Trovão Infinito Brasileira

Autor(a): Halk


Volume 1

Capítulo 53: A Melhor Forma De Aprender É Ensinar

SOLARES  

 

A luta de Solares e Kaike já era certa de que iria acontecer. Porém, não foi por acaso, e havia explicação para tal.

Ela já achava confuso estar sendo submetida a tudo isso, ainda mais com um Condutor que pensava serem os maiores inimigos da sua vida. Ora, havia um Condutor, mas ele não era inimigo coisa alguma, era na verdade a pessoa que mais conquistava pessoas, cada vez mais. E por conta dela ser uma das únicas a não gostar dele, seus sentimentos ficaram confusos.

Mas enquanto o Condutor estava passando os seus dias longe da sua turma de treinamento, treinando sozinho no almoxarifado com sua inteligência artificial, Remi, Solares foi tentada por pensamentos conflitantes.

Além disso, o pequeno grupo que a Chefe dos Recrutas tinha lhe incomodava, pois consistia em um terço de todos os recrutas. Para piorar sua situação, até a sua querida amiga, Leona, lhe abandonou, abaixando ainda mais o seu moral. 

No fim, ficaram poucos ao seu lado. O problema era que algumas dessas pessoas não tinham a melhor índole do mundo. E com má índole me refiro ao grupo de Ermo, Saibro e Parca. Secretamente eles já estavam planejando por debaixo dos panos, e do nariz de sua chefe, para usar aquela situação em algo favorável.

Acreditavam que se criassem uma desavença maior ainda, poderiam fazer com que o Kaike fosse expulso da classe S de uma vez por toda e consequentemente morto, pois era assim que consideravam que os Condutores deveriam estar; mortos.

Ermo passou bons dias ao lado da Chefe Dos Recrutas, bagunçando a sua cabeça com palavras ácidas e que confundiam ainda mais a cabeça de Solares. Elas inimizavam Kaike e jogavam para cima, com positividade, todas as atitudes de sua Chefe, mesmo que algumas dessas atitudes até ela mesma não concordasse.

— Ele é um traidor — disse Ermo para ela uma vez, enquanto faziam o treinamento habitual. — Aposto que essas horas deve estar em algum lugar, planejando como tirar o resto dos Recrutas que sobraram da Chefe. Aposto como ele quer fazer todos se voltarem contra você.

Solares nada respondeu, embora tenha ficado pensativa. Continuou com o treinamento e até deu vários socos no rosto de Ermo que o deixaram com um nariz um pouco torto. Porém nos próximos dias, a cobra vinha com mais veneno. E de pouco em pouco esse veneno foi corrompendo a alma de Solares.

— Aquele cara nunca foi confiável — dizia. — Considero a Comandante Negra como uma mãe e tenho muito respeito por ela. Mas sinceramente, acho que essa decisão, a de manter um condutor perto de nós, foi uma má ideia. Você sabe como são Condutores, Chefe. Eles machucam as pessoas, independente do que aconteça. Você já ouviu alguma vez um Condutor que fazia o bem pelas pessoas? Eu nunca.

Ela passou a gostar de suas palavras. Como recompensa, pegou leve no treinamento com Ermo e agora lhe escutou com mais atenção, embora ainda se mantivesse em silêncio. 

Então, com o passar de alguns dias, o coração de Solares se encheu de ressentimento, mais do que já estava e ela tomou uma decisão que com certeza era muito mais do que Ermo calculava que aconteceria. 

Solares entendeu que a única maneira de desmascarar Kaike, era provar as reais intenções dele. Para isso, tinha de submeter o Condutor a uma luta. Sim, uma luta. Pois com certeza ela não deixaria ele ganhar. O que significava que Kaike teria de usar seus poderes e se ele usasse seus poderes nela, era bem provável que ela ficasse terrivelmente ferida.

Sabia que ficaria, pois assim como todo mundo, ela viu a luta entre Vega e Kaike. Solares nunca achou que alguém fosse capaz de derrotar o capitão, mas aquele cara conseguiu. Isso significa que seu adversário era muito forte e poderoso, alguém que não deveria subestimar.

Suspirando fundo e se preparando para o pior, a garota de cabelos brancos como a neve e olhos vermelhos como o fogo, decidiu que sacrificar seu corpo seria a única maneira de provar que todos estavam errados a respeito de Kaike.

Afinal, como disse Ermo, não existiam Condutores realmente bem-intencionados. Não estava claro para ela, embora pudesse ficar claro para qualquer outro, que Solares estava sendo manipulada.

E quando ela o viu mais uma vez, chegando quase no final do treinamento, decidiu que aquele era o momento ideal e o desafiou para uma luta.

 

ϟ SALA DE TREINAMENTO ϟ

 

Solares está na minha frente em posição de luta enquanto os outros se aglomeram à minha volta. 

Eu simplesmente não consigo acreditar no que está acontecendo. Ela quer mesmo que eu lute com ela?

— Por que você…?

Antes que eu possa completar, seu punho se aproxima e quase acerta o meu rosto. Desvio por pouco. Encaro o seu olhar e noto que não vou poder subestimar a sua agilidade. 

No instante seguinte, Solares dá uma nova sequência de golpes rápidos. Desvio de todos, porém ela consegue me dar um chute na parte interna da coxa. A dor é tão forte que tenho de me ajoelhar. Quando me viro para a minha adversária, sinto um impacto forte, junto de um barulho alto, em minha cabeça. 

Sou jogado para longe. Foi um chute. Ela me deu um chute. Levanto com raiva, limpando o sangue no canto da minha boca. Ela está vindo para cima de mim com tudo. Tenho de descobrir uma forma de controlar ela. 

As pessoas à minha volta estão com um humor estranho. Estão torcendo, ao mesmo tempo que implorando para que acabe logo. Tenho uma pequena teoria do que está acontecendo.

— Sol, se acalma…

— Não me chama assim! 

Ela desfere um chute, mas erra. Eu seguro sua perna, giro no ar e mando para longe. Acabo empurrando ela mais longe do que gostaria. Os poderes elétricos no meu corpo me ajudam a ter uma força sobre-humana. Por conta disso tenho que usar essa força com mais moderação, principalmente quando minha adversária é uma aliada. 

— Escuta, Sol — digo, me aproximando. — Você não precisa lutar comigo. Eu sou seu aliado, estamos do mesmo lado. 

— Cala a boca! 

E mais uma vez parte em minha direção. Seus golpes estão mais lentos por conta do seu temperamento. Enquanto desvio sem dificuldade, noto que as pessoas em volta estão começando a se decepcionar com a Chefe. Sinto a energia deles e sei o que estão pensando.

Isso não é bom. Se ela perder toda a moral que tem, vai se tornar apenas uma recruta comum. E Sol não é isso. Confio em seu potencial de liderança muito mais o que confio no meu. Gosto apenas de ajudar as pessoas, não é como se eu quisesse ser o centro das atenções. 

Entretanto, Solares tem essa necessidade. Não a necessidade de ser desejada pelos outros, mas de não deixar eu tirar o pouco que ela tem. O problema dela é comigo. E não sei ainda o motivo, quero descobrir. Vou descobrir. Um dia. Mas não hoje. 

Eu tenho um plano e começo a colocar ele em prática. 

Começo a deixar ela me acertar de propósito. Cada soco e pontapé que me acerta, faz com que os outros fiquem mais animados. Alguns torcem por mim, outros por ela. A parcela dela está começando a aumentar. Até mesmo Solares está começando a ficar mais animada e com menos raiva de errar tantos golpes.

Muito bem. O plano é simples: Vou fazer ela ganhar moral, deixando ela ganhar. Mas não vou deixar tão fácil assim, porque se não vai parecer fácil demais.

Deixo o fluxo de energia viajar pelo meu corpo. Concentro parte da eletricidade nos meus punhos e parto para cima de Solares. Deixo ela me dar golpes, erro propositalmente alguns, mas quando acerto, ela se contorce. 

Isso me dá uma pena tão grande. Ao contrário de Solares, tudo que eu preciso fazer para me regenerar é sugar mais energia enquanto ela vai precisar passar dias no hospital. Mas fazer o quê, preciso continuar com o teatrinho. 

Diminuo a amperagem dos meus golpes para que ela não fique completamente incapacitada. Toda vez que acerto seu estômago, o único lugar que miro, ela se contorce de dor. 

Gostaria de dizer que sinto muito, mas agora não é o momento ideal. Preciso mostrar que isso aqui é verdadeiro. Por conta disso, deixo ela me acertar ainda mais golpes. 

Olho ao redor e não noto que estejam duvidando. Pelo contrário, estão surpresos com o tanto que Solares é capaz de aguentar comigo. E para ser sincero, também estou surpreso, um pouco. Até hoje nenhum recruta aguentou muito tempo lutando contra mim, mesmo que eu estivesse pegando leve. 

Quando estou prestes a acertar ela com mais um golpe direto no estômago, sou acertado por um projétil que me atira para longe. Quando me recupero, vejo que Vega chegou.

— O que pensa que está fazendo? — pergunta ele, irritado.

Vega está a centímetros de mim. Ele tem essa habilidade de te jogar para longe e aparecer perto de você, do nada. 

Olho para trás dele por um momento e vejo as pessoas, todos os recrutas, ao lado de Solares, me observando. Alguns dão tapinhas em suas costas como forma de parabenizar. Sua amiga, Leona, dá um aceno de cabeça positivo para ela. 

Como estão todos muito longe e apenas eu e Vega cara a cara, dou um sorriso e sussurrou para ele: 

— Estava ensinando.


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