Um Tiro de Amor Brasileira

Autor(a): Inokori


Volume 1 – Arco 3

Capítulo 46: O Encontro


【キ】【ス】【シ】【ョ】【ッ】【ト】

Se arrastando por horas sem rumo, seu sangue forma uma trilha que o segue sem parar em meio a sua perdição.

Audição, visão e seu senso de localização já não existem mais, seu corpo não consegue se regenerar por completo e a dor do qual sente o faz ranger os dentes até chegar ao ponto de trincá-los.

Seus gritos de dor não saem mais, afinal sua garganta não aguenta todo seu desespero, assim como anos atrás dentro de seu antigo colégio, Erisu novamente está impotente.

Ele pode sentir suas unhas se quebrarem enquanto se arrasta cada vez mais até uma voz o atingir, a mesma voz que ouviu durante a luta contra Daidairo, a mesma que também ouviu quando se tornou um Numen.

— Está correndo? Está com medo? Isso doi? — sussurra a voz calma da figura de suas memorias.

A frustração de Erisu cresce ainda mais, firmando seus joelhos no chão balançando seus braços para todas as direções tentando afastar a voz que continua a ecoar em sua mente.

Oh, meu pequeno querido, acho que você precisa abrir seus olhos antes de fazer qualquer coisa.

Erisu sente um toque em seu rosto, o acariciando lentamente acalmando de alguma forma sobrenatural seu corpo, assim inconscientemente ele abre seus olhos se deparando no centro de uma sala.

【キ】【ス】【シ】【ョ】【ッ】【ト】

Para onde quer que olhasse somente vermelho seguia sua visão, tornando impossível distinguir os cantos da sala, o que é parede ou o que é o teto, não tem nenhuma saída apenas o vermelho vibrante.

— Agora você pode me ver... não é? — sussurra novamente a voz bem perto de seus ouvidos.

Erisu se vira por reflexo, vendo a dona de tal voz com um choque fazendo todo seu sistema nervoso tremer e gritar por socorro.

Vestindo uma simples camisa social branca e uma saia longa, com os cabelos escuros com tons de roxo balançando pelo ar como se não houvesse gravidade, aquela é a figura que sempre está em seus piores pesadelos.

— V-você!? — exclama Erisu, se arrastando para trás sem tirar os olhos dela.

— Oh, você se lembrou de alguém querido? — A figura caminha em sua direção — seja quem for, eu não sou essa pessoa, olhe bem para o meu rosto.

Apreensivo, Erisu faz o que ela diz por impulso percebendo enfim que diferente de seus sonhos onde haveria olhos e boca, a figura a sua frente tem somente o mais profundo abismo em seu rosto, borrando o que fosse que era para estar lá.

Não parecendo natural o sentimento que aquele abismo trás é como se alguém estivesse arrancado o rosto dela a força a muito tempo e algo quer sair de dentro por conta do buraco aberto.

—  Merda... quem é você? — questiona Erisu com seu olhar vidrado.

— Ora meu pequeno garotinho, você já deveria saber quem sou, afinal nos conhecemos a tanto tempo — Ela se agacha ficando bem perto dele,

— Até sua voz lembra ela...

— Eu já lhe disse criança — A figura segura o rosto de Erisu — mas já deveria imaginar que iria se confundir, afinal você mudou nada.

Confuso com essas palavras ele olha para sua própria mão percebendo que elas se tornaram pequenas e jovens, não somente os braços, mas como ele se tornou a versão de si de anos atrás.

— Como... isso é possível?

— Oh meu pequeno destinado, tudo é possível para mim — Ela ergue o dedo indicador apontando diretamente para o olho direito dele — e sobre quem sou eu... estou bem aqui.

Ela se ergue, começando a caminhar em círculos lentamente em volta dele, abraçando o próprio braço com um tom divertido em sua voz.

— Eu vi você crescendo... vi suas batalhas, sei tudo sobre como você pensa, sei as pessoas que quer proteger... — Conclui ela.

Durante seu caminhar, a cada volta em que ela completasse frente a Erisu, faz com que o corpo dele envelheça palavra a pós palavra.

— Eu não entendo... — diz Erisu, observando suas mãos.

— Eu sei disso, mas todas as vezes em que você superava um obstáculo sozinho respeitando seus dogmas, fazia meu corpo vibrar em orgulho, mesmo que eu não entenda o motivo de querer ser tão... certinho — Em sua última volta, Erisu está novamente com sua idade normal.

— Onde quer chegar?

— Seu corpo e sua alma estão quebrados, afinal você não tem me alimentado sequer uma vez desde a gente se conheceu — Ela ergue o dedo indicador gesticulando com a mão — mas me contentei quando você finalmente bebeu o sangue de sua amiga, em toda minha vida não saboreei algo tão delicioso como aquele.

— Que merda você está dizendo?

— Estou dizendo que se você não me alimentar, meu poder enfraquece e seu corpo morre lentamente, a realidade Erisu é que você já deveria estar morto por tanto tempo que me privou de saciar minha fome — Ela coloca a mão nos ombros dele — mas eu fiz um esforço acima do que faria por você.

— E por que fez isso? — Erisu a encara de forma amena.

— Simplesmente porque aquela mulher confiou em ti, no começo até mesmo eu não tinha entendido a insistência e a obsessão que ela tinha com você, mas hoje... eu entendo muito bem.

Mesmo ouvindo tudo o que esse ser diz, os sentimentos e as emoções de Erisu permanecem ameno, como se dentro dessa sala vermelha tudo o que ele sente é bloqueado instantaneamente por ela.

— Eu não pedi por isso — exclama Erisu cerrando os punhos.

— Sei que não, mas ela viu algo em ti que a fez ficar fascinada, agora agradeço a ela por isso.

— O que você quer afinal?! Por que não me deixou morrer de uma vez?! — Erisu se ergue ficando frente a ela.

— Diferente dela... você não atingiu nem mesmo um terço de seu potencial, algo falta em você  e quero ver como vai contornar esse seu limitador.

— E o que eu tenho que fazer?

A figura abaixa a cabeça apontando para trás de Erisu, quando ele se vira enxerga outra figura que não sai de suas memorias, uma linda mulher com roupas pretas e cabelos amarrados, aquela é Lisandra a cão divino da luxúria, caída no chão vermelho vibrante.

Ele sente um aperto intenso em seu coração, fazendo sua respiração ficar pesada com apenas um simples vislumbre daquela mulher.

— Porque... o que ela faz aqui?

— Ela é seu primeiro passo para quebrar os limites que você mesmo se pôs — Ela se aproxima de Lisandra, segurando a mão de Erisu o levando para perto dela.

Ao chegar perto o suficiente ele consegue ver ela de alguma forma respirando lentamente, — Ela está viva?! — exclama Erisu, se ajoelhando frente a ela.

— É claro que ela está viva... dentro de você.

— Isso... é...

— Você deve matá-la pequeno — diz a mulher em alto e bom tom.

— O que?!

— O primeiro passo para evoluir é matá-la de uma vez por todas, como fez antes.

Em negação, Erisu balança a cabeça rapidamente, — Não! Tudo menos isso, eu não posso matá-la!

— É claro que pode criança, afinal você já fez isso, lembre-se daquele dia — Ela abraça Erisu por trás — você viu todos aqueles humanos tolos batendo palmas para uma desgraça iminente, você queria matar todos não?

Com a voz tremula, Erisu encara Lisandra tentando manter o foco, — Não... eu não...

— Você lembra meu pequeno, afinal viu com os próprios olhos o olho roxo de sua preciosa amiga enquanto hipnotizada pelas habilidades dessa mulher, sabe que poderia ter perdido ela para sempre, assim você liberou sua raiva e deixou quem você realmente é sair.

— Eu não queria fazer...

— Não minta, afinal sei exatamente o que você sentiu na hora, como daquela vez deixe sua raiva sair, me deixe sair pequeno — Ela cochicha em seu ouvido.

— Eu não posso! Eu não quero fazer isso de novo!

— Você deve estar pensando em um pós vida certo? Um paraíso, um céu..., mas entenda criança— Ela acaricia os cabelos dele — aqueles que tiram vidas jamais podem sonhar com o paraíso.

Erisu permanece estático, um turbilhão de pensamentos percorre toda sua mente fazendo seu músculos se contraírem sem parar.

— Por que está fazendo isso?

— Fazendo o que meu precioso?

— Esse seu jeito... é idêntico a daquela mulher — Erisu abaixa a cabeça, respirando fundo.

— Me perdoe por isso, apenas imaginei que seria mais fácil fazer você aflorar sua raiva se eu me apresentasse dessa maneira.

Erisu se levanta ainda de cabeça baixa, — Eu não posso matá-la, eu sou um assassino..., mas não quero mais cometer o mesmo pecado mais de uma vez.

— Entendo... então você ainda não está pronto — ela se afasta cruzando os braços — está na hora de ir então.

Erisu volta a encarar o corpo da Lisandra em sua frente em silencio.

— Olha... mesmo que eu não entenda o do porquê você sinta tanta culpa por alguém que mal conhece, eu me divertir conversando contigo, considere o que eu vou fazer como um agradecimento.

— Como? — Ele volta a atenção para ela.

— Eu não vou deixá-lo morrer ainda e vou te dar novas oportunidades — Ela se aproxima da parede vermelha empurrando, criando uma porta que libera uma luz branca constante — fique no aguardo pelo meu convite, meu pequeno.

Em silencio Erisu lentamente volta a sentir as dores de seu corpo e quando cruza a porta sua visão se escurece novamente.

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De alguma forma agora ele está de frente para porta do apartamento da Himeno, ele sente o cheiro de sua melhor amiga próximo com a dor infernal atingindo seu pico outra vez em seu corpo.

Então com suas últimas forças bate na porta, até enfim ela se aberta por Oinari e sua consciência se apagar.

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