Volume 2

Capítulo 80: Autodefesa

Numa noite estranhamente gélida, o ar rarefeito cortava como uma lâmina, algo totalmente incomum para uma região conhecida por suas temperaturas amenas, às vezes até mesmo escaldantes. 

Sob o manto do frio implacável, as gotas de chuva caíam em torrentes, como lágrimas da própria natureza. A vila, normalmente agitada, agora estava envolta em um silêncio sepulcral, todos recolhidos em suas casas, temerosos de enfrentar os ventos cortantes e o risco de adoecer.

Exceto por um homem destemido, conhecido como o "Retentor da Paz", Anwen Peng. Naquela comunidade desamparada pelo governo, ele se erguia como o bastião da justiça, o único indício de autoridade em meio à desolação.

Ele percorria meticulosamente cada rua, iluminando o caminho com sua lamparina, assegurando-se de que a paz reinasse e os moradores estivessem seguros. 

Durante sua ronda, não encontrou nada fora do comum, tudo estava envolto em um silêncio tranquilizador. No entanto, sua serenidade foi interrompida por um estranho grunhido, emanando de alguém ou algo que parecia estar em sofrimento.

"Um animal?" indagou-se, tentando compreender a origem do som estranho. Ao concentrar-se, conseguiu discernir a direção de onde o ruído vinha.

"Ali?" refletiu, apontando para a rua à sua frente com a lamparina, onde os becos se alinhavam ao longo da estrada. Entre eles, um dos becos, o mais sombrio, ecoava o grunhido misterioso.

Ao considerar avançar, se viu travado, um estranho arrepio percorreu-lhe da cabeça aos pés. Por que esse sentimento medonho? Era como se naquele lugar habitasse o mais sinistro dos demônios, como se ali não estivesse presente uma pessoa ou um animal, mas sim uma besta sanguinária. 

Ele não sabia a resposta ao certo, mas nunca fora parte de sua personalidade ficar parado pelo medo. Com uma longa inspiração, relaxando todos os músculos tensos, reuniu coragem e deu um passo à frente.

A lamparina oscilava em sua mão a cada passo que dava. A tensão aumentava a cada centímetro que se aproximava da entrada do beco. Quando finalmente chegou, preparou-se para enfrentar o desconhecido e lançou a luz da lamparina na escuridão profunda. Ao ver o que estava ali, os olhos se arregalaram, os dedos fraquejaram, quase soltando a única fonte de iluminação.

"Um garoto...?" Aquilo que seus olhos incrédulos testemunharam era de fato um jovem garoto, encolhido no chão, abraçando os próprios joelhos. 

Após o choque inicial, ele se lançou em direção ao jovem de cabelos vermelhos. Ao se aproximar, percebeu o leve tremor que percorria o corpo do rapaz, como se estivesse sofrendo com o frio implacável.

— Garoto... — Ele se inclinou, tocando o ombro trêmulo do jovem. Mas em vez de uma resposta calorosa, recebeu um olhar sanguinário, como se o rapaz estivesse destituído de alma, como se tivesse atravessado o próprio inferno. Por um instante, Peng sentiu o ar prender-se em seus pulmões, mas não havia tempo para o medo, havia alguém diante dele que precisava de ajuda. — O que aconteceu? Você está ferido?

Ao tocar os ombros cobertos pela vestimenta desgastada, molhada e suja, ele percebeu o quanto estavam encharcados, indicando que o rapaz tinha estado na chuva por um bom tempo. Mas por quanto tempo exatamente? Não havia tempo para especulações; ele precisava ajudar o jovem. Então, agachou-se para ficar na altura do garoto.

— Jovem... o que aconteceu? — Não obteve resposta, apenas um silêncio pesado, interrompido pelos grunhidos de frio do rapaz. — Vou te lev-

De repente, o rapaz deixou os ombros tensos amolecerem, não por relaxamento, mas por desmaio. Seu corpo deslizou da parede em que estava apoiado, quase caindo no chão se não fosse pela rápida intervenção de Peng.

Com cuidado, o guarda ajustou as mechas dos cabelos vermelhos do jovem, observando o semblante magro de alguém que claramente não se alimentava adequadamente há algum tempo. Ele sacudiu levemente o rapaz, tentando reanimá-lo, mas não importava o quanto tentasse, o jovem permanecia inconsciente.

Sem alternativas, Peng envolveu o rapaz em seus braços e o ergueu, tirando-o daquele beco frio, molhado e melancólico.

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Na casa de Alaric, a situação começou a se complicar quando ele avistou pela janela alguns homens de aparência suspeita, escondidos nas sombras das árvores.

— Quantos são? — perguntou Peng, quase levantando-se, mas foi detido pela mão firme de Alaric que segurava a lança. — O que está planejando?

Sob as "Ordens" de Alaric, Peng reassentou-se na cadeira, embora ainda confuso sobre as intenções do rapaz

— Não temos certeza da quantidade ou da localização exata deles... — O jovem coçou a testa e, para fingir não estava observando os inimigos pela janela, fingiu limpar o vidro, deslizando a mão como se estivesse removendo sujeira invisível. — Vamos esperar e analisar melhor…

— Está sugerindo apenas esperarmos sentados?

— É a melhor opção. — Enquanto "limpava" a janela, o jovem dirigiu-se à despensa e pegou algumas folhas de chá, mantendo a lança abaixada, fora do alcance da vista dos inimigos. — A prudência é nossa aliada na vida e na batalha...

Peng estalou a língua, passando a mão pelos cabelos, ansioso. Ficar parado não era uma situação confortável, ainda mais sabendo que os inimigos; pessoas que provavelmente desejavam sua morte, estavam à espreita, prontos para atacar a qualquer momento.

“Prudência...” ponderou Alaric. Essa palavra nunca havia sido parte de sua vida, de seu vocabulário, pelo menos não antes da morte de Gideon. Ele sempre agiu de forma impulsiva, avançando sem pensar, o que resultou em muitas derrotas e perdas. Isso o obrigou a aprender o valor da prudência e todos os seus conceitos.

O apito da chaleira o trouxe de volta à realidade. Assim, ainda disfarçando, forçou um sorriso amarelo no rosto. Dirigiu-se ao fogão e adicionou as folhas de chá à água fervente.

— Agora você acredita que os problemas estão vindo até mim? — perguntou, exibindo um sorriso autoconfiante, enquanto mantinha os olhos baixos na chaleira.

Peng, sentado à mesa logo atrás, ainda nervoso, parecia inquieto, como se estivesse com coceira na cabeça, pois não parava de se coçar. Ao ouvir isso, parou e franziu as sobrancelhas.

— Você está bem calmo, considerando que teoricamente estamos cercados...

— De que adianta ficar apavorado? Ficar apreensivo? — Ele desviou o olhar para a janela novamente, onde os homens permaneciam imóveis. Alaric deduziu que estavam esperando algo, talvez uma ordem? — Isso não nos leva a lugar nenhum. O que tiver que ser, será, não é mesmo? E eu não quero estragar o chá.

"Um sorriso, raro de se ver no rosto desse rapaz..." Peng poderia contar nos dedos quantas vezes tinha visto Alaric sorrir, e a maioria delas era por causa do álcool. Então, mesmo nesta situação tensa, mesmo que o sorriso fosse mais por autoconfiança do que genuíno, ainda assim, trouxe um conforto para a alma do guarda.

— Esta é uma vila abandonada, não é? — indagou Alaric, ainda com o som do apito da chaleira ecoando até os ouvidos, enquanto seus olhos permaneciam fixos no vidro. — Quero dizer, o governo não se importa com o que acontece aqui, certo?

— É triste admitir, mas sim, estamos abandonados... Mas por que a pergunta?

Com essa constatação, Alaric parcialmente descartava a ideia de que essa caçada insistente contra ele fosse obra do governo local. Após os minutos necessários, o chá estava pronto. Ele pegou duas xícaras e as levou até a mesa.

— Ou seja, se o governo não tem envolvimento, há alguém que se considera dono dessas terras, certo...? — Alaric retirou a chaleira do fogão e voltou para a mesa para servir. — Pegue uma xícara.

— Você mora por aqui a uns três anos, e não sabe? — Ele pegou a xícara do pires, e a empurrou na direção do jovem, que a encheu. — Você às vezes é desligado do que ocorre à sua volta…

Ao notar que a xícara transbordava de líquido quente, envolto em vapor que se elevava delicadamente, exalando um aroma agradável e irresistível, Peng estendeu a mão para alcançá-la. 

Enquanto isso, Alaric desviou brevemente o olhar da mesa, perscrutando furtivamente a floresta além. Satisfeito ao constatar que os inimigos permaneciam inertes, retornou a atenção à mesa e tomou assento, puxando uma cadeira. 

Servindo-se de uma porção do líquido quente, ele cuidadosamente depositou a chaleira sobre a mesa, pronto para desfrutar do momento de tranquilidade, algo que Peng não sentia.

— Não sou indiferente, apenas não me importo com o que não me diz respeito — respondeu Alaric, num tom seco ao qual Peng já estava acostumado. — Mas e então, tem algo?

Hmmmm…. — Franzindo o cenho, deu uma pequena golada no chá, parecendo pensativo. Até que: — Sim... Xiong Ping, um dos mais antigos e poderosos do submundo, dono da maior rede de tráfico de pessoas, fadas, bestas, drogas e qualquer outro tipo de mercadoria ilícita da região…

Alaric ergueu uma sobrancelha, enquanto sentia o amargor do chá preto, famoso nesta região do Mythárea. Afinal, alguém com essa fama ainda estava solto? Cometendo seus crimes impunemente.

— Belo trabalho, guarda...

— Ei! Não tenho culpa de nada! — Bufando de raiva pela provocação, continuou: — Não sei se você já percebeu, mas sou o único guarda nesta parte remota do mundo... Como vou enfrentar uma organização inteira sozinho?

Alaric deu mais um gole no chá, incomodado. O que mais o perturbava era a incerteza; não havia razão para alguém como Xiong se interessar por ele. Não fazia sentido, e só investigando poderia descobrir mais. No entanto, a hora do chá estava quase acabando.

— Não morra, Peng... — Alaric apertou o cabo da lança, estreitando o olhar. — Quando houver oportunidade, fuja...

— Alaric, não me diga qu-

Antes que pudesse terminar, a enorme janela panorâmica estilhaçou em milhares de pedaços. Quando percebeu o que causou, parecia tarde demais; a flecha já havia atingido a cozinha. Seus olhos se arregalaram, mas a visão da flecha foi bloqueada, porque como um escudo, o cabo negro da lança que se interpôs. 

— Não tente bancar o herói, Peng! — A flecha caiu aos pés de Alaric, e com uma batida de lança contra o chão, ele se levantou. — Nos vemos depois.

"Essa janela é cara..." Era uma imensa estrutura de vidro, cujo custo equivaleria a todas as economias do jovem, mas aquele não era o momento para ponderar sobre isso.

Avançando com firmeza sobre os cacos, Alaric alcançou a janela e a transpôs, emergindo em um campo aberto que rapidamente se revelou perigoso.

"Todo esse alvoroço por minha causa?" Sua visão obscureceu não por problema de visão, mas devido à saraivada de flechas que se dirigiam em sua direção. 

Com poucas alternativas viáveis além de enfrentá-las, o jovem estendeu o braço e segurou firmemente a lança com as duas mãos diante de si, começando a girá-la. Em questão de segundos, a lança se assemelhava mais a uma roda, um escudo que repelia todas as flechas.

Os projéteis batiam e eram detidos; no entanto, Alaric estava impressionado era com a quantidade de recursos que estavam sendo desperdiçados com ele. Isso indicava que quem quer que estivesse orquestrando a caçada era rico e não se preocupava com gastos.

Enquanto mergulhava em suas reflexões, Alaric não percebeu as ameaças se aproximando sorrateiramente por trás. Dois adversários, sem piedade, atacaram com suas espadas.

— Posso parecer distante… — Com um salto ágil, ele escapou dos ataques iminentes. No entanto, as flechas continuaram a chover sobre ele, caçando-o como um pássaro no céu. Alaric se viu obrigado a repeli-las, uma após a outra, enquanto se aproximava do solo. A situação estava se tornando insustentável. — Merda…

Embora os inimigos individualmente não representassem uma ameaça que fizesse Alaric sequer suar, juntos, eram uma história diferente; a união de números podia superar a força. A menos que essa força fosse excepcional, extraordinária, o que, infelizmente, não era o caso de Alaric.

Sem tempo para ponderações, Alaric observou os dois homens no chão, próximos ao local onde ele iria aterrissar. Sem hesitação, ao tocar o solo agachado, desferiu imediatamente uma estocada no estômago do primeiro.

O homem sentiu uma queimação lancinante na região atingida, enquanto começava a engasgar com seu próprio sangue. Contudo, seu sofrimento estava longe de terminar. Ao perceber, viu-se sendo manipulado por uma força desconhecida, seu corpo se movia involuntariamente.

Era Alaric, que ainda com a lança cravada na carne dele, a movimentou com destreza, atingindo o segundo indivíduo ao lado com o corpo do próprio companheiro. Demonstrando uma força sobre-humana, Alaric arremessou os dois agressores para longe, afastando-os.

Apesar de ter se livrado dos inconvenientes próximos, o rapaz ainda precisava encontrar uma maneira de lidar com as flechas que continuavam a chover sobre ele. Mais uma vez, ele ergueu a lança como escudo para se proteger dos projéteis, a girando com as duas mãos.

O jovem já sentia os braços doerem; ficar girando a lança por muito mais tempo seria impossível. Alaric começou a estranhar a quantidade exorbitante de projéteis que não paravam por um segundo sequer. Então, apertou os olhos na direção da mata para entender o motivo.

Aqueles desgraçados estavam atacando de forma ordenada. Havia dois grupos: os que disparavam e os que recarregavam as flechas, alternando para manter a pressão.

“São organizados demais para serem simples traficantes ou bandidos…” ponderou, enquanto continuava a girar a lança, protegendo-se das flechas. Essa coordenação só confirmava as suspeitas do jovem de que eles não eram apenas delinquentes, homens fracos que se uniram para atacar. Trabalhavam ou serviam alguém de grande poder. Alguém que queria a cabeça de Alaric na bandeja.

— Não te pedi para fugir, Peng? — Havia uma presença atrás do jovem, pertencente àquele que se auto-intitulava "Retentor da Paz", com um sorriso no rosto e uma espada em punho.

— Acho que você não está em posição de negar ajuda...

— O que você pode fazer com uma espada comum?

— Comum? — Um sorriso crescente desenhou-se em no rosto dele enquanto erguia a espada, e com um resplendor na lâmina, proferiu: — Venha, dìzhèn!

A espada intensificou seu brilho, assumindo uma aparência robusta e rústica, com uma lâmina texturizada que lembrava a superfície de rochas. A guarda da espada esculpida assemelhava-se a raízes entrelaçadas, enquanto o cabo era de madeira escura, adornado com pequenas gemas em tons terrosos ao longo da lâmina e da guarda.

Com a espada firmemente empunhada, ele a direcionou para o solo e a cravou com determinação na terra. Num piscar de olhos, tremores começaram a sacudir o chão, como se as entranhas da terra se revoltassem. Alaric observou com um sorriso confiante enquanto os arqueiros, sentindo o solo oscilar sob seus pés, e perdiam o equilíbrio.

— Não sei o que você fez... mas funcionou! — Com seus adversários agora desarmados, Alaric não hesitou em deixar Peng para trás, avançando destemidamente em direção aos inimigos.

Os homens ficaram petrificados, alguns desembainharam as espadas enquanto outros retrocediam, tomados pelo medo, mas mantendo os olhos fixos no ser que se aproximava com uma velocidade impressionante.

Quando Alaric alcançou a beira da floresta, saltou e, sem hesitar, desferiu uma estocada no peito do primeiro homem, caindo sobre ele. Com o rosto encoberto pelas sombras, se ergueu e firmou os dedos ao redor do cabo da lança, retirando-a do corpo e trazendo consigo o rubro carmesim do sangue, junto de alguns fragmentos do coração.

Dez bravos homens, em uma tentativa falha de cercá-lo para impedi-lo de reagir, enfrentaram seu derradeiro destino diante da lança do garoto. Com um movimento ágil, ele estendeu-a à frente de seu corpo e girou, atravessando cada pescoço como se fosse manteiga, decepando as dez cabeças em questão de segundos.

As cabeças, ao perderem o contato com os pescoços, ficaram suspensas no ar, enquanto os corpos, como se fossem marionetes com cordas cortadas, tombaram desajeitadamente. Logo em seguida, as cabeças caíram ao chão, rolando pelo solo em uma cena brutal, que fez com que aqueles que ainda nutriam o mínimo ímpeto de lutar desistissem e começassem a correr.

Contudo, alguns poucos corajosos decidiram ficar para trás e, unindo forças, partiram para cima de Alaric. Assim, o jovem iniciou uma batalha mortal.

Entretanto ele era obrigado a manter distância, já que a lança não era uma arma adequada para combates corpo a corpo, ao contrário das espadas, algo que ele detestava profundamente.

Utilizando ambas as mãos para aumentar sua força, Alaric desferia estocadas contra aqueles que tentavam se aproximar, conseguindo perfurar alguns estômagos. No entanto, os inimigos não eram tolos e começaram a cercá-lo, encurralando-o. 

Alaric viu-se obrigado a recuar sob a crescente pressão à sua frente, até que seus passos foram bruscamente interrompidos quando suas costas atingiram uma árvore. 

"Restam apenas mais sete." Lutar daquela forma já estava cobrando seu preço; a respiração tornava-se difícil, tornando-se cada vez mais ofegante, enquanto seu coração acelerava descontroladamente.

"Se eu usar a Estrela Divina... não..." Alaric compreendia que, para utilizar a Estrela Divina, precisaria de um coração saudável e de um corpo bem treinado. No entanto, tudo o que ele havia feito nos últimos anos foi beber e se envolver em batalhas esporádicas, deixando-o em um estado quase sedentário. Apesar de seus músculos ainda estarem presentes, caso utilizasse aquela habilidade, poderia sofrer uma parada cardíaca.

— Estão esquecendo do velho guarda aqui! — Peng surgiu de repente, cravando a lâmina no chão ao lado de Alaric, que desviou o olhar para ele. — Você pode até ser forte, ser um tanto apático, ser alguém que guarda muito rancor, mas mesmo assim, nunca ganhará nada sozinho.

A terra começou a tremer, como se as próprias entranhas do local estivessem se movendo, fazendo com que os algozes de Alaric perdessem o equilíbrio. Ao estar ao lado de Peng, ele escapou dos impactos daquele poder.

Sem impedimentos, o jovem atacou sem piedade, perfurando e mutilando cada um daqueles pobres homens, pondo fim à ameaça.

— Talvez você esteja certo, mas… — Alaric estava manchado de vermelho, seu rosto parecia um mar carmesim, e suas roupas outrora limpas estavam encharcadas de sangue. Erguendo-se sobre o corpo que acabara de perfurar, continuou: — Ainda assim, estar sozinho é melhor e mais seguro para todos…

Naquele dia, o jovem retornou para casa com mais de trinta novos fardos sobre seus ombros, mas nenhuma resposta em sua mente. E ao longe, entre as árvores, escondidos na sombras, duas silhuetas observavam sorrateiramente, mas logo desapareceram, junto a leve brisa.



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