Volume 1

Capítulo 57: O Príncipe de Toesane

— Você tem certeza de que esse é o caminho?

— Tio Colth, por favor, eu vivo aqui há bastante tempo, conheço esse lugar mais do que a própria Lashir, aquela bruxa — respondeu Agnes enquanto guiava Colth pelas ruas da bela cidade erguida em meio ao deserto vermelho.

Aquele lugar era surreal, uma cidade plenamente desenvolvida em meio a tanta areia, Colth não conseguia deixar de pensar sobre o tamanho daquela proeza, eram prédios e mais prédios que se estendiam por espaçosas avenidas planas, talvez a cidade fosse maior do que a própria capital de Albores em termos de quantidade de construções, mas algo incomodava o rapaz:

— Você nunca viu ninguém aqui, mesmo? Quer dizer, além dos fragmentos de memórias da Lashir.

— Não — respondeu ela caminhando à frente em meio ao asfalto da rua na direção de seu objetivo.

— Isso explica o porquê desse lugar ser tão vazio. De qualquer forma, eu quero visitar esse lugar, sem ser na realidade dos sonhos. Quero ver ela de verdade, deve ser incrível.

— Ah, isso não vai ser possível. Estamos no último fragmento de memória antes da grande cidade Rubra ser completamente destruída.

— Destruída? Então esse lugar... — Colth olhou para todos os lados admirando os prédios grandiosos em estilos arquitetônicos que jamais havia visto. — Esse lugar já não existe mais?

— Não. Não sobrou nada após o ataque do familiar de Tera

— Familiar?

— Isso, um tipo de criatura sombria criada por magia. Quanto mais magia o mestre do familiar possuir, mais poderosa será a criatura.

— Magia? — Colth se interessou enquanto ao lado da garota na caminhada. — Isso significa que nós, guardiões, também podemos ter familiares?

— Eu não sei bem. Na teoria, sim, mas a quantidade de magia que um guardião possui é pequena, em comparação a um deus. Com muita prática e estudo, deve ser possível criar uma criatura pequena, talvez um inseto.

— Um inseto? Que coisa mais inútil.

— Para você sim, mas para a deusa Tera foi possível criar o destruidor dessa cidade, o dragão esmeralda.

— Dragão esmeralda...

— Eu não preciso descrever ele, você mesmo o viu naquela lembrança, não?

— O quê?! — surpreendeu-se Colth lembrando do pássaro escamoso colossal que sobrevoou o céu magenta de uma das lembranças de Lashir. — Aquela coisa gigante voadora era o dragão esmeralda?

— Exatamente — Agnes confirmou. — O puro poder de Tera aplicado sobre uma arma de guerra viva.

— O quê? Mas por quê? Eu achei que Tera estivesse ao lado de Rubrum?

— E estava. Assim como Finn, Anima e Mutha. Mas parece que algo estremeceu essa aliança.

— O que aconteceu? — Colth continuou curioso tentando entender.

— Eu só sei o que as lembranças da bruxa me mostram, ou seja, quase nada. Mas uma coisa é fato, a cidade Rubra, onde estamos, foi varrida do mapa momentos antes da chegada de Lux. Após isso, o deus Rubrum nunca mais foi visto. Na verdade, o único resquício de Rubrum é a bruxa da Lashir. Mas não por muito tempo, se o que estamos prestes a fazer der certo, acabamos com ela.

Colth parou seus passos e sussurrou seus pensamentos para si próprio com os olhos na areia vermelha que se destacava sobre o asfalto:

— Então, Rubrum acabou por causa de Tera? Eu não diria que concordo com a Lashir, mas agora entendo o porquê dessa busca sangrenta pela deusa que deu fim ao seu mundo.

— Aí! — Agnes, mais a frente, chamou a atenção do rapaz — Olha, estamos chegando. — Apontou para o prédio espelhado no final da rua à algumas quadras. — Eu disse que sabia onde ficava.

Colth afastou seus pensamentos penosos da cabeça e disfarçou sorrindo:

— É, você disse. E realmente é como um grande espelho, como você falou — concluiu passando os olhos sobre a estrutura do prédio, da base até o topo.

A construção única parecia muito mais alto do que a antena de rádio do ministério das comunicações na capital de Albores. Com certeza era o prédio mais alto que Colth havia visto em sua vida, mas ele não parecia tão impactado como deveria, algo já havia tomado aquele sentimento momentos antes.

— Vamos — liderou a garota caminhando em direção ao objetivo, estava mais atenta e séria do que o normal.

O rapaz a seguiu tentando não trazer os mesmos pensamentos anteriores à tona:

— Escuta, como é que você descobriu esse lugar?

— Foi há bastante tempo atrás. Eu procurava por uma saída desse lugar e acabei esbarrando nisso.

— E você acha que vai funcionar? — perguntou Colth caminhando ao lado da garota.

— Eu mapeei tudo nessa realidade, mais de uma vez. A única coisa que chama atenção aqui, é o que eu te falei. Um cristal que guarda os segredos da bruxa. Aposto que guarda a saída daqui também. Se isso não funcionar, eu não sei o que mais pode.

— Mas “isso” não funcionou antes, não é? Quer dizer...

— “Você ainda está aqui.” — rebateu ela imitando a voz do tio.

— Eu não ia dizer isso.

— Eu sei, eu sei. Desculpa — sincera Agnes. — Eu tentei usar minha magia, mas ela não faz efeito sobre o cristal. Ouvi dizer, em uma das memórias da Bruxa, que a magia de Anima lida com memórias, sonhos e até os segredos mais obscuros das pessoas. Bom, é exatamente isso o que eu acho que o cristal é.

— Resumindo, você acha que o cristal é o subconsciente da Lashir?

A pergunta foi exemplificada pela visão de que ambos tinham, o cristal do tamanho de uma pessoa podia ser visto no final da rua reluzente no centro da praça frente ao prédio espelhado.

— Subconsciente? Acho que pode ser isso.

— Acessar o subconsciente com a magia de Anima? Isso é mesmo possível?

As palavras tocaram forte os pensamentos de Colth, fez com que parasse seus passos mais uma vez e, antes mesmo de entender o que aquilo significaria, a terra tremeu. Ele parou preocupado, assim como sua companhia, Agnes mostrou-se angustiada:

— Droga, era disso que eu tinha medo — disse ela olhando para todos os lados.

— O quê? É só um pequeno tremor, não precisa ter medo.

— Não. Não é um simples tremor, isso é a chegada de Lashir nessas memórias. É como das outras vezes. Ela está sempre atenta as movimentações próximas ao cristal.

— O quê? Como?

— Eu não sei exatamente, é como se ela tivesse aprendido a impedir que estranhos se aproximem do cristal e...

A garota finalmente havia entendido. Depois de todo aquele tempo ali, finalmente tinha ao seu lado a peça que faltava para completar as suas suspeitas.

— O quê? O que você está pensando? — apressou Colth.

— “Subconsciente”. Agora faz sentido... — sussurrou Agnes.

Quando finalmente percebeu isso, o vento soprou quente, as ruas ganharam movimento de sombras do que um dia eram pedestres, e uma voz feminina empoderada fez questão de chamar atenção para si:

— Aí estão vocês! — pronunciou-se Lashir ao dobrar a esquina, uma quadra de distância dos alvos em meio ao caminho até o cristal no final da rua.

— Droga — puniu-se Colth observando a mulher de vermelho no final da alameda distante. — Vamos, Agnes. É melhor sairmos daqui, vamos achar outro jeito.

— Não. Espera — rebateu a garota — Não podemos recuar. Não sabemos mais quanto tempo você tem aqui, tio Colth.

— Agnes, não...

— Eu disse que faria o que fosse preciso para te tirar daqui.

— Nem sabemos se o cristal é realmente a saída daqui. E também não sabemos se a minha magia é capaz de fazer algo...

— Eu sei — respondeu ela sorrindo e encantando com sua graça.

— O quê? — Colth ficou surpreso com a reação dela e entendeu de imediato: — Você sabia que ela estaria aqui.

— Pois é...

Colth irritou-se com aquela resposta, era a confirmação de que Agnes escondia algo. Mas ele não pôde fazer mais nada, a garota simplesmente se virou e começou a correr pela rua asfaltada em direção à Lashir:

— Vamos acabar com isso agora.

— Espera — O rapaz agarrou o braço de sua sobrinha a impedindo de continuar: — É muito perigoso.

— Confia em mim, vai dar certo — ela insistiu.

— Não — negou desviando os olhos. — E se acontecer alguma coisa e você...

— Morrer? — perguntou a garota séria observando os fundos dos olhos de seu tio para confronta-lo. — Acho que isso não é problema, né?

— ...

O rapaz sentiu aquela pergunta, aquela única palavra, como um golpe direto em sua alma, mas não desistiu:

— Da última vez que te vi correndo para longe assim, você nunca mais voltou. E foi culpa minha.

— Tio... — Ela suspirou entendo o sentimento triste dele.

— Foi culpa minha, mas dessa vez eu não vou deixar.

— Colth — Agnes foi ainda mais séria, mal parecia uma garotinha infantil, talvez fosse mais adulta do que o próprio contraste: — Até agora eu só fugi. Fugi quando a bruxa atacou Toesane, fugi e me escondi toda vez que encontrei ela nesse maldito sonho infinito, fugi até quando te encontrei na última lembrança. Já chega disso.

— Desculpa. Depois do que aconteceu com sua mãe... e agora que eu finalmente te encontrei, não posso. Eu não vou conseguir te ver correndo para longe de mim mais uma vez.

— Não precisa me deixar correr para longe, tio. Você pode correr ao meu lado — Agnes o encarou com magnitude antes de desenhar um leve sorriso em seu rosto: — Sabe, eu estava prestes a desistir... Eu te falei que o tempo aqui avança diferente da realidade, não? Eu perdi as contas de quantos anos eu estou aqui, presa, talvez sejam décadas, eu não sei, não importa. Mas você apareceu, um alento depois de tanto tempo. Você, tio Colth, me deu esperança de novo. Esperança de que a minha vida não se foi em vão.

— Desculpa, eu não sabia... — Colth ficou espantado com tantas palavras fortes ditas com tamanha sobriedade.

— Eu sei que você acha que sua vida se resume a achar algo ou alguém onde se agarrar, mas está enganado. Muita gente precisa de você, ou simplesmente quer estar com você, por isso você tem de aceitar o que aconteceu e seguir em frente. E eu vou apoia-lo nisso, assim como fez por mim e pela minha família. E você sabe o que minha mãe diria, não? “Vamos enfrentar isso juntos”.

O rapaz teve sua atenção pescada pela sobrinha. Aos olhos de Colth, era como voltar no tempo, voltar as suas lembranças de infância, quando a sua própria irmã mais velha tomava as atitudes que ele nunca conseguia e o fazia se sentir especial.

Corajosa, arrojada, determinada, aquelas qualidades vistas em um rosto tão familiar faziam Colth se sentir nostálgico. Em sua mente ele sussurrava o nome de Nya, sem dúvidas aquela garota era filha dela e, assim como a mãe, ela possuía a valentia necessária nos momentos mais precisos.

— Eu estava errado, você mudou bastante, Agnes... — sussurrou ele analisando.

— Não é hora para isso. Escuta, eu sei que devia ter te avisado antes, mas era exatamente isso que eu pretendia, ter você aqui. Preciso de você e de sua magia de Anima. É a única coisa que pode quebrar aquele cristal e colocar um fim nesse sonho da Lashir e no meu pesadelo.

— ...

— Por favor, eu não aguento mais isso — Agnes sussurrou a sua súplica. — É só destruir o cristal.

— Mas, e se não der certo?

— Vai dar certo. Eu sei que vai, pode confiar em mim, tio.

Ele desviou o rosto para observar nada além do chão:

— Eu não sei...

— Escuta aqui — disse Agnes colocando ambas as mãos no rosto do rapaz irresoluto o obrigando olhar para os seus olhos cor de mel sérios: — Você não é um simples camponês de Toesane, e também não é um guardião qualquer. Você, tio Colth, você é um Lasvin.

O rapaz se surpreendeu mais uma vez com as palavras, fechou os olhos contendo todo o seu desejo de correr dali:

“Você está errada, doce Agnes. Quem sempre vive fugindo sou eu. Fui eu que decidi ignorar tudo de ruim que aconteceu à nossa família. Eu abandonei você e desejei esquecer toda a dor sentida naquele dia. Desprezei o Goro, único amigo que havia me restado até então, para não vê-lo sofrendo, e ainda, rejeitei os meus deveres como guardião, após aceita-los justamente para que toda essa fuga da realidade fosse possível.”

— E então, o que me diz? — a garota interrompeu os pensamentos do tio em expectativa.

                                               ***

— Desde sempre eu causei problemas para os que estavam em volta de mim — iniciou Colth, esparramado ao chão com as costas jogadas sobre a parede fria da caverna iluminada por uma única fraca fogueira.

O rapaz moribundo, sem vontade de se quer respirar, continuou a sua resposta ao homem estranho que adentrará à pequena caverna de forma inusitada:

— Então não, não quero a sua ajuda. Seria apenas mais uma pessoa que eu, Colth Lasvin o último príncipe de Toesane, decepcionaria.

— Que pena, eu sou uma pessoa com muitos poderes, eu poderia fazê-lo se sentir melhor, rápido e sem esforço — rebateu o homem se sentando frente a fogueira e atiçando o fogo com um graveto.

— Quem é você? Um tipo de herbalista ou curandeiro? — perguntou Colth como se aquilo não importasse. Em seguida ele próprio respondeu apático: — Não, nenhum curandeiro veste uma roupa tão ridícula.

— Haha — riu sereno o outro. — Pode caçoar, mas robes são extremamente confortáveis. E pode-se dizer que eu possuo alguns dotes que dão inveja até mesmo aos melhores dos curandeiros.

— A é? — zombou o rapaz desapegado, não moveu um músculo. — E você teria alguma boa bebida para acabar de vez comigo?

— Bebida? Está se referindo a veneno?

— Foi tão óbvio é? — Colth continuou com o tom irônico — Ou você lê mentes?

— Seu estado é deplorável, garoto. Eu admiro isso.

— Seu cabelo é que é deplorável. Um curandeiro não tem uma simples tesoura?

— Ah, engraçado. — respondeu desconsiderando o insulto sobre seus longos fios de cabelos negros desarrumados.

— E então? Tem alguma coisa aí, ou não, curandeiro?

— Digamos que sim, mas antes, me diga. Por que quer acabar com a sua própria vida?

— Porque eu não tenho mais ninguém para decepcionar. Acredite, eu só trago desgraça àqueles que se aproximam. É tipo uma maldição, começou desde o meu nascimento, minha mãe morreu me dando à luz.

— Ora — estranhou o homem —, mas a rainha de Toesane não morreu há poucos anos atrás?

— Sim, mas a rainha de Toesane não é a minha mãe. Na verdade, eu era um andarilho, sem pai e sem mãe. Aos sete anos eu fui adotado pela realeza de Toesane.

— Parece um sonho de qualquer órfão sem teto, não? — perguntou o homem do robe com curiosidade.

— No começo, até pareceu de fato, mas durou pouco. A rainha de Toesane adoeceu logo após o seu filho falecer, ela mal deixava a sua cama, o que preocupou a família real. Não só pelo estado da rainha, mas principalmente por estarem diante de uma possível regência. Afinal, aquele garoto que morreu era o único herdeiro homem da família Lasvin. O nome dele era Colth.

— Colth? Então você...

— Eu assumi a identidade do príncipe. Como o verdadeiro Colth possuía uma saúde frágil, ele dificilmente fora visto pelos plebeus, isso facilitou o aceite da população. Além disso, eu era bem parecido com o verdadeiro, afinal, eu era o filho bastardo do rei. Era perfeito, a rainha teria o seu filho de volta e a família Lasvin não perderia o seu poder. Uma nova chance que eu tentei, de todas as formas, agarra-la. Mesmo me sentindo um impostor, me esforcei ao máximo para cumprir o meu papel.

— Tá bom, você aterrissou numa família rica e poderosa para viver uma vida de luxo, esse é o seu drama?

— Como eu disse, durou pouco. A rainha logo percebeu que eu não era o filho dela. Nesse dia ela morreu. O culpado? É claro que era eu. “Você não foi o filho que ela precisava”, disse o rei. Só me restou a missão de dar continuidade a linhagem dos Lasvin. Eu treinei e me dediquei aos estudos para me tornar o príncipe, mas não demorou muito para que as pessoas começassem a suspeitar da minha origem. “Você não é o príncipe que Toesane precisa”, eles disseram. Sem filho e sem herdeiro, no final, só restou ao rei fazer um acordo com a corte da cidade para a regência não acontecer. Ele se tornaria um dos chefes da cidade, mas dividiria o poder com outras famílias menos importantes. Isso foi parte do motivo da fome e da guerra que consumiu Toesane.

— Então, você não só fez mal para sua mãe, a verdadeira e a falsa, mas também ao rei e a toda cidade de Toesane. Realmente, talvez você seja amaldiçoado.

— Eu não me importaria tanto, mas há pessoas mais importantes que também decepcionei. A minha irmã, a filha mais velha dos Lasvin, Nya. Ela me acolheu e me tratou como um verdadeiro irmão. Me ajudou com o meu treinamento, com os meus estudos, e foi quem mais se importou comigo durante toda minha vida. Mesmo após o casamento e o nascimento de sua filha, Nya continuou sendo a pessoa que mais me apoiava e me fazia querer viver. Mesmo depois dos Lasvin perderem o poder, ela continuou sendo a minha irmã, sem qualquer outro interesse. E tinha a Agnes também, aquela garota tinha um futuro brilhante pela frente.

— Uma bela família.

— Sim. Até o dia em que Thomas, o esposo de Nya e meu professor, veio a morrer sem explicação. Naquele dia eu decidi proteger as duas. Seria, mais uma vez, o substituto de alguém. Dessa vez não me importava nenhum pouco, eu faria aquilo sem interesse, apenas por amar aquelas duas...

— Mas...

— Tudo acabou naquele dia, no ataque de Albores sobre Toesane. Eu não consegui ser útil. Eu decepcionei aqueles que mais me importavam. Fui fraco e as deixei morrer. Não fui o irmão de que Nya precisava.

— E aí veio parar nesse buraco. Choramingar e lamentar.

— É o que me restou. Eu faria de tudo para que nada desse maldito dia tivesse acontecido.

— Faria de tudo, mesmo?

— Sim.

— E que tal um pacto? Se o aceitar, poderá fazer esse dia nunca ter acontecido para você. Será simples de esquecer.

— É claro que eu aceito — debochou Colth.

— Ótimo — sorriu Hueh.

                                               ***

— Sabe, Agnes. Quando eu aceitei o pacto com o deus de Anima, eu queria apenas esquecer o dia do ataque de Toesane. Queria apenas fugir.

— Hã? — Indagou a garota em meio a rua da cidade Rubra.

— Vocês virão até mim, ou terei de caça-los!? — Gritou Lashir ao longe, no final da rua frente ao cristal, o qual ela protegia daqueles dois.

Colth ignorou a mulher de vermelho e se voltou a sua sobrinha com os olhos certos:

— Eu te entendo, não quero mais fugir. Eu não quero ser apenas um substituto, quero fazer o que eu acho que tenho de fazer, porque eu quero fazer, e não por determinarem isso para mim.

Agnes contemplou a determinação dele.

Colth havia acatado o pedido da sobrinha. lutou para desapegar-se de seus vícios e finalmente aceitou. Gritou com energia: — Eu sou Colth Lasvin, único herdeiro ao trono, príncipe de Toesane, Guardião de Anima, e foda-se tudo isso! Porque eu sou o irmão da mulher mais incrível do império e tio da garota mais fofa que os oito mundos já presenciaram. E eu vou me tornar o herói de Tera, não porque precisam, mas porque eu quero!

Agnes sorriu frente aos berros do guardião de Anima. Realmente não era só ela que havia crescido e mudado, aquele rapaz que ela tanto viu se esforçar em seus treinos e se frustrar em seus resultados insignificantes, finalmente havia tido progresso.

“Mamãe estaria orgulhosa de você, tio Colth.” Pensou a garota com o sorriso sereno. Ficou encantada com a repentina mudança de postura do rapaz.

— Se você acha que isso realmente vai dar certo, então vamos fazer juntos, Agnes. Eu acredito em você.



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