Um Tiro de Amor Brasileira

Autor(a): Inokori


Volume 1 – Arco 3

Capítulo 44: Família Mutoh


【キ】【ス】【シ】【ョ】【ッ】【ト】

— Mas que problemão ein? — diz Aoi coçando a nuca enquanto caminha para fora do armazém.

Os sons de disparos se iniciam logo atrás dele, sem se importar ele somente suspira saindo pela porta de trás do lugar.

No entanto antes de pisar no lado de fora, uma arma é engatilhada nas sombras, o fazendo levantar as mãos para cima em sequência.

— Parece que encontramos um Numen fugindo Inspetor Mutoh! — diz o agente da sombras em seu rádio.

Os olhos de Aoi se surpreendem por alguns instantes antes de fechados lentamente com um pequeno sorriso em seu rosto, — Ora, ora parece que você me pegou certo?

— Cala a boca! — exclama o agente, se aproximando com uma arma apontada para ele.

— Está bem, por favor não atire.

— Não atirar? Um Numen covarde como você que deixou a sua própria espécie para trás realmente acha que tem direito a pedir algo? — O cano da arma é encostado nas costas de Aoi — vocês Numens realmente são uma praga, um lixo que jamais serão humanos.

— Se ser humano para você signifique fingir um falso moralismo para pessoas que nem ao menos conheço eu concordo, já passei dessa parte a muito tempo — diz Aoi com um sorriso malicioso.

— Tá tirando uma com minha cara?!

— Não, eu jamais faria isso... e sobre ser um covarde, apenas digo que não tem graça apostar suas fichas em algo que você não pode vencer — Aoi lentamente abaixa as mãos — porém acho que posso ficar mais um pouco na mesa agora...

— Aposta? Que raios você está falando? — grita irritado, colocando o dedo no gatilho.

— Esses humanos... lição número um sobre caçar Numens meu jovem... — Em um movimento rápido, Aoi se vira retirando o pente de munição da arma como um expert — você deve primeiro atirar e depois fazer perguntas.

O agente assustado aperta o gatilho com o movimento brusco, mas nada sai, o fazendo recuar com alguns passos para trás, no entanto antes de puder fazer qualquer outra coisa, Aoi o segura pelo pescoço o erguendo do chão.

— Lição número dois dos Abutres, independente da arma mire na cabeça, mesmo que não seja fatal vai dar um tempo para você fugir — Aoi pressiona ainda mais sua mão no pescoço dele — e a última lição é bem simples, jamais fale os nomes de seus superiores na frente de um Numen.

Os olhos do homem lacrimejam como as de uma criança, ele sente a dificuldade de respirar aumentando a cada segundo e sua vida sendo ceifada.

— Por favor, não... me mate.

— Eu posso pensar no seu caso, desde que faça algo por mim — sussurra Aoi calmamente, passando sua unha comprida no rosto dele.

— Faço qualquer coisa — responde o agente em desespero.

— Pegue seu rádio e chame esse tal inspetor Mutoh até aqui, após isso eu deixo você fugir.

Uma dúvida cresce dentro do pobre homem, mas em desespero por sua vida faz o que o Numen pede, ligando seu radio ele passa a localização exata deles para seu superior enquanto Aoi somente sorri ironicamente em espera.

Minutos se passam e Kaori se aproxima do destino do qual foi chamado, seu grande revólver em alerta preparado para tudo que possa ocorrer... exceto a pessoa do qual o aguarda.

Kaori vê nas sombras uma figura desconhecida de cabelos longos sentado nas escadarias da saída sem nenhuma preocupação, ao seu lado está um dos seus agentes com ambas as mãos na cabeça com lagrimas nos olhos em desespero.

Ao perceber seu superior presente o olhar de nojo e desgosto do homem se afundam ainda mais, ele se culpa por ser covarde e ter o feito o que fez, — Inspetor... por favor me desculpe, eu lhe imploro.

— Está tudo bem — diz Kaori calmamente, entendendo a situação, apontando a arma para a figura sentada — parece que temos um Numen espertinho aqui, pretende levar alguém importante para sobreviver? Acha realmente que isso vai funcionar?

— Olha só, acho que você está entendendo errado as coisas Inspetor Mutoh... — diz Aoi, cruzando as pernas.

Kaori não consegue ver o rosto completo do tal homem, mas de certa forma o jeito de falar do Numen é familiar a ele, fazendo-o sentir um arrepio estranho.

— Estou? Então o que você quer?

— Eu apenas... — Antes de concluir sua frase um som de disparo ecoa pelas escadas, machucando os ouvidos de todos presentes.

Kaori sem esperar ele terminar sua resposta atira a média distância com seu revólver em direção a figura a sua frente, acertando o peito de Aoi que espirra sangue e quebra algumas costelas com a bala saindo por suas costas.

— Numen desgraçado, morra de uma vez — diz Kaori, percebendo que acertou seu alvo para em seguida correr até o agente caído pra prestar ajuda.

— Por favor, me perdoe Inspetor, eu estou com tanto medo... tanto medo...

— Está tudo bem meu jovem, vou levá-lo aos médicos.

Enquanto ele tenta erguer o agente, uma intensa gargalhada faz Kaori paralisar instantemente.

Haha! Incrível você não veio para jogo de brincadeira ein— A gargalhada aumenta ainda mais — parece que eu te ensinei bem a como matar um Numen inspetor Mutoh... ou devo-lhe chamar de órfão número sete?

O som de passos descendo a escada se espalha ao arredor, fazendo Kaori apontar a arma assustado na direção em que estava o Numen, percebendo agora com o pouco de luz dos postes do lado de fora iluminando o rosto da pessoa que desce.

No instante em que vê o Aoi por completo, sua respiração se torna ofegante, tendo dificuldades em respirar ou até mesmo segurar sua arma, seu corpo fraqueja em uma ansiedade assustadora que o faz lembrar de onde o conhece.

【キ】【ス】【シ】【ョ】【ッ】【ト】

Quando havia acabado de nascer Kaori e seu irmão foram levados como órfãos para o Distrito Zero, não seria para menos já que seus pais morreram em um acidente causado por uma batalha entre a Segurança Pública e Numens.

Ambos não chegaram a receber um nome de seus falecidos, assim como a maioria de outros órfãos receberam somente números de identificação.

Órfão Número sete e seu irmão Número Oito e assim cresceram juntos até completarem treze anos, recebendo cuidados e treinamentos táticos desde pequeno de como sobreviverem e lutarem contra Numens.

Mesmo sendo crianças ainda, são tratados como adultos indo em missões e operações dos Abutres de controle contra Numens, eram outros tempos onde a urgência por suporte era extrema.

Então por conta de ambos os irmãos se destacarem em meio ao grupo deles, são selecionados para um projeto experimental, do qual o preceito é simples... não existe outra forma melhor de descobrir como ferir Numens se não com outro Numen.

Assim eles são levados até uma espécie de prisão subterrâneo ao sul do Distrito Montanhoso, onde havia várias celas com humanos que ajudavam Numens a fugirem da justiça.

Porém uma cela em específica chamava a atenção, já que era única que tinha guardas a guardando, não seria para menos afinal tem um único Numen preso ali.

Mas diferente do que se espera, o Numen ali dentro não os tratava de forma cruel ou irritada, muito pelo contrário, ele ensinou os dois pequenos durante os dias a jogarem cartas e outros tipos de jogos simples enquanto contava tudo o que sabia sobre Numens.

Todo momento em que os dois órfãos vão para a prisão um pequeno sorriso se formava em seus rostos, afinal diferente de todos os adultos da segurança pública, aquele Numen os tratava como crianças e brincava com elas de alguma forma.

Até que um dia o Numen em questão questiona a eles em uma tarde normal, — Escute aqui pirralhos, como vocês se chamam?

Os dois encaram um ao outro e respondem em conjunto, — Não temos um nome.

— Como assim vocês não têm um nome? Todo ser vivo precisa de uma identidade — responde o Numen colocando a mão no próprio peito confiante — por exemplo, eu me chamo Aoi Mutoh.

— No orfanato ninguém tem um nome, apenas números — diz o número sete, abaixando a cabeça.

— Se for esse o caso, em algum momento vocês irão precisar de um nome — exclama Aoi, cruzando as pernas — vocês não são máquinas para serem denominadas por números e isso parece um saco, então escolham um nome aí.

Tais palavras ficam marcas nas memorias das duas crianças que partem novamente em sua casa.

【キ】【ス】【シ】【ョ】【ッ】【ト】

— Não é possível... como tem coragem em estar bem a minha frente seu maldito?! — grita Kaori rangendo os dentes em raiva.

Um pouco de sangue escorre pela boca de Aoi que limpa com o seu dedo para em seguida o lamber com um sorriso sádico, — Você não parecia se importar com isso, afinal ainda usa meu sobrenome, pirralho.

— Depois de tantos anos... eu finalmente posso perguntar.

— Já faz dezoito anos, não é? — Aoi se aproxima, estalando o pescoço.

Kaori volta a mirar seu revólver para o antigo conhecido, — Me responda, foi você que matou meu irmão?!

Aoi o encara com um suspiro, colocando a mão na cintura parando bem perto dele, — Isso realmente importa? Ele sofreu o destino de todos os humanos que desejam cruzar o limite do divino.

— Me responda Aoi! — grita com todas as forças, com as mãos tremulas.

Aiai... se quer tanto saber se fui eu que matei o seu irmão — Aoi estala seu pescoço — se junte a ele no inferno então!

Um encontro que marcará a morte de um dos dois, o passado de um nome e as cicatrizes do futuro, a raiva que Kaori guarda realmente moverá montanhas.

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