Setes Japonesa

Tradução: BatataYacon

Revisão: Delongas


Volume 17

Capítulo 16: Esposas da Casa Walt


Caminhando na mansão da Casa Walt, eu olhava meu próprio quarto.

O quarto onde antes estive confinado tinha sido lar de uma montanha de livros. Isso, tinha sido, mas agora não havia nada.

Quando fui expulso da Casa, parece que todos os meus pertences foram jogados fora. Havia uma cama, e a estante que ocupava uma das paredes do quarto estava vazia.

Estendi minha mão para a Joia pendurada no meu pescoço e a apertei com força.

De acordo com o Baldoir, a Casa Walt ainda tinha forças reservas. Para prevenir um ataque pela retaguarda enquanto ainda estávamos ocupados com a Celes, ele recomendou que eu viesse aqui primeiro.

Sua verdadeira intenção provavelmente era me oferecer uma viagem de volta para casa. Usamos o Portador para percorrer os territórios circunjacentes, usando a nova habilidade da Joia... algo similar à Skill do meu pai, para desfazer o charme da Celes enquanto prosseguíamos.

Mas isso não significava que todos ficariam felizes com sua liberdade.

Eu também, tinha sentimentos bastante complicados.

Enquanto eu pensava, uma batida veio da porta.

— Frangote, as pessoas estão se reunindo umas após as outras, dos territórios em volta.

Me levantando da cama, pedi que a Mônica desse o relatório da situação.

— Dos territórios em volta, eh? E quanto à mansão?

Mônica deu de ombros.

— Muitos estão tentando se matar. E recebemos relatórios de alguns de seus familiares de fora da mansão tendo se matado também. Enviaram testamentos sobre como desejavam pagar pelos malfeitos de seus filhos e filhas.

Ela reportou sem esconder nada. Mas é assim que isso deve ser.

— Diga a eles mais uma vez que não permito nenhum suicídio. Que não tenho nenhum castigo particular em mente. Que estavam apenas sendo manipulados pela habilidade da Celes.

O tratamento que me ofereceram... alguns estavam tentando se matar por causa disso. E isso era uma surpresa para mim.

Eu odiava o fato de que libertá-los não era um final seguro.

Mônica olhou para mim.

— Conversei com a Miranda-san também, tem certeza que não é melhor simplesmente castigá-los? Você conseguirá prevenir que eles deem fim à própria vida em um ataque de remorso e culpa.

Dei ouvidos à opinião dela.

— ... Isso realmente é só problema.

Eu havia retornado, mas não pude encontrar conforto nenhum. A mansão que uma vez tinha me recebido tão calorosamente, mesmo após eu tê-los libertado da maldição da Celes, não parecia que um dia retornaria.

Olhando para a realidade assim, percebi exatamente quantas pessoas compungidas haviam. Mas até agora, eu ainda não tinha encontrado ninguém feliz.

— Talvez meu retorno não tenha sido bom.

Nisso, Mônica olhou para mim batendo suas palmas duas vezes.

— Então o que devemos fazer com as pessoas que vieram?

Cobri meu rosto com minha mão direita.

— Não posso simplesmente ignorá-los. Mas eu gostaria de ir para a cidade natal do Baldoir também.

Pensando em como as coisas eram ocupadas mesmo tendo retornado, peguei uma jaqueta, vesti-a, e saí do quarto.

... Shannon caminhava pela mansão da Casa Walt.

Era uma vasta propriedade. Somando-se a isso, havia tantas filhos na época do Quinto que uma segunda mansão anexa tinha sido construída para o uso dos filhos. Depois disso, foi usada para sempre que houvesse visitantes.

Caminhando pelo anexo, Shannon escutava as palavras da Elza que caminhava atrás dela.

— ... De certo modo é mais extravagante que nosso palácio lá em casa.

Shannon recordou o que havia ouvido de Miranda.

— Parece que a Casa Walt tem o maior território de Bahnseim. É maior que alguns países, então acho que é de se esperar? Ah, ali está.

Shannon chegou em um certo quarto que era o destino de sua caminhada.

Era um quarto do anexo que nunca era aberto para uso de hóspedes, e um quarto que o Chefe da Casa da geração passada, Brod, manteve do jeito que era.

Shannon levantou sua chave, e quando abriu a porta, viu as armas de fogo cobrindo as paredes.

Era o quarto que a Milleia usava.

Armas de tiro único, que requereriam uma nova bala após cada tiro. Além do mais, havia facas presas nos canos das armas. Havia várias delas em volta, mas como nenhuma tinha sido cuidada recentemente, estavam cobertas em ferrugem

Elza olhou para elas.

— Tantas cópias da mesma arma. Mas não parece que qualquer uma delas está em estado de uso.

Dentre elas, Shannon procurou por uma em boas condições. Ela procurou e pegou uma.

— Ei, acha que eu deveria levar essa comigo? É uma lembrança importante, e é da minha bisavó, então é praticamente minha.

Elza se virou para Shannon.

— Oh, então vocês são parentes?

Shannon levantou a arma pesada.

— Minha bisavó era da Casa Walt. Aparentemente a Casa Circry ainda tinha relações com os Walts até a geração passada.

Elza assentiu em compreensão.

— Acho que vou levar de volta e mandar consertar. Não acho que seja ruim ter pelo menos uma dessas.

Quando Shannon falou isso, continuou a olhar em volta do quarto com Elza. Havia poeira acumulada, e parecia evidente que não tinha sido limpo por alguns anos.

Ela tinha tentado perguntar a um dos empregados da mansão. O Maizel aparentemente tinha decidido parar de preservar e planejava transformar em um quarto de hóspedes em sua geração. Mas eles tinham quartos o bastante, então não havia pressa para converter, e antes que percebessem, acabou simplesmente virando um quarto que ninguém entrava.

Shannon olhava para o quarto.

— É como se tivesse sido esquecido; um quarto solitário.

Ela falou...

Compartimento de carga do Portador.

Sentado no banco, eu conversava com a Miranda, que se sentava ao meu lado. Novem se sentava o mais longe possível, fora do alcance de uma conversa agradável.

Estava claro a quaisquer olhos que ela estava me evitando. Mas não era como se não escutasse o que eu tinha a dizer.

Qualquer que fosse o caso, um senso de distância tinha sido formado entre nós, que a palavra “questionável” não seria o bastante para descrever.

— Lyle, está escutando?

— Eh, oh... Eu não estava.

Quando me desculpei honestamente, Miranda soltou um suspiro. Sentada no banco, ela trocou suas pernas cruzadas e pôs as mãos no colo.

— Me perguntaram várias coisas, e uma delas foi se a esposa principal já foi decidida entre nós. Além do mais, falaram algo sobre os preceitos da Casa Walt e et cetera. Ouvi sobre eles antes, mas esses preceitos foram seriamente preservados?

Os preceitos da Casa Walt eram uma mentira que o Primeiro havia soltado enquanto bebia. Eles foram passados de geração para geração, e mantiveram-se como nossos preceitos.

— ... Eu ainda era uma criança quando ouvi deles, então não podia dizer o quão a sério as pessoas estavam os considerando. De todo modo, é tudo sobre ter uma pessoa talentosa como esposa, não é? Ou melhor, não acha que a esse ponto, esses preceitos são desnecessá... erk!?

Enquanto falávamos, o olhar da Novem me penetrou. Ouvindo que eu descartaria os preceitos que nosso fundador deixou para trás, ela pareceu bastante triste.

Miranda pareceu notar, mas fingiu não ter propositalmente.

— Duvido que lhe faça qualquer mal mantê-los. Afinal, eu passo neles, então realmente importa?

Miranda me deu uma espiada de baixo.

— É-é. Talvez.

Nisso, Aria sentada na nossa frente olhou para a Miranda.

— Uma das pessoas da mansão falou que ficariam aliviados desde que a Novem desse a permissão. Então duvido que tenhamos qualquer uma que não passe neles.

É verdade que uma vasta maioria delas havia recebido a aprovação da Novem. A única que chegou a receber uma forte rejeição foi a Princesa Real de Lorphys.

Shannon estava brincando de cama de gato com a Elza. E Gracia as fitava distraidamente.

Derrotando Elza, Shannon fez uma pose triunfante antes de se virar para mim.

— Parando para pensar, estou curiosa com uma coisa.

— O quê?

— Que tipo de pessoas eram as esposas da Casa Walt? Veja, quando se trata dos Chefes, você contou tudo para a Eva, então ouvi dela o tempo todo, mas não tenho a menor ideia sobre que tipo de pessoas eram as mulheres da Casa Walt.

Quando ela perguntou mais uma vez, admiti que realmente havia muitos pontos obscuros. Às vezes duras, às vezes gentis, eu tinha visto suas figuras na Joia.

Mas eu não sabia os detalhes das esposas dos ancestrais... das mulheres da Casa Walt.

O interesse da Eva foi captado, então se inclinou para frente.

— Eu também quero ouvir. Se os preceitos eram para receber mulheres talentosas, então isso significa que eram todas prodigiosas, certo?

Cruzei meus braços enquanto pensava.

— Isso provavelmente é verdade.

Shannon olhava do compartimento de carga do Portador. May estava no teto. Clara controlava o Portador, então não estava aqui. Mônica tricotava enquanto falava:

— Quem quer que possam ter sido, desde que pudessem parir pintinhos, não são diferentes de nós.

... Ela era a mesma de sempre. Shannon olhou para as membras reunidas no Portador.

— Mas não tem como elas terem sido mais estranhas que essas membras, não é?

Nisso, Miranda também olhou em volta.

— Verdade. Pode ser a primeira vez desde o começo da Casa Walt.

Ela disse isso e soltou uma risada. Todas deram um “isso mesmo”, enquanto riam. Mas pude sentir algo pela atmosfera.

... Nenhuma delas pensava ser a estranha. Elas estavam certas de que eram diferentes...

Mas quando olhei para a Novem, ela desviou seus olhos de mim. Não, ao invés disso, era como se ela estivesse tendo dificuldades em dizer algo.

— Novem, você não sabe um pouco sobre isso? ... Digo, tenho certeza que alguns detalhes foram passados pela Casa Forxuz também.

Quando soltei uma voz maliciosa, Novem pareceu se agitar. Ela não podia simplesmente dizer para todas que portava as memórias de uma deusa maligna. Mas se eu perguntasse assim, duvido que seria muito suspeito.

Por alguma razão, o olhar da Novem estava vagando mais que o normal.

Vendo-a assim, Eva pensou que havia alguma coisa.

— Você sabe de uma história interessante? Havia várias delas com os chefes da Casa Walt, então tenho certeza que suas esposas tiveram suas partes também. Ou será que foram todas arrastadas pelos maridos ou coisa assim?

Parecia que todas queriam ouvir, já que seus olhos estavam cheios de expectativa. Novem tentou se esquivar, mas não estava funcionando.

— E-eu não sei muito sobre o assunto. E ouvi que as madames foram todas dignas dos preceitos da Casa Walt, que prometiam receber indivíduas talentosas. Então não deixemos essa tendência terminar na geração do Lyle-sama...

Shannon riu.

— A Novem está sem jeito. Ela definitivamente sabe de alguma coisa.

Apesar da Shannon ter sua porção de pontos inúteis, ela era capaz de ler as emoções humanas. Ouvindo isso, Miranda soou intrigada.

— Que furtivo de você manter todo mundo no escuro. Bota pra fora.

Somente a Mônica parecia sem interesse enquanto tricotava.

— Huhu, com isso, mesmo se os pintinhos nascerem às dúzias, não teremos problemas com roupas. E não importa como se veja, haverá várias dúzias nascendo todo ano. Servi-los não terá fim.

Enquanto continuava a produzir roupas de bebê rapidamente, Mônica babava.

Acho que ela não ficaria abalada não importando o que acontecesse.

O Portador parou de repente.

Quando todos perderam o equilíbrio, Novem foi a primeira exclamar:

— Aconteceu alguma coisa, Clara-san!?

“Ela tá fugindo”, assim falavam os olhos que ela ignorou enquanto chamava a Clara. Então a Clara desceu do assento do motorista.

— Não, havia alguém sofrendo. Havia, mas...

Parece que a intenção não estava sendo passada.

Abrindo a porta do compartimento de carga, vi a May se posicionando diante do ferido. A pessoa rolava no chão em dor... metade do seu rosto tinha inchado, e sua mão direita mostrava um crescimento bizarro.

Apesar de estar definitivamente sofrendo, era uma visão ominosa.

— Urrrggggggggrrrrrrrrruuuuuu!! L-Lyyllleeee….!! Maaaaaaattaaaarrrrrrrr!!

Era quase como o rosnado de uma besta. Enquanto eu puxava a Katana na minha cintura, minhas companheiras que tinham desembarcado puseram suas armas em mãos. Porque o comportamento da pessoa era claramente bizarro.

E quando ela botou sua cara para fora da porta, Shannon berrou:

— Hã? O que há com esse cara... além de estar morto, tem um monstro grudado... saindo de dentro dele.

Recordei a cena do Breid usando aquela droga para assumir uma forma monstruosa.

A carne de sua forma se expandiu, brotando pelos ao ponto de não ser mais possível chamar aquela figura de humana.

Das matas próximas, pude ouvir rugidos ominosos similares.

Quando olhei em volta, usei uma Skill.

Havia pontos dirigindo clara hostilidade contra nós. Mas eles não estavam ali há apenas um momento antes. Eles tinham brotado de repente.

— ... Parando para pensar, não havia resposta nenhuma da direção em que estávamos indo.

De onde veio uma pessoa caída? Havia pessoas que minha Skill não conseguia capturar, mas a maioria delas estava se escondendo com uma Skill própria.

Não consigo pensar que haja tantos desses tipos por aí para nos cercar assim.

Os Cavaleiros cercaram o homem que tinha virado um monstro.

— Para trás, Lyle-sama!

O homem saltou em nossa direção de repente e caiu de novo. Quando se tornou um monstro completo, ele parecia ser uma fusão de homem e fera.

Mônica olhou para o inimigo e sussurrou.

— Ao invés de monstro, ele parecer ter vindo direto de um tokusatsu. Mas se é um inimigo do meu frangote, irei eliminá-lo.

O monstro saltou enquanto os Cavaleiros tentavam enfiar suas armas. Ele subiu dezenas de metros no ar casualmente, e de modo similar — saltando da floresta — outros monstros começaram a cair na minha direção.

Agarrando o cabo de novo, eu estava prestes a interceptá-los, quando uma mulher voou no ar.

— Novem.

Quando ela balançou seu cajado de família que carregava regularmente, ele assumiu a forma de uma enorme foice para retalhar os monstros. E aterrissando no chão, ela foi acompanhada por uma chuvarada de sangue sobre todos nós.

— Novem, você...

Estendi minha mão, mas parei no caminho. Quando ela levantou seu rosto, seus olhos estavam mais estagnados do que já os tinha visto antes.

Novem murmurou enquanto olhava para minha mão parada no ar:

— ... Não precisa se forçar, Lyle-sama. Até eu compreendo que assusto. Mas eu simplesmente não podia permitir que uma coisa dessas acontecesse. Terei cuidado na próxima vez.

Dizendo isso, Novem sorria, mas ainda assim achei estranhamente assustador. Com seus olhos estagnados, com aquele sorriso estranho, com seu rosto coberto de sangue.

Fui incapaz de soltar minha voz para chamá-la.¹


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Notas:

1. Delongas: definitivamente ela não é mais minha uma das minhas preferidas.



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