Transcendendo a Existência Brasileira

Volume 2

Capítulo 92: Inimigo Jurado

 

Algum tempo depois de começar a cultivar a Técnica Destrutiva do Fim da Forma, Qin Xa estava no meio do pátio novamente. Ela balançou os braços e acenou com a mão esquerda, fazendo seu Qi rugir com uma quantidade abismal de poder.

Buraco da Destruição!

Um buraco de 10 metros de tamanho, com uma cor vermelha, iluminou todo o lugar durante a noite. Era como se a realidade tivesse sido quebrada na forma de uma esfera.

O que era estranho de se olhar, visto que mesmo aquilo parecendo um buraco, também parecia ter dimensões próprias, assemelhando-se a uma esfera de energia. 

Uma força de sucção tremenda tentou arrancar as roupas de Qin Xa, até levou algumas telhas da casa e fez os ventos ficarem semelhantes a uma tempestade. 

O buraco era silencioso, mas o vento sendo sugado para dentro dele por onde ele passava fazia bastante barulho, com gritos semelhantes a fantasmas malignos. 

Ele flutuou no ar e colidiu com o muro, causando um estrondo.

Não explodiu como os outros golpes, mas tentou engolir o muro que começou a tremer inteiro, até que engoliu a si mesmo e desapareceu. 

No fim, ele não destruiu o muro, mas o que ele fez deixou Qin Xa extremamente feliz. Feliz ao ponto de pular, e quase derramar lágrimas!

— Sim! Eu fiz, eu fiz isso! EU FIZ ISSO! EU. FIZ. ISSO! 

Qin Xa gritou para as rachaduras no muro, que não parecia mais tão onipotente e inviolável assim. O chão também estava arranhado e Qin Xa estava toda sorridente, a felicidade nascendo dentro dela.

Como uma mãe que vê seu filho dizer as primeiras palavras, Qin Xa sorriu de orelha à orelha.

Mas seu rosto congelou com o que aconteceu a seguir, quase parando seu coração! O chão que estava arranhado se regenerou e as rachaduras na parede... lentamente se recuperaram.

Todo aquele dano, desapareceu em segundos! Qin Xa caiu de joelhos e esmurrou o chão.

— Por quê!!? Por que você não pode ficar destruído??!! POR QUE, SEU MALDITO?! EU SÓ QUERIA DESTRUIR VOCÊ... 

Ela estava extremamente irritada com a dureza desse lugar, que não era destruído não importava o que ela tentasse fazer. Pela primeira vez ela sentiu a verdadeira frustração. 

Que sentimento horrível...! 

*****

No canto do pátio, duas figuras completamente invisíveis para o mundo inteiro assistiam o desenrolar desses eventos.

Uma das figuras abriu a boca várias vezes, e com hesitação, algo completamente estranho para ela, e uma emoção até que nova... talvez a famosa vergonha alheia, nascendo dentro dela, pronunciou:

— ****, isso... é importante vermos isso...?

— Não fale... só... fique calada e assista. Por favor, não fale nada...

As duas figuras se mantiveram em silêncio, assistindo aquela coisa.

*****

— Ah, merda! Chorar não vai adiantar. Lembre-se dos sete passos para dar o primeiro passo...

Qin Xa percebeu o que estava fazendo e se sentou imediatamente no chão, em posição de lótus, algo que por alguma razão ela não conseguia entender como era tão confortável.

Respirando fundo, tão fundo que ela quase engasgou com ar, ela olhou para o chão com um expressão extremamente gentil... e passou a mão sobre ele.

— Eu juro. Não importa o que aconteça, e não importa o que digam de mim. Eu, Qin Xa, prometo em meu nome, que irei te destruir por completo. Seu miserável, desgraçado e patético chão! Eu juro! Eu juro mesmo...

Qin Xa levou esse chão para o lado pessoal. Não era mais uma questão de ver se seus golpes iriam ou não destruir esse lugar. Ela queria do fundo do seu coração, destruir esse chão e essas paredes.

Arrasar completamente com tudo o que esse lugar representava. Destruir isso... seria um marco na sua vida que moldaria seu caminho marcial... sua mentalidade... seu espírito... sua alma!

Talvez ela ascendesse diretamente ao patamar de deusa quando fizesse isso!

Nunca na história desse mundo de milhares de bilhões de anos, algo assim aconteceu antes. De alguém querer de todo o seu coração, destruir um único lugar de 200 metros, que não fez nada demais além de existir.

...

Os dias passaram e Qin Xa aprimorou seus golpes e purificou seu Qi. Quanto mais tempo passava, mais ela se sentiu calma e controlada. Ela fortaleceu como pôde seu caminho da madeira.

Ela também passou todo o seu tempo com os espinhos de energia mental girando ao seu redor, exercitando sua energia mental e desgastando ela aos poucos.

Havia apenas 15 espinhos, mas eles giravam a uma velocidade tão grande, que Qin Xa criou uma técnica com base nisso.

Era a Broca da Mente. Um nome bem tosco, mas funcionava.

Ela também ficou surpresa que o conceito de broca existia nesse mundo. Normalmente era muito difícil nomear coisas aqui, afinal a língua falada era em conceitos.

E qual era exatamente o conceito de algo que girava e perfurava? Ela não sabia...

...

Finalmente, depois do que pareceu ser muito tempo, a semana que Qin Xa tinha para praticar acabou, e ela tinha que ir cumprir sua primeira missão para a Seita dos Céus das Oito Cores. Ela se levantou e olhou para o chão com uma expressão calma no rosto. 

Seu olhar era gentil, ela sorriu levemente.

— Apenas espere por mim, chão e parede...

Qin Xa saiu de casa e foi em direção do Posto de Regulação. Quando Qin Xa chegou lá, o mesmo homem ainda estava no balcão. Ele ainda tinha um rosto parecido com um guaxinim e olhos brancos.

"Bem, não é como se eu esperasse que ele estivesse diferente... mas agora eu tenho mais uma batalha para travar nesse lugar." 

— Esta júnior cumprimenta o sênior. Vim para pegar minha primeira missão.

O homem guaxinim olhou para Qin Xa e ficou calado por dois segundos antes de responder, com sua voz fria e quase indiferente. 

— Qual o seu nome e classificação de força? Não tem como eu passar uma missão para você se não souber sua força e nome.

Qin Xa que pareceu entender o que o homem disse, pensou que isso seria problemático. — Eu não tenho uma posição na classificação de força. Mas meu nome é Qin Xa.

— Então Qin Xa, vá para a arena e desafie alguém para uma luta, se não vencer lute contra alguém mais fraco, mesmo que perca 10 vezes, quando vencer venha aqui para eu passar sua missão.

Qin Xa acenou com a cabeça e estava prestes a ir para a arena, mas ela tomou coragem e virou a cabeça para o homem no balcão.

— Esta júnior tem uma pergunta.

— Faça.

— Por que o sênior me deu uma arte marcial que altera a personalidade? Eu quase fiquei louca de raiva por algo completamente inútil e até mesmo desenvolvi um demônio interno... então, por que você fez isso? — Qin Xa falou entre dentes.

— Você não tem olhos de uma artista marcial. — ele respondeu com indiferença e quase imediatamente. 

— Seus olhos são como os de uma criança mortal curiosa sobre o mundo, para um cultivador esses não são os olhos ideais. Mas parece que apesar de você já ter cultivado a arte marcial, seus olhos ainda continuam puros e inocentes!

Qin Xa sentiu seu corpo travar com as palavras do homem. Ela podia sentir a sede de sangue e o brilho da morte nos olhos dele. Qin Xa rapidamente desviou o olhar dos olhos dele, e com os punhos apertados, respondeu:

— Esta júnior não quer se tornar uma louca por sangue, então ela faz o possível para manter sua mente sã. Não vai ser uma arte marcial que vai mudar minha mente.

A determinação brilhou nos olhos dela. Como se Qin Xa houvesse descoberto de repente que odeia que alguém mexa com a sua mente.

O homem viu isso e riu. Essa criança era engraçada, mas iria se arrepender de não abandonar sua ingenuidade agora. O mundo não quer saber se ela é uma criança com esperança e determinação, ele é cruel com todos.

Sempre foi. Sempre será. Ele tinha certeza que ela iria aprender isso da pior forma...

— A arena fica ao oeste, caso não receba sua missão hoje vai ter uma punição.

Qin Xa acenou e deixou o lugar. Ela não estava com raiva do homem de forma alguma. Qin Xa entendia que ela era a coisa estranha nesse mundo, mas não queria se tornar parte dele.

Mesmo que alguns aspectos dela houvessem mudado drasticamente desde que ela renasceu, Qin Xa se recusava a aceitar que era como esses seres malignos e brutais.

Ela voou para o oeste e chegou a um estádio, que tinha facilmente a capacidade para mais de 100.000 pessoas sentarem. E ainda sobraria espaço para mais 20.000.

No centro desse estádio havia 10 plataformas com pessoas lutando lá nesse exato momento. A apresentação de poderes era extravagante, sangrenta e brutalmente desesperada.

Como se todos ali estivessem lutando por suas vidas em uma guerra sem fim. O sangue sujou o lugar, os anseios e desejos preencheram as paredes com o calor da vitória, e o frio da derrota. 

Qin Xa entrou no local e ela se lembrou dos antigos estágios em seu primeiro mundo. Mas esse lugar estava cheio de uma intenção de matar, e apesar de estar limpo fora das arenas, cheirava a sangue e exalava um ar de morte.

Era horrível estar ali.

— Eu vim aqui para receber uma classificação de força. — Qin Xa disse para uma mulher, alta de pernas longas e postura firme, lembrando ela de uma das profissionais que ela mais admirava:

As policiais.

A mulher possuía um olhar afiado e avaliador, como se a todo instante esperasse por um problema a ser resolvido. Ela tinha uma aura de autoridade natural apenas por caminhar, era mavilhoso ver seus passos retos e firmes.

Seus passos ecoando pelo lugar, suprimindo todo o barulho.

As pessoas nem chegavam perto dela por onde ela passava, como se evitassem uma fera.

A mulher tinha um cabelo longo e negro, como também dois chifres grossos e grandes em sua cabeça, que apontavam para cima.

Qin Xa assumiu que ela deveria ser uma das responsáveis por esse lugar, com base no que estava escrito em uma placa de metal em seu peito.

Reguladora.

— Uma Classe Prata Negra, sua força deve estar em torno dos 800 ou 700, vá para a plataforma 8 e desafie alguém com seu cultivo. — até a voz da mulher exalava uma confiança inabalável, fazendo Qin Xa se envergonhar por não ter aquela postura.

— Obrigado. — ela disse com uma voz fraca e saiu, quase evitando a mulher.

Quando Qin Xa chegou ao local designado, ela viu que a plataforma já tinha alguém lutando. Parece que era um pecado deixar a arena livre. Assim que alguém descia de lá, seja andando ou sendo arrastado, outras subiam.

E novamente os poderes estouravam pelo lugar inteiro.

A cultura de batalha se mostrava com poder total nesse lugar, deixando evidente para todos que a força era o verdadeiro caminho a ser seguido.

Depois de uma breve olhada, para seu desprazer Qin Xa chegou a conclusão de que, ela tinha uma força semelhante a essas pessoas. E não eram poucas, apenas no estádio havia umas 10 mil delas.

Ela viu mais alguém com a placa de metal no peito e foi até ele. Era um homem com o corpo peludo, mas Qin Xa não fazia ideia de que espécie de animal era.

Ele tinha um focinho, mas não era tão proeminente. Na verdade era até estranho olhar muito para ele, seu corpo era peludo demais para um ser bípede semelhante a um humano.

— Eu quero desafiar alguém e classificar minha força.— ela tinha apenas um dia para isso, então ela preferiu um abordagem mais direta e sem rodeios.

— Então procure qualquer um e faça isso. Mas saiba que uma pessoa só pode ser desafiada cinco vezes em três dias, depois disso ela pode recusar desafios, e se o cultivo do desafiante for maior, ele tem mais direito ainda de recusar.

Se uma pessoa tem várias lutas consecutivas e não descansa por algum tempo, sua força cai. Isso era lógico. Havia até mesmo o risco da fundação ser danificada, e a força regredir.

Então desafiar alguém assim na quinta luta consecutiva, vencer e ganhar a posição dessa pessoa, era mais que injusto.

Visto até mesmo como covarde.

Nesse mundo o mais forte pisa no mais fraco e esmaga sua vontade. Mas não quer dizer que em um momento de descuido, uma pessoa assim não vá pedir por justiça.

Qin Xa assentiu com um sorriso e olhou em volta. "Bando de hipócritas."

Seus olhos verdes pousaram na primeira pessoa que ela viu e sentiu que tinha um cultivo semelhante, sua aparência não indicava que havia lutado hoje, e mais importante — estava mais perto de onde ela se encontrava agora, é claro.