Velho Mestre Brasileira

Autor(a): Lion

Revisão: Bczeulli


Volume 3

Capítulo 68: Uma garota curiosa.

Tyler mal pôde dormir naquela noite, ele ficou pensando em Clare e Calie a todo momento, ele não tinha garantias de que essa planta poderia realmente salvar Clare, mas se ela fosse no mínimo parecida com o yang sangrento, ela seria sim, capaz de curá-la.

Ele lembrou-se da sua última missão na qual matou o ogro, naquela ocasião ele foi atingido no ombro por uma flecha, porém apenas com curativos simples e um comprimido inventado por ele, a cicatrização foi fantástica e em menos de um dia o ferimento já estava fechado e hoje nem marca havia.

Mesmo antes do dia amanhecer Tyler já estava de pé de tão impaciente que estava, ele foi fazer um café bem forte para ver se colocava a cabeça no lugar.

“Oh, mestre o senhor já está de pé, deixe-me preparar algo para o senhor.” Nilla a jovem encontrada na fila com a sobrinha ja estava trabalhando na mansão a algum tempo e segundo as investigações de Tyler ela era uma funcionária exemplar.

“Não é necessário, sente-se quer tomar um pouco? Eu amo essa bebida, acho que você vai gostar também.”

“Posso?” Ela perguntou indecisa.

“Eu não estou lhe oferecendo?” Tyler brincou com um sorriso.

“Isso cheira tão bem, acho que gostaria de provar um pouco...”

“Tome.” Tyler pegou uma xícara e serviu a moça. “Se achar um pouco amargo, coloque um pouco de mel.”

A moça abraçou a xícara entre os dedos e cheirou o café como se fosse um perfume, provou um pouco e depois pôs duas colheres de mel. Ela provou novamente e ficou com os olhos fechados por um tempo, apenas absorvendo todas aquelas novas sensações.

“Bom, né?” Ele perguntou.

“Sim...” Ela falou com os olhos fechados. “O mestre é tão estranho.” Ela falou sem perceber.

“Estranho?” Tyler ficou curioso.

Pfff!!! Cuspindo toda uma golada ela se deu conta do que tinha dito. “Perdão mestre, eu não quis dizer isso, por favor me perdoe! Essa serva foi tola e burra, perdoe essa serva!” A mulher entrou em pânico, ela não só tinha falado mal de um nobre como esse nobre era o homem que tinha lhe dado uma chance na vida, além de ter tratado da saúde de sua sobrinha.

“Calma menina, eu só fiquei curioso, só isso.” Tyler acalmou-a, ele podia ver o medo no rosto dela.

“É… bem… o mestre é muito diferente dos outros mestres, o senhor é bondoso e se importa com as pessoas, nenhum outro nobre é bom como o senhor.” Ela falou vacilante.

“Quer dizer então que as pessoas gostam de mim?” Tyler fez um gracejo, como se estivesse surpreso.

“Sim, muito. Todas as pessoas que vem até aqui só falam bem do senhor, ontem fui até o mercado e ouvi uns comerciantes falando que outros nobres estão proibindo as pessoas de saírem da cidade com medo de que elas não voltem mais, existe mesmo alguns que falam que algumas outras cidades que tem um nobre conhecido por ser mau já tem os campos completamente vazios.”

“É mesmo?” Agora ele ficou surpreso de verdade, ele sabia que os imigrantes estavam vindo cada vez mais para a sua cidade, mas ele pensou que eram um pouco de cada lugar, e não abandonos em massa de algumas poucas cidades.

“Sim, foi o mesmo comigo, eu não tinha quase nenhuma condição, o senhor da minha cidade aumentaria o imposto novamente no próximo verão, quando escutei que aqui era um bom lugar vendi tudo o que tinha e vim.”

“Está feliz aqui?” Ele quis saber.

“Sim, muito. O mestre é bom comigo, me paga mais do que eu mereço e ainda tratou da saúde da minha sobrinha, me falta espaço para ser mais grata ao senhor.” A moça disse firme, havia quase um tom de adoração em sua voz.

“E a sua sobrinha, como está?”

“Muito bem, nos primeiros dias ela não ficou tão bem e como o senhor disse ela até ficou ruim do estômago por um tempo, mas depois que melhorou ela ficou mais esperta e agora come como uma traça, toda hora quer comer, não é raro ela aparecer aqui cedo.” A mulher respondeu e como se tivesse combinado a menina entrou na cozinha a procura da tia.

“Olá.” Tyler a cumprimentou.

“Olá.” A menina respondeu ainda esfregando os olhos de sono, mas de repente viu quem tinha falado e se apressou em responder corretamente. “Perdão, mestre bom dia!”

“Bom dia, venha aqui eu quero ver como você está.”

A menina andou para perto dele e ele pegou sua mão.

Sua aparência já estava bem melhor, embora ela ainda fosse mais pálida que um papel, sua pele já tinha tomado um aspecto muito mais saudável, estava firme e macia.

Quando uma pessoa sofre com desnutrição e desidratação fica com a pele igual a uma borracha ressecada, quando você a estica ela se deforma e demora a voltar ao local, mas agora não. Tyler puxou e esticou algumas vezes e ela voltava no mesmo instante. Ele também notou logo de cara que ela tinha ganhado alguns quilos, até seu cabelo que era opaco e quebradiço parecia novo, era brilhoso e liso.

“Ainda sente sono e cansaço durante o dia?” Ele perguntou.

“Não, na verdade estou muito bem.”

“Tem comido como eu falei?”

“Sim, só que agora estou com fome o tempo todo, minha barriga faz barulho sempre...” A menina disse com vergonha.

“Que bom, isso é normal e além do mais crianças na sua idade sempre comem muito.” Tyler não achou nada de errado, na verdade ele via com bons olhos esse apetite dela, embora ela parecesse ter menos idade, ela era uma adolescente de 13 anos e nessa idade toda pessoa sofre os estirões da puberdade, talvez seu corpo só estivesse tirando o atraso nas vitaminas. “Qual a comida que você mais sente vontade de comer?”

“Carne.” Ela disse bem rápido.

“Certo. Nilla, não é?” Tyler virou-se para a tia.

“Sim, isso mesmo.” A mulher respondeu.

“Faça essa pequena comer sempre ovos pela manhã e dê quanta carne ela quiser, agora eu quero que toda vez que ela for comer as principais refeições você derrame duas colheres de azeite sobre a comida dela.” Tyler instruiu, colocar essa quantidade de azeite no alimento aumentaria as calorias na refeição, além de ser puro lipídio, o que daria alguma gordura a ela. Ela não estava preocupado com colesterol ou coisa do tipo, o azeite é uma gordura boa e mesmo se não fosse essa menina ainda tinha que comer muito para que tivesse algum excesso.

“Eu entendo, vou fazer como o senhor manda.” A moça assentiu.

“Aqui, tome um pouco destes, e sei que são gostosos, mas só coma dois por dia.” Tyler pegou na dispensa um saco com morangos liofilizado e deu a menina, ele tinha trago um monte desses e estava planejando começar a distribuir entre as crianças pequenas, gestantes e lactantes da cidade.

“Obrigada mestre.” A menina agradeceu enquanto pegava o pacote.

Ainda preocupado com a palidez excessiva da pequena ele perguntou. “O quê você faz durante o dia?”

“Geralmente eu ajudo minha tia.”

“Quer passar um tempo comigo?”

Tanto ela como a tia ficaram surpresas com a pergunta, ela olhou para a tia em busca de uma resposta e ela acenou. “Sim...” A menina disse vacilante.

“Bom, tome seu café da manhã e me encontre na sala.” Tyler mandou e ela rapidamente foi comer.

Tyler saiu da cozinha e encontrou com Thoran na sala de jantar.

Antes de Tyler chegar, Thoran era o senhor dessa cidade e estava tentando conseguir se tornar um nobre, mas com a chegada dele os seus planos foram de certa forma frustrados.

Se fosse pelas vias normais Thoran definitivamente havia perdido sua chance de virar um nobre, porém ele tinha acreditado que estando ao lado de Tyler era muito mais vantajoso, quando esse velho disse que entraria na competição para ser o herdeiro do trono, ele não só acreditou como também viu isso como uma chance de galgar posições no futuro, era por isso que ele trabalhava com todo empenho para impressionar Tyler.

Depois de poucos minutos de conversa a menina chegou ao lado de Tyler.

“Vamos?” Ele perguntou.

“...” ela balançou a cabeça alegremente.

Eles caminharam para fora da mansão e ele a levou até o carro, a princípio ela parecia nervosa em entrar, Tyler a encorajou e ela entrou.

“Você deve começar a pegar um pouco de sol durante o dia, tente fazer isso de manhã cedo ou no fim da tarde, tome ponha isso.” Tyler deu-lhe um boné azul antigo dos NY Yankees, e um óculos estilo aviador. “Isso vai te proteger do sol.” a menina não entendeu nada, mas achou aquilo muito legal, principalmente os óculos, eles deixavam a visão escurecida, ela nunca tinha visto nada daquilo.

“Obrigada.”

“De nada, agora vamos.”

Tyler foi até o primeiro poço onde os pedreiros já estavam trabalhando, Tyler tinha trago cimento então o trabalho de assentar as pedras para fazer as paredes da fonte foi muito mais rápido, na verdade em talvez mais duas horas esse primeiro poço já estaria pronto, só não colocaria a água ainda porque o cimento ainda estaria fresco, contudo toda a instalação da bomba de água, o encanamento e as placas solares já estava devidamente instalado.

“Vamos ver a próxima.” Tyler chamou a menina que o seguia como uma sombra.

Tyler começou a furar o outro poço com a ajuda dos mesmos soldados de ontem, e como já tinham pegado um pouco da experiência de ontem, foi mais rápido. Outra coisa que aconteceu era que a menina parecia inquieta, ela olhava tudo, andava por todos os lados e mexia em qualquer ferramenta desocupada.

“Você é bem curiosa, não é?” Tyler disse.

“Desculpe...” A menina falou largando um martelo no chão.

“Não tem problema, eu gosto de pessoas curiosas, são elas que mudam o mundo, mas tome cuidado aqui tem algumas ferramentas perigosas, me pergunte o que elas são primeiro e eu lhe explicarei tudo.” Tyler a tranquilizou, porém parecia que ele tinha dado ordem para explodir uma represa, Tyler não fazia a menor ideia de que uma garota tão pequena tinha tantas perguntas.

Por que isso, por que aquilo, Tyler quase não podia mais trabalhar direito devido a tantas perguntas, em parte ele até gostou pois tirava um pouco Clare dos seus pensamentos.

Antes do sol ficar alto ele já havia terminado o poço, novamente ele fez todos os testes na água e garantiu a qualidade dela.

Bem, Clare não tem muito tempo de sobra, eu não devo perder tempo aqui.

Tyler levou a menina de volta e conversou com Thoran e Noeru, ele encheu o carro com o ouro arrecadado na última venda e ficou feliz em ver que as quantidades só aumentavam cada vez mais.



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