Um Tiro de Amor Brasileira

Autor(a): Inokori


Volume 1 – Arco 2

Capítulo 21: Bakemonos



【キ】【ス】【シ】【ョ】【ッ】【ト】

Seus olhos se arregalam ao ver novamente tais símbolos estranhos, sua mente se enche de curiosidade e dúvida, “Espera..., é o diretor que está desenhando esses símbolos?”, pensa Erisu abrindo um pouco mais a porta.

Até ser surpreendido rapidamente por um homem que fecha a porta com força, fazendo-o afastar com o susto.

— Não deveria ter alunos nessa hora, muito menos bisbilhoteiros — diz a voz do senhor a sua frente.

— Merda..., me desculpe diretor eu apenas...

— Você apenas? — interrompendo o diretor se curvando para encarar o pequeno Erisu nos olhos.

— Eu... só queria entregar... — responde enquanto gagueja, erguendo a folha de seu trabalho.

— Entendo — De maneira brusca, o diretor pega a folha enquanto analisa — bom agora que já entregou é melhor ir para casa, antes que fique tarde.

Erisu concorda em um aceno, ajeitando a mochila em seus ombros, se virando em direção as escadas.

— Não esqueça garoto, é perigoso o anoitecer. — diz o diretor ajeitando seus óculos, entrando em sua sala.

Descendo as escadas, Erisu leva a mão em seu peito com seu coração a palpitar, foi um tremendo susto para alguém despreparado, “Cara, eu achava que o diretor era estranho..., mas não tanto assim”.

Em seguida ele chega no primeiro andar, caminhando até a saída a caminho de sua casa.

No dia seguinte deitado em sua cama confortável coberto até a cabeça pelo seu edredom, Erisu ouve um bater em sua porta.

— Querido, aquele garoto esquisito está lá na frente de novo, posso mandar embora? — diz a voz feminina da mãe de Erisu.

Com preguiça, ele se ergue em seu colchão alongando seus braços com um pouco de remela em seus olhos, — Não mãe e já te falei que ele não é esquisito.

— Mas filho ele não parece ser uma boa influência! Me falaram que o pai desse menino é problemático!

— E o que tem haver o pai dele? Ele é meu melhor amigo mãe! Não se preocupe que não vai acontecer nada comigo — responde Erisu, colocando seu uniforme para em seguida pegar sua mochila.

— Não me pede para não me preocupar se não fico ainda mais preocupada! — esperneia sua mãe se aproximando de seu filho o cobrindo com um abraço.

— Me solta mãe, tenho que ir para escola.

— Oh, desculpa, por favor me avise se for chegar tarde! Fiquei preocupada ontem!

— Tudo bem! Eu aviso.

Erisu sai de seu quarto após se despedir de sua mãe, caminhando até a porta sem tomar café da manhã, “Não vai acontecer nada comigo mãe, afinal... ele sempre me salva quando preciso”.

Ao sair para o quintal, a distância vê Arias, que ao percebê-lo abre um sorriso sincero balançando seu braço direito em um aceno com alegre com muita energia.

— Erisu-su!!! Bom dia!!! — grita Arias usando todo o ar de seu pulmão.

— Não precisa gritar!

— O que! chega mais perto não estou te ouvindo!!! — grita ainda mais alto.

Erisu olha ao redor, correndo em direção ao seu amigo para fazê-lo parar de gritar, foi então que percebe que ele não está sozinho dessa vez, segurando sua mão esquerda está uma pequena garotinha de cabelos longos e dourados, seus olhos são azuis que brilham ainda mais com a luz do sol.

— Mano dois! ­— diz a garota apontando para Erisu.

Ao ver a pequena garotinha, ele se ajoelha frente a ela abrindo seus braços, — Bom dia Iko, veio junto com seu irmão hoje?

Ela solta a mão de Arias, se impulsionando em um abraço apertado com Erisu, — Uhum, uhum! — diz em concordância.

— Ei! Porque você se dá melhor com ele do que seu irmão Iko?! — questiona Arias, cruzando os braços.

— Mano dois é legal!

Haha! Senti sua falta sabia? — exclama Erisu, afagando os cabelos da pequena garotinha — por que você veio hoje?

— Mano um vai levar pra escola! — responde enquanto levanta os dois braços em comemoração.

— A minha mãe não estava se sentindo muito bem hoje, então resolvi levar a minha querida maninha para dar um descanso para ela.

— Entendo — Erisu se levanta, ficando ao lado de seu amigo.

— Bem! não podemos perder tempo! Vamos indo!

— Vamos!

Iko se espreme no meio dos dois, segurando as mãos de ambos enquanto caminha saltitando alegremente.

Ao chegarem no colégio primário, ela tenta puxar os dois para baixo, assim em seguida abraçando-os ao mesmo tempo, com um brilho em seu olhar.

— Até mais mano e mano dois! — ela acena, correndo até seus colegas de classe.

Arias acena de volta para sua irmã ainda mais alegre, como se estivesse orgulhoso, no entanto Erisu não corresponde tal despedida, afinal ele vê de cantos dos olhos, ao lado do letreiro da escola, os mesmos símbolos que já viu tanto no beco como na sala do diretor, o fazendo paralisar em dúvida.

— Erisu-su? Tá tudo bem? — questiona Arias, passando a mão pela frente do rosto de seu amigo para chamar sua atenção.

— Arias, está vendo aqueles símbolos? — Ele aponta em direção dos desenhos.

Hm? Estou vendo sim, o que tem?

— O que você acha que deve significar?

— Me parece apenas um desenho de criança.

— Acho que não é um desenho de criança..., eu vi os mesmos símbolos na sala do diretor.

— Sério? — questiona Arias, gargalhando.

— Não acredita em mim?

— É claro que acredito, eu te conheço desde o primário, você é péssimo em mentir por isso gosto de você, mas como eu iria saber o que esses desenhos significam?

— Não sei, geralmente você tem sempre as respostas quando preciso.

Arias encara seu amigo corando enquanto estufa seu peito, — Tem razão! Eu sempre tenho né?

Erisu não o responde, continuando a encarar tais símbolos, tentando de alguma forma entender a razão de estarem espalhadas pela cidade.

— Olha, seja o que for não precisar se preocupar okay? Não deve ser nada de importando — Arias segura o braço de seu amigo — Mas agora vamos antes que nos atrasemos de novo tá? Pode confiar em mim.

Ainda com receio, Erisu prossegue com seu amigo a caminho de seu colégio, passando novamente pela praia no caminho, em seguida adentrando rumo a sua sala.

Momentos após, o sinal ecoa anunciando o início do período de aulas do dia, vendo na porta de entrada uma pessoa familiar com seus longos cabelos roxos ao vento entrando na sala, o aroma doce quando ela entra é semelhante a cereja.

— Bom dia classe — diz a confortante voz da professora, pegando um giz para escrever o que diz no quadro — meu nome é Osara, sou a professora substituta de vocês de biologia, é um prazer ter vocês como meus alunos.

Arias ao perceber de quem se tratava, se levanta de sua cadeira acenando para ela.

Oh! Moça bonita! Que bom te vê-la de novo!

Erisu se encolhe em seus ombros, tentando não ser percebido enquanto todos da sala olham na direção de ambos. Osara, no entanto gargalha acenando de volta.

— Ora se não são os pequenos garotos de ontem! Fico feliz em vê-los novamente!

— Eu e o Erisu-su ficamos também!!!

— Muito bem sente-se, vamos dar início a nossa aula! — exclama Osara, entrelaçando seus dedos animada — quero propor uma aula de debate! Levantem assuntos para conversarmos.

Um dos garotos em sala ergue a mão rapidamente, — Professora, por que estudamos biologia?

— Isso é pergunta simples pequeno — ela aponta seu dedo indicador para o aluno — para conhecermos tudo e a nós mesmos!

— E o que isso nos ajudaria? — continua o aluno.

— Prevenção de doenças, o impacto de nossa genética e evolução, tudo isso ao mesmo tempo, para assim descobrir a verdade por trás da criação!

Uma garota do fundo da sala ergue a mão para o alto, — Mas professora, meus pais falaram que nós viemos do desejo dos deuses.

— É um pensamento interessante..., mas o que isso impede de estudarmos? Afinal... — ela sorri, se sentando em cima da mesa — sendo nós desejos de tolos deuses ou não, se somos criados tais deuses também serão, assim podemos descobrir e entender até mesmo como a ocorreu a criação deles.

— Mas professora! — exclama outro aluno — Isso não iria os deixar irritado?

— Que mal tem os deixá-los irritados? — ela fecha os olhos, cruzando as pernas em seguir — se levarmos em conta nossos estudos, eles podem ser como uma raça também, qual o problema de querer entendê-los?

— Mas em que isso seria importante? — questiona a garota.

— Se conseguíssemos entendê-los, talvez não teríamos tanto medo.

— Moça bonita! — diz Arias, erguendo sua mão — o que tem a dizer sobre os Numens?

Oras, que pergunta interessante, o que quer saber?

— Meu pai disse que foi por culpa dos Numens que perdeu tudo o que tinha, que é por culpa de um Numen a mamãe estar doente... — Arias olha para ela com um olhar motivado — mas não quero acreditar que todos são culpados por tudo!

Osara encara o pequeno Arias surpresa com tal afirmação, gargalhando levemente até se aproximar de ambos.

— Não se sabem como surgiram muito menos como são gerados, sua pele e carne é exatamente igual a nossa, mas existe algo em seu corpo que os torna resistente o suficiente para não ser nem mesmo perfurado por uma arma, em seu corpo existe uma matéria recém-descoberta denominada Daus, sendo ela talvez o principal motivo da mutação dos Numens.

— Então eles não são maus né? — diz Arias com convicção, mesmo sendo encarado por todos de sua sala.

— Errado meu pequeno... — diz Osara, olhando em direção da janela — Numens são maus em sua essência, com sua mente agindo diferente da nossa, nós somos como presas e eles predadores, moscas que podem cair em uma teia de uma aranha.

A expressão de Arias se entristece em confusão encarando sua professora.

— E por que eles são assim?

— Eu não sei, ao que parece é a triste linha de destino que os liga, o humano que se aproxima morrerá de alguma forma. Ao menos esse era o boato que corria em meu antigo distrito — Osara afaga os cabelos de Arias — mas é exatamente por isso que estudamos, talvez se conhecêssemos eles melhor, entenderíamos o motivo de tal maldade.

— Eu ainda não consigo entender... — murmura Arias, abaixando a cabeça.

Osara ergue seu olhar, voltando em direção do quadro, pegando o giz novamente começando a escrever.

— No entanto, sua pergunta me fez lembrar de algo, todos Numens portam algo chamado Bakemono do qual é o responsável pela mudança de seus genes, porém existem três tipos deles — Ela continua a escrever enquanto fala — Híbrido; do qual tem uma aparência física e se esconde em uma cicatriz ou marca estranha em sua pele. Ocular; do qual fica alojado em seus olhos os dando aspectos estranhos. Por fim o Rei; do qual não sabemos nada sobre.

Ela circula a palavra Rei do quadro, se virando para turma com um sorriso, vendo que todos olham para ela atentos.

— Conhecendo mais sobre eles! Podemos evitar uma segunda guerra, por isso estudem pequenos!

Erisu a encara em admiração, enquanto ela segue administrando sua aula com uma maestria única, sendo a melhor professora do qual já os ensinou, isso tudo em uma única aula.

Arias parecia abatido de começo, mas ao ver a empolgação de seu amigo, o acompanhou com ainda mais energia, assim em um piscar de olhos, uma aula de quarenta minutos termina.

O sinal toca, fazendo grande parte dos alunos guardarem seus materiais com urgência, enquanto caminham a saída se despedindo da incrível professora de maneira respeitosa.

Arias e Erisu saem animado da sala de aula, até serem parados por Osara.

— Erisu, preciso que venha comigo até a sala dos professores — diz com um sorriso alegre, segurando uma folha.

Oh, o que seria?

Oras, preciso conversar com você pessoalmente.

Erisu olha para seu amigo, que acena com a cabeça, — Vai lá! Vou pegar minha irmã e volto aqui para voltarmos para casa juntos!

Arias se despede de seu amigo enquanto Erisu acompanha sua professora até o terceiro andar, o caminho é silencioso, nenhum dos dois disse uma palavra se quer.

Osara leva sua mão até a maçaneta abrindo a porta lentamente.


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