Rei das Sombras Brasileira

Autor(a): Genji


Volume 1

Capítulo 4: A Invocação do Medo

 

O que farei agora? Essa pergunta é simples de ser respondida; só preciso segurar o exército e ser capturado para que Arya, Jules e Isael possam viver livres.

Eles estão aqui por minha causa, então é preciso me sacrificar por aqueles que ofereceram ajuda para mim.

— Escute, Isael — comecei a falar — não temos mais tempo, então deixe-me explicar. Eu vou me entregar, então proteja Arya por mim, ok?

— O que?! Eu me recuso — disse Isael — não vou deixar meu melhor amigo ser capturado e morto por um crime que não cometeu.

Aquilo era algo nobre, mas definitivamente não podia deixar meu amigo ter sua vida pacífica destruída por minha causa.

— Ouça, Isael, eu não quero que a sua vida pacífica com Jules acabe. Sua fazenda será destruída, e se isso acontecer, eu vou me culpar — encarei ele.

— Não me importo com isso, seu idiota. Você me ajudou demais. Se não fosse por você, eu não teria nada aqui. Com certeza, Jules preferiria perder tudo do que ver você, a pessoa que mais me apoiou nesta vida, ser morto por um crime que você não cometeu.

Isael...

— Ele tem razão — Jules falou enquanto se aproximava com Arya.

Esses dois idiotas estavam realmente prontos para deixar tudo de lado pela minha vida.

— Eu vou lutar junto — disse Isael, e após isso, ele fixou seus olhos em Jules — Querida, use sua magia de cura para nos curar, eu e Galrian.

— Precisamos de uma distração.

— Deixe isso comigo — falou Arya.

Nós dois nos posicionamos em frente à porta. Eu coloquei minha mão sobre a porta direita e Isael pôs na porta esquerda.

 Um, dois e três. Empurramos a porta e saímos para o lado de fora, encontrando quase 200 soldados com lanças, espadas e arcos. 

Meus pulmões se encheram de ar, e Isael assumiu sua posição de combate, luvas e botas surgiram em suas mãos e pernas.

— Isso é raro de se ver — disse um homem de cabelos castanhos, olhos azuis e sardas em seu rosto — o ex-capitão, Galrian Wolfhart, ao lado do vice-capitão, Isael Ravenwind.

— Vejo que o fracassado está onde sempre quis — provocou Isael.

— Sim... — o homem abriu os braços para os lados — fui escolhido e ordenado pelo nosso futuro rei, Adrian, a caçá-lo.

Não foi a Hestia que mandou ele aqui, Foi o Adrian.

— Oh... isso que eu chamo de um desenvolvimento interessante — falei, e um sorriso apareceu em meu rosto.

— Entregue-se, Galrian! E assim não terei que usar a força.

— Eu... me recuso....

Esferas de fogo surgiram do céu e colidiram com o exército, uma das muitas magias de fogo de Arya. A poeira cobriu a visão do exército, uma distração perfeita. 

Quando a poeira se dissipou, o capitão olhou em direção à casa. Isael emergiu da fumaça e acertou um soco no rosto dele. 

Eu surgi da fumaça com a espada de sombras em mãos, cortei o ar e decapitei um dos soldados como se fosse um monstro qualquer, não um dos meus colegas do exército.

Isael avançou com chutes e socos nos soldados. No passado, Isael e eu éramos os mais fortes do exército. Inimigos que tentavam lutar contra o reino eram forçados a recuar quando percebiam que o esquadrão formado por mim e Isael estava no campo de batalha. 

Éramos imparáveis. Se eu já era temido antes sem esse poder, imagine agora com o poder das sombras.

— Tsc... isso é impossível — disse o capitão, dando passos para trás.

Me teletransportei para trás dele. Ele se virou e arregalou os olhos ao me ver.

— Deveria ter pensado duas vezes antes de trazer o exército real para enfrentar os dois que, quando se juntam, nem mesmo o comandante Kay pode vencer.

— Galrian!! — ele gritou, enquanto sua espada cortava o ar em minha direção.

— Idiota — segurei a lâmina e a destruí apenas com a minha mão — eu não sou mais o mesmo, mas imagino que o Adrian ainda não saiba.

— O-o que você...

— Durante a minha fuga, eu me tornei o rei da lenda, eu me tornei o rei das sombras.

Eu não queria utilizar esse título ainda, estava me opondo a ele até chegarmos no castelo, mas agora era preciso.

— I-impossível...

— Entregue um recado ao Adrian.

— O que? — ele começou a tremer.

— Que se ele mandar mais soldados, irei pessoalmente até ele e o farei se arrepender por ter tomado a Hestia de mim, ok?

— S-sim, senhor....

Sorri e me movi para o lado. Ele arregalou os olhos ao ver o punho de Isael se aproximar e atingir o seu rosto novamente. 

O som de ossos quebrando ecoou, e o impacto o arremessou a metros de distância. Os soldados ficaram assustados enquanto observavam.

— Certo, quem quer ser o próximo? — disse Isael com um sorriso no rosto.

Os soldados se viraram e começaram a correr desesperados. Eu me aproximei de Isael, e olhamos para cima, notando algumas bolas de fogo indo em direção à casa. 

Ambos nos desesperamos e seguimos as bolas de fogo até elas caírem sobre a casa, que foi destruída com o impacto.

— Jules!

— Arya!

— Estamos bem! — disse Jules, com uma barreira ao redor.

— Tsc — Isael se virou para ir até o local de onde as bolas de fogo vieram.

Estiquei meu braço e caminhei em direção ao local sozinho. Ele se virou para verificar se as duas estavam realmente bem. 

Saltei para cima do galho de uma das árvores e comecei a me esgueirar pela floresta. 

Para uma pessoa normal, andar à noite por uma floresta era impossível, mas para mim, era como se estivesse de dia; aparentemente, essas habilidades também me davam a oportunidade de enxergar no escuro.

 Logo cheguei ao local de onde as esferas de fogo haviam sido invocadas e encontrei cinco homens com mantos azuis e capuzes cobrindo seus rostos.

— Então, além dos soldados, também enviaram magos? Tive uma ideia — murmurei para mim mesmo.

Saltei para o chão, me escondi atrás da árvore, agachei-me, pus minhas mãos sobre o chão, e a magia de sombras percorreu, prendendo os magos em uma espécie de caixa feita de sombras. Encostei-me sobre a árvore e resolvi esperar alguns segundos.

                         [...]                                                        

Dentro da caixa, estava um ambiente escuro; a visão era quase impossível e os homens logo estavam desesperados. Duas luzes vermelhas brilharam sobre o breu intenso. 

Os homens puseram seus olhos na direção, pensando ser a saída, mas suas ideias foram frustradas quando as luzes se tornaram cada vez mais altas.

— O-o que é isso? — disse um dos magos, Com uma bola de luz ele apontou em direção.

Eles arregalaram seus olhos ao verem uma criatura bípede com pelagem negra e uma cabeça que parecia ser de um crânio com chifres de galhos.

 A criatura começou a atacá-los ferozmente com suas garras; como lâminas afiadas, seus dedos atravessaram o corpo dos homens.

                            [...]

 

— Bom, acho que cansei de esperar — falei e estalei meus dedos.

A caixa desapareceu, e os magos caíram. Me aproximei deles para saber como estavam e para a minha surpresa, eles haviam morrido. 

Dei uma olhada em seus corpos e percebi que não havia nenhum sinal de ferimento, além de um cheiro forte de urina. 

Parece que esses caras viram algo muito assustador dentro daquela caixa de sombras para morrerem de medo. Minha

curiosidade em relação à caixa de sombra havia se tornado maior, mas não queria descobrir o que tinha dentro dela. Afastei-me dos corpos e os deixei ali mesmo na floresta.

Retornei para a fazenda novamente e encontrei Jules e Isael vestidos com suas roupas de aventureiros. 

Jules estava com um manto azul escuro, e Isael usava um casaco roxo e calças pretas. Ao lado deles, Arya segurava a minha capa.

— Então, o que acertou a casa? — disse Isael, enquanto se virava para mim.

— Alguns magos. Resolvi testar uma magia, mas parece que eles morreram de susto.

— Morreram de medo? — disse Jules, surpresa.

— Eles haviam se mijado nas calças.

— Que tipo de magia é essa? — Arya falou, curiosa.

— Não faço a mínima ideia. É como se fosse uma caixa feita de sombras. Seja lá o que tiver lá dentro, eu não quero me encontrar com ele.

— Bem, a casa, a fazenda, foi destruída. Sabe o que isso significa? — falou Isael, enquanto colocava seu braço em volta do meu pescoço.

— Que vocês vão ter que se mudar? — estreitei meus olhos.

— Não, que agora podemos te acompanhar nessa jornada. — Isael sorriu e me deu um soco no meu braço direito.

— Então, se apressem. — Me afastei de Isael e fui até Arya.

Peguei a capa, coloquei-a, prendi com o broche do lobo e pus o capuz sobre a minha cabeça.

— Porque já estamos de saída. — Sorri.

Comecei a caminhar em direção à floresta, seguido por Arya, Jules e Isael. Meu grupo se tornou maior, e agora, além de Arya, também havia meu melhor amigo e sua esposa.

 A cada vez, estávamos nos tornando um grupo forte.

                        [...]

Adrian estava sentado no trono que antes pertencia ao pai de Hestia. Ela empurrou as portas e entrou, ficando surpresa ao encontrar seu noivo sentado sobre o trono real. Ela se irritou, aproximando-se dele.

— O que acha que está fazendo? — falou ela, enquanto colocava suas mãos na cintura.

— Treinando para quando eu for o rei, junto com você, minha querida.

— Saia daí — Hestia apontou para fora — esse trono será removido, já que apenas o papai poderia se sentar nele.

Adrian se levantou, caminhou até Hestia e ficou de frente para ela. 

Ele deslizou a mão sobre o rosto dele e a beijou. Hestia ficou bastante enojada, mas não podia dizer nada por ser o seu noivo. 

De repente, um soldado abriu a porta, estava com sua respiração ofegante. Adrian e Hestia olharam em sua direção.

— Majestade... — ele disse enquanto respirava — a missão fracassou.

— O que?! — reagiu Adrian irritado.

— Que missão? — Hestia olhou para os dois.

— A missão de matar Galrian...

— O que?! — Hestia encarou Adrian — o que eu disse a você? Que era só para ir atrás do Galrian quando os alquimistas tivessem a certeza de que não era ele.

— Querida, mas eu...

— Não venha com essa de querida — Hestia olhou para o soldado — o que aconteceu?

— O ex-capitão Wolfhart estava junto do ex-capitão Ravenwind. Eles deram uma surra no capitão e forçaram a gente a recuar.

— Isael e Jules ajudaram ele... — Hestia estava escondendo sua felicidade por causa de Adrian.

— Ponha os dois como traidores também — ordenou Adrian.

— Sim, senhor — o soldado se retirou.

— Está ficando louco?! — disse Hestia — não pode rotular Jules e Isael como traidores.

— Eles ajudaram Galrian, isso já é um sinal de traição.

Hestia percebeu que seria impossível argumentar com seu noivo. 

Ela se virou e saiu da sala do trono. 

Ao sair de lá, Kay estava a aguardando, começando a acompanhá-la até o escritório real.

— Alguns dos meus soldados presenciaram a batalha — disse Kay — como esperado do capitão do exército real e seu vice-capitão.

— Galrian e Isael são poderosos demais. Papai triunfou sobre muitos inimigos usando as habilidades dos dois. Mesmo lutando sozinho, Galrian também é poderoso.

— Eu queria ter visto Isael acertar um soco no capitão Light — Kay sorriu enquanto ambos caminhavam.

— Espero que eles estejam bem. Adrian vai dobrar a aposta.

— Galrian e Isael não vão deixar isso acontecer. Desculpe dizer isso, Alteza, mas se ele continuar a mandar soldados para atacá-los, é provável que Galrian venha até aqui resolver isso.

— Hm, deixe-o fazer isso — Hestia sorriu — se Galrian vier aqui, poderei vê-lo e me desculpar pelo cuspe que dei nele.

Kay entrou no escritório junto de Hestia. Ela se sentou na cadeira, e Kay ocupou o lugar à sua frente. 

Ela mostrou uma carta que continha uma ameaça contra Luminara. Ele pegou a carta e a examinou.

— Temos um problema, não é? — disse Kay.

— Sim, um problema enorme — ela fechou os olhos.

— Não teremos Galrian nas linhas de frente, então verei o que posso fazer.

— Conto com você, comandante...

— Mas sabe que se Galrian e Isael souberem que o reino está em perigo, eles irão vir e resolver, não é? — falou Kay, levantando-se.

Hestia fechou os olhos, colocando um sorriso em seu rosto.

 

 



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