Velho Mestre Brasileira

Autor(a): Lion

Revisão: Bczeulli


Volume 3

Capítulo 57: Ensinado uma lição.

 

Mesmo transbordando de fúria, Tyler ainda pôde manter um pouco do seu raciocínio.

“Me explique bem o caso, é certeza de que esse homem é culpado?” Tyler quis saber.

“Temo em dizer que sim, mestre, ele estava de guarda no acampamento fora das muralhas, depois de beber muito ele atacou uma moça, os gritos foram ouvidos por todos! Quando os outros guardas chegaram, viram a moça caída ao lado dele e havia sangue manchando a roupa dos dois.” Thoran falou tudo, não ousando esconder nada.

“Hump!” Tyler bufou de raiva. “Onde a moça está?”

“Em uma estalagem.”

“Mande alguém ir buscá-la!” Tyler ordenou.

Um dos equipamentos que ele tinha trago desde a primeira vez tinha sido os rádio comunicadores, os guardas dessa cidade tinham uma vantagem superior a qualquer outro guarda ou soldado deste mundo. Essa vantagem era a comunicação.

É claro que as armas de fogo eram superiores, mas você deve levar em conta que mesmo se Tyler só tivesse os rádios comunicadores ele poderia ganhar de qualquer exército nesse mundo.

Imaginem ter espiões dentro de uma cidade e poder ser informado em tempo real sem ter que marcar encontros perigosos que poderiam estragar o disfarce, ou coordenar uma ofensiva de diferentes frentes com facilidade?

Por isso que a comunicação e a informação são as maiores armas do século XXI.

Em menos de meia hora a praça estava lotada, como a casa do lorde ficava bem próxima, a moça veio em questão de minutos.

Dois soldados entraram escoltando a pobre coitada, ela era magra e tinha um aspecto esguio, olhando com atenção, ela até que era bem bonita, tinha um rosto fino e traços delicados. Infelizmente também tinha um olho roxo estampado na face.

“Como é o seu nome?” Tyler perguntou, mesmo ele tendo sua fúria renovada, tentou ao máximo soar calmo e compassivo. Afinal ela não era culpada disso e ele muito menos queria deixá-la nervosa.

“Tina.” Ela respondeu sem levantar o rosto.

Tyler podia ver o claro desconforto nela, toda a sua expressão corporal exalava medo, vergonha e tristeza.

“Eu quero que todos saíam e me deixem a sós com ela.”

“Entendido!” Ninguém ousou desobedecer.

“Thoran, mande alguém trazer um chá.” Tyler completou.

“Certo, em breve será entregue mestre.”

“Tina, eu quero que você me conte tudo o que aconteceu, desde o momento em que veio para essa cidade até agora, acredite, eu não estou aqui para lhe julgar, eu só quero saber o que houve.”

Depois de ouvir as palavras de Tyler, a moça não conseguiu mais segurar as lágrimas. Primeiro eram apenas uma ou duas rolando pelas bochechas, contudo logo virou uma fonte sem fim, ela soluçava e tremia. Como era de se esperar, tentar relembrar o episódio era demais para ela.

“Ele me chamou de vadia... de cadela estúpida… rasgou minhas roupas!” Ela chorou e soluçou com mais intensidade a medida em que tentava falar o que tinha acontecido.

“Quanto tempo faz que você chegou aqui?” Tyler perguntou tentando colocar uma certa ordem no caos.

“Eu estava naquela fila quando o mestre chegou!”

“Bom, já temos um começo, aquela foi a primeira vez que viu aquele homem?” Tyler quis saber.

“Não, quatro dias atrás ele me viu saindo do mercado, eu estava trabalhando em uma loja. Ele me parou e falou comigo, depois desse dia ficou me perseguindo aonde quer que eu ia.”

Toc… toc… toc… pouco depois de baterem na porta, uma figura entrou.

Tyler logo reconheceu, ela era Nilla, a moça que estava acompanhada da sobrinha, ele se lembrou que tinha pedido a Thoran que cuidasse dela e arranjasse um emprego aqui na mansão do senhor da cidade.

“Aqui está.” Nilla, trouxe uma bandeja com chá e alguns bolinhos.

“Beba, vai lhe fazer bem.” Tyler encorajou, enquanto acenava agradecendo a empregada.

Mesmo com as mão trêmulas a jovem ainda conseguiu segurar a xícara.

“Onde está sua família?” Ele perguntou.

“Eu sou de uma aldeia distante, ouvimos dizer que aqui tinha emprego e comida abundantes. Eu vim seguindo uma caravana de comerciantes, meu pai, minha mãe e meus irmãos ficaram e se desse certo eles viriam depois junto com… junto com meu noivo...” Quando ela acabou de falar, não pôde mais se segurar e chorou novamente. Só que dessa vez Tyler podia ver qual era o sentimento nessas lágrimas.

Vergonha!

Sim, ela estava com vergonha dela mesma, parecia que ela amava muito o seu noivo, Tyler não sabia qual era o motivo certo dela ter vindo primeiro, contudo ele sabia que o amado da jovem viria em breve.

O que ela diria? Qual a explicação que ela tinha para dar? Mesmo que não tivesse culpa nos acontecimentos, ela ainda se sentia culpada e envergonhada.

Tyler lembrou-se das palavras de Thoran dizendo que havia sangue nas calças do guarda e também nela, parece que infelizmente aquele animal também tinha levado a virgindade dela…

“Tina, obrigado por vir hoje e me falar o que aconteceu. Todos os bens e propriedades que eram do soldado agora serão seus, não se preocupe, eu vou garantir que ele não irá mais fazer mal a você e também vou fazer o possível para que outras moças não passem pela mesma provação.”

Ainda chorando ela não respondeu, mas acenou de leve com a cabeça.

“Mestre, estamos prontos!” Noeru informou pelo rádio.

Tyler vai para fora, e como já era de se esperar, a praça está lotada!

“Aqui está ele!” Noeru informa apontando para um homem.

Tyler consegue ver o homem, ele ainda está usando o uniforme camuflado que Tyler tinha comprado para os guardas.

“Tirem o uniforme deste animal!” Tyler grita.

Sem demora, outros dois soldados começam a despi-lo.

De certa forma havia um simbolismo nas atitudes de Tyler, ele queria dizer a todos que quando alguém cometia um crime desse, automaticamente estaria expulso de suas tropas. O uniforme camuflado já tinha se transformado em um símbolo máximo de status nessa cidade. Era um tipo de roupa que até mesmo o lorde da cidade usava!

A única diferença de uniforme desses homens para o de Tyler era o tipo de camuflado, enquanto ele usava um multicam, os seus soldados usavam o selva.

O multicam é um camuflado especial, ele foi feito para as novas necessidades do exército americano, diferente de antes, os soldados são obrigados a lutar em vários ambientes distintos. Selva, cidade, deserto, praias e etc. Para não ter que comprar um uniforme específico para cada bioma eles decidiram fazer um que embora não fosse excelente em cada um deles, conseguia atender de forma mediana esses vários biomas diferentes.

Dentro da selva o camuflado selva era muito superior ao multicam, mas em um lugar deserto ele fracassava miseravelmente.

Como Tyler estava sempre andando por vários locais diferentes ele escolheu esse pela praticidade.

Quando o soldado foi despido pelos outros ele ficou apenas com um pequeno shorts de algodão, Tyler não tinha pesquisado sobre as roupas íntimas desse mundo, porém imaginou que aquilo era uma cueca.

“Eu quero que todos olhem para esse animal aqui!” Tyler falou tão alto que toda multidão o ouvia claramente, inclusive o acusado que tinha se encolhido de medo.

“Ele foi acusado de violar uma jovem, e isto!” Tyler falou mais alto enquanto apontava para o acusado. “Repito, isto é uma das coisas que eu mais abomino! Eu pessoalmente apurei todos os fatos e não há nenhuma dúvida de que ele é culpado. Hoje eu serei o juiz e o carrasco desse animal, sua primeira pena é deixar de ser oficialmente um homem, a partir de agora até o fim da sua curta vida, perante nós ele não será nada mais que um animal!”

O rosto das pessoas ficou estranho, havia aqueles que gostaram e outros que não, como nesse mundo não haviam leis, era muito comum o caso de abusos, era padrão em uma guerra os soldados estuprarem as mulheres, isso já diminuiu muito na Terra, mas ainda acontecia com uma frequência decepcionante.

Enfim se a mulher não fosse de uma família influente ou se não tivesse alguém para lhe vingar ficaria por isso mesmo.

Tyler pegou um conjunto de socos ingleses de dentro da jaqueta e andou para o acusado.

“Desamarrem ele!” Ele ordenou para os soldados que o mantinham preso.

Depois de cortarem as cordas que o segurava o homem se prostrou diante de Tyler.

“Por favor grande mestre, eu peço misericórdia! Eu não quis fazer isso, eu fui fraco, estava bêbado, prometo ser justo e correto!” O homem chorava.

Tyler não aguentou aquilo, uma onda de nojo tomou conta dele.

Com um chute poderoso ele o afastou. “Não ouse falar comigo como se ainda fosse humano! Você é um verme, aprenda a agir como tal agora!”

“Mestre!” O homem gritou.

Ele até ia falar mais alguma coisa, porém foi calado por um soco no meio da boca.

Tyler nunca tinha usado um soco inglês em uma briga, contudo ele achou uma experiência extremamente satisfatória.

Tec, tec, tec.

Todos que estavam perto puderam ouvir claramente o som dos dentes quicando no chão.

Com apenas um golpe o ex-soldado perdeu todos os dentes da frente.

“Fique de pé!” Tyler ordenou.

Cuspindo o resto dos dentes o homem tentou se levantar, e ainda quis clamar por misericórdia, mas foi interrompido novamente.

Tyler começou a desferir uma enxurrada de socos no homem. As pancadas não tinham nenhum floreio ou técnica, elas eram apenas o resumo da força bruta.

Pahhh! Pahhh! Pahhh!!!!

No estômago, nas costelas, no rosto, eram em qualquer lugar, Tyler não estava mirando adequadamente, ele só estava descontando seu nojo naquele cara.

O som de ossos se quebrando podia ser escutado por todos que estavam próximos.

Quando o acusado não pode ficar mais de pé Tyler montou em cima dele e continuou a sessão de espancamento.

Depois de quebrar todos os ossos da face daquele homem Tyler se levantou.

“Levem esse trapo da minha frente e enforquem-no na entrada da cidade para que sirva de exemplo!”

“Entendido!” Dois guardas mais próximos responderam enquanto levavam o homem.

“Noeru, quem indicou esse homem para que fizesse parte dos guardas?” Tyler quis saber.

“Ele já fazia parte dos guardas antigos!” Noeru respondeu.

“O antigo chefe dos guardas deverá ficar sem salário esse mês e todos que estavam de guarda naquela noite vão ficar apenas com metade do seu pagamento esse mês!”

“Entendido!” Noeru respondeu prontamente.

“Todos aqui ouçam, o próximo animal que ousar cometer algum crime dessa natureza terá a pena dobrada, e o que vier depois dele será quatro vezes pior e o que vier depois será oito vezes pior!”

Tyler podia sentir um frio descendo pela espinha de todos os presentes ali na praça, fora Noeru nenhum deles tinha visto esse lado implacável dele. Talvez se não fosse pela pouca convivência de Noeru quando seguia Tyler esse crime tinha ficado por isso mesmo.

Tyler foi tão brutal e firme nas suas ações, pois queria mandar uma mensagem bem clara para aqueles que tinham esse hábito desprezível.

Não tente!

Ele também puniu os superiores e os outros guardas para criar uma espécie de estado constante de vigilância, afinal quem quereria perder seu salário por culpa de outro?

“Noeru, mais uma coisa, eu quero que transfira todos os bens daquele homem para a moça.”

“Certo, vou fazer como o mestre ordena.”








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