Rei das Sombras Brasileira

Autor(a): Genji


Volume 1

Capítulo 6: Os Segredos do Rei

 

Descemos a montanha e nos aproximamos do enorme portão de 4 metros de altura do castelo. 

As muralhas eram feitas com pedras negras e a neve cobria as partes mais altas. 

Não parecia um castelo, mas sim uma fortaleza impenetrável. Jules reconheceu o local como o ponto mais alto do mundo, onde as fronteiras dos reinos se encontram.

— Estamos no ponto de encontro entre os reinos dessa parte do mundo? — disse Isael surpreso.

— Isso é incrível — reagiu Johanna.

— Deve ser o castelo do Galrian — Arya olhou na minha direção — o castelo onde o Rei das Sombras vivia, de acordo com as histórias.

Me aproximei do portão e ao lado dele havia a cabeça de um lobo esculpida. Enfiei minha mão dentro dela, transferi um pouco de mana, os olhos do lobo brilharam em um tom roxo escuro. 

O portão se abriu e entramos. Quando todos estávamos dentro, o portão se fechou. Exploramos os arredores, encontrando estábulos e uma casa de forja.

— Isso é realmente um castelo? — Johanna disse surpresa — Tem estábulos, casa de forja, e tudo que uma vila pequena precisa.

— Parece que esse castelo foi construído para o Rei das Sombras não precisar ficar saindo — falou Arya, fixando seu olhar em mim.

Me aproximei da porta do castelo, que se abriu como um convite. Era estranho dizer isso, mas parecia que eu estava em casa. 

Entramos e no centro havia uma escadaria que levava a outros andares e portas em ambos os lados.

— Vamos nos separar e explorar — falei, subindo a escada.

Arya e Johanna foram para a porta esquerda, Isael e Jules para a direita. Subi os degraus até o fim e, ao chegar no topo, havia um corredor com uma vidraça. 

Olhei para fora, vendo o sol e duas montanhas cobertas de neve. Continuei pelo corredor até encontrar uma porta de madeira.

— O que é isso? — Coloquei a mão sobre a porta e a empurrei. 

A porta se abriu, revelando uma biblioteca com vários livros do chão ao teto. 

Adentrei o local, onde uma mesa de madeira se destacava no centro. Retirei meu capuz, notei livros, papéis e um cristal sobre a mesa provavelmente o cristal mencionado pela voz em minha cabeça. 

Peguei o cristal e canalizei magia através dele, minha ação resultou em um brilho intenso que quase me cegou. Ao largá-lo no chão, uma mulher de cabelos e olhos negros apareceu diante de mim.

— Saudações, sucessor — sua voz coincidia com a voz em minha cabeça.

— Quem é você? — Olhei em sua direção.

— Sou a deusa das sombras, Nix. Bem-vindo ao seu castelo, meu rei.

— Foi você quem me concedeu esse poder?

— Sim, escolhi você para governar sobre todos os reinos. Infelizmente, não poderei ajudá-lo muito.

— O que quer dizer?

— No momento em que está vendo isso, estou selada. Na última batalha, decidi me sacrificar para que Ryen, seu antecessor, selasse a rainha dos demônios.

— Você quer que eu a liberte?

— Não — ela balançou a cabeça em negação — muito pelo contrário. Aparentemente, alguém está tentando destruir o selo e libertar a rainha dos demônios novamente. Posso ser liberta, mas a rainha dos demônios também será.

— Não tenho tempo para isso. Preciso encontrar o assassino do rei e me livrar dessa acusação.

— Ouça, o assassinato do rei pode estar ligado a esse assunto.

— Como assim?

— É preciso sangue de um rei humano para fazer um pacto. Esse pacto libertará os comandantes da rainha dos demônios.

O quê? Então, há realmente uma ligação? Tornar-me rei das sombras não foi uma coincidência, é isso que você quer dizer?

— Então, o que devo fazer?

— Ache o assassino e pergunte a ele quem está tentando quebrar o selo.

— Certo.

— Agora, o seu antecessor quer dizer algo a você — ela disse e desapareceu. Um homem que parecia ter a minha idade surgiu em seu lugar, com cabelos pretos e uma franja penteada para o lado direito. Seus olhos eram negros, vestia um longo casaco negro, totalmente de preto.

— E aí, sucessor — disse ele — me chame de Ryen ou Kentaro.

— Kentaro? — estreitei meus olhos — que nome diferente.

Ele deu uma risada e disse:

— Pode me chamar de Ryen. Vim de outro mundo, muito diferente desse, por isso você estranhou o nome.

— Outro mundo?

Nas histórias, diziam que ele realmente era alguém de outro mundo, então as histórias estavam corretas esse tempo todo.

— Sim, provavelmente quando você ver isso, já terá se passado 500 anos e eu já terei voltado para o meu antigo mundo junto de Freya.

Freya... a rainha da luz. O antigo rei das sombras estava realmente na minha frente.

— Preste atenção, a espada que você invoca não é o suficiente para a batalha que está por vir. Por isso, viaje até Atalanta. Lá há um lago, e nele vive uma mulher. Eu a chamo de Dama do Lago por causa de uma lenda do meu mundo, mas vocês a chamam de ninfa.

Ele quer que eu encontre algo extremamente raro e que só pode ser encontrado se elas quiserem?

— Você está me pedindo para encontrar algo completamente impossível. Uma ninfa não aparece para qualquer pessoa...

— Ela irá querer vê-lo! — ele me interrompeu — Eu deixei uma espada chamada Umbra da Noite com ela. Diga que é o Rei das Sombras, e ela lhe entregará.

— Se é assim, então...

— Agora, sobre uma de suas magias, a magia de ilusão.

— Magia de ilusão?

— Aquela magia que se assemelha a uma jaula, uma caixa ou até mesmo uma cela fechada.

— Aquilo é uma magia de ilusão?

— Ela pode mostrar seu pior pesadelo, a uma criatura selada nela. No meu mundo, é chamada de Wendigo, e foi criada justamente para essa ilusão.

Ele criou uma criatura para isso? Não sabia que éramos capazes disso. Espera aí, agora eu sei por que aqueles magos morreram; eles viram esse tal Wendigo.

— Isso é incrível...

— Última coisa, todo Rei das Sombras tem um animal que serve a ele, seja como montaria ou em batalhas. Você deve já ter companheiros, então não seria legal usar suas asas de sombras para viagens se está viajando com eles. Eu tinha um lobo que se chamava Fenrir; ele foi morto na batalha contra a demônio Leviatã. Portanto, essa é uma dica que lhe dou.

— Obrigado pela dica.

— Agora, proteja este mundo, Rei das Sombras. Boa sorte. — Ele desapareceu e o cristal se partiu ao meio.

Deixei a sala e retornei até o hall principal. Arya, Johanna, Isael e Jules estavam reunidos enquanto me esperavam. 

Cada um deles começou a contar o que haviam encontrado nas direções que tinham ido. 

Isael e Jules encontraram a cozinha e alguns depósitos, certamente para armazenar alimentos e armas. Arya e Johanna descobriram uma sala de reunião com uma enorme mesa ao centro, além de salas que pareciam ser destinadas ao descanso.

 Eles também haviam encontrado uma porta que levava ao jardim na parte inferior do castelo. 

No entanto, algo me chamou a atenção: nenhum deles havia encontrado a sala do trono. Isso indicava que a sala do trono deveria estar em um dos pisos que eu não havia explorado, pois só tinha ido até a parte mais alta.

Quanto ao que Ryen havia me dito sobre invocar um animal, decidi convocar um lobo, por causa de meu sobrenome 

Eu gostei do nome Fenrir, mas queria evitar usar o mesmo nome do lobo dele, para que não pensassem que escolhi apenas por falta de ideias. Estendi meu braço para a frente, chamando a atenção dos quatro.

Um redemoinho de sombras apareceu no chão do hall. Todos observaram atentamente enquanto um enorme lobo negro emergia de lá. 

Ele abriu os olhos, revelando a cor amarela. Era um lobo muito maior do que o lobo que eu havia invocado antes, surpreendendo-me, enquanto as meninas ficaram assustadas.

— E esse lobo? — Isael disse, aproximando-se de mim.

— Tive uma conversa com meu antecessor, e ele me deu a dica para invocar um animal para usar como montaria.

— Você conversou com o antigo Rei das Sombras? — Jules disse, surpresa.

— Sim — olhei para o lobo e coloquei a mão sobre o queixo — preciso de um nome para ele.

— pense em um nome digno para mim — disse o lobo.

— sim, um nome digno de um lo... — percebi antes de terminar a frase — você fala?!

— olha que legal, um lobo falante — disse Johanna.

— uau, isso que eu chamo de raridade — falou Arya.

— deixe-me pensar — coloquei minha mão sobre a cabeça — já sei, seu nome será Lycan.

— Lycan? É um bom nome.

— ah, queria ter chamado ele de bola de pelos — falou Isael.

— agora... — olhei para todos eles — deixe-me contar o que Ryen me contou.

                             [...]

Adrian retornou ao castelo e pousou o seu dragão na parte inferior do jardim. Hestia se aproximou dele curiosa para onde seu noivo havia ido, e ele desmontou o dragão com o rosto irritado.

— O que houve, querido? — falou Hestia.

— Aquele maldito do Galrian... ele se tornou o rei das sombras.

— Você se encontrou com o fugitivo? — Hestia não parecia estar surpresa com o despertar de Galrian, afinal, ela tinha visto com os próprios olhos.

— É, encontrei ele com os outros traidores — disse Adrian — eu vou mata-lo definitivamente, eu vou!

Adrian passou por Hestia. Ela se virou para ele enquanto soltava um leve suspiro. 

A ameaça dele despertou uma sensação esquisita nela, mas ela ignorou e se dirigiu até o túmulo de seu pai, enterrado ali mesmo no jardim do castelo.

— Papai, mamãe... — ela colocou duas rosas em cima dos túmulos — parece que as coisas ainda não estão nem perto de serem resolvidas. Rezo para que vocês estejam bem, e definitivamente encontrarei o assassino do papai... sei que Galrian também está lutando por isso. Afinal, ele cuidou de você, mamãe, e se manteve leal ao papai mesmo sendo acusado de tê-lo matado.

Eu havia contado tudo o que Ryen havia me dito, principalmente sobre a ninfa, a qual ele chamava de Dama do Lago.

 Todos ficaram bastante intrigados com a história, especialmente por termos que viajar até Atalanta, um reino considerado hostil pelos habitantes de Luminara.

— Bom... acho que não tem jeito — disse Isael.

— Se estamos na chuva, é para se molhar, não é? — falou Jules.

— Parece que nem vamos aproveitar essa fortaleza enorme — Johanna me olhou decepcionada.

— Não precisa ser hoje. Vou preparar alguns cristais mágicos para que vocês possam usar o teletransporte para cá sem gastar mana.

Era possível criar esse tipo de item, bastava ter os ingredientes certos. Arya me ajudaria com isso enquanto os outros três limpavam o castelo, deixando-o habitável para nós.

 De agora em diante, essa fortaleza enorme seria nossa casa, nosso ponto de encontro e nosso esconderijo.

Ordenei que Hank me ajudasse a procurar os materiais, já que ele podia farejar.

 Arya, enquanto eu não encontrava os materiais, resolveu ajudar na limpeza.

 Lembrei-me de algo que Nix havia me dito no dia em que conheci Arya. Era possível criar um exército de sombras.

 Então, antes de sair, convoquei alguns soldados de sombras para ajudá-los, já que limpar uma fortaleza daquele tamanho com apenas quatro pessoas era impossível.

Eu deixei o castelo, enquanto estava montado em Lycan, ele me levou até uma parte da montanha onde havia alguns cristais brancos feitos pelo calcário da montanha. Mostrei a Lycan e comecei a bater com uma picareta de sombra.

— Isso é duro demais — falei enquanto batia com a picareta.

— São cristais feitos para aguentar magia, acha que seria fácil, mestre?

Esse lobo tem uma personalidade irônica e engraçadinha. Se ele continuar assim, vou mandá-lo de volta.

Consegui extrair apenas um cristal, mas precisava de mais três. Será que não existe uma magia para extraí-los mais rapidamente? Eu pensei.

 No entanto, se eu resolvesse explodir tudo com uma esfera de sombras, a montanha iria desmoronar, e no fim, o castelo iria junto. 

Era um problema que eu queria evitar. Então, voltei a bater, enquanto Lycan se deitou no chão e começou a cochilar. 

Nesse momento, só passou pela minha cabeça se ele realmente um lobo ou um gato.

O sol logo se pôs, e eu consegui os cristais que precisava. Então, retornei para o castelo junto de Lycan.

 



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