Sakurai Brasileira

Autor(a): Pedro Suzuki


Volume Único

Capítulo 15: Sangue delicioso

— Hiroshi! Você está bem?... —perguntou Fuyuki. 

— Ah voltou cedo... — disse Sue enquanto tricotava a lã da ovelha. — Trouxe visitas? 

— Ela é a minha nova provadora de comida, ela é a S... Qual seu nome mesmo? 

— Pode me chamar de Smile. 

— Su-Ma-I-Re? — disse Sue com dificuldade. 

— Totalmente errado. 

Fuyuki fez uma expressão confusa, foi para seu quarto, voltou, olhou para Smile, coçou sua cabeça, se aproximou de Hiroshi e cochichou: 

— Hiroshi, você não viu os cartazes?  

— Não — respondeu Hiroshi, também em baixo som. 

— Ela tem uma recompensa! Colocaram uma recompensa para quem matasse ela! 

— Pare de ser tão rude com ela! — disse Sue, puxando a orelha de Fuyuki. — Você aceita um... O que você está fazendo!? 

Enquanto ela falava, a Smile vasculhava por todo seu corpo de baixo para cima até chegar no pescoço. 

— Ai! O que foi isso? — Com a unha afiada de seu dedo mindinho, Smile fez um pequeno corte no pescoço de Sue e saboreou seu sangue. 

— Hm! Que sangue exótico. 

— Cheguei! Olha que negócio legal que a Mie te- O que é isso? — disse Aki que carregava um soco inglês na mão. 

— Um anão? Não, uma criança... Deve servir. — disse Smile. 

— Se afaste do meu... — Mas Fuyu parou ao ouvir a estranha proposta de Smile. 

— Gostaria de trabalhar para mim? 

— Quem é ela!? — perguntou Aki apontando seu soco inglês. 

— Uma convidada — disse Hiroshi. 

— Eu sou a Smile. 

— Que tipo de convidada sai cortando os outros!? 

Aki disparou um soco, mas Smile desviou com facilidade. 

— Pode chamar como preferir, eu estou precisando de alguém para um projeto meu, e um baixinho como você seria perfeito! 

Aki continuou a atacá-la, variando entre socos, chutes, mordidas e lançamentos de o que estivesse perto. 

— Eu não sou baixo, tenho a altura perfeita para minha idade! E o que você é para tomar o sangue da minha mãe? 

— Uma vampira. 

— O que?! Aquilo que estava no livro da Mie existe mesmo? Isso quer dizer que... Mãe! Você vai virar uma vampira! Nãããão! — A velocidade dos ataques de Aki dobraram em velocidade e força, Smile continuou desviando, mas agora prestava mais atenção em seus ataques. — Uma cura... Uma cura... No livro dela não tinha nada sobre isso. 

— Se acalme criança, não é assim que funciona, para se tornar um vampiro você precisa... — Antes de terminar de explicar, Aki finalmente a acertou de raspão em sua barriga. 

— E-entendo a preocupação, mas relaxe, ela realmente não vai virar uma vamp- 

— Saia daqui!  

A velocidade e imprevisibilidade dos ataques de Aki cresciam esponencialmente, seus golpes já superavam os de um adulto comum. 

— Opa, está ficando um pouco perigoso... Como esse sangue diluído criou um garoto tão interessante? 

— Pare de falar essas coisas de vampiro e saia daqui! 

Smile parou, segurando o braço de Aki, prestes a acertar seu rosto. 

— Tudo bem, também estou ficando cansada... Até mais! — Cuidadosamente ela colocou Aki no chão e saiu pela janela. 

Depois dela correr para fora, tudo se acalmou. 

— Fuyuki, eu sei que você tem medo de tudo, mas até a Sue parecia preocupada. Eu trouxe alguém tão famoso? — perguntou Hiroshi. 

— Famosa? É claro que ela é famosa. — Fuyuki então tossiu forçadamente e mudou seu tom de voz como um narrador de contos de terror. — Existem vários rumores e relatos sobre ela, por exemplo, quando na calada da noite, um homem andava despreocupado quando... 

E Fuyuki parou quando Aki tentou se esgueirar para escutar também a história. 

— Aki, vai ficar com sua mãe. 

— Por que eu não posso escutar também? 

— Senão você não vai dormir a noite. 

—Não vou na~Ah! — Mas contra sua vontade, ele foi levado por sua mãe. 

— ...Continuando, ele andava despreocupado depois de beber com seus amigos, quando de repente, um mons- uma pessoa com uma grande cicatriz na boca surgiu das sombras. — Fuyuki se corrigiu imediatamente ao olhar para o lado. 

— Oh... Assim que adaptaram. — Smile escutava atentamente. — O que está olhando, pode continuar. 

— Quando você voltou!? — disse Fuyuki pulando para trás. — Não me sinto confortável em continuar, e... Nem deve ser real essa história. 

— Mas ia chegar na melhor parte!  

— Ter a mandíbula arrancada é a melhor par-? — Fuyuki tampou sua própria boca, vendo o olhar dela. 

— Olha, eu me aposentei de ser uma lenda urbana. Eu até forjei minha própria morte! Daqui a pouco os meus cartazes de procurada somem. Agora estou pensando em ter uma nova vida... E no fim, ele mereceu isso. 

— Mereceu? — Perguntou Hiroshi. 

— Sim, mas vamos mudar de... 

— Ataque surpresa! — gritou Aki, pulando com uma colher. 

Smile desviou e Sue rapidamente agarrou Aki. 

— Onde é que você conseguiu isso? — perguntou Sue. 

— Ainda não acabou! — Aki se debateu, conseguiu fugir e começou a arremessar alhos em direção da Smile que não se preocupou em defender desse ataque. — ? O livro mentiu? 

— Não, já houve um vampiro que odiou com todas as suas forças o cheiro do alho, isso só não se aplica a todo resto... 

Aki foi levado embora contra sua vontade, novamente. 

— Eu estou começando a ficar com fome... Cadê a carne que você prometeu? — perguntou Smile. 

— Ainda não acabou! — gritou Aki, de longe. 

— Acho melhor a gente ir para minha casa... — disse Hiroshi. — Você gosta de frango? 

— Carne é carne, adoro todas! 

Depois desse dia, Smile passou aparecer frequentemente no almoço e na janta para comer as comidas que Hiroshi preparava, e em todas essas vezes, Aki tentava expurgá-la de alguma forma diferente. 

— Aki! Pare de jogar os novos garfos de prata na Smile!  — Em poucos dias, ele acabou se cansando e parou completamente de caçá-la. 

Doces, salgados, sobremesas, petiscos e pratos diferentes. Mesmo que a culinária de Hiroshi fosse um pesadelo para os outros, com Smile, ele era livre para se arriscar com pratos mais difíceis, desde que fizesse uma carne a cada dois dias. 

Até em falhas completas, ela comia com vontade, mesmo criticando Hiroshi e apontando os erros grotescos nas suas comidas. 

Os dias em que Hiroshi tinha tempo para contemplar o que faria no tédio ficaram para trás, mas definitivamente esse era o momento mais pacífico de toda sua vida. 

Um mês se passou, as folhas das árvores e a temperatura começaram a cair, o outono começou. 



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