Setes Japonesa

Tradução: Batata Yacon

Revisão: Delongas


Volume 14

Capítulo 9: Vingança


Talvez tivesse sido vingança.

Foi isso o que o Chefe de Quinta Geração da Casa Walt havia me dito.

O cenário projetado em minha volta era horrível.

Uma carruagem caída.

Em meio à chuva pesada e fria o bastante causar dor na pele com o contato, uma mulher cobria Fredricks. Sangue escorria da mulher, e ela parecia preocupada com sua barriga levemente crescida.

Eu sabia aonde isso estava indo.

『Mama, mama!』

Na carruagem que havia caído de um precipício, Fredricks se agarrava à esposa do Quarto... sua mãe.

『E-está tudo bem. Fredricks... vai ficar tudo bem.』

Os atacantes da carruagem estavam vestidos como bandidos. Mas pelo que eu pude ver por sua memória, eles se portavam com bastante habilidade. Atrapalhando os guardas, e atacando apenas a carruagem, fazendo com que caísse. Não me parecia a conduta de um salteador.

Vendo a cena junto comigo, o Quinto abriu sua boca.

『Na época, a mamãe estava grávida. Ela perdeu o bebê me protegendo. Depois disso, ela ofereceu vários tipos de razões para o porquê de não poder ter outro, ela falava e falava... mas até eu podia dizer que tinha sido por causa do acidente. Eu sabia.』

Os guardas que vieram correndo rapidamente ficaram de guarda enquanto destruíam a carruagem, criavam um teto com ela, e acendiam fogo. Eles realizaram medidas de emergência, e um único Cavaleiro foi imediatamente despachado a cavalo pelo temporal para a Casa Walt.

As imagens se acinzentaram e pararam. Era como se as gotas de chuva houvessem congelado no ar.

『... Eles não eram simplesmente bandidos. Nós éramos impiedosos com nossos bandidos, então achei que talvez houvéssemos atraído seu rancor. Mas olhando de novo, eles eram habilidosos demais. E o filho do Senhor vizinho que havia nos convidado em primeiro lugar veio até mim com um sorriso no rosto depois.』

Era a Quinta Geração pensando demais, ou assim as coisas tinham sido planejadas.

As imagens mudaram, e dessa vez, Fredricks estava escutando de um portal. Dentro do cômodo, os Cavaleiros falavam com o Quarto.

Cerrando o punho, o Quarto estava com dificuldades em respirar.

『Max-sama…』

Pensei ter visto aquele Cavaleiro preocupado antes. Ele havia envelhecido, mas era o Cavaleiro que levou um soco do Terceiro, o que havia informado o Quarto de sua crise.

『... Eu sei. Tanto minha esposa e Fredricks estão seguros. Pedir por mais que isso realmente seria... mas pros infernos que vou poder perdoar! Conduzam uma busca completa! Encontrem todos eles! Use quaisquer meios possíveis para obter informações de qualquer bandido que capturarem! Eu também usarei isso para...』

Agarrando a gema azul pendurada em seu pescoço, o Quarto provavelmente planejava usar a Skill Mente nela gravada. Mas isso não constituiria evidência.

『Informações arrancadas por Skills são frequentemente tratadas como algo implantado pela própria Skill. Mesmo se identificássemos um culpado, não teríamos sido capazes de colocar as mãos neles. Cômico. Se não fôssemos uma Casa tão grande, não teríamos sido imobilizados tão facilmente.』

Quando escutei suas palavras, a cena mudou de novo.

No início de sua adolescência, Fredricks estava mais uma vez em uma mansão que não a dos Walt. Cercado por crianças de sua idade, socado e chutado.

『Baixinho, quando é que vocês vão começar a nos escutar!?』

Um garoto grande acertava o Quinto. Batendo contra a parede, Fredricks não falou uma única palavra, enquanto tentava se levantar. Ele foi chutado.

Nos arredores, algumas garotas nobres da mesma faixa etária riam enquanto assistiam.

『Arrivistas são os piores. Eu definitivamente não quero me casar na Casa Walt.』
『E ele é um baixinho, afinal.』
『A mãe dele também é uma baixinha, e uma nobre imperial além disso. Além do mais, ela não pode mais ter filhos. Horrível como mulher também.』

Fredricks estava de olhos baixos, enquanto cerrava seus dentes, e aguentava. O garoto grande agarrou o colarinho de Fredricks, e o levantou.

『Tenta falar alguma coisa de volta, baixinho. Bem, já que é tudo verdade, acho que não pode. Naquele dia a carruagem caiu e ela se machucou, não foi?』

Fredricks aguentou. Ele cerrava seus punhos com força o bastante para que sangue escorresse, mas ele aguentou.

— Quinto, por que não falou nada de volta?

O Quinto olhava para a imagem.

『... Por que a história de todos combinava. Eles claramente tinham discutido isso antes. Se eu fizesse alguma coisa em troca, eles me fariam de vilão. Naturalmente, isso seria um problema nas conversas entre nossos pais. Eu falei, não foi? A Casa Walt da época estava em uma posição questionável. Nós não podíamos sequer confiar em nossos próprios vassalos. Oh, havia algumas Casas do nosso lado, todavia. A Casa Forxuz, por exemplo.』

A cena mudou para a propriedade da Casa Walt.

Sua mãe falava com Fredricks:

『Fredricks, você não está escondendo nada?』

『N-nadinha.』

Max prosseguiu:

『... Na verdade, um Senhor vizinho trouxe conversas de casamento entre você e a filha dele. Eu recusei. O chefe da Casa Forxuz e o chefe anterior também foram fortemente contra. Aparentemente ela não era digna.』

『… Okay.』

Max pareceu notar algo. Mas Fredricks não falou muito no que dizia respeito ao assunto.

Ele meramente virou um sorriso aos seus pais.

E a cena mudou para um vilarejo onde cultivação tinha começado.

Fredricks estava cercado por Cavaleiros, olhando o vilarejo, e estudando.

『Essa é uma boa terra?』

Um dos Cavaleiros explicou a ele educadamente.

『Não posso dizer que é muito boa, mas se for trabalhada, pode se tornar vasta. Se isso der certo, se tornará sua conquista, Fredricks-sama.』

『Mas eu só estou assistindo o trabalho como parte dos meus estudos?』

O Quinto olhou para o jovem Cavaleiro, e murmurou.

『... Velho Randbergh. Esse é o neto dele.』

Ouvindo Randbergh, olhei para o jovem. Pensando que definitivamente o vira em algum lugar antes, vi a semelhança com aquele que eu tinha começado a admirar como Cavaleiro.

O Quinto continuou.

『Tinha servido como Cavaleiro desde a época do Terceiro. Ele era um cara legal.』

E uma garotinha colidiu com Fredricks. Parece que ela havia corrido de uma esquina, e colidido.

『E-ei. Afaste-se imediatamente do Fredricks-sama!』

O Cavaleiro estendeu uma mão para a garota, mas Fredricks riu, e sacudiu sua cabeça.

『Está tudo bem. É melhor você ter cuidado a partir de agora.』

A garota olhava para Fredricks com um rosto que mostrava que realmente não entendia o que estava ocorrendo. Nisso, uma garota que provavelmente era sua irmã correu até lá com um rosto pálido. Ela abaixou sua cabeça, e ofereceu um pedido de desculpas:

『M-me desculpo profundamente!

Curvando-se várias vezes, ela segurava sua provável irmã perto, e implorava por perdão. Fredricks parecia bastante confuso em vê-la assim. Então o rosto de Fredricks se corou ao olhar para a irmã mais velha.

『S-sem problemas. Iremos ignorar dessa vez. Agora de volta ao trabalho.』

Sua voz estava um pouco aguda, e as duas jovens garotas pareciam aliviadas, curvando suas cabeças com um sorriso. Vendo as duas enquanto partia, Fredricks hesitou.

E vendo isso, o Cavaleiro:

『... Devo enviá-las ao seu quarto hoje à noite?』

Nisso, o rosto de Fredricks tornou-se um vermelho brilhante.

『S... s-s-s-seu tolo! E-eu não... não...』

Aqueles em volta olharam para ele, e sorriram. Fredricks saiu a passos largos, despistando os Cavaleiros, e seguindo em frente.

O Quinto olhava para a cena.

『Planejávamos aumentar nosso número de vilarejos cultivados dali em diante. Então o Quarto determinou que havia necessidade de eu aprender em campo. Porque a área era tão ruim quanto era possível ser.』

O Quinto recordava. Mas seus olhos olhavam tristemente.

E depois disso, mais algumas cenas de Fredricks conversando com as irmãs fluíram. Pouco a pouco, eles se davam melhor.

Foi então.

Fredricks foi chamado de volta à propriedade da Casa Walt para um retorno temporário.

Na entrada do vilarejo, o herdeiro da Casa Randbergh e os aldeãos se despediam dele.

Fredricks subiu em seu cavalo, e falou para as duas garotas com quem se dava bem:

『Voltarei em breve. Hm... quando eu voltar...』

As pessoas em volta olhavam para seu rosto avermelhado com sorrisos. A irmã mais velha assentiu.

『Estarei aguardando por você, Fredricks-sama.』

Fredricks sorriu.

Mas...

A próxima cena projetada foi dos restos de um vilarejo queimado. Completamente parado, Fredricks era levado pelos seus Cavaleiros de guarda pelo lugar queimado rumo à árvore em seu centro.

Alguns sobreviventes restavam, berrando suas vaias ao grupo.

『Por que não puderam vir mais cedo!?』

『Minha... minha filha...』

Um casal que eu tinha visto antes. Era o casal que havia aparecido na memória da fugitiva Sexta Geração.

Caminhando devagar, Fredricks virou seus pés rumo à árvore no centro do vilarejo.

Havia aldeãos pendurados nela.

O jovem rapaz da Casa Randbergh estava despido de seus pertences, e colocado em um terrível estado. Parecia que ele havia resistido até o fim.

E na posição frontal de destaque, as irmãs com quem Fredricks havia se familiarizado estavam penduradas.

Metódico... chamar disso seria estranho, mas elas estavam definitivamente postas de modo a deixar uma marca em Fredricks. Caindo de joelhos, ele olhou para letras gravadas no tronco.

Baixinho... elas soletravam.

Fredricks abaixou os olhos, e pude ver o olhar em seus olhos mudar. Agudos, encobertos, esses olhos me fizeram engolir minha própria respiração.

O Quinto se virou.

『... Não havia prova alguma. Mas havia um número limitado de pessoas que sabia da situação interna do vilarejo. Eu queria pegar as tropas imediatamente, e fazer uma incursão. Eu queria fazer o mesmo com eles. Não, eu queria erradicá-los.』

Sem mudar sua expressão, o Quinto prosseguiu, indiferentemente.

『Alguém tinha que ter vazado a informação de que eu era próximo àquelas irmãs. Eu tinha um palpite geral. Alguém ligado aos nossos vassalos. Alguém que havia, com um sorriso na cara, vendido informações sobre nós.』

Levantei os olhos para a árvore do vilarejo, e desviei o olhar. Pessoas realmente podiam fazer algo tão terrível, e havia alguma necessidade de ir tão longe...

— Isso é terrível demais. Isso é...

『Não diga que é impossível. Escuta aqui, Lyle. As pessoas que fizeram isso são iguais a nós. Os mesmos Senhores Feudais, os mesmos tipos de Nobres. Um passo no caminho errado, e faríamos coisas assim também. Para falar a verdade, tenho certeza que coisas ainda piores foram feitas com os territórios que tentaram invadir o Fiennes. Se alguém invadir suas terras, é necessário oferecer retaliação. Por que se deixar que te subestimem, eles irão continuar repetindo coisas assim.』

Eu compreendi que não se podia deixar ser subestimado.

E o Quinto falou:

『... A respeito do Senhor Feudal que nos invadiu dessa vez, uma vez, eles tinham se dado bem com o Terceiro, sabia. Mas depois de uma única geração de intervalo, as coisas chegaram a esse ponto.』

Havia Senhores, e havia cidadãos... Aquele que decidia as políticas do território era o Senhor, e apesar do fato de que se ele fosse competente traria glória ao território, se fosse incompetente, poderia arruiná-lo.

Havia muitos casos de uma mudança de mãos significando incompetência, e o contrário também era verdade.

『... Veja, Lyle. Eu jurei ali. Jurei que definitivamente teria minha vingança. Não importando quantos anos, quantas décadas levasse, eu iria erradicá-los.』

Olhei para o Quinto de braços caídos. Mas no período do Quinto, a Casa Walt continuou apenas aguentando, e no final, não invadiram nenhum território circundante.

— O que aconteceu para mudar seus planos?

O Quinto olhou para o céu em resposta às minhas palavras, e riu. Ele riu, e no final, em uma vozinha:

『Meu próprio filho. Na primeira vez que olhei para o Fiennes, eu fiquei verdadeiramente perdido. Mesmo eu odiando eles. Mesmo eu realmente querendo todos eles mortos... Eu não queria que eles, meus próprios filhos passassem pelo mesmo. Era tarde demais. Eu já tinha as concubinas, e tinha o plano todo preparado, e mesmo assim... quando eu percebi, estava em uma situação que já não podia mais parar.』

O Quinto falou isso, e quietamente me levou para fora do quarto de memórias.

Dentro do Portador.

Sob a luz da lanterna, Mônica me informou que reféns tinham sido tomados através de Bahnseim.

Centralle havia dado ordens por todo o país de qualquer casa com status de barão para cima deveria oferecer reféns.

Organizando a informação obtida da Adele-san, isso significava que de acordo com esse mandato, havia muitos Senhores Feudais que não se moveriam mesmo se quisessem.

Comecei a ponderar sobre essa informação passada através das Valquírias. Mas o que cruzou minha mente foi o Quinto.

No compartimento de carga do Portador, Clara falava comigo:

— Lyle-san, está tudo bem? Acho que é melhor você descansar um pouco.

Após esfregar o canto dos meus olhos levemente com a ponta de um dedo, sacudi minha cabeça.

— Desculpa, por favor, continue.

Mônica olhava para mim enquanto transmitia a informação.

— Para aqueles sem reféns, parece que aqueles de ranque Baronete e abaixo irão se mover em troca da paz em seus territórios. Se os tomarmos em nossas forças, seremos capazes de preparar tropas por dentro de Bahnseim.

Nisso, o Terceiro falou:

『Errado. É verdade que há Senhores Feudais que querem governar pacificamente. Mas não há garantia nenhuma de todos serem assim. Haverá alguns que desejarão mais terras, e outros que pensarão em usar a oportunidade para resolver disputas com seus arredores. Tal como esperado, precisaremos do auxílio de Senhores superiores a Baronetes, que tenham vassalos em seu serviço. É melhor manter problemas ao mínimo. Ou melhor, se você não tiver nada além de Senhores sem importância, de modo algum conseguirá uni-los. Vai ser difícil liderá-los em um exército de larga escala.』

De acordo com o Terceiro, seria difícil fazer as opiniões de todos os Senhores de pequena escala se alinharem. Precisávamos de um Senhor capaz de tais minúcias... de Barões ou superiores.

E como comandantes, eles não seriam capazes de tomar o comando de forças tão grandes.

— Mônica, informe a unidade da Adele-san. É importante começar pequeno, mas precisamos obter um Senhor maior do nosso lado. Ou será impossível uní-los por nós mesmos.

Mônica tinha preparado chá para mim. Chá de ervas, pelo visto.

— Ela acha que será difícil. Tomar reféns é uma coisa, mas o problema são esses reféns. Você acha que eles estarão seguros à mercê da Celes? Mesmo se prometer o resgate deles, no final existe uma possibilidade de terem sido convertidos para o lado dela do fundo de seus corações. A possibilidade de já não estarem mais neste mundo é...

Seria difícil recuperar as relações dos Senhores tomados. Se chegasse a essas negociações, nós estávamos em uma situação onde não podíamos afirmar que definitivamente os salvaríamos.

Clara falou para mim.

— Como esperado, não há outra escolha senão começar de baixo? Mesmo se derrotarmos a Celes, se os reféns não estiverem seguros, a raiz de seus problemas permanecerá.

Aria estava negativa:

— Se fosse possível se infiltrar em Centralle e resgatá-los, não seria estranho se alguém já houvesse assassinado a Celes a esse ponto.

Tendo enfrentado a Celes, e experimentado sua irracionalidade, a opinião da Aria estava acertando em cheio.

Mas nós não tínhamos tempo.

— Que tal o fronte oeste. O que foi feito dos Senhores próximos à fronteira de Faunbeux? Atualmente estamos indo na direção deles. Se ainda estiverem seguros, então há métodos.

Levantando seu rosto, Mônica sacudiu sua cabeça.

— Ela não tem essa informação. Já que a Adele-san está no leste.

O grupo da Novem estava a sul. Se tiverem êxito em sua tarefa sem problemas, entrarão em Bahnseim por lá.

Pensando um pouco, cheguei a uma conclusão.

— Colete informação. Se não for tarde demais, considere resgate ou recuperação. Se já estiverem em Centralle, então é impossível. Caso não, então podemos fazer o que for possível com nossos números.

Lancei um olhar aos arredores, e todas concordaram.

 


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