Se der Ruim, Viro Ferreiro Japonesa

Tradução: Rudeus Greyrat

Revisão: Rudeus Greyrat


Volume 7

Capítulo 112

Decidi parti em uma jornada carregando poucas coisas comigo, incluindo a espada feita com as escamas do dragão da vida. No instante em que coloquei o pé para fora, Eli veio trazendo uma lista de souvenirs que precisava trazer para ela.

Souvernirs? Ei, por acaso ela acha que estou indo para um passeio turístico?

Bem, tanto faz. Essa provavelmente era forma dela de garantir o meu retorno.

Viajar sozinho era complicado, especialmente para alguém que não conhecia a estrada, juntei-me a um grupo de dez mercadores que estavam de partida. Sendo capaz de manejar uma espada e usar magia, fiquei com à função de escolta do grupo.

— Sua aparência é a de um nobre e sua espada é realmente boa, mas ainda assim você é apenas um plebeu?

— Todo mundo diz isso.

Durante a viagem, os mercadores sempre traziam esse assunto de volta. Além dessa, outra pergunta que sempre se repetia era por que eu estava indo para a capital.

— Quero me encontrar com alguns conhecidos. — E eu sempre dava essa resposta meia-boca, embora não fazia ideai se éramos conhecidos ou não. Para ser honesto, ainda não estava claro para mim o que fazer depois de chegar até lá, mas tive a impressão de que tudo ficaria claro depois que me encontrasse com eles.

Outro tópico que conversávamos muito era sobre os monstros e bandidos que apareciam no caminho. De fato, encontramos um monte de monstros e, cada uma das vezes, eu acabava com todos sem problemas, o que impressionou o grupo.

— Nós poderíamos te apresentar recomendar para tantos serviços bons se você fosse um caçador de monstros…

Aparentemente, a razão de insistirem tanto sobre o meu objetivo na capital era para tentar me recrutar caso estivesse indo em busca de um emprego.

Nossa jornada continuou seguindo tranquila enquanto nosso relacionamento ia crescendo dia após dia até que decidi perguntá-los uma coisa. Para bem ser sincero, saber de coisas novas tem me causado um pouco de medo recentemente, só que a razão por trás de toda essa jornada era exatamente sobre isso, portanto perguntar foi minha única escolha.

— Por acaso a Companhia GAP e a Família Dartanel são muito famosas na capital?

Eu comecei escolhendo algo que eles supostamente deveriam ter algum conhecimento. Como mercadores, seria estranho se não soubessem nada pelos menos sobre a companhia GAP.

— Mas é claro! A família Dartanel tem sido o núcleo das operações econômicas da capital por tanto tempo que estão em uma altura inimaginável para gente simples mascates como nós. Já a companhia GAP é um grupo que começou agora, mas que já vem se destacando e inclusive temos tidos bons negócios com eles nesses últimos tempos. Por causa da velocidade com que vem crescendo, a relação deles tem sido que nem de cães e gatos.

— Que nem cães e gatos, heim…

Talvez o motivo de quererem por as mãos em Helan seja por causa dessa intriga entre eles.

— Estamos fazendo negócio com ambos, sabe? Então, caso o relacionamento entre eles piore ainda mais, talvez tenhamos que cortar laços com um. Parece que está havendo alguma disputa sobre o território Helan e, para mim, quanto mais rápido isso for resolvido, melhor.

Aparentemente, a questão sobre Helan não era um tópico raro entre os comerciantes já que, durante a viagem, foram muitas às vezes em que ouvi esse nome se repetir. Com isso percebi que informações políticas também eram vitais quando se segue o ramo dos negócios.

— Ei, desculpa perguntar enquanto vocês estão preocupados com o assunto, mas, de forma realista, que lado pensa em seguir?

Seria a família Dartanel ou a companhia GAP?

— Bem, você não é um cara imaturo e ainda por cima tem nos ajudado muito nessa viagem, por isso temos uma boa impressão sua. Isso não é uma coisa que possa ser dita em voz alta, então chegue mais perto.

Aproximei a minha orelha do mercador com que me tornei mais próximo durante a viagem.

— Nem todo mundo decidiu ainda, mas o consenso até agora é que iremos nos juntar a companhia GAP, sem sombra de dúvidas.

— Oho?

Sem sombra de dúvidas, heim? Estão me dizendo que vão escolher um novato ao invés de uma família tradicional e de longo histórico?

Não creio que eles escolheriam algo que fosse contra seus próprios interesses e, mais importante, durante a jornada, embora tenhamos passado pouco tempo juntos, percebi que esse grupo era extremamente capaz. Ainda assim, decidiram, ou ao menos planejam, se juntar a companhia GAP.

Será que a companhia pensa em usar o território Helan como símbolo para mostrar a todos sua intenção de tomar a hegemonia da família Dartanel? É bem provável.

 

 

◇◇◇

 

 

Minha intenção ao chegar na capital era visitar o Rail, mas agora que penso nisso, eu não tinha uma forma de entrar em contato com ele. Até onde sabia, esse cara parecia ser alguém importante, portanto fiquei preocupado de não conseguir encontrá-lo ao chegar de maneira súbita.

Para piorar a situação, agora essa questão da companhia GAP acabou surgindo. Eu sentia que precisava me encontrar com o líder dessa companhia e perguntar algumas coisas, como qual o interesse dele no território Helan. Esse objetivo era ao menos mais realista do que tentar se encontrar com o príncipe pessoalmente.

— Você acha que eu conseguiria me encontrar com o líder da família Dartanel ou da companhia GAP?

— Sem chance.

Então é um objetivo menos realista do que pensei, heim?

— A família Dartanel jamais se reúne com plebeus no geral. Além disso, por causa de uma série de incidentes com os nobres, a companhia GAP montou um exército tão grande que você até duvidaria que se tratasse apenas de uma firma. Mais ainda, o líder nunca se mostrou em público, sendo o número dois da companhia responsável por todas as aparições.

Credo, um nobre que vive em um mundo totalmente diferente e um líder que nunca deu as caras. Começo achar que procurar pelo Rail seja a coisa mais fácil e segura no momento.

— De qualquer forma, estamos indo na companhia fazer um acordo e estocar produtos. Você tem conhecidos nela? Se sim, essa é uma boa oportunidade para ir se encontrar com eles.

— Nah, deixa pra lá. Mas me diga o que vocês planejam estocar?

— Eh? Bem… já que é a companhia GAP só pode ser medicamentos. Afinal, foi com isso que eles cresceram tanto.

Medicamentos… assim disseram enquanto olhavam para mim com expressões incrédulas. Então a companhia GAP significa medicamentos e isso era uma questão óbvia para a população deste país.

Penso desculpas por ser um cara ignorante que nunca precisou de qualquer remédio.

Nossa jornada prosseguiu e continuei juntando “conhecimentos gerais” e outras informações sobre a capital. Pelo aumento no número de habitações ao redor, pude sentir que estávamos chegando perto e depois de mais um pouco, atravessamos um enorme portão, ficando bem claro que havíamos chegado à capital.

— Estaremos indo direto para a companhia, mas e quanto a você? Virá com a gente?

O plano era nos separar depois que chegássemos à capital, mas já que me convidaram decidir ir junto.

Entre os diversos edifícios nos arredores, um claramente se destacava acima dos outros, dando a aparência de uma torre enorme e gorda. A área era cercada em todas as direções por um muro com mais de cinco metros, deixando apenas uma passagem de entrada na ala norte sendo vigiada por dez guardas. Ficava óbvio que se você não passasse por ali seria incapaz de entrar na torre.

Quando fomos para a entrada, o grupo de mercadores e eu passamos por uma rigorosa revista.

Apesar de que terem dito que a companhia sofrido com ataques por parte da nobreza, o sentimento que tive foi que estavam indo um pouco longe demais na segurança. No entanto, considerando a expressão séria do pessoal responsável pela revista, pode ser que talvez eles não estivessem exagerando. No final, armas e quaisquer outros objetos que não fossem necessários para negociação foram todos tomados.

Isso tudo tinha sido bem assustador. Pelo visto, o dono da companhia provavelmente deve ter passado por maus bocados.

Conseguindo entrar, dei uma boa olhada na torre à minha frente, enquanto os mercadores estocavam, e me perguntei se o chefe de tudo isso estaria dentro daquela construção.

Foi então que isso aconteceu comigo do nada — subitamente o meu corpo foi levantado do chão com meu pescoço sendo apertado. Quando me virei, achei um homem enorme, com mais de dois metros, agarrando o colarinho da minha camisa.

Agarrei os pulsos dele e lhe dei um choque usando magia, conseguindo então me libertar dele. Como só percebi um instante muito pequeno de dor na expressão dele, provavelmente o dano não foi alto.

Já que você veio me agarrado assim do nada, vamos dizer que com isso estamos quites.

Mas então, antes que pudesse notar, dez homens armados já haviam me cercado.

— Vocês não são mercadores, não é?

O grupo que estava comigo foi capturado por acharem que eles eram cúmplices.

— É verdade que eu não sou, mas eles não têm nada a ver com isso, então os deixem ir! Eles só me convidaram para vir com toda boa intenção.

Infelizmente, minhas palavras não tiveram efeito e os guardas não afrouxaram nem um pouco o grupo que estava comigo.

Eu não vim aqui com qualquer intenção de brigar! Como é que as coisas foram acabar assim!?

Mas no instante em que achei que não tinha escolha senão começar a revidar, uma palma sonora foi ouvida do outro lado do grupo de guardas.

— Já é o suficiente.

Atrás deles, um homem magro e de aparência amável estava de pé.

— Deixem os mercadores irem, eles são boa gente e não esqueçam de pedir desculpas apropriadas pela falta de cortesia. Eu tomarei de conta do nosso convidado ruivo.

Assim que deu as ordens, os membros da companhia imediatamente agiram. Os mercadores foram libertados e receberam um pedido de desculpas.

— Nuno, quero que nos acompanhe.

— Entendido.

O homem chamado Nunu era o cara com mais de dois metros que me agarrou pelo colarinho agora há pouco.

— Você virá obedientemente, certo? — O homem olhou para mim.

— …Claro.

O grandalhão me segurou firme pelo ombro e fomos em direção à torre. Antes de entrar, pedi desculpas ao pessoal e, quando o fiz, o cara com que estive mais próximo fez um sinal levantando dois dedos. Então assenti para ele e continuei andando. Ao que parecia, esse homem era o número dois da companhia.

Fui levado para uma sala no subsolo e, depois de entrar, a porta foi trancada atrás de mim.

Completamente trancafiado, heim?

Sentei-me na cadeira oposta ao homem. Como a porta estava trancada, não havia realmente necessidade, mas o tal de Nuno ficou na frente dela como se bloqueando a passagem.

— Agora vamos conversar apropriadamente.

— Apropriadamente, é…?

— Comecemos pelas apresentações. Acredito que seu amigo entre os comerciantes pode já ter lhe informado, mas sou o número dois na companhia, Tristana é o meu nome. Muito prazer.

Ele sorriu e chegou inclusive a estender o braço para um aperto de mão.  A minha reação foi aceitar o cumprimento.

Como será que eu deveria me apresentar? Devo usar só Kururi mesmo ou usar o sobrenome Helan também? Nah, só Kurrui.

— Pode me chamar de Kururi.

— Mm? Hou? Certo, tudo bem. Não sei o que está planejando, mas… saiba que por causa disso já não tenho mais a intenção de simplesmente deixa-lo partir.

EH!? MAS TUDO QUE FIZ FOI ME APRESENTAR!?

Queria saber se a forma como me apresentei não foi apropriada. Tristana ainda estava sorrindo, mas definitivamente estava com raiva. Pode ser que eu tenha pisado aonde não devia.

— Aquele grupo de comerciantes é bem conhecido por aqui. Eles não são nossos inimigos, mas no seu caso é diferente. Você se parece com um nobre, então me diga, veio aqui em nome de quem?

— Todo mundo diz que me pareço com um nobre. A verdade é que vim aqui por minha própria vontade.

— Sua própria vontade, entendo. Mas por que razão?

— Vim para encontrar o chefe da companhia, embora me disseram que seria difícil.

— E o que planeja fazer depois de encontra-lo?

O seu tom de voz não mudou nem um pouco, mas a atmosfera ao redor estava ficando cada vez mais sufocante. Por acaso ele desconfiava que o meu objetivo seria assassinar o líder no momento em que o encontrasse? O clima não estava um pouco tenso demais apesar de que ainda preciso ver o chefe de tudo aqui?

— Apenas quero perguntar porque ele quer tanto assim ser o lorde do território Helan.

— …HELAN!? SEU BASTARDO FILHO DA PUTA, VOCÊ SE CHAMOU DE KURURI, NÃO FOI!? O QUANTO SABE SOBRE ISSO!?

Os olhos de Tristana começaram a ficar perigosos. Seu olhar era tão afiado que fiquei preocupado que fossem sair raios laser  direto contra mim. Por acaso acabei falando merda de novo?

— Não, foi mal, eu não sei de nada. Sério.

— Agora tenho mais motivos ainda para não deixa-lo ir embora. Nuno, o que você acha? — Tristana pediu a opinião do cara que até agora estava apenas parado na frente da porta.

— Esse homem consegue usar um pouco de magia, então precisamos ser cautelosos, mas também sinto que ele é um pouco diferente dos assassinos que vieram até hoje.

— Para ser honesto, tenho a mesma opinião, mas porque você pensa assim?

— Minha intuição diz.

— Inteuição, heim? O mais problemático de tudo é que sui intuição normalmente está certa.

Tudo indicava que eles estavam tentando decidir como lidar comigo. Como falaram algo sobre assassinos, só posso imaginar que passaram por todo tipo de problema até hoje. Talvez seja apenas natural que estivessem em alerta quanto a mim.

— Bem, o que devemos fazer?

— Que tal me deixarem ver o chefe?

— NEGADO! — os dois gritaram ao mesmo tempo.

A lealdade desses dois é louvável. Por acaso o chefe tem uma poderosa força unificadora de algum tipo?

— Vejo que vocês gostam muito do chefe. Sinto que quero me encontrar com ele ainda mais.

— Isso não será permitido, eu já te falei! — Nuno me deu um aviso usando uma voz coercitiva.

— De onde é que toda essa lealdade vem? Do dinheiro?

— Você não sabe de nada!

Depois disso os dois começaram a argumentar entre si sobre o que fazer ou não comigo.

— Se não conseguem decidir, por que não simplesmente me deixam ir embora? Já nem me parece mais que serei capaz de ver o chefe mesmo.

— REJEITADO! — Os dois gritaram.

Então eles não querem me deixar ir ver o chefe ou embora, é? Imediatamente depois de chegar na capital já me meto em encrenca.

No final, eles apenas me deixaram preso no subsolo da torre.

Que porra é essa! Depois de ficarem um tempão argumentando, esse é o melhor que conseguem decidir!? ‘Vamos deixá-lo trancado’ não é algo que se chame de solução ideal, só para vocês saberem!


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