Volume 1 – Arco 2
Capítulo 148: Tomo Sinistro(3)
“Érebo?”
— Sim. Eu posso mudar os canais instantaneamente e fazer o uso dessa magia mais prática. A prática e o custo necessário para manter a magia seriam bem menores.
Mythro fica chocado. Ele se recorda que Érebo lhe disse que ele poderia roubar o próprio dantian dos outros, mas mudar um Canal Enérgico... Isso não era desafiar os próprios céus?
— Terá limites corporais e formato de força que o corpo já possui. Não posso colocar magias avançadas em um corpo que não pode usá-las, se não a cultivação pode explodir por excesso de coisas incompreensíveis.
“Conjuração Própria: Reanimação elétrica sob o corpo do próprio conjurador, dando explosiva força física. A energia vital é estimulada no próprio corpo, isso aumenta o nível de energia cósmica que as artérias enérgicas podem segurar. Os danos variam da força do corpo conjurado, seres sem Lei de Corpo não devem se atrever."
“A Sismo Celeste é definitivamente uma magia de nível Céu. A Reanimação Elétrica também. Mas o Tomo é o que mais promete...”
— É este Tomo Sinistro.
Ainda haviam três tomos. Com intenção aquática, de fogo e terrena. Mas o Tomo Sinistro segurava o maior anseio em Mythro e Gornn. Ammit pouco comentava, seu conhecimento de magias era pequeno, infelizmente.
As palavras se mexiam, assim como Munica havia avisado.
“Uma gota de seu sangue.”
Mythro usa sua unha do dedo indicador para cortar o dedão. A gota azul-dourada cai no tomo, que começa a tremer e liberar uma fumaça espiralada. Ela rodeia o pequeno NOVA e começa a invadir seu corpo.
Preparando seu estado mental ao ápice, ele permite a entrada da fumaça que traz consigo toda a intenção sinistra.
O tomo abre, as palavras param de se mover e uma página se desprende e começa a agonizar. Sim, ela estava agonizando. Um grito assolador que rasga o próprio ar soa, mas só Mythro conseguia ouvir a lamúria estridente e louca.
A página começa a rachar, as linhas das rachaduras soltam magias perdidas na forma de palavras. Elas pulam na pele do pequeno NOVA e perfuram seu caminho para dentro. Elas fazem caminho até a área Jing e conectam-se ao dantian de uma forma inseparável. O tomo carregava um Alcance Cósmico!
Imagens começam a aparecer na cabeça de Mythro, elas o jogam para um lago negro, onde apenas estrelas, planetas, sóis e luas brilham acima. Distantes, eles mudam de direção em uma fluente movimentação.
— Onde estou?
— Connt dier tiog morin, zes zeshj (Entre aqui e saia da chuva, tu disseste)
Uma voz tão bela quanto o nascimento dos astros. Era isso que Mythro entendeu quando ouviu os murmúrios no espaço. Sua visão se desviou para onde a voz vinha, ele encontrou quatro pessoas em cima...
— Trit tiog mimhor utalori txuan (Mas tu nunca deu lugar)
Em cima de uma montanha de corpos. Fazia anos que ele não sentia medo de algo, mas a imagem do ser que havia no meio fez seus pés recuarem. Sentindo o peso que água nenhuma deveria ter, ele encara mais firmemente o lago. Sangue, puro sangue. A falta de iluminação fez ele crer que era apenas um lago normal.
— Ash zim ish denmed, ish denmed (E eu estou presa, estou presa)
— Ush bindam veriest (Uma distância existe)
A figura assustadora levanta a mão, que coberta de fumaça negra faz estrelas se aproximarem e planetas descenderem. Com melhor iluminação, Mythro vê o semblante dos seres na sua frente.
Três sereias e um homem que possui uma eterna fumaça negra saindo do corpo. Principalmente de seus olhos, metros de fumaça nasciam de seus olhos, como lágrimas evaporadas subindo aos céus.
— Gabriella. Temos convidado.
— Mais um morto adentrando o equinócio de seu luto, mais um se vai, como um vulto.
— Meu senhor, quantas eras se passaram em segredo, segredo este adormecido, sem nenhum ser divino?
— Mais passarão se este não for o escolhido.
As sereias eram belas sem comparação. Seus corpos possuíam uma cor que definia a diferença de cada uma. Gabriella foi a primeira a responder após o homem ter dito algo. Ela era a sereia com cabelos cinza-alaranjados, e assim também era sua parte inferior. Seus seios se mostravam reconfortantes apoios a seres cansados.
As três falavam e cantavam de maneira parecida. Gabriella é a que tinha mais voz, e as outras duas acompanhavam sua deixa. Os dois primeiros versos cantados eram os dela, as outras cantaram apenas um verso.
— Venho em busca dos mistérios deixados no tomo.
— Recebemos seu sangue... Terás de passar no teste, ou se tornará mais um no montante.
“Montante?” — O pequeno NOVA olha para o monte de corpos e entende algo.
Todo o sangue daqui eram de seres que tentaram obter essa magia antes dele. Todos falharam!
— Apenas criaturas divinas podem abrir esse tomo, seu sangue, não obstante, não ojeriza nenhum lado. Quem és tu, que vem a estes soturnos lados?
— Sou filho de uma Supernova e um Arfoziano. Meu nome é Mythro Zumb’la...
As sereias só paravam de cantar para interagir com poucas palavras. Mas ao saber o nome de Mythro, os quatro tomaram diferentes posturas.
— Calúnia!
— Blasfêmia!
— Anti-Cosmos
— Que belo...
Diferente do que saíam de suas bocas, as sereias tinham um olhar de adoração. Apenas o homem não pragueja, e seu olhar é o mais fervoroso.
— Qual é o seu teste?
Sem deixar o estranho seguir de eventos tomar tempo, Mythro corta direto para o teste. Ele não sabe se ficar nesse estado está machucando seu corpo de forma irreversível.
— Escute o Canto das Sirenes, não pereça... Gabriella, Verônica e Estela, por favor... Cantem...
Roubando do sol a essência da vida,
A lua se magnifica,
Tirada dos seios, a pequenina,
magra e fraca contra a brisa,
Estrelas e pó cósmico cria,
a menina irradia,
dias nascida, já foi só de ida
morre a triste menina...
Como um padrão, novamente, Gabriella diz duas estrofes a mais. Verônica é a seguinte, até Estela.
Verônica possui cabelos e parte inferior vermelhas-rosadas, Estela azuis escuras com partes brancas.
Enquanto as sereias cantam, ao redor de Mythro se modifica. Uma majestosa lua trepa no céu com nuvens abrindo espaço para que apenas seu brilho atravesse, tampando as estrelas no céu.
Sons de trote de cavalos se aproximam de maneira rápida. Flâmulas alçadas em lanças podem ser vistas a 10 metros no alto. Com certeza pessoas fortes estavam segurando a arma.
Saindo dos obstáculos de visão florestais. Mythro consegue identificar seis pessoas. Elas levam um caixão consigo, de pelo menos 120cm. Eles correm até um pequeno castelo feudal onde desmontam e carregam o caixão para dentro.
Sem ter mais o que fazer na visão, e desconfiar seriamente que sua missão tem algo a ver com o caixão, o pequeno NOVA os segue na sua forma espectral, que é a que está atualmente dentro do tomo.
Os seis homens sobem escadas rapidamente deixando sempre o caixão retilíneo. Quem quer que esteja lá merece honras e cuidados que pessoas normais jamais conseguiriam ter em toda vida.
Chegando em um cômodo de descanso, eles colocam o caixão no chão e uma mulher que estendia pela janela se joga perto da caixa funeral. Ela abre a tampa do caixão e uma menina recém-nascida que tem seu rosto completamente retirado aparece.
O corpo humano sem pele era uma arquitetura bela, Mythro sempre via isso como uma beleza, todos os músculos, tendões e ossos eram tesouros que faziam um ser manifestar seu domínio, sua Lei de Corpo. Embora uma breve tristeza passe por seus olhos, uma criança que mal teve a luz dada aos cosmos, morreu sem que os céus possam beijar sua face.
Que crime foi pago com este preço?
A visão afetava apenas a mente de Mythro, as sereias e o homem encaravam sua reação a ilusão de forma serene.
A mulher pergunta:
— Minha filha... O vento que sussurra trouxe a mim as notícias de sua morte, meu coração morreu pela metade com sua ida, bem-vinda, aqui jamais haverá outro golpe de má sorte. Vocês sabem que foi que fez o corte? Quem tirou o rosto da mais bela menina de todas as províncias...
— Senhora, seu marido—
A mão da mulher assobia no ar e um dos seis homens morrem.
— O que tem meu marido?
Os outros cinco tremem. Mas eles sabem que se ela ficar sem resposta, eles morrerão de qualquer jeito.
— A deusa sem rosto demandou o rosto da jovem princesa. O nosso Lor—
Outra cabeça rola. O sangue começa a fazer círculos mágicos no chão.
— Nosso senhor trocou a segurança do nosso planeta pelo rosto da nossa princ—
— Ele salvou a todos nós! A mulher sem rosto vestirá o rosto da nossa princesa para sempre e honraremos a sua face por toda a eternid—
Os dois últimos homens ficam calados. Eles se entreolham e colocam a sua cabeça contra o chão.
— Vocês não trazem notícias?
— Traga a nossa princesa de volta!
— Traga a nossa princesa de volta!
Lágrimas de sangue escorrem da mulher, e sua mão corta o ar novamente, deixando seis cabeças no chão separadas de seus corpos.
Usando o círculo mágico, ela rouba as almas dos homens.
Tribulações irrompem dos céus em castigo,
uma mortal tocando almas é proibido.
A voz de verônica soa em cantiga sombria. O primeiro verso se inicia com doce voz, mas ao chegar no proibido, um gutural como o de ossos rasgando para fora da garganta soam, fazendo toda a ilusão tremer.
Isso era um golpe direto na alma de Mythro. Seus olhos quase se fecham, mas algo em sua alma grita para ele que se eles fecharem, eles não mais abririam.