Se der Ruim, Viro Ferreiro Japonesa

Tradução: Rudeus Greyrat

Revisão: Asura


Volume 8

Capítulo 120

Vamos falar um pouco sobre o que aconteceu quando cheguei ao território Helan.

Primeiro de tudo, fui recebido com uma calorosa recepção que durou alguns dias e meio que me senti estranho ao ser elogiado por um monte de coisas que não fazia a menor ideia do que estavam falando. E isso concluí a minha primeira semana.

No entanto, este clima festivo logo desaparecera devido as toneladas de trabalho que haviam se acumulado pela ausência do administrador das terras e, mesmo com a ajuda de Iris e Lahsa, ainda tivemos que dar duro de sol-a-sol por vários dias.

Aconteceu inclusive diversos momentos onde eu dormiria por cima da mesa e, ao acordar, encontraria os documentos que precisavam ser aprovados grudados em meu rosto e cobertos de saliva. As pessoas que os enviaram aguardavam com expectativa sua aprovação… o que será que elas iriam achar se recebessem o documento de volta todo borrado por causa da saliva? Definitivamente me achariam um preguiçoso!

Nesse tipo de situação, a medida mais aconselhável é destruir as evidências, por tanto juntei os documentos em um pacote e os sacodi desesperadamente em frente a lareira para que secassem o mais rápido possível. Entretanto, embora tenha secado, a parte onde a saliva tocou continuava borrada e a textura do papel também mudou. Mais uma vez, tentei destruir as evidências esticando- as, mas mesmo usando apenas a quantidade necessária de força, um som desagradável ainda aconteceu. Mesmo sem olhar, eu já sabia o que tinha acontecido.

E para completar o meu desespero, mais problemas ainda estavam a caminho. A chama da lareira estalou e uma fagulha atingiu os documentos que eu tinha colocado para secar e, no calor do momento, joguei o papel no chão e o pisei desesperadamente para apagar o fogo. Foi quando ouvi o som de passos atrás de mim, alguém estava vindo, por isso decidi jogar tudo dentro da lareira para que virasse cinzas. Vou ao menos usar elas para adubar algumas flores mais tarde.

— Ah, Aniki você já está de pé mesmo depois de passar a madrugada inteira trabalhando.

— Bem, sim… Sabe, tenho um monte de trabalho para fazer, então quanto antes levantar, melhor, ahahaha…

—Como esperado de você, Aniki! Eu sabia que você era o senhor feudal ideal!

Aquelas palavras perfuraram o meu peito igual a lanças.

Por acaso o senhor feudal ideal iria tocar fogo nos documentos para destruir as evidências? NUNCA!

Bem, já estava feito, então não havia mais o que fazer. Ou seja, ficaria tudo bem contanto que eu fingisse que nada tinha acontecido.

Hmm, que tipo de documento era aquele? Se me lembro bem, acho que senti uma tontura um pouco antes de ler aquilo… droga, não consigo lembrar. Ah, espere, acho que sei qual era o remetente. Foi alguém com um nome que tinha um enorme sentimento de montanha nele… Quem era? Tá na ponta da língua…

— Aniki, não comece o dia ponderando sobre coisas difíceis. Eli-san está preparando um delicioso café para nós, então deixe isso para depois.

— É, acho que você tem razão.

As palavras de Lahsa faziam sentido, por isso decidi seguir o que ele recomendou.

Quando chegamos à sala de estar da mansão, encontrei uma fileira de pratos a base de vegetais sobre a mesa e podia ver que na cozinha, Eli estava fazendo os últimos preparativos.

Por sinal, esta era uma mesa redonda que encomendei, pois assim poderia comer olhando para o rosto de todo mundo. Ela foi construída por gente do meu território e, se não me engano, foi um cara com o “yama (montanha)” no nome… espere, não era o mesmo do documento que queimei agora há pouco!? Ah, como era mesmo o nome dele…?

— Kururi, você já está se preocupando de novo a essa hora?

Iris chegou por último ainda com uma expressão sonolenta. Ela veio até Helan para ajudar com o trabalho e tem ficado comigo até tarde da noite todos os dias. Sou realmente muito grato por tê-la ao meu lado.

— Se tiver com qualquer problema, sabe que sempre pode sempre contar com a gente, não é?

Dizendo uma coisa tão angelical enquanto senta do meu lado já é o bastante para me deixar animado.

— Bem, não é exatamente uma preocupação, eu só estava me perguntando como era mesmo o nome do cara que construiu essa mesa…

— Hmm, acho que tinha algo com um sentimento de montanha, não é?

— Exato! Eu também me lembro disso, mas…

— Ah, também andei me perguntando sobre isso. Era um nome com uma vibração majestosa de “yama” nele.

Então mesmo Lahsa sentia isso, hein? Majestosa “yama”? Droga, não importa o quanto tente, simplesmente não consigo!

— Vocês estão falando sobre o Sanmya-san.

Rudy: O kanji “Yama (山)” também pode ser lido como “San”

Eli nos respondeu quando veio colocar o último prato sobre a mesa. Um sorriso apareceu no rosto sonolento de todo mundo.

Ah, então era esse tipo de “Yama”, de fato bastante majestoso. Acho que não irei me esquecer disso tão cedo agora.

— Muito bem, vamos comer.

Eli fez questão de sentar entre mim e Iris, então agradeceu à deus pela comida e começou a tomar o café.

A cozinha dela era deliciosa e mesmo preocupado, o meu apetite não cederia. De acordo com Eli, o segredo de sua comida era que estava repleta de amor. Sim, amor parece realmente delicioso, fica ótimo em qualquer coisa que se coloca. Podemos dizer que amor é que nem maionese.

Ela vinha mantendo a mansão inteira por conta própria, seja cozinhar lavar ou qualquer outra atividade doméstica. A minha ideia era de contratar alguém para ajudar em breve, só que será difícil encontrar uma pessoa confiável. Segundo ela, não tinha problema em continuar fazendo tudo sozinha, mas penso em assim que o nosso trabalho diminuir um pouco, dar alguma coisa para ela, Lahsa e Iris como prova de gratidão.

— Acho vamos dar um fim naquela pilha de documentos ainda hoje.

Enquanto comia a minha salada, decidi explicar os planos para hoje.

— Sim, acho que conseguimos até o meio dia. Assim que tudo tiver acabado, você terá a chance de mostrar suas verdadeiras habilidades, Aniki.

— Minhas verdadeiras habilidades?

— Até agora, nós apenas demos uma lida nos requerimentos da população, mas depois disso, você finalmente vai conseguir fazer o que quiser. Tudo bem tentar deixar Helan como era antes ou mesmo trazer ideias novas, sei que você será capaz de fazer qualquer coisa, Aniki! E tenho certeza de que a população irá cooperar de todo coração!

Essa era uma daquelas coisas que realmente colocam pressão em você. Mesmo que estivesse comendo uma salada, meu estômago sentia como se lidando com uma carga pesada de fritura.

— Se for o Kururi, sei que lidará com isso fácil, fácil.

Iris seguiu com o ataque ao meu estômago.

— Vocês estão certos, não há nada que esta pessoa não possa fazer.

E por fim, Eli deu o golpe crítico, finalizando a conversa.

Depois do café e me despedindo da pilha de documentos, nossa carga de trabalho amenizou bastante. Inclusive a atmosfera sombria dos últimos dias no escritório desapareceu completamente, embora era possível que fosse apenas a luz da janela ajudando nisso.

Lá fora, Poobe estava com mais de dois metros, flutuando livremente no céu. Ele era o meu parceiro nascido de um ovo de [Dragão de Montaria] que recebi na capital. Sua espécie foi um pouco diferente da dos outros, sendo um dragão que sugava o ar e flutuaria ao invés de bater as asas. Em dias com sol radiante como este, basicamente passaria o tempo inteiro lá em cima e inclusive fiquei sabendo que as pessoas começaram a usá-lo como referência para a previsão do tempo, dizendo que se estivesse flutuando assim, seria um dia ensolarado.

Já que Poobe se deu ao trabalho de descer até o cho, só poderia ser por “aquela” razão.

No instante em que ele desceu, Eli saiu da mansão para entregar sua comida favorita. Poobe geralmente buscaria o que comer por si mesmo, só que algumas vezes descia para provar da culinária de Eli. Ele não era preso à qualquer padrão ou lei, sendo um dragão bastante livre, se posso dizer.

Muito bem, já estava na hora de parar de ficar olhando pela janela e voltar ao trabalho.

O tempo se passou enquanto eu estava nisso e, antes que percebesse, já era hora de receber as visitas na mansão. Normalmente seria Eli quem os receberia.

O primeiro visitante hoje foi Lotson-san.

Ele era um homem capaz que vinha trabalhando para Helan desde antes de perder as minhas memórias. De início, recusou a vir de volta para o território, mas depois que insisti muito acabei o convencendo. Por causa disso, ele agora estava sempre atarefado com o seu trabalho.

— Bom dia, senhor feudal.

Passando pelo interior da mansão, ele me cumprimentou dentro do escritório com extrema formalidade como sempre.

— Bom dia, Lotson-san. Hoje terminamos com os documentos, então as coisas deverão ficar mais tranquilas agora.

— Fico feliz em ouvir isso. Tudo é graças ao seu trabalho duro, senhor feudal.

— Obrigado. De qualquer modo, Lotson-san você sabe o endereço de um cara chamado Sanmya?

Parando para pensar um pouco, a resposta de Lotson-san foi “sim”.

— Sanmya-san, o carpinteiro, certo? Se o senhor planeja ir até lá, posso escrever um mapa detalhado do caminho.

— Quando peço a sua ajuda, tudo fica mais fácil.

Lotson-san era alguém que trabalhava como uma extensão dos meus braços e pernas. Não só isso, por ser um cara sempre bem informado sobre as necessidades da população, todos tinham uma alta consideração por ele, sendo uma pessoa capaz e amigável.

Assim que terminei com o último documento, deixei Iris e Lahsa descansando e fui fazer uma visita à casa de Samya-san, montado em Poobe, que estava flutuando alegremente pelo céu. Nós nos divertimos fazendo manobras no caminho já que cavalgar em Poobe não dava a sensação de estar voando propriamente. Era mais como ser carregado pelo vento, com grande velocidade e precisão, sendo muito mais veloz do que qualquer um imaginaria. Para ser sincero, Poobe tinha uma perfórmance absurda da qual eu me orgulhava muito.

Tendo chegado ao nosso destino, saltei de cima dele assim que a altura baixou e fui para a frente da casa de Samya-san. As pessoas em volta ficaram surpresas ao ver a chegada súbita do lorde feudal, por isso pedi desculpas.

Fui até a porta e bati. Sua casa era uma bela cabana de madeira, recebendo um montante adequado de luz solar e inclusive a maçaneta foi perfeitamente entalhada. Como esperado de um mestre carpinteiro.

— Quem é?

A pessoa que me atendeu era pequena em estatura, mas grande em largura, parecendo ter algo em torno de quarenta anos de idade.

— Hmm? Você não é o senhor feudal?

— Sim, eu mesmo. Posso entrar?

— Cla-claro!

Fui muito bem recebido por ele e sua esposa. Ao que tudo indicava, minha popularidade era considerável, embora isso me deixasse com um sentimento de culpa ainda maior por babar nos documentos e encinerá-los.

— Muito bem, o que poderia trazer o senhor feudal até aqui?

O marido perguntou assim que sua esposa saiu para trazer chá.

— Bem, é sobre o requerimento que você me enviou. Vim discutir sobre isso.

— Ahh, sinto muito que o senhor teve o trabalho de vir até a minha casa. Se tivessem me chamado, eu teria ido até a mansão na mesma hora.

— Não, está tudo bem. Mesmo eu gosto de passear de vez em quando, além disso, tenho o Poobe comigo, então atravessar o território Helan não é um problema.

Mesmo dizendo aquilo, minha maior motivação era a culpa de ter botado fogo nos papéis.

— Obrigado pela consideração, senhor. Mas então, por acaso o meu pedido foi muito difícil?

…O que será que digo?

— Nem tanto. Na verdade, até achei uma boa ideia.

— Mes-mesmo!? Hahaha, sempre falei para minha esposa e meus amigos que, se fosse Kururi-sama, ele definitivamente aceitaria! Eu meio que estou encarregado pelos carpinteiros por aqui e sempre fiquei preocupado se conseguiria trazer boas notícias. Hahaha, sério, agora estou muito aliviado!

Eita porra, ele agora acha que aceitei o plano, sendo que na verdade nem sei do que estamos falando!

— Vamos, não fique impaciente. É verdade que é uma boa ideia, mas ela não foi aprovada ainda. É por isso que estou aqui para discutir sobre isso e ouvir mais detalhes.

— Ahaa… sinto muito, acho que acabei me empolgando.

O marido me respondeu com um risada nervosa enquanto a esposa  o repreendia e servia um chá para mim, que suava frio!

— Tudo começou quando o senhor retornou para Helan, Kururi-sama. Como qualquer um pode imaginar, muitos jovens têm se espelhado no senhor, mas não temos gente o bastante para lidar com o fluxo, por isso decidi procurar ajuda.

Droga, ainda não faço a menor ideia!

Se espelhando em mim? Tipo quando me vêm montado no Poobe ou algo assim? Se estiver falando em aumentar o número de dragões de montaria, sinto muito, mas é impossível.

Então não tem nada de bom nessa idéia!

— …De quantas pessoas estamos falando exatamente? Pessoas “se espelhando em mim”?

— Não sei dizer ao certo, mas acho que por volta de umas trezentas.

TREZENTAS!? Ei, ei, ei, do que é que estamos falando? Não consigo ver aonde isso quer chegar.

— Não estou certo se consigo preparar “recursos” o suficiente para trezentas pessoas…

— Essa parte não tem problema. O que importa é a habilidade, então contanto que juntemos artesãos suficientes para ajudar, não acho que ficaremos com falta.

O que importa é a habilidade? Se espelhando em mim, trezentas pessoas e habilidade é o que importa… Ah, então é isso!

Eles só podem estar querendo se tornar ferreiros, não é!? Embora seja mais preciso dizer que eles querem virar mestres artesãos, só pode ser isso! A Série Kururi que eu criei era bastante popular neste país, quero dizer, todos me chamam de ferreiro lendário e coisa assim. Acho que seja apenas natural que me admirem.

— OHOHOHO!

— O- o que houve tão de repente?

Ah, você não sabe! Só agora eu percebi que estávamos falando de quanta gente me ama e admira, e isso meio que mexeu com meu coração!

— Você quer dizer que tem trezentas pessoas querendo virar artesãos? E que você é o cara que está cuidando de tudo isso? E que no presente momento não há instalações ou recursos para ajudar eles? E que foi por isso que me fez um requerimento? E que você quer um ambiente propício para desenvolver a aumentar o número deles!

— Errr….sim…

Ele tinha uma expressão que dizia,”qual a surpresa depois de tudo que discutimos?”, mas não tive como conter a minha alegria.

— Certo, já está decido! Nós vamos transformar Helan no paraíso dos artesãos! Nesse momento, temos uma quantidade abundante de recursos naturais que podem ser facilmente obtidos, mas não podemos depender apenas disso! Se você é um homem, precisa de uma profissão! Sanmya-san, a partir deste momento, aponto você como o grande responsável pelo plano, o grande responsável em tornar Helan o Paraíso dos artesãos! Lidere os jovens, treine-os! E então, construa o império da produção! Em dez anos, todos os produtos espalhados em Kudan terão escritos neles “Made In Helan”!

— AHAHAHA! MUITO OBRIGADO! MUITO, MUITO OBRIGADO POR ESTA IMENSA HONRA!

— USAREI DE TODO MEU CONHECIMENTO, RECURSOS HUMANOS E FINANÇAS! POR TANTO, VAMOS PROCEDER AGORA!

— SIM, SENHOR!

O marido e sua esposa olharam para mim de forma radiante. Eles provavelmente conseguiam ver o futuro que nos esperava mais a frente. No entanto, ainda havia uma coisinha que precisava pedir a eles.

— Certo, agora sobre a sua requisição, poderia escrever de novo?

— Escrever de novo? Ah, sim, sem problema…

— Ótimo, vou estar contando com você de agora em diante.

Hoje, fui capaz de me safar por ter queimado os documentos e ainda obtive uma solução para novas perspectivas. O que espera pelo meu território Helan é um futuro radiante!


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