe que o Edgar cuide dos problemas familiares dele. — Linda segurou o ombro de Sophia. — Sem falar que precisaremos do seu poder, esse invasor não está sozinho.

— Tem razão. — A marquesa olhou uma última vez antes de virar as costas e deixar a luta para Edgar.


Quando o som do impacto de dois corpos se chocando reverberou pelas paredes do castelo, o grupo liderado por Sophia já estava próximo da entrada secreta. Linda mantinha uma expressão desconfortável no rosto, afinal ela deixara Edgar para trás.

— É logo ali! — A princesa apontou para um quarto estreito. Realmente ninguém desconfiaria que era ali a saída de emergência.

— Para onde vão tão apressadas? — A silhueta saltou e caiu entre o grupo e o quarto estreito. — É um prazer reencontrá-los.

— Raul…

— [Earth Spike]! [Earth Spike]! [Earth Spike]! [Earth Spike]! [Earth Spike]! [Earth Spike]! — Antes de Sophia falar qualquer coisa, Noah atirou como uma metralhadora no garoto à sua frente.

Espigões de terra iam atingir impiedosamente o corpo do jovem. A empregada não baixou a guarda e continuou olhando furiosamente para o adversário, pronta para lançar uma segunda salva de espinhos.


— Baal e Raul vão cuidar de tudo por aqui, pronto para ir?

— Sim, sim. Sempre quis visitar Eragon. — E assim dizendo, Edward Soul Za segurou a mão de Azazel van Elsie e ambos desapareceram sem deixar rastros.



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