Sinfonias Galáticas Brasileira

Autor(a): Yago.H.P


Volume 1

Capítulo 16: Negócios

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Lanius: Área de pouso

Após finalizar a negociação para a compra das naves, iniciamos nossa jornada pela colônia Lanius em busca de Flaco La’penã, um criminoso que eu conhecia bem. Precisávamos adquirir suprimentos e outros itens específicos que somente ele poderia nos fornecer.

Caminhávamos pelas tortuosas ruas de piche, iluminadas por neons nas tonalidades de vermelho e roxo. Ao nosso redor, as casas desmoronavam em diferentes formas, algumas retorcidas, outras mais convencionais, enquanto os fios elétricos pendiam perigosamente sobre nossas cabeças, oferecendo o risco iminente de eletrocussão.

— O que é aquilo? — perguntou Suzuhara, apontando curiosa para uma estrutura à nossa frente.

Um letreiro em neon anunciava "Loja de Artefatos", indicando um local repleto de itens variados e artefatos de diferentes funções.

— Que tal darmos uma olhada? — sugeri, percebendo que não tínhamos outra atividade planejada e precisávamos passar o tempo até sermos encontrados por alguém ligado a Flaco.

Suzuhara concordou com entusiasmo, seus olhos quase brilhando de expectativa, enquanto Poul deu de ombros, indicando que não se importava. Assim, adentramos a loja, um espaço amplo com inúmeras prateleiras e máquinas de vendas. O aroma de metal enferrujado impregnava o ar, sugerindo uma grande variedade de peças de nave disponíveis ali.

Caminhei por entre as prateleiras de antiguidades, cada corredor uma nova esperança de encontrar algo especial. O piso branco contrastava com as lâmpadas amarelas penduradas sobre minha cabeça, criando uma atmosfera acolhedora e nostálgica. Então, algo capturou minha atenção e fez meus olhos brilharem intensamente.

"DVDs!" Uma prateleira repleta de DVDs antigos, um verdadeiro tesouro para alguém como eu, que apreciava animes, desenhos e filmes clássicos. Parei diante dela e comecei a examinar cuidadosamente cada título.

"Steins Gate!" Reconheci imediatamente esse título que fazia parte das minhas memórias de infância, mas que havia perdido o DVD ao longo dos anos. Não hesitei em estender a mão e pegar a capa dura, sentindo uma pontada de entusiasmo ao tê-lo em minhas mãos novamente.

Virei o DVD para conferir a parte de trás, verificando todos os detalhes. Tudo parecia perfeito, era exatamente o que eu estava procurando. Perdi a noção do tempo enquanto continuava examinando os DVDs, imerso na minha paixão por essas relíquias(velharias) do passado. Era um vício saudável, afinal, quem poderia resistir à nostalgia e ao encanto dos clássicos? Melhor que vício em álcool era…

"O que é aquilo?" avistei um brinquedo na prateleira à frente e me aproximei, observando sua silhueta. "Um robô?" Instantaneamente, pensei em quem iria gostar daquilo. Peguei o brinquedo; era um modelo de Gundam, um clássico dos robôs gigantes. Decidi que seria o presente ideal para minha amante de robôs. Imaginava que sua reação seria tão gelada quanto o polo norte, mas no fundo, eu sabia que ela estaria gritando igual uma criança empolgada por dentro.

"Um colar..." Meus olhos se fixaram em uma delicada peça, um pingente em forma de coração, composta por duas partes que se uniam em harmonia. Sabia exatamente para quem dar isso. 

Enquanto explorava o local, deparei-me com objetos peculiares. "O que é isso?" Ao examinar a etiqueta, descobri que eram artefatos de origem desconhecida, possivelmente provenientes de destroços de naves ou furtados. A loja, afinal, parecia ser um verdadeiro depósito de itens saqueados.

No entanto, algo em particular chamou minha atenção: um pingente de formato incomum, composto por duas peças hexagonais de bronze, dispostas em direções opostas e conectadas horizontalmente. Nas extremidades inferiores, duas peças retas se projetavam para baixo, enquanto no centro das peças hexagonais destacava-se a imagem de uma cabeça de pássaro. Era uma criação tão singular que eu jamais havia visto algo semelhante.

— Encontrou algo interessante? — Poul chegou ao meu lado, segurando alguns brincos. 

— Olha isso. — Peguei o artefato estranho e o mostrei a ele, enquanto o item parecia distorcer a visão de Poul. — Já viu algo parecido?

Ele pegou da minha mão com cuidado, e o manteve na palma a abaixando, movimentou-a levemente para cima duas vezes, fazendo o artefato saltar, e assim ele o ergueu diante de seu olhar, analisando-o.

— Nunca vi nada assim. — Devolveu-me o artefato. — Parece saído de um daqueles filmes alienígenas.

Concordei mentalmente. De fato, alguns filmes de ficção científica apresentavam artefatos semelhantes, associados a impérios perdidos. Embora nossa tecnologia beirasse a ficção, a ideia de envolvimento alienígena era um passo a mais na teoria da conspiração, coisa de lunático.

— O que? Vai me dizer que o governo está envolvido com um império alienígena e esconde isso da população? — comentei, repleto de sarcasmo.

— Isso é teoria da conspiração demais. — Poul examinou a prateleira onde encontramos o artefato. — Parece que há mais coisas aqui…

Ele avançou pela loja, sua corrente oscilando a cada passo, até chegar à prateleira. Seus olhos alaranjados percorreram cada item ali exposto. De repente, algo capturou sua atenção. Ele o pegou imediatamente.

— O que encontrou aí? — perguntei, notando que era um pingente idêntico ao dele, uma pequena espada prateada. — Isso é... Poul...

— Está tudo bem... — Ele apertou o pingente em sua mão por um momento antes de devolvê-lo ao lugar. — Não é como se eu não tivesse visto outro objetos de lá…

O pingente, a conexão dele com o que era sua casa. Vi uma sombra de tristeza passar por suas feições antes que ele voltasse a me encarar, com um olhar mais sério do que o habitual.

— Dois sujeitos, lá atrás, parecem estar armados... — ele informou, estreitando os olhos.

Se eles já haviam notado nossa presença, poderia significar que estávamos perto de encontrar Flaco. Atrás de Poul, vi Suzuhara se aproximando com algumas sacolas nas mãos, exibindo um sorriso radiante, como se estivesse fazendo compras no shopping.

— Teremos que seguir com eles, Poul — afirmei, encontrando seu olhar com determinação. — Confio em suas chamas para proteger Suzuhara.

À medida que Suzuhara se aproximava, sua expressão radiante começou a dar lugar à perplexidade ao notar nossos semblantes tensos. Quando finalmente percebeu a razão por trás disso, olhou para mim em busca de uma explicação. Sorri de volta para ela, tentando dissipar a tensão que pairava no ar. Então, virei-me na direção dos homens, caminhando até ficar ombro a ombro com eles, mantendo meu foco fixo à frente.

— Vocês trabalham para o Flaco? — perguntei, sem rodeios. Ambos acenaram afirmativamente. — Tudo bem, nos conduzam até ele.

Com isso, os homens abriram as portas e nós três saímos para fora. Nos deparamos com mais vinte indivíduos, todos com expressões fechadas e os braços cruzados, todos usavam indumentária tática ou outras vestimentas especiais. Alguns deles pareciam possuir poderes nanobots. 

Lutar não era uma opção viável. Assim, entramos em um dos carros deles e rapidamente nos dirigimos para a base da gangue. O local era um prédio alto, e a entrada estava marcada por uma segurança pesada.

— Ele realmente ascendeu na hierarquia criminosa... — murmurei para mim mesmo.

— Sim, e isso trouxe benefícios... — Vi o olhar de Poul se perdendo nas curvas das atendentes ou de qualquer mulher que ficasse na base de Flaco.

— Não faça besteira... — adverti, sabendo que quando se tratava de mulheres, ele podia ser imprevisível.

Ele fez um biquinho, seguido de um sorriso, o que não me tranquilizou em nada. Seguimos pelo saguão e entramos no elevador, algo que não me agradou, pois estava caindo aos pedaços. Mas não tínhamos escolha senão subir. O elevador nos levou até o trigésimo primeiro andar, uma altura assustadora, e eu só esperava que Flaco não tivesse planos de arremessar Poul dali.

Ao som do "plinn" do elevador, meu coração gelou brevemente, e as portas começaram a deslizar para os lados, revelando a sala. Flaco realmente tinha se dado bem na vida, o local era imenso, com todo o andar transformado em uma única sala. Suas paredes eram revestidas de veludo, havia uma mesa de bilhar, mesas, sofas e alguns videogames.

— Quais jogos será que ele tem aqui? — Vi os olhos de Poul brilharem ao avistar os videogames.

— Todos que o meu dinheiro e influência podem comprar — A voz de Flaco ecoou do fundo da sala. Ele estava sentado em um sofá branco, com suas mulheres ao lado, envolvendo suas cinturas com as mãos.

Ao ver a cena, Poul colocou a mão na frente da boca e se aproximou do meu ouvido.

— Olha só o corno, aposto que colocou essas mulheres aqui só para mostrar que superou a outra...

— Poul... — sussurrei, se aquele cara escutasse isso, podíamos dar adeus aos suprimentos, e as nossas vidas.

Ele abaixou a cabeça em resposta a minha chamada de atenção. Ao olhar para Suzuhara ao meu lado, pude perceber seu olhar vidrado e suas mãos levemente trêmulas. As coisas iam ser complicadas.

— Flaco... faz tempo, hein? — falei, já próximo a ele.

— Realmente, da última vez... — Ele ergueu a mão, e um homem trouxe um charuto para ele. — Vocês me deram uma surra e me mandaram para a prisão...

Sorri sem jeito, passando a mão na nuca. Realmente tínhamos feito isso. Esperava que ele não guardasse rancor.

— Bem, você era um criminoso bastante procurado... — Parei de coçar a nuca, fixando o olhar nele. — E estávamos apenas fazendo nosso trabalho.

— Claro, "se envolver com minha esposa" fazia parte do trabalho de vocês? — Seu olhar se dirigiu a Poul, que parecia não saber onde botar a cara. Flaco ergueu o charuto, e um homem se aproximou com um isqueiro para acendê-lo. — De qualquer forma, passado é passado, não é mesmo?

Se ele realmente pensasse assim, as coisas seriam mais fáceis. Flaco parecia um mafioso poderoso, vestindo um terno branco impecável, seu corpo era volumoso, e sua cara estava coberta por uma barba espessa. Seus cabelos negros estavam penteados para trás.

— Mas cortando o papo furado — começou ele. — O que vocês estão procurando? Sabe, formigas que saem da colônia sem rumo acabam esmagadas...

Engoli em seco. Foi uma boa metáfora, e senti a ameaça imediatamente. Suzuhara também percebeu. Seus olhos se fecharam por breves segundos e seu corpo se estremeceu por inteiro ao ouvir. Seu trauma estava realmente a afetando muito. Precisava encerrar logo essa reunião e tirá-la daquele ambiente.

— Suprimentos para a nave e informações — falei sem cerimônias. Não tinha nada a esconder.

— Claro, afinal... — Ele colocou o charuto na boca e tragou profundamente, expelindo a fumaça branca. — O governo não te dá mais subsídios, né?

No mesmo momento, senti minha respiração desregular e meu olhar se arregalar de surpresa. Ele já sabia disso? Como? Quem o informou?

— Surpreso? — Ele fez um gesto com a mão, portando o charuto, e um homem trouxe uma pasta de papéis até ele. — Informações viajam mais rápido que naves espaciais...

Ele jogou a pasta na direção de Poul, que a agarrou no ar. Em seguida, Flaco levou o charuto novamente à boca e deu outra tragada. Poul abriu a pasta e, eu pude ver suas pupilas dilatarem enquanto folheava freneticamente os papéis. Então, ele me olhou assustado.

— Olhe isso... — Ao ver, quase caí para trás. Eram fotos e arquivos sobre a destruição de Prometeus... algo que provavelmente apenas o governo teria... — Como isso vazou!?

— Flaco! Quem lhe forneceu isso! — Diante de tantas coisas, deixei-me levar pelas emoções, perdendo o controle.

Seus homens imediatamente apontaram seus fuzis, pistolas e todo tipo de arma que nos transformaria em peneiras.

— Não... não... igual aquela vez... — Os olhos de Suzuhara estavam opacos, como se estivesse encarando a própria morte. Sua mão foi até a boca. — Não… atirem!

— Suzuhara! — A abracei, mas ela não reagia, continuava olhando para o nada com os olhos vazios, enquanto algumas lágrimas brotavam de seus canais lacrimais. — Mande seus homens abaixarem as armas! Flaco!

Comecei a sentir um calor vindo de trás de mim, provavelmente era Poul já ativando seus nanobots, mas não era hora para isso. Poul não podia fazer isso, mas não havia como eu avisar; a situação estava cada vez pior. Suzuhara já estava perdida em sua própria mente.

— Calma, calma — Flaco interveio, exibindo uma serenidade que me tranquilizou. — Baixem as armas, pessoal. Parece que a dama ali não está gostando...

Seus homens obedeceram, abaixando as armas, e o calor que sentia atrás de mim cessou, indicando que Poul havia desativado os nanobots.

— Poul, leve Suzuhara até próximo ao elevador — Embora eles não permitissem sua saída, afastá-la das armas e dos criminosos já seria de grande ajuda.

Ele acatou a ordem e conduziu Suzuhara até o elevador. Voltei meu olhar para Flaco, que agora estava mais calmo.

— Se já está a par de tudo, facilitará meu trabalho. Você nos fornecerá os mantimentos e algumas informações?

— Talvez. Depende do que me oferecer em troca — Flaco deu outra tragada e sorriu maliciosamente. — Nada é gratuito neste mundo. Até mesmo morrer custa. Talvez não para você, mas para quem herdará suas dívidas...

Eu já esperava que houvesse um preço a pagar, mas graças às minhas economias e ao sucesso em diversas missões, eu tinha um bom dinheiro para gastar.

— Quanto? — Perguntei, presumindo que ele queria dinheiro.

— Dinheiro... Na verdade, olhe ao redor. — Ele apontou vagamente para o ambiente. — Viu? Dinheiro já não é mais um problema para mim. Quero outra coisa...

— Se o dinheiro já não é mais um problema para você, o que poderia desejar?

Seus olhos brilharam com malícia e perversão ao se voltarem para minha oficial, ainda se recuperando. Se isso fosse o que ele queria...

— Se este for o preço, a negociação está encerrada — Virei-me para sair, meus olhos estavam cerrados de raiva diante de uma proposta tão ultrajante.

No entanto, ao abrir os olhos, deparei-me com o problema em que me envolvera: os homens dele bloquearam meu caminho, impedindo minha passagem. A iminência de um confronto tornava-se palpável. Parei e estreitei o olhar.

— Flaco, o que isso significa? — questionei.

— Não está óbvio? É minha maneira de dizer "A negociação ainda não terminou" — respondeu ele com um tom cada vez mais áspero. — Este é meu território, e você veio até aqui por sua própria vontade. Portanto, só eu decido quando você pode ou não partir.

Eu abriu meu sobretudo, franzindo os lábios e inclinando a cabeça ligeiramente enquanto arqueava uma sobrancelha. Virei-me para encará-lo.

— Você realmente quer jogar esse jogo, Flaco? — questionei.

— Não há jogo nem truque aqui, Ezekiel — Ele deu outra tragada e levantou a mão. — É apenas uma negociação entre dois homens. Mas um deles muito arrogante para perceber onde está se metendo.

— Como assim? Do que está falando!? — Quando ele ergueu a mão, um dos homens trouxe um cinzeiro, onde ele apagou o charuto e o depositou. — Sem truques? Você me coloca em uma sala cheia de homens armados, isso me parece uma tática de pressão, sem jogo? Você simplesmente exige minha oficial como pagamento.

— Você está se apegando demais aos detalhes… — Ele soltou bruscamente a mulher que segurava e se ergueu, sua postura exalando um ar de desdém. — Mas para você, Ezekiel, qualquer sofrimento é pouco...

Eu me via perplexo diante da sua acusação, questionando se sua raiva era fruto do tempo que o botei atrás das grades. Mas, mesmo estando errado, ele parecia obstinado em afirmar sua superioridade.

— Ezekiel, o que você realmente fez desde que chegou a esta colônia? — sua voz ecoou, enquanto se aproximava de mim, seus passos calculados e ameaçadores.

Baixei a cabeça, ponderando suas palavras antes de erguê-la novamente.

— Andei, procurei, comprei... e agora estou aqui.

— Não é disso que estou falando… Ezekiel, como você enxergava as pessoas nesta colônia? Aposto que as julgou, rotulando-as como escória, não é mesmo?

— Este é um antro de criminosos, como você queria que eu as visse? Ladrões, traficantes, pedófilos, estupradores... Quer que eu não os julgue? Não fode, porra.

Ele se aproximou, ficando cara a cara comigo, seus olhos penetrando fundo na minha alma, enquanto sua respiração roçava minha face.

— Há alguns que merecem o pior que este universo tem a oferecer, isso é certo. Não compactuamos com pedófilos ou estupradores. Mas você sequer se deu ao trabalho de conhecer as pessoas que julgou, ou para você todos são simplesmente a escória, acusados de todos os crimes?

— Você espera que eu faça um levantamento dos antecedentes de cada um? —  Minha frustração estava começando a se acumular diante desse sermão moral distorcido, sem sentido algum. — O que você quer com tudo isso? Quer que eu os perdoe a todos? Que eu mude minha visão e os trate como santos? Mais uma vez, não fode!

Eu queria dar um passo para trás, mas os homens dele bloqueavam minha retirada, e lá atrás, Poul segurava Suzuhara, parecendo indeciso sobre o que fazer.

— Quero que você compreenda que muitos estão aqui por falta de opção. Alguns roubaram porque estavam famintos, outros foram consumidos pelo sistema até restar apenas uma casca vazia do que um dia foram seres humanos.

— O sistema é falho, concordo. Mas e daí? Qual é o seu plano? Vir aqui e desabafar comigo? Flaco, vim para negociar, essa conversa não me interessa. Você acha que sou algum tipo de deus que vai resolver tudo só porque desabafou? Vai se foder, com essa ideia idiota!

Ele apertou os olhos e me agarrou pela camisa, erguendo-me do chão enquanto se aproximava ainda mais.

— Você, Ezekiel, é um filho da puta, que não consegue nem resolver seus próprios problemas, fugindo com o rabo entre as pernas do governo. Então, não, não espero que você vá consertar tudo. — Seu olhar desviou por um instante antes de voltar para mim. — Tudo que eu quero é que você jogue fora esse seu falso moralismo, moldado por uma sociedade alienada do caralho! E pare de se pavonear por aí, como se fosse alguém superior a nós! Neste momento, Ezekiel, você é a mesma escória que tanto julga. Você é um criminoso também.

Meu semblante desvaneceu, deixando-me momentaneamente sem palavras para retrucar. Meus braços perderam força e ele me arremessou, fazendo-me cair sentado, fitando-o.

— Conseguiu o que queria, Flaco? Humilhar aquele que já te deu uma surra no passado? — Tentei me levantar. — Se foi isso, então me deixe ir agora.

Ele virou-se de lado, apontando o indicador para mim e colocando a outra mão no rosto, rindo como um tolo. Parecia ensandecido.

— Você nunca vai mudar essa sua atitude arrogante, não é mesmo? Esse sarcasmo constante, essa postura de sempre se achar ou se fazer parecer o fodão. Quer saber, foda-se. — Ele puxou uma arma da cintura, engatilhando-a e apontando-a para mim. — Você vai julgar é o capeta. Vamos ver como será sua arrogância no inferno.



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