Volume 1

Capítulo 3: Primeira Lição (versão antiga)

 

Logo pela manhã, a dupla acordou e se arrumou enquanto comiam o restante da janta do dia anterior.

— Ei, Mary, onde você acha que o Drake pode estar? – perguntou o garoto, colocando suas coisas na mochila.

— Não o mencione. – Mary não parecia confortável falando sobre ele.

— É só que... Ele parecia ser um cara tão legal. Você chegou a sorrir junto dele.

— Ethan. — ela apenas disse o nome do garoto e foi o suficiente para ele ficar calado e abaixar a cabeça. Os dois terminavam de se arrumar; Mary estava com seu traje de combate novamente, enquanto Ethan continuava com as roupas do dia anterior, só com o adicional de um colete jeans por cima da camiseta.

Quanto aos recursos, como roupas adicionais e primeiros-socorros, os dois dividiam entre suas mochilas. Ambos colocaram suas máscaras de pano no rosto e partiram daquele local em direção a um novo, que seria onde talvez eles encontrariam o grupo de singulares Cicatrizes.

Enquanto andavam, Mary olhava ao redor só para confirmar que não estavam sendo perseguidos. Em meio a pensamentos mundanos, ela decidiu perguntar uma coisa ao garoto.

— Ethan, você por acaso lembra de mais alguém? O rosto, nome... — a pergunta deixou o garoto pensativo a respeito. Parecia ter memórias de alguém, mas seria necessário se concentrar para isso.

— A-antes de te conhecer? — ele devolvia a pergunta.

— É.

— Ah. Teve uma vez, que as pessoas que me compraram tinham uma filha, mas eu acho que ela não gostou de mim. Era Rebecca o nome dela. — ele só conseguiu se recordar desse caso específico, e não parecia muito animado por relembrar.

— E ela te disse algo de importante?

— Não. Ela parecia querer algo de mim, mas eu não entendia, e depois ela só ficava brava e chorando. — Ethan respondia enquanto se indagava o porquê disso.

— Hum, tudo bem então. — encerrou a discussão abruptamente.

— Por que a pergunta?

— Só curiosidade. – respondeu, Ethan já estava acostumado com Mary tendo sempre a mesma expressão neutra.

— Tá. Mary, sabe alguma coisa sobre esse grupo de singulares que estamos indo encontrar? Será que são inimigos?

— Não pelo que eu me lembro, mas qualquer coisa, fique preparado.

— Sim senhora.

— Agora, Ethan, se lembra da primeira lição que te ensinei? – ela perguntou.

— Sim.

— Fale.

— Devo analisar todas as possibilidades ao meu redor e, após isso, concentrar minha mira no problema. – Ethan se lembrava da explicação.

— E deve ser rápido, não esqueça, questões de segundos podem definir muita coisa.

— Sim. – Ethan acabou reparando em algo estranho nas costas da camiseta dela. Era algum tipo de mancha azul brilhante. — Ei, Mary, o que é isso? — ele dizia enquanto apontava para a mancha.

— Hum? — ela parou e olhou para trás, tentando enxergar o que havia em sua vestimenta. Ao puxar a camiseta um pouco para o lado e conseguir ver a mancha, a moça ficou instantaneamente preocupada, começando a olhar em volta. Aquelas ruínas, que até então estavam quietas, começaram a soar muito suspeitas.

Eles ouviam vários barulhos de pedras pequenas caindo das casas. Sentindo que algo em volta estava estranho, a moça deu o sinal, Ethan sacou suas pistolas e Mary sua katana. A dupla ficava de costas um para o outro e olhava em volta, esperando um ataque surpresa.

Assim que eles ouviram um barulho de algo bem maior saltando de um dos prédios, os dois se viraram na direção do barulho, porém ao perceberem que se tratava de algo ainda pior, Mary rapidamente empurrou Ethan para o lado e quase que foi acertada por um soco que, ao atingir o chão, o quebrou facilmente.

Depois que a poeira baixou, a moça pôde enfim ver do que se tratava. Ela reparou num sorriso enorme no rosto do rapaz, que se revelava bem alto e parrudo, com um moicano curto e preto. Ethan se levantou e rapidamente atira na direção dele, porém os tiros não fizeram efeito algum, pois, logo antes dos projéteis atingirem suas costas, uma grossa camada do que parecia ser músculo surgiu por cima da pele do singular e reteve os tiros.

Os dois ficaram surpresos e acabaram entendendo o que aquele moço podia fazer.

— Muito prazer, Mary e Ethan. Não se preocupe, garoto, você eu tenho que levar vivo. Seja legal e você não acaba igual eu vou deixar sua amiguinha. – Dex dizia com um largo sorriso para o menino, que quase recua de medo.

Logo que ele terminou essa frase, ele estendeu o braço para o lado e a katana de Mary perfurou sua mão. Porém, por algum motivo, ele nem sequer ligou para a dor, ele chegou até mesmo a segurar a espada pela lâmina, fazendo-a sangrar mais. Ethan tentou de novo disparar e descarregou dois cartuchos, dessa vez em pontos diferentes, porém todas as tentativas foram fracassadas. Seja perna, braço ou peito, todos os tiros foram retidos por uma grossa camada de músculo que se formou por cima da pele do singular.

Dex puxa a espada para si, levando Mary no processo, que só não foi acertada por um soco do homem pois se inclinou para trás o suficiente. Aproveitando-se disso, ela trocou de posição a mão que segurava o cabo da katana e, com isso teve mais força para empurrar a espada e cortar os dedos dele para libertar sua arma, mas o rapaz novamente não demonstrou dor alguma.

Mary aproveitava esse momento para ficar ao lado de Ethan, tomando mais a liderança claro. Os dois tentavam analisar a situação enquanto se posicionavam e largavam suas mochilas para retirar peso.

— Os tiros não fazem nada. — o menino dizia inconformado.

— Poupe os cartuchos. Essa camada de músculo é mais frágil a lâminas pelo visto. —sussurrou para o garoto.

O singular se reposicionou, mostrou sua mão com os dedos cortados para a dupla e começava a rir sutilmente, pois, de seus quatro dedos cortados, os ossos começaram a crescer novamente, em seguida os músculos dos dedos e por fim a pele. Era como se estivesse nova.

Os dois olhavam aquilo chocados enquanto o rapaz abria e fechava a mão. A dupla acabou entendendo que o poder dele se tratava mais do que apenas um crescimento de fibras musculares.

— Então, por que não colaboram? — perguntou o enorme singular, com um sorriso sarcástico no rosto. — Entregue o garoto, Mary, você pode até ser recompensada por isso, não quer informações sobre os Heróis?

Isso deixou-a surpresa. Aquilo era o que tanto desejava, procurou por anos e nunca obteve uma resposta clara. Mesmo que ela suspeitasse bastante dessa proposta, admitiu que era bem tentadora. A moça começava a guardar sua katana na bainha, enquanto Ethan entrava em choque com a ação dela.

— M-Mary? — o garoto já começava a recuar e quase entrar em pânico, seria vendido novamente. Porém ela se ajoelhou na frente dele, fez um sinal de silêncio e uma combinação de linguagem de sinais. A princípio Ethan ficou confuso, porém logo entendeu o que ela queria dizer, acalmando-se mais.

Dex se aproximou ainda com seu poder ativado para confirmar que nada o afetaria, Ethan guardou suas pistolas para garantir que o rapaz confiaria na decisão deles. O rapaz se aproximava do garoto enquanto Mary ficava ao lado dele, ele apoia sua mão envolvida de músculos no ombro do garoto. Só por essa ação, o pequeno já sentia o peso da mão dele, certamente era capaz de esmagar um crânio só apertando.

— Se você for legal, a gente promete não ser violento, muito. – disse ele enquanto olhava para Ethan, sorrindo.

 O garoto por algum motivo encostou na mão dele. Ethan começava então a se lembrar da explicação de Mary a respeito de sua habilidade.

 

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— Seu poder é a Anulação, você consegue cancelar o uso de qualquer habilidade ao tocar no usuário. — enquanto o menino lembrava da explicação, os músculos envolta da pele de Dex vão sumindo e ele ia voltando ao seu estado normal. — Infelizmente ela não te concede nada mais além disso, sua força, agilidade permanecem o mesmo, por isso teremos que pensar melhor na hora de lutar.

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Quando o singular voltou ao seu estado normal, cerca de 2 segundos após Ethan o tocar, ele ficou confuso, em choque praticamente. Subitamente, Dex teve seu braço arrancado pela katana de Mary, que a sacou em menos tempo ainda, logo após isso, Ethan se jogou para trás e sacou sua pistola, disparando na direção da cabeça do rapaz, que só conseguiu se manter vivo pois colocou o outro braço na frente.

Enquanto o menino se levantava, a moça reposicionava sua espada, com a lâmina apontada para o rapaz enorme, fincando-a em seu coração antes do singular sequer ter tempo de reagir.

Ele cospiu sangue e dessa vez sim sente uma dor enorme, pois seu braço não regenerava e, por causa de sua habilidade, nunca havia sido perfurado em pontos fatais, aquela era sua primeira experiência.

 Enquanto ele se afogava em sangue, Mary terminava de fincar a katana em seu peito, fazendo-o se ajoelhar. Ethan então se preparava para atirar na cabeça de Dex, agora que ele estava com a guarda baixa.

Porém, para a surpresa do garoto, antes dele conseguir disparar o projétil, sua mão direita foi acertada por algo que a perfurou completamente, fazendo-o largar a pistola. Ethan gritou de dor enquanto caia no chão e se contorcia de agonia.

— Ethan! — Mary deixou o brutamontes cair no chão e correu na direção do garoto.

Ela se jogava na frente dele enquanto posicionava a katana, levando um baque por causa de uma bala que acertou em cheio a lâmina dela, mas, por alguma razão, a espada nem havia sido afetada, aguentando perfeitamente o impacto de uma bala de rifle.

A moça segurou Ethan pela jaqueta e o puxou para trás de um escombro. Enquanto ela tentava ver de onde estava vindo os tiros, o menino só conseguia gritar e chorar de dor diante de sua mão perfurada.

Ela precisava pensar rápido no que fazer, Ethan mal conseguia fazer algo no estado que estava, ainda era um garotinho apenas, sua ação mais comum era chorar. Ela então decidiu fazer uma jogada arriscada, saindo de sua cobertura e posicionando sua mão direita na frente do rosto.

Como esperava, mais um tiro de rifle foi disparado. A moça imaginava que se fosse algum parceiro de Dex, ao ver aquela situação, certamente miraria na cabeça para tentar ajudar seu companheiro.

A bala acerta a palma da mão de Mary e por algum motivo ela não é perfurada, ainda recebeu um baque pela potência do tiro, mas só serviu para ela ter mais noção de onde ele estava.

O atirador, que estava na fábrica abandonada logo do outro lado da rua com o rifle posicionado na janela, ficou surpreso de ter caído direto na armadilha. Tratava-se do singular que localizou a moça.

Desesperado, ele tentou disparar novamente contra a moça, que, antes dele puxar o gatilho, levantou sua katana e bloqueou outro projétil. Antes do rapaz recarregar a arma, Mary sacou da mão esquerda uma das pistolas de Ethan, atirando na direção do singular e aparentemente acertando seu olho, pois só se pôde ouvir um grito de dor e alguém caindo.

A moça respirava um pouco enquanto voltava sua atenção para Ethan, que ainda agonizava de dor, mas já tinha gastado tanto fôlego com as lágrimas que o choro estava mais baixo. Ela segurava a mão baleada do garoto; era até mesmo possível ver os ossos e tendões quebrados, o único dedo que conseguia se mover por conta de espasmos era o polegar. A albina pensou por um momento se seria possível regenerar a mão dele a partir das células de Dex.

Justamente lembrando dele, a moça olha para trás e, para a surpresa dela, o singular estava começando a se mover e os músculos começando a envolver sua pele novamente. Mary havia esquecido dois fatores importantes. O primeiro era a explicação que ela mesma havia feito a Ethan alguns anos atrás.

 

— O seu poder tem uma limitação. Se você largar a pessoa após cancelar a habilidade dela, em cerca de dez segundos, ela voltará a utilizar a habilidade normalmente. — explicou para o menino.

O segundo fator, era que os poderes dos singulares estavam totalmente ligados ao pensamento, ou seja, as habilidades agiam conforme a vontade consciente do usuário, e uma pessoa era capaz de ficar viva por até 3 minutos com seu coração parado.

 

Dex se levantou já envolvido de músculos pelo corpo, sorrindo enquanto se posicionava. Ele olhava para Mary e Ethan e dizia:

— Entendo, então esse é o seu poder. Vou render uma boa grana com isso! — assim que ele acabou de falar, saltou na direção da mulher a uma velocidade enorme.

Assim que pressentiu que ia ser atacada, ela agarrou Ethan pela jaqueta e o lançou para longe do alcance de Dex. Mesmo que aquilo doesse por causa da mão dele, seria questão para se resolver outra hora.

Mary desviou de um soco mega potente do singular, que chegou a afundar a mão no chão de tão forte. A moça então posicionou sua mão direita para sacar sua katana e apertou o gatilho na bainha, disparando a espada e sacando-a mais rápido, conseguindo realizar um corte vertical que só não fatiou o rosto de Dex porque ele colocou o outro braço na frente.

Apesar do braço ser arrancado pelo corte, o singular nem mesmo gemeu de dor e na sequência já envolveu seu pé de músculos e tentou um chute nela, que conseguiu desviar novamente.  

Com um rápido posicionamento digno de um samurai, Mary, em um frenesi, realizou uma sequência de cortes no peitoral, braços e, numa troca rápida de posições da katana, conseguiu cortar o calcanhar dele num giro. Após toda essa sequência, Dex caiu ajoelhado no chão devido ao tendão cortado.

A moça se posicionava atrás dele e se preparava para dar o corte final na cabeça do singular, porém, antes que pudesse fazer isso, ele pegou uma pedra relativamente grande que havia nos escombros e jogou na moça.

Ela precisou desviar do arremesso, e só essa distração já foi o suficiente para ele fazer crescer todos os seus tecidos musculares cortados. Ela não viu outra opção senão recuar e ficar na frente de Ethan posicionada. Até pensou em falar para o garoto fugir, mas, dado o poder daquele singular, se a moça estivesse longe do menino, era só uma questão de ele concentrar os músculos nas pernas que chegaria no pequeno num instante.

Enquanto isso, o garoto tentava manter sua compostura, tentando imitar a aura de confiança que sua mestra demonstrava, mas claramente era o que mais faltava nele.

— Ethan, fique atrás de mim. — Mary dizia enquanto reparava num movimento suspeito vindo de Dex.

— C-certo. — respondeu em meio a soluços e lágrimas.

Ela notou que o rapaz agarrou um pedaço enorme de concreto e lançou na direção deles. A moça puxou Ethan para o lado, desviando do arremesso, porém, quando voltou a olhar, Dex não estava mais no lugar de antes.

Quando ela conseguiu sentir uma energia vindo pelo lado, já estava um pouco atrasada. Mary tentou bloquear o soco fortalecido de músculos do singular com sua katana, porém estava tão tarde que ela acabou apenas defendendo com seu braço direito.

O que ela pôde sentir foram alguns ossos do braço se quebrando, ela largando a espada e uma dor além dos limites. Estranhamente, nem todo o braço foi quebrado pelo golpe, mas já era inviável continuar segurando a katana.

Por fim, após receber esse golpe do nada, Dex consegue lança-la para trás, fazendo-a rebater no chão várias vezes e parando apenas quando se agarrou em algo.

— Mary! — Ethan tentou correr para socorrer sua mestra, porém o rapaz o agarrou pela gola e começou a dar risada.

— Opa, opa, vai aonde? — Dex sorria, nem havia percebido que Ethan tocou sua mão novamente, e pela segunda vez, o singular volta ao normal. Antes que pudesse fazer algo, o rapaz levou uma facada na mão do garoto, que conseguiu se libertar e já mirou a pistola para a cara dele.

Porém, sem sequer ter previsto isso, Ethan levou um soco bem na lateral de seu rosto. Mesmo sem estar fortalecido pelo poder do rapaz, Dex ainda era forte normalmente.

O garoto quase perdeu a consciência e talvez tenha perdido um dente na jogada. Já foi o suficiente para ele cambalear a cair no chão totalmente zonzo.

Mary se levantava enquanto isso, seu rosto estava com cortes pela testa e bochecha, saindo sangue, quanto a seu braço direito, estava um pouco retorcido devido ao golpe anterior ter quebrado seus ossos.

Definitivamente ela não conseguia mais usar, e para piorar ela ainda era destra. Fazia um tempo que ela não sentia tanta dor assim, e seus dentes que pagariam, já que ela os força uns nos outros para conter a dor.

— Ethan! — a moça olhava o garoto caído e se enfurecia.

— Tsc... Seu moleque. —  ignorando a dor em sua mão perfurada, afinal, já estava passando os dez segundos necessários, o singular iria apenas esperar, pegar o garoto e sair dali com seus poderes.

Antes de seus poderes voltarem, ele olhou para a moça, que já não estava mais no lugar que caiu. Dex viu um vulto chegando pela lateral esquerda e quando se virou para tentar reagir, ele percebeu a moça preparando um corte, segurando a katana com a lâmina voltada para trás, junto de um olhar assassino que ele nunca tinha visto.

Mary faz um movimento rápido e o golpe da espada novamente arranca o antebraço esquerdo do rapaz. Ele tentou revidar com outro soco, porém só serviu para a moça ter outra brecha para se impulsionar para o lado e desviar do ataque.

Nessa jogada de lado, Mary não pensou duas vezes, sua única ideia em mente por agora era proteger Ethan. Ela demonstrou isso realizando um veloz corte diagonal, cortando desde a pélvis até o começo da cintura do singular.

Ele enfim gritou de dor, porém em vez de se contorcer por causa do lugar que foi cortado, ele usa isso, essa raiva de combustível pra continuar atacando. Dex tentou agarrar Mary pelo lado direito, porém ela se jogou para o lado oposto, usando disso para cortar profundamente o abdômen dele, chegando até mesmo a sair um pouco do intestino para fora.

Ele vomitava sangue enquanto tentava novamente pegá-la com a mão restante, porém ela chegou nas costas do singular e, num movimento perfeito, finca a katana nas costas dele, perfurando seu pulmão.

Dex já estava caindo, e a moça aproveitou para subir em seus ombros e tentar perfurar a cabeça dele. Porém, para o azar da moça, os 10 segundos haviam se passado, e o singular conseguiu retomar seus músculos extras e segurar a espada de Mary.

Ela ficava ainda mais irritada, pois a anulação não podia acabar num momento mais inconveniente que aquele, o rapaz sorria enquanto todo o esforço dela era jogado pelos ares, com todas as partes que foram cortadas se juntando novamente, até mesmo o intestino que saiu para fora volta ao seu lugar.

Mary então teve de retirar a espada dali e saltar para trás rapidamente, perfeito para Dex se virar com a ajuda de seus músculos e a socar. Ela defendeu o golpe com a katana, que aguenta bem o impacto.

A moça só não foi jogada para longe porque assim, que teve o impulso para isso, o singular aproveitou e a agarrou pelo pescoço, levantando-a e começando a sufocar a mulher. Mary tentou atacar com a katana, porém Dex a socou para o lado, fazendo a espada sair da mão da singular e cair no chão um pouco longe dali.

Enquanto estava sendo sufocada, ela conseguia ver o olhar sádico e sorridente daquele singular. Porém, ao olhar para Ethan caído no chão praticamente inconsciente, ela conseguiu pelo menos reunir forças para rapidamente sacar uma faca militar de seu shorts e, antes de Dex perceber, Mary, num ato de desespero, fincou com tudo a lâmina no olho direito do singular, que passa não só por todo o globo ocular dele, como chega a perfurar o cérebro dele.

O rapaz começava a ficar um trêmulo, com os movimentos debilitados e confusos, não conseguia nem mesmo falar direito, e até mesmo seu poder estava instável. A moça já pensava que estaria tudo bem a partir dali, mas, para a total surpresa dela, Dex não estava morto ainda.

Mesmo com os movimentos do lado esquerdo comprometidos e um pouco irracional agora, como ato involuntário, o cérebro começou a induzi-lo a usar toda sua força, sem restrições, para tentar se salvar. Ele então afastou mais Mary de seu olho e começou a apertar seu pescoço ainda mais.

Ela estava realmente sendo sufocada, não conseguia respirar de jeito nenhum, sua visão estava ficando turva e ela não conseguia alcançar a faca no olho de Dex, não tinha condições nem de usar seu poder, somente conseguindo soltar alguns grunhidos de dor. Ela observa Ethan enquanto sua visão se escurecia, desejando desesperadamente que ele acordasse.

Repentinamente, Dex recebeu um tiro bem em sua cabeça, dessa vez, realmente atravessando o cérebro todo dele. O rapaz parou de apertar a mulher e vai soltando-a aos poucos enquanto emitia alguns últimos grunhidos.

Ele vai despencando para frente até cair no chão com o olhar morto. Mary caia no chão sentada e ofegando bastante, tentando recuperar o oxigênio que faltava enquanto sentia a dor em seu pescoço e tossia um pouco.

Assim que olhou para frente ela viu Ethan, ajoelhado com a arma apontada. Julgando a fumaça que saía dela, era ele quem havia dado o tiro, mesmo sendo com uma mão que não estava tão acostumado, a esquerda.

Para tentar salvar sua mestra, ele focou o máximo que conseguia naquele tiro, tanto que, depois que conseguiu atirar, ele abaixa a arma e lacrimeja, devido ao excesso de nervosismo. Era visível que Mary, além de aliviada por ter sido salva, também estava orgulhosa pelo feito que ele conseguiu realizar. Mesmo sem sorrir, ela reconhecia o esforço dele, dizendo:

— Obrigado. — dito isso, o garoto caiu para o lado e desmaiou de tanto estresse.



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