Ultima Iter Brasileira

Autor(a): Boomer BR


Volume 1

Capítulo 36: Repentino Como o Ódio

 

 

Até o momento atual Jack usara seu poder por pelo menos duas vezes, tirando o incidente em Leycrid onde seu corpo estava sob controle de Abyssus.

Para um compreendimento melhor seria interessante mostrar um pouco de como ele ganhou tal confiança pra poder usar seu poder.

Isso foi a mais ou menos 1 dia antes de todo caos se iniciar na mansão Blazeworth.

Durante a tal rotina de treinos que foi criada, o jovem enfrentou alguns obstáculos já que tais atividades eram feitas justamente para reduzir a capacidade da síndrome de Tenebris se alastrar mais rápido.

— Já que é uma doença sem cura e que se alimenta da tristeza, exercícios físicos ajudam no processo de retardamento, liberando mais dopamina. — explicou Misa Hordrik com seus olhos azulados fixados em Jack.

Naquela manhã tudo ainda estava tranquilo — exceto pela mente de Jack — estava tudo em perfeita harmonia.

Os pássaros cantando, arbustos ondulando sob a brisa refrescante e o gramado esverdeado balançando somado a luz quente do sol irradiando sob o tapete esverdeado.

— Comece com 3 repetições de 12.

— R-Repetições? — Jack desviou o olhar meio confuso.

Pela própria aparência do garoto era óbvio que ele mal praticava exercícios físicos, talvez ele apenas não se lembrava já que perdeu as memórias ao parar nesse mundo bizarro.

De qualquer modo a mulher de cabelos negros e olhos azulados suspirou de um modo incômodo.

— Você vai fazer 12 flexões 3 vezes, só que com um descanso de 1 minuto como intervalo entre cada, ficou claro agora?

Jack sofreu bastante pra conseguir fazer esses exercícios básicos, ainda mais por que Misa Hordrik não tinha pena do pobre garoto e pegava pesado na nova rotina, adicionando até um pequeno duelo de espadas de madeira, por que ela faria tal coisa se no futuro planejaria matar todos que ali residiam?

Passos. Passos. Passos.

E a parte mais importante, no final de tudo Misa Hordrik explicou um pouco sobre as habilidades chamadas de Vitalis.

— Como pode ver, usando o comando Skill você pode ver suas habilidades. — Ela passou o cabelo por trás da orelha de um modo sereno ao aproximar-se do painel reluzente afrente de Jack. — E sim, você despertou um poder no incidente em Leycrid, abrindo o menu chamado Skills você pode ver suas habilidades. Apenas entoe o encantamento e ela será ativada, a não ser que você seja perito em uma Skill específica, daí não precisará entoar o encantamento dela.

Jack nunca deixaria de ficar impressionado com o quão linda Misa Hordrik era.

Os cabelos lisos e longos de cor perfeitamente escura contrastavam com um tom de pele pálido como a neve, sem contar no lindo par de olhos tão azuis quanto duas safiras contra a luz do sol.

O físico mais desenvolvido dela era o que mais deixava o garoto inquieto e com certeza ele se sentia mal já que Misa Hordrik ganharia de lavada em questão de beleza se comparada a Incis, ele realmente havia criado um complexo esquisito em relação a atiradora de olhos âmbar.

Que tolo, não é?

No fim o pouco tempo que os dois passaram juntos rendeu em uma relação esquisita.

A “empregada” de Ranking mais alto da mansão agora estava encarregada apenas de um único hospede chamado Jack Hartseer

“Por que esse garoto é tão... fraco? Por que ele se força a ser assim? Mesmo com um Vitalis interessante como o dele eu nunca o vi usar suas Skills.”, era o que se perguntava Misa Hordrik presa em pensamentos constantes.

Vendo o jovem treinar até seu último suspiro ela se recordava dos dias incessantes de treinamento para se tornar uma assassina.

Os olhos carmesins afiados da figura responsável por sua salvação piscavam em sua mente sem parar, recordando-a do seu principal dever, matar.

Não haverá outro motivo para a vida dela nesse mundo a não ser matar, ou pelo menos foi isso que botaram em sua cabeça.

“Ela era uma pessoa diferente de tudo que eu já tinha visto.”, pensou a empregada ao se recordar daquela face, a mulher que lhe salvou, a estranha aventureira que no fim acabou sumindo após a tragédia que sua habilidade trazia a todos ao seu redor.

— No fim acabei virando apenas sua subordinada... cretina. — murmurou Misa Hordrik.

— Se-Senhoria Hordrik?

Ela apenas se virou para Jack com seus braços cruzados e um olhar frio como gelo. Ele sempre ficava paralisado com essa encarada sinistra dela.

— Terminou seu treino?

— Nã-Não, só me distrai um pouco vendo você pensativa assim, cla-claro, não que isso seja do meu interesse.

E assim... o último dia de paz na mansão Blazeworth se foi.

 

[Jack Hartseer]

 

Mesmo com minhas pernas querendo tremer, mesmo com meu coração acelerado, o ódio que me domou foi indescritível, eu sabia que ninguém aqui tinha algum envolvimento com a morte da minha irmã, mas isso apenas me deixou puto pra caralho... puto em um nível que o medo parecia minúsculo agora.

— Que porra é essa Jack?! Eu mandei se afastar! — gritou Zakio, virando-se para mim abruptamente.

— C-Capitão Zakio!

Renard pulou nas costas de Zakio.

Corta!

Faíscas eclodiram iluminando os arredores com um tintalho estridente.

Misa Hordrik respirava pesadamente com um dos punhos levantados na direção dos dois, ela havia lançado aquele fio em Zakio mesmo que ele tenha se distraído por uma fração de segundos.

Renard estava com o grande machado levantado para cima quando o último resquício de seu movimento foi um rastro mortífero dos ventos sendo quebrados pra cima.

Ele com certeza tinha bons reflexos... ou talvez ela tenha pegado leve?

Passo. Passo. Passo.

Eu apenas me movi na direção dos dois. Passos calmos que ecoaram pelo gigante corredor e o seguimento de janelas de vidro quebradas.

“Eu quero... respostas, não posso morrer assim.”, foi o que repeti para mim mesmo internamente no meio dos passos.

— V-Você, — Misa Hordrik levantou sua voz num tom meio dolorido. — aprendeu bem a como usar as Skills heim? — acrescentou ela dando dois passos fracos para trás enquanto sua mão estancava o sangramento do seu ombro.

O sangue fresco escorrendo entre as frestas da mão dela.

— Chega disso, Jack, pra trás! — Zakio virou e avançou.

— Capitão Zakio, não!

Ele estava sem arma alguma, a sua espada havia se fundido com a lança de Renard, que idiota!

Vupt!

Em uma fração de segundos Zakio lançou uma pequenina lâmina de sua cintura na reta da mulher encapuzada.

— Opa.

A pequena lâmina deixou apenas um fio brilhante no ar ao raspar contra a bochecha de Misa Hordrik que se esquivou com um passo pro lado e logo em seguida foi erguida do chão.

— Mas o que?

— Porra! Não a deixem fugir! — gritei correndo na direção dos dois.

Ela simplesmente havia amarrado seus fios prateados em um dos lustres acima e assim se ergueu do chão pendurando-se como uma aranha.

— Já disse que é inútil. — Disse Misa Hodrik com um dos braços pra cima, sendo levantada por um fio acoplado nele.

“Merda, eu preciso! É a nossa chance!”, rangi os dentes em meio aos pensamentos. Mas o que eu precisava afinal?

Ventania!

Eu dobrei meus joelhos lançando um pulo.

Todo o meu corpo se torcendo e as feridas respingaram sangue como panos velhos sendo espremidos.

Aaaaaarrgh! — Lancei a Moon Blade na direção dela.

A adaga negra atravessou o vazio, não tão forte como da última vez devido ao jeito que joguei, só sei que ela girou como uma hélice e caiu no chão de modo patético.

Nesse impasse eu apenas vi Zakio e Renard tentando ataca-la, mas ela apenas subiu mais alto e foi envolta pelos fios prateados.

Meu corpo simplesmente despencou sobre o chão novamente e meus ossos estremeceram, no fim nada adiantou, mesmo depois de tudo eu ainda era o mesmo, a mesma pessoa fraca de sempre.

— Jack!

A voz de Zakio soou abafada.

Ghn... n-não deixem ela... — Ergui minha mão antes de levantar meu rosto do chão gelado.

O inimigo não estava mais lá.

A dor pulsante percorrendo pelo meu corpo, minha respiração ríspida fazendo meus pulmões arderem.

 

[Incis Katulis]

 

— Senhor Nidrik!

Meu grito soou mais desesperado do que feliz por ver o dono da mansão que agora estava sofrendo com uma sequência caótica de eventos confusos.

— Oh... s-senhorita Katulis. — Nidrik suspirou apoiando-se contra o corrimão da escadaria ao lado.

Junto do homem bem vestido e de cabelo longo haviam dois criados, um deles era uma garota de óculos e jaleco branco, talvez uma das pesquisadoras?

— V-Vocês são da guilda R.O.U.N.D.S? — O outro criado olhou para Akira. Seu rosto pálido e cabelo escuro penteado para trás, certamente um mordomo.

— Sim, nós somos. Essa é a Akira, é um prazer. Senhor Nidrik, você parece ferido, está sangrando. — Me aproximei apreensiva no que ele apenas levantou a mão impedindo-me.

— E-Eu estou bem, agradeço vossa preocupação. As coisas realmente estão complicadas esta noite. — Um sorriso debochado torceu as bochechas dele.

A garota de jaleco branco segurou Nidrik com uma face preocupada. Ela serpenteou seus olhos em mim antes de levantar sua voz.

— Fomos atacados quando estávamos indo falar com o senhor Nidrik, a mansão inteira está infestada de malucos agora, e-eu não sei o que está havendo, mas meus amigos pesquisadores...

Gotas começaram a escorrer por baixo dos óculos dela. Em poucos segundos ela estava soluçando com o próprio choro.

“Então toda a mansão já está assim? Droga, como isso foi sair do controle tão rápido?!”, apertei meus lábios serrando os punhos.

Akira que estava ao meu lado, calada, fez uma face de desanimo, entretanto logo em seguida se aproximou da pesquisadora e apoiou uma mão sob seu ombro.

— Nós vamos r-resolver isso, com certeza!

— Suspeitamos que isso seja relacionado ao ponto de ignição presente no porão da mansão.

A pessoa que disse isso foi o mordomo de cabelo castanho ao lado da pesquisadora, seus olhos púrpuros se fixaram em mim de um modo desconfiado.

— O-o que? — Meus olhos arregalaram.



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