Rei das Sombras Brasileira

Autor(a): Genji


Volume 1

Capítulo 22: Dragões Sagrados

 

Algumas horas de viagem foram suficientes para a carruagem me levar até a fronteira entre Ymir e Hilusia. 

Dali em diante, eu seguiria a pé, ou pelo menos era o que eu pensava que faria. Várias mulheres com armaduras me cercaram e apontaram lanças e espadas para mim. 

Essa visão me lembrou da vez em que entrei no castelo de Luminara enquanto era procurado.

Ergui meus braços para cima enquanto elas me encaravam com olhares furiosos. 

Poderia ter acabado com todas elas se quisesse, mas achei melhor seguir o curso dos acontecimentos.

— Levem-no para vossa Divarae — disse uma delas.

— Divarae? — murmurei enquanto mantinha os braços erguidos. A palavra “divarae” significava deusa. Ela basicamente chamou a rainha de deusa?

De repente, algo atingiu a parte de trás da minha cabeça, uma delas havia me acertado, ela me fez desmaiar.

Abri os olhos momentos depois e percebi que meus braços estavam presos em correntes.

 O local em que eu estava parecia uma espécie de castelo em ruínas, e à minha frente estava a mulher de cabelos pretos e olhos roxos, ao lado do homem de cabelos azuis, cuja expressão era de vergonha.

— Que droga! — tentei quebrar as correntes enquanto ela me observava.

— Bem-vindo a Ymir, rei das sombras — disse ela — sou Ariella Stormweaver.

— Galrian Wolfhart — tentei puxar a corrente do meu braço esquerdo — e não é assim que se trata um convidado, Ariella!

— Você não é meu convidado, você é o almoço para os meus bichinhos.

— Então era isso que você queria? — encarei ela — Me fazer de lanchinho para esses bichinhos?!

— Creio que a rainha de Hilusia contou como tratamos homens aqui.

— É... e ainda me recuso a comentar sobre como isso é horrível. Olhe em volta. Se eu usasse uma simples esfera de sombras, este castelo iria ao chão.

Quem diria? No final, era só uma armadilha. Eu não queria utilizar a forma de demi-humano para sair daqui, mas pelo rumo que isso caminha, parece que não há outra saída.

— Levem-no para a masmorra.

— Nem em um milhão de anos! — Meus olhos se tornaram amarelos, as orelhas e cauda de lobo apareceram. Puxei a corrente que segurava meu braço esquerdo, ela se quebrou, e as soldadas se aproximaram. Usei as correntes como uma espécie de chicote para afastá-las — para trás!.

Quebrei a corrente que prendia meu braço direito, e as correntes foram corrompidas com sombras.

 Bati com as correntes em direção ao chão e uma enorme onda de sombras varreu as soldadas que se aproximavam de mim.

— Não deixem ele escapar! — ordenou Ariella.

Usei a corrente que estava presa ao meu braço direito para prendê-la em uma decoração de cabeça de dragão acima da vidraça.

 Balancei-me com as correntes e finalmente quebrei a vidraça, enquanto usava as correntes como uma espécie de cipó para me mover pela cidade enquanto balançava.

— Isso é uma loucura! — comentei enquanto usava as correntes para me deslocar pela cidade.

Ao contrário de outros reinos, percebi que algo estava errado neste. Homens estavam como escravos de mulheres, que pareciam ser da nobreza, e as que não eram estavam muito melhores que os homens. Parei acima de uma das casas enquanto tentava observar com mais atenção.

— Ali está ele.

Ao olhar em direção à voz, avistei várias soldadas montadas em dragões. Enrolei as correntes e comecei a dar passos para trás. 

Como uma flecha disparada de um arco, meu corpo tomou um impulso e, por um momento, comecei a planar sem as asas de sombras. 

Antes de cair em direção ao chão, usei a corrente do meu braço esquerdo para me pendurar e comecei a me balançar pela cidade enquanto era perseguido pelas soldadas em seus dragões.

Uma delas se aproximou de mim. Girei meu corpo, e a corrente do meu braço esquerdo se prendeu no pescoço dela. Puxei-a enquanto a derrubava do dragão. 

Montei no dragão e as pontas das correntes se transformaram em adagas. Fiquei de pé enquanto duas soldadas voavam ao meu lado.

— É disso que estou falando. — Dei um sorriso.

Balancei as correntes em direção à que estava ao meu lado direito, e a ponta perfurou o braço dela.

 Me joguei do dragão e ela veio junto comigo. A ponta desapareceu, ela caiu em direção ao chão enquanto pegava o dragão em que estava montada. 

Usei a corrente do braço direito para decapitar o dragão do meio enquanto mais duas soldadas se aproximavam. Fiquei surpreso ao ser cercado e olhei em volta procurando uma abertura.

— Se renda, rei das sombras. — Falou a que estava atrás de mim.

Me virei e a corrente criou uma ponta. Arremessei a corrente em direção a ela, e a ponta perfurou seu ombro. Ela soltou um grito de dor.

— Vem... aqui! — Puxei a corrente, e a soldada veio em minha direção.

Chutei o rosto dela e a arremessei em direção ao chão. 

As duas que restaram olharam sua companheira se quebrar toda no chão.

 Não queria usar tanta violência principalmente com mulheres, mas ou é isso ou virar comida de algo que provavelmente seria um dragão.

Olhei para as duas e fiz as correntes acertarem os dragões. As duas caíram em direção ao chão.

 Enquanto olhava para trás, baixei a guarda e ao virar para frente, fui acertado por uma soldada que utilizava uma arma com bolas de espinhos, um mangual. Antes de cair em direção ao chão, usei as correntes para me segurar.

— Isso realmente doeu. — As correntes desapareceram, e caí em pé em direção ao chão enquanto colocava a mão sobre a cabeça.

Mais soldadas me cercaram, e ao analisar a situação, dei um soco no chão. Uma onda de sombras varreu-as para longe comecei a correr ainda desnorteado.

 Ao tentar fugir, entrei em uma estalagem e para minha surpresa, havia várias aventureiras. Elas me olharam de cima a baixo e se levantaram enquanto pegavam suas armas.

— Temes mulheres, homem de roupas pretas? — disse uma de cabelos brancos, ela apontou sua espada para mim.

— Convivo com três, mais a esposa do meu amigo, e acredite, nem elas me põem medo.

Todas avançaram em minha direção, e uma batalha começou. Usei a espada de sombras para defender todos os ataques. Como eram muitas, utilizei o método de desmaio e nocaute. No fim, só restou eu e a de cabelos brancos.

— Esse poder... é do Rei das Sombras, não é? — disse ela, olhando-me.

— É. Interessada?

— Se você for bom na cama como luta, talvez eu pense na situação.

— Até quando vão tratar homens como objetos?

Ela investiu, enquanto balançava sua espada habilmente. Seus movimentos eram incríveis, muito melhores do que Hestia e Arya. Defendi e a encarei.

— Você me deixou impressionado.

— Quer dançar mais um pouco? — ela soltou um sorriso provocativo.

— Talvez... — bati com o pomo da espada na cabeça dela, e ela desmaiou em meus braços — Da próxima vez.

Coloquei-a com cuidado no chão e me aproximei do balcão. Atrás dele, havia vários tipos de bebidas.

 Enquanto passava os olhos, as soldadas arrombaram a porta e adentraram. Olhei para elas e peguei uma das garrafas que lancei em direção a elas. Corri em direção à porta dos fundos, chutei-a e saí, continuei a correr pela cidade.

— Certo, preciso abrir um portal de sombras e voltar para Hilusia.

Uma flecha atingiu meu pescoço, e caí de joelhos no chão. Puxei a flecha, e minha visão começou a ficar embaçada. Fechei os olhos e desmaiei.

Ao despertar, senti um cheiro desagradável. Ao abrir os olhos e olhar na direção, avistei um olho alaranjado que me encarava. Ao me levantar, percebi ser um dragão de escamas negras. 

Ao arregalar os olhos e me afastar, encostei em algo. Movi meus olhos para cima e havia um dragão branco com olhos azuis.

— Onde estou?

Mais dois dragões apareceram e me cercaram. Parecia que fui literalmente jogado na cova dos leões, ou melhor, no covil dos dragões. 

No fim, era isso que Ariella queria dizer com servir de almoço para os bichinhos dela.

 Suspirei e estendi meu braço, enquanto a espada de sombras surgia em minhas mãos. 

Apontei a espada em direção a eles e me preparei, luzes à base de mana acenderam, eu estava em uma arena com as arquibancadas cheias de mulheres, e Ariella estava sentada em um local visível.

— Senhoritas e senhoras, é com grande alegria que teremos uma enorme luta hoje — disse Ariella — Galrian Wolfhart, o rei das sombras, contra os dragões mais poderosos do reino. 

Os quatro dragões tinham nomes: o preto era Fafnir, o branco Tiamat, o verde era chamado Nidhogg, e o vermelho era Bahamut. Um plano passou pela minha cabeça, mas não podia colocá-lo em prática ainda; antes, precisava ver o quão poderosos eram esses quatro dragões.

— Comecem! — falou Ariella.

Os dragões avançaram em minha direção, e desviei habilmente de todos eles. 

Os quatro abriram suas bocas e dispararam esferas de cada elemento: fogo, raio, pedra e o negro uma chama azul. 

Saltei e olhei para Ariella, que sorria friamente. Meu plano era trazer os dragões para o meu lado e para isso usaria as sombras como fiz da última vez.

— Bom, vamos começar pelo preto — caí de frente para ele — tu és aquele que obedece alguém de coração completamente corrompido.

— O que ele está fazendo?! — murmurou Ariella.

— Tu és digno, e ela não merece tua dignidade — estendi meu braço para ele e a aura de sombras o cercou — obedeça-me como seu novo rei e juntos... vamos incendiar este mundo!

Fafnir soltou um enorme rugido enquanto estava sob meu controle. Olhei em direção aos outros três e percebi que seria difícil corromper todos eles.

— Fafnir! Devore! — disse Ariella.

— Fafnir... — um sorriso apareceu em meu rosto — queime este mundo agora!

Fafnir abriu suas enormes asas e disparou uma rajada de fogo misturado com sombras.

 Ele mirou para o teto e abriu um buraco enorme, suficiente para ele passar. Baixou a cabeça para que eu o montasse, e assim eu fiz. 

Ele levantou voo e passou pelo buraco, enquanto Ariella ficava cada vez mais desesperada.

— Atrás deles! Se Fafnir escapar, teremos problemas! — disse Ariella.

Enquanto voávamos, avistei aquele homem de cabelos azuis que fazia sinais para mim. Fafnir pousou à frente dele, e eu o olhei.

— Rei das sombras, me chamo Valorian — ele disse — como conseguiu domar Fafnir?

— É uma longa história, mas o que quer está atrasando minha fuga.

Para minha surpresa, ele me instruiu a voar o mais alto possível, já que os dragões que o exército usava apenas voavam baixo. 

Essa informação me ajudaria muito. Fafnir subiu cada vez mais alto enquanto voávamos em direção a Hilusia.

[...]

Todos estavam reunidos em Hilusia, preocupados com o desaparecimento de Galrian. Hestia estava com um olhar irritado em direção a Elowen, que apenas olhava para o lado. Lycan ergueu suas orelhas ao sentir a mana de Galrian se aproximar.

— Elowen, sua idiota — Hestia se aproximou dela.

— C-calma, o Galrian já deve vir — disse Elowen, tentando acalmar Hestia.

— Vir como?! — Hestia encarou ela — Montado em um dragão?!

Nesse momento, Fafnir atravessou o teto de vidro acima deles, quebrando-se. Isael abraçou Jules para protegê-la, enquanto as meninas ergueram barreiras. Ao olharem na direção, avistaram um dragão que emanava sombras e, em cima dele...

[...]

Eu estava montado em Fafnir. Desmontei dele e saltei em direção ao chão. Isael soltou Jules e se aproximou de mim, surpreso ao ver o enorme dragão.

— Isso foi um presente ou...

— Na verdade, roubei — falei, olhando para Fafnir — não é?

O dragão balançou a cabeça, como se tivesse entendido . Jules se aproximou de mim, perplexa.

— Um lobo? Ok, mas um dragão já é demais.

— Ouçam com atenção. A Ariella estava querendo me usar como alimento de dragão, então tive uma ideia.

— Que ideia? — disse Elowen.

Minha ideia era trazer todos os dragões para fortalecer o exército de Hilusia, e para isso, decidi tomar Ymir.

— O que?! Tomar Ymir? — disse Arya, surpresa.

— Sim — olhei para eles enquanto apontava para Fafnir — Não querem dragões?

Eles pensaram um pouco e logo responderam todos ao mesmo tempo:

— É hora de tomar Ymir!

Certo... Vamos conquistar um reino governado por uma rainha louca com síndrome de deus

 



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