Rei das Sombras Brasileira

Autor(a): Genji


Volume 1

Capítulo 11: O Selo

 

Após a coroação de Hestia, ela se reuniu com Annaelia em uma sala no castelo onde não podiam ser interrompidas. 

O assunto, claro, envolvia Galrian e sua relação com a rainha de Atalanta. Kay, o comandante, também estava presente, curioso sobre o estado do seu ex-aluno.

 As duas mulheres se encaravam em silêncio enquanto Kay observava.

— Como conhece o Galrian? — falou Hestia.

— Ele viajou para Atalanta em busca da Umbra da Noite.

— E já está se jogando em cima dele? — Hestia cruzou os braços e fechou os olhos.

— Ele é o Rei das Sombras, várias princesas e rainhas vão se jogar em cima dele.

— Tsc.

— Majestade, como ele está? — indagou Kay.

— Ele está nos observando. Por que não pergunta diretamente a ele?

[...]

Eu estava realmente de vigia para descobrir o que eles estavam a procura.

 Suspirei e levantei-me do trono, estendi minha mão para abrir um portal de sombras.

 Isael se aproximou, e o puxei junto para visitarmos o comandante Kay, já que ele não o havia visto desde que se casara.

Emergimos do portal, os três nos olharam enquanto saíamos da sombra.

 O comandante abriu um sorriso e nos abraçou como se fôssemos filhos que não via há anos.

— Galrian... Isael — disse Kay, enquanto olhávamos. — Fico feliz que estejam bem.

— Que história é essa de dar ao Adrian o comando do exército real? — Isael encarou-o. — E que soldados fracos, no nosso tempo, eram mais fortes.

— Desculpem, mas não tive tempo de treiná-los.

— Kay está ocupado me ajudando a encontrar o responsável pelo assassinato do meu pai — explicou Hestia.

— Ué, achei que você me visse como o assassino — apontei para o meu rosto. — Afinal, você até cuspiu na minha cara.

— Que falta de classe para uma rainha — comentou Annaelia.

— Eu estava irritada, está bem? Foi um choque muito grande.

— E onde está o seu noivo? — Isael a olhou. — Parece que ele mesmo não se importou em vir parabenizá-la.

— Calado.

— Onde está a minha antiga espada? — Fixei meus olhos em Kay.

— Está sob minha posse — Hestia cruzou os braços, um sorriso surgiu em seu rosto.

Mudei meu olhar para ela e, em seguida, para o Comandante Kay, dizendo:

— Preferiria que ela tivesse sido queimada.

— O que?! — Hestia me encarou. — Você me odeia? Sabe que eu te adoro.

— Sentimentos de uma rainha que cospe na cara dos outros sem ao menos ouvi-lo, eu ignoro. — Virei meu rosto para o lado.

— Acho que nem a Johanna recebeu um tratamento tão cruel — Falou Isael enquanto observava.

— Quando se tornou tão frio?! — Os olhos de Hestia se encheram de lágrimas.

Coloquei minhas mãos sobre os ouvidos para não ouvir ela.

— Ei! Não se faça de surdo!

Na verdade, não estava chateado porque ela havia me desprezado, mas sim por ela ter me deixado pelo Adrian e só ter pensado nela.

— Quando será o casamento, Hestia? — Falou Annaelia.

— Não vai ter casamento até eu achar o assassino.

— Seu pai parecia conhecer o assassino — Removi as mãos dos meus ouvidos. — Afinal, ele disse: “Você...” “Galrian, proteja a minha filha.”

— O que? — Seu rosto ficou corado. — Ele disse isso?

— É... mas não vou cumprir isso. Não tenho mais nada a ver com Luminara.

O brilho nos olhos de Hestia desapareceu ao me ver dizer aquilo, o capitão mais forte do reino agora não se importava com ele.

— Eu não vou devolver sua espada — ela baixou a cabeça.

— Quem se importa — coloquei a mão sobre o meu cabelo. — Faça o que quiser com ela.

— Esses dois... — Isael observou ambos.

— Por que não quebra o acordo de noivado? — Disse Annaelia.

— Até parece — ela sorriu. — Eu me importo mais com o reino do que com os sentimentos desse lixo.

Meus olhos se arregalaram ao ouvir aquilo.

— Para mim, tanto faz... — ela ergueu a cabeça. — Pode ficar com ele. Afinal, o Adrian é superior ao Galrian, muito melhor do que ele. Ele não precisa da magia das sombras para provar que é o melhor marido do mundo.

— Olha como fala com o meu melhor amigo, Hestia — Isael a encarou irritado.

— Tudo bem — Baixei minha cabeça. — Se é isso que ela pensa de mim, tudo bem.

— Galrian... — O Comandante Kay moveu seus olhos na minha direção.

— Vamos retornar. — Caminhei de volta para dentro do portal.

De volta ao castelo, eu coloquei a mão sobre o meu peito Enquanto derramava lágrimas

 Isael e Annaelia emergiram do portal de sombras, que se fechou. Os dois se aproximaram de mim, mas apenas dei um sorriso para eles, Annaelia me abraço, ela me apertou e senti um grande conforto.

[...]

 

— Aquilo foi muito cruel — disse Kay.

— Não me importo, ele começou a agir todo orgulhoso só porque é o rei das sombras agora — falou Hestia.

— Ele só parecia chateado pelo o que você fez.

— Ele tem que ver o meu lado também. Adrian estava por perto e eu tinha que demonstrar alguma reação.

— Então foi por Adrian que você não quis ouvir?

— Sim, foi por ele — Hestia olhou em direção a Kay. — Ele logo vai ser coroado, e logo você vai está seguindo as ordens dele.

— Desculpe, Majestade — Kay decepcionado arrancou o broche real.

— O que você está fazendo? — Hestia olhou desesperada.

— Quando Adrian assumir o trono, eu estarei sendo substituído. Criei Galrian como um filho quando o mestre Aric e sua esposa faleceram. Aquele tratamento que você deu a ele hoje, eu não posso perdoar — ele estendeu a mão com o broche para ela.

— Eu só confio em você! Não pode deixar o Reino agora que eu assumi o trono! O papai confiava em você e... — Ela virou o rosto — e no Galrian.

Kay pegou a mão direita de Hestia, abriu e colocou o broche na mão dela.

— Eu peço desculpas a Galrian. É isso que você quer? — ela sorriu.

No momento que Kay iria dar sua resposta, Adrian entrou na sala.

— Querida! — ele estava todo feliz. — Achei um reino que declarou guerra contra o Galrian e fiz uma aliança com ele para nós juntarmos.

— O que?! — Kay e Hestia reagiram.

 

[...]

Eu estava de cabeça baixa enquanto caminhava pelos corredores do castelo.

 Diferente do que era à noite, os candelabros não estavam acessos, e assim os corredores ficavam com um ambiente sombrio até mesmo de dia.

 Passei por Lira, que estava sentada enquanto olhava um livro com figuras. Ela ao levantar os olhos em minha direção se assustou.

— M-majestade — ela largou o livro e se ajoelhou — M-me desculpe por não estar no trabalho. E-e que a minha irmã e a senhorita Arya foram limpar a prisão do castelo, e como era perigoso, elas me liberaram do trabalho.

Sua voz era trêmula. Acho que ela está com medo de que eu a castigue por isso.

— Não se preocupe com isso — me ajoelhei na frente dela — Não vou castigá-la.

— P-por que? — ela estava confusa.

— Porque você não tem o direito de castigá-la. Vocês não são escravas, são moradoras aqui, portanto, vocês podem fazer o que quiserem — coloquei minha mão sobre a cabeça dela. — Como estão indo os estudos com a Jules?

— Bem, é fácil de entender — ela deu um sorriso inocente.

— Entendi. E que livro é esse? — apontei para o livro.

— É um livro ilustrado, conta a história de uma princesa da nossa raça — ela ergueu a capa do livro para mim.

— É, parece interessante — sorri para ela.

— Majestade, o senhor parece triste.

É difícil esconder algo de uma criança esperta; fingir estar feliz não me ajudou em nada.

— Eu...

— Majestade! — disse Luna enquanto se aproximava de mim desesperada — encontramos uma passagem na prisão do castelo.

— Passagem? — me levantei.

Ela acenou com a cabeça.

— Me leve até lá.

— Me siga — ela correu na direção.

Como ela havia me dito, a segui. Descemos as escadas iluminadas por tochas, e logo estávamos em um local com várias celas.

 Avistei Arya, que estava próxima a uma entrada localizada nas paredes de pedras. 

Me aproximei e olhei em direção; havia uma escada que desaparecia na escuridão a partir do sexto degrau.

— O que acha que é? — disse Arya.

— Essa resposta é fácil — peguei uma tocha e estendi em direção a Arya.

Ela acendeu a tocha, e desci as escadas enquanto pegava a umbra da noite em minhas mãos.

— Tome cuidado, Majestade — falou Luna.

Eu comecei a descer cada degrau enquanto a tocha iluminava minha visão. 

Ao descer o último degrau, encontrei uma caverna que me levou a algo que parecia ser uma porta com um símbolo que eu nunca havia visto antes. 

Havia também um altar, e me aproximei dele, percebi que havia 6 espaços para colocar itens específicos.

— Parece que você achou o local onde estamos seladas — disse a voz de Nix.

— Então o selo está debaixo do castelo?

— Sim, para que aqueles que desejam libertá-la não tenham sucesso.

— O que são esses espaços em cima do altar?

— São as 6 chaves para libertar a rainha dos demônios — disse Nix.

— Por que 6? — iluminei a porta com a tocha novamente. 

— Ryen selou as 6 comandantes da rainha dos demônios com itens específicos. 

— Entendi — movi a tocha em direção ao altar. 

— Tome cuidado, sinto que há alguém com poder demoníaco próximo a você. 

— Um dos meus aliados? 

— Um dos seus inimigos. 

— Certo, terei cuidado. A propósito, por que o Ryen retornou para o mundo dele? Queria perguntar isso a ele, mas esqueci. 

— essa resposta, é simples, o Ryen e seus dois amigos estavam com saudades de casa, você não terá esse sentimento, pois você nasceu aqui.

Suspirei e retornei para onde Arya e Luna estavam. As duas estavam preocupadas sobre o que tinha lá embaixo.

— Reúnam todos na sala do trono – assoprei a chama da tocha, e o fogo foi apagado. 

— Sim, majestade — Luna se curvou.

Saí da prisão e me dirigi à sala do trono, me sentei no trono e aguardei todos se reunirem.

 Em questão de minutos, Arya, Isael, Jules, Johanna, Luna, Lina e a Rainha Annaelia, que ainda estava no castelo pois iria embora apenas amanhã, perceberam que eu estava bastante sério.

— Reuni todos vocês aqui porque Arya e Luna acharam uma entrada para o subterrâneo do castelo. 

— Não me diga que achou ouro no subterrâneo? — disse Isael. 

— Não, algo pior. Achei o local em que a rainha dos demônios está selada. 

— O que?! — todos expressaram simultaneamente. 

— É, a rainha dos demônios está abaixo de nossos pés junto de Nix.

— O Ryen era esperto; ele a selou embaixo do próprio castelo para não ter risco de alguém achar — Annaelia sorriu.

Isso me deixou surpreso, mas era óbvio que ele iria selar debaixo do castelo dele, era o único local em que ele poderia vigiar o selo sem se preocupar.

A porta da sala do trono se abriu de repente, e todos nos viramos em direção. 

Para a minha surpresa e a de Isael, era o ex-comandante Kay. Ele começou a caminhar em nossa direção.

Isael, Jules e Johanna se moveram para o lado direito, Arya, Luna, Lina e Annaelia se moveram para o lado esquerdo. Ele se ajoelhou e baixou a cabeça.

— Galrian... temos um problema... – ele falou com sua voz preocupada. 

— Erga sua cabeça. 

— Adrian... ele fez uma aliança com o reino de Hilusia — ele ergueu a cabeça — para uma guerra contra o rei das sombras.

— O que? Aquele maldito quer me tirar do mapa mesmo. 

— Por que Hilusia começaria uma guerra sabendo que irá perder? — disse Johanna. — Os reinos estão ao lado do Galrian. 

Algo em mim dizia que tinha algo de errado. Não sabia quem era o rei ou a rainha de Hilusia, então não poderia ir lá resolver as coisas na base da conversa.

 Mas tinha alguém que podia marcar uma reunião com o monarca de lá. Fixei meus olhos em Annaelia; nossos olhos se encontraram e ela cruzou os braços. 

— É uma rainha também. Os reinos são divididos pelo oceano. Deste lado, há 3 rainhas e dois reis; já os reinos que fazem fronteira com Atalanta são 4 rainhas e um rei — falou Annaelia. 

— Será que você pode... 

— É claro que posso. Vá para Atalanta em dois dias.

 



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