Volume 6

Capítulo 2: O Idiota Desafia a Wiseman

Parte 1 

 

No fim do dia, Loki visitou o escritório de Kimberley acompanhado de Cherubim. 

O sol poente brilhava pela janela voltada para o Oeste, criando uma sombra profunda. 

Alguns documentos estavam jogados sobre o sofá e vários livros e papéis estavam empilhados.  

Várias peças de metal estavam dispostas em linha no chão. 

Placas douradas e brilhantes, esqueletos pretos como azeviche, engrenagens e cilindros quebrados. Um dispositivo em forma de caixa bem embalado e lâminas características. A especialidade de Kimberley era a Física Mecânica— Circuitos Mágicos seria um nome melhor para essa matéria, então todas essas peças e materiais empilhados não eram muito comuns. 

A dona da sala estava encostada na moldura da janela, bebendo uma xícara de chá. 

— Você veio, Imperador da Espada. Suas pernas já estão melhor? 

— ...Trouxe o que prometi. 

Loki largou a mala que carregava e abriu a tampa. 

Como era de se esperar, Kimberley se surpreendeu e se aproximou dele, deixando a xícara para trás. 

— A duplicata de The Organum— não importa como se olhe para isso, foi muito rápido! 

Ela virou uma grande quantidade de papéis como se estivesse tentando encontrar alguma falha neles. Entretanto, as letras organizadamente enfileiradas eram lindas. Elas não tinham ficado manchadas ou borradas. O resultado era tão lindo quanto a escrita organizada que refletia a personalidade de Loki. 

— É magnífico. No entanto, se eu encontrar um erro que seja, você irá refazer todas as páginas? 

— Eu cometeria um erro desses? Não há erros de gramática ou palavras ausentes. 

— Eles irão aparecer mesmo que você pense que não. Quanto ao livro, ele possui seus mistérios, hein.  

Kimberley, que fechou a tampa gentilmente, assentiu satisfatoriamente. 

— Você com certeza se esforçou, não foi? A recompensa será transferida para sua conta bancária mais tarde. Você já pode se retirar. 

Ela sorriu. Um sorriso realmente descarado. Loki disse, quase como se estivesse gemendo, enquanto tremia de humilhação. 

— ...Eu gostaria... de receber aquilo. 

Ele indicou a pilha de peças no chão. 

— Você quer esse lixo? Essas peças de teste são importantes para a inspeção da Engenharia. 

— A análise delas deve ter sido concluída há muito tempo. Você não precisa desse lixo, não é? 

— Os materiais têm seu valor. Eles contêm ferro e alumínio, ambos são preciosas ligas mágicas. 

— Você precisa disso!? 

— Iremos. Veja, eles são materiais para comércio. 

Comércio. Essa era a intenção dela desde o começo. Loki detestavelmente estalou a língua. 

Kimberley olhou para Cherubim e o observou com olhos típicos de uma pesquisadora. 

Ele parecia consideravelmente mais gasto em comparação com o primeiro dia da Festa Noturna. A área do pescoço estava retorcida, as bordas lascadas aqui e ali, bem como traços de partes soldadas à força. O corpo havia perdido o calor do circuito mágico Jet e estava queimando com uma cor alaranjada. 

— Hum, de qualquer modo, uma revisão é necessária. O suporte da D-Works foi perdido e o uso contínuo o prejudicou. 

— Não há nada decente sobre esses malditos idiotas. 

Loki respondeu, soando como se tivesse cuspido as palavras. Kimberley caiu na gargalhada, deixando Loki indignado. 

— O que é tão engraçado!? 

— Nada. Então, como você pretende consertar a Espada? Ou isso é demais para você? 

— Um fabricante de bonecas confiável fará essa parte. O equipamento não é o bastante, mas se for em um mês... 

— Nesse caso, você deveria fazer como quiser. Entretanto, um observador irá se certificar disso. 

Um observador. Loki franziu a testa ao ouvir aquelas palavras que não poderia responder. 

— Não faça essa cara. Em vez de permitir que provas confiscadas vazassem, o melhor seria manter tudo isso sob controle. A razão aparente é vigiar para que nenhuma regra da Festa Noturna seja quebrada. 

— E qual é a razão oculta? 

— Acho que podemos obter completamente a originalidade criativa da D-Works. 

Lucifer teve seu núcleo destruído pelo ataque de Yaya e acabou perdendo partes importantes. No entanto, a ideia por trás de seu design era a mesma que a de Cherubim— ao comparar os dois autômatos, ambos poderiam ser reparados com a tecnologia da D-Works. 

Ela estava tentando obter os resultados das pesquisas? Era uma história complicada. Entretanto, a menos que houvesse um benefício nessa medida, então ela não poderia distribuir as partes de Lucifer assim tão facilmente. 

— ...Eu não tenho nenhuma obrigação de proteger os segredos da produção. Coloque quem você quiser para me vigiar. 

— Então temos um acordo. Ó, não se preocupe com o equipamento. A oficina da Academia também está vaga durante as férias de verão. Vou falar com o Departamento de Engenharia para que eles emprestem o espaço a você. 

— Isso é, bom, obrigado. 

Ele ficou um pouco surpreso, mas de um jeito diferente de antes. 

Kimberley era muito prestativa às vezes, como agora. Honestamente, isso o causava arrepios. 

— Ó? Você acabou de pensar algo rude sobre sua linda e gentil professora? 

— ...Você que está dizendo, não eu. Então, posso levar essas peças agora mesmo? 

— Não, seria entediante entregar assim tão fácil. Elas serão transportadas daqui para o Departamento de Engenharia. 

— Você mesma irá transportá-las? 

— Vou deixar que o observador faça isso. 

Ó, isso é muito inteligente, Kimberley.  

Ela era uma tirana. 

Loki se virou enquanto simpatizava um pouco com o “observador”. 

— Você está indo procurar sua amada onee-chan? 

— Não brinque com isso! 

— Não leve piadas tão a sério. A propósito, a Frey treina ali todos os dias. 

Ela apontou para o lado de fora da janela. Para a parte de trás do prédio do Departamento de Ciências— se ele se lembrava corretamente, ali havia uma floresta primitiva quase intocada. 

— Minha empregada é muito devotada, não acha? Graças a isso, meu escritório está uma bagunça. 

Você não é apenas uma desleixada? 

Ele pensou, mas não disse essas palavras em voz alta, obviamente. 

— Acho que é uma iniciativa bastante interessante. Por que você não vai até lá dar uma olhada? 

— ...Eu tenho meu próprio treinamento. 

— Hou? Dizem que você é um possível rival para o Magnus e você também derrotou o General Glendan, mas ainda quer ficar mais forte? 

— Eu não sou assim tão forte. 

Ele disse por cima do ombro e deixou a sala. Cherubim seguiu seu mestre enquanto fazia suas engrenagens rangerem. 

 

Parte 2 

 

Os policiais, que vieram correndo, contiveram os marionetistas desmaiados. 

Eles colocaram algemas de selagem mágica neles, e os restringiram com cordas antimagia para reduzir seu poder mágico. 

Raishin, que estava ao lado de uma deprimida Komurasaki, observava a forma como os policiais trabalhavam. 

Quem diabos era o inimigo? Pela forma como foram treinados para lutar, parecia que eram aspirantes a soldado ou algo assim... mas ele não sabia por que tinham atacado este hotel. 

Bom, isso é trabalho da polícia, certo? 

Ele abandonou essa linha de pensamento e olhou para fora através do vidro quebrado. A heroína que sozinha havia derrotado os ladrões estava recebendo uma salva de palmas dos cidadãos na rua em frente ao hotel. 

— Viva a Srta. Weston! 

— Nossa senhora feudal-sama! 

— Wiseman-sama! 

Isso não significava de modo algum que toda a cidade era propriedade de Weston. Apesar disso, eles costumavam usar o termo “nossa”. Isso significava que ela era muito adorada? 

Não, tal coisa não tinha importância. O que estava preocupando Raishin era... 

A outra pessoa que poderia usar isso está do outro lado da Terra. 

O [fio] de Griselda era, estritamente falando, sutilmente diferente do Kouyokujin. 

No caso dela, o [fio] de poder mágico era único. E o tempo de duração era curto. Era limitado a uma manifestação que durava vários segundos, no máximo. Não era uma descarga como o Kouyokujin. 

No entanto, os princípios eram semelhantes. Isso ele poderia dizer sem nenhuma dúvida. 

O alvo da investigação especificado na missão possuía o que Raishin desejava. 

Uma coincidência boa demais para ser verdade. Seria realmente apenas uma coincidência? 

Não, para a Shouko não existiam coincidências. Se ele assumisse isso... 

— Desculpe, Raishin. 

Raishin voltou a si ao ouvir a voz de Komurasaki. 

— Por que você está se desculpando? Não foi culpa sua, sabe? 

— Porque eu... se eu não estivesse aqui, mas sim a nee-sama... 

Ela realmente estava se sentindo mal. Tentar consolá-la teria o efeito oposto. Sem suportar isso, Raishin mudou de assunto. 

— Mais importante, olhe para ela. 

— ...A Wiseman? 

— Eu serei seu aprendiz. 

— Aprendiz? Do alvo da investigação? 

— A Shouko-san disse “Eu não me importo com o modo que você conduzirá a investigação”, certo? 

Komurasaki inclinou a cabeça perplexa, sem entender o que ele queria dizer. 

— Mas por que se tornar o aprendiz dela assim do nada— ah, o Raishin prefere mulheres mais velhas! 

— Vocês irmãs são todas iguais! 

Ele deu um cutucão com o dedo na testa dela. Komurasaki pressionou a testa e se contorceu de dor por um momento. 

— Eu vi. Ela pode fazer algo idêntico ao Kouyokujin. 

— Mesmo? Isso é possível mesmo que ela não seja uma filha da Família Akabane? 

— Antes de qualquer coisa, preciso me certificar disso. 

Raishin pegou a mala e se dirigiu para o seu quarto. 

Esperando até que os cidadãos se dispersassem, Raishin então deixou o hotel. 

Ele procurou por Griselda, que havia se misturado aos cidadãos que voltavam para suas casas. 

...Lá estava ela. Caminhava em um ritmo acelerado e de uma maneira relaxada, cerca de cem metros à frente de onde ele estava. 

Ele começou a segui-la, mantendo a distância. Um estudante da Academia e uma garota com roupas Japonesas— suas aparências claramente se destacavam, mas ele esperava que a esta distância conseguisse se manter fora do campo de visão dela. 

Griselda parecia ter negócios urgentes no correio. Após enviar uma carta, ela mudou de direção e seguiu para o oeste. As colinas a oeste pareciam pertencer a ela, então ela devia estar voltando para casa. 

Como ele havia pensado, Griselda foi direto para os arredores da cidade. Ela começou a andar na estrada e passou pelo portão de madeira simples. Embora fosse pavimentada, era uma estrada deserta, sem nenhuma casa à vista nos arredores. 

O sol já havia se posto, e apenas um brilho residual no horizonte podia ser visto. As luzes esparsas dos postes iluminavam a figura de Griselda e faziam os acessórios de metal em sua bainha brilharem de forma cintilante. 

Era um bom momento. Raishin acelerou o passo e gritou por ela. 

— Senhorita Weston, por favor, espere! 

— Isso é inesperado. Eu certamente pensei que você estava planejando me atacar de surpresa. 

Ele deveria dizer algo na linha de “como seria de se esperar dela”? Ela parecia ter notado que estava sendo seguida. 

Griselda se virou lentamente. Antes que ele notasse, a mão dela agarrou o cabo da espada. 

— Então você é um pervertido maníaco que ataca mulheres ao ar livre em campos desertos como este, hein. 

— Mas não é você que está nos atacando!? Quero dizer, se essa fosse a razão, então não teria sido muito mais pervertido te atacar no centro da cidade!? 

— Humm... você está dizendo algo inteligente. 

— Mas isso não é completamente inteligente, não é!? Você é mesmo aquela conhecida como A Labirinto-sama? 

— ...Estou tão cansada desse nome popular. Tenha cuidado, você vai morrer se disser isso mais uma vez. 

Ela olhou para Raishin. A intenção assassina era clara em seus olhos. 

— Então, o que você quer comigo? 

— Posso presumir que você seja A Labirinto-sama!? 

A voz dele falhou. Um golpe terrível explodiu acima da cabeça de Raishin, que se agachou por reflexo. Komurasaki caiu de bunda no chão com o impacto e soltou um gritinho fofo no processo. 

Raishin protestou, começando a sua profusamente. 

— O que você está fazendo assim do nada!? 

— Você ignorou meu conselho. 

E Griselda desviou o rosto. Esse gesto foi um pouco fofo, mas não compensava o fato de que ela era uma pessoa perigosa. 

No entanto, essa pessoa perigosa também possuía alguma habilidade. Raishin se forçou a se recompor. 

— Faça de mim seu aprendiz. 

Ele a olhou diretamente nos olhos e fez um pedido honesto. 

Griselda olhou para Raishin com o mesmo olhar vazio no rosto. 

Então ela cobriu a boca, parecendo surpresa. 

— Então é isso, hein? Uma... proposta de casamento indireta? 

— Não salte para uma conclusão estranha por conta própria! Significa exatamente o que eu disse! 

— Agora que estou prestando atenção neste uniforme— você é um aluno da Academia Real. 

Por fim, ela notou as roupas de Raishin. 

Parecendo um pouco nostálgica, Griselda disse, 

— A Academia está em férias de verão nesta época do ano, certo?... Humm, espere? Este é o ano do Eclipse Mágico. O que significa que você é... um Número com um lado estúpido? 

— Felizmente. Embora a parte do lado estúpido tenha sido desnecessária. 

— Classificação? 

— 100º. 

Ela está zombando de mim? 

Ele pensou, mas Griselda seguia sem responder. 

— Entendo... com certeza eu estive no topo da Festa Noturna há quatro anos. Receber orientação de uma figura sênior, essa é realmente uma forma típica de um mago e racional de se pensar. 

Ela disse isso como se estivesse impressionada e assentiu com a cabeça. 

— Nos últimos anos, várias organizações, agências e associações têm tentado me conquistar. Os caras que querem me usar são incontáveis. 

Seu tom de voz realmente soava como se ela estivesse farta disso. Ela parecia ser pressionada de maneira inoportuna em grande medida. 

— Mas agora que penso nisso, você é a primeira pessoa que diz desejar ser meu aprendiz assim de forma direta. 

— ...É mesmo? Bom, isso é surpreendente, certo? 

— Mesmo que suas segundas intenções lascivas estejam claras para todo mundo. 

— Eu não estou demonstrando nada disso! Melhor dizendo, essas intenções nem sequer existem! 

Griselda colocou um dedo no queixo e mostrou uma expressão reflexiva. 

— ...Humm, isso mesmo. Um capricho também pode ser divertido? 

— Posso me tornar seu aprendiz? 

Raishin se agarrou a isso. A ponta da espada dela foi empurrada na direção dele até ficar diante de seus olhos. 

— Raishin! Tome cuidado! 

Komurasaki emitiu um aviso. Desnecessário dizer que Raishin sentia a ameaça em sua pele. 

Ele teve aulas de esgrima, então ele sabia. Um sentimento avassalador estava sendo transmitido pela espada de Griselda. 

A sede de sangue era a manifestação da intenção assassina, mas o sentimento que aquela espada transmitia era mais como uma “premonição de morte”. Estava próximo ao medo instintivo que se sentia ao enfrentar um animal feroz e perigoso. Quanto maior a habilidade do oponente, mais forte esse medo tendia a ser. 

Afinal de contas, ela era considerada uma mestra espadachim. 

Griselda colocou a mão esquerda no bolso e tirou de lá um relógio de bolso. Ela o verificou em suas mãos e, 

— Um minuto. 

— ...Um minuto? 

— Se você puder sobreviver por um minuto— Eu vou pensar a respeito. 

No momento em que terminou de falar, ela ergueu sua espada. 

 

Parte 3 

 

*Clank, squeak, creak* 

As partes de Cherubim rangiam. 

Loki caminhava pela floresta enquanto suspirava. 

Sua própria sombra, que se estendia em linha reta no chão, parecia também estar pensando sobre a técnica de Yaya que ele vira há um mês. 

O ataque luminoso que pôs fim ao Daedalus. 

Estranhamente, era a mesma técnica que tinha destruído Lucifer. 

Naquela época, Raishin usou magia e interrompeu o controle de Evangeline. 

— Naquele momento, o poder daquele cara superou o meu... 

Dizer que ele poderia fazer o mesmo era impossível. Dentro da faixa efetiva do Multicontrolador, Loki teve dificuldade até mesmo para fazer Cherubim andar. 

Loki o ultrapassava em termos de simples liberação de quantidade de poder mágico. Entretanto, Raishin fez 6, 7 [fios] convergirem. 

Com um caminho estreito, a pressão aumentava em um nível extraordinário. E como a luz que convergia em um único ponto e derretia pedras e ferro, se o poder mágico também convergisse dessa forma, então isso produziria uma grande potência. 

Raishin conseguiu fazer isso sem o uso de ferramentas ou dispositivos mágicos. 

Ele relembrou suas lutas contra Raishin até agora. Na primeira, Loki oprimiu Raishin. Na segunda vez, o resultado foi indeterminado devido ao fato de Frey ter saído de controle. Porém, se isso fosse considerado um empate— 

Então na terceira vez ele fora derrotado. 

Ele claramente estava se sentindo impaciente. Raishin havia rapidamente se tornado mais forte em um curto espaço de tempo. Não, o talento que ele possuía havia florescido? Os vários combates o fizeram crescer continuamente. 

— ...Aquele desgraçado! 

Ele não conseguiu se controlar e socou uma árvore. 

Nada de bom viria nesse ritmo. 

Loki ergueu o rosto e começou a andar novamente. 

Ele avançou um pouco e escutou a voz de uma garota vindo de dentro da floresta. 

— 2! 12! 7! 

Uma voz baixa e feminina. Soava familiar. Se ele não estivesse enganado, era a voz da irmãzinha da T-Rex. 

Como havia pensado, ele viu o vestido de empregada de Henri por entre as árvores. 

E a figura de Frey. Ela estava pingando de suor e refinando desesperadamente seu poder mágico. 

Cães blindados— os autômatos da série Garm estavam perto dela, esparramados e bocejando como se estivessem entediados. 

— 11! 

Assim que as palavras de Henri voaram, uma bola de tênis quicou na frente de Frey. 

— 5! 20! 6! 18! 3! 

Cerca de 20 bolas estavam diante de Frey. Cada vez que Henri gritava um número, Frey fazia as bolas quicarem em sucessão conforme o número indicado.  

Um treinamento de telecinese, hein. 

— 8! 

A bola de número 9 subiu rapidamente. Uma pena, ela errou. 

— 13! 

Talvez ela tenha ficado chateada com o último erro. Isso porque não apenas a bola 13, mas todas as bolas ao redor tremeram de uma só vez. O poder mágico se dispersou a tal ponto que ela foi incapaz de fazer as bolas quicarem. 

...Então foi isso que a Kimberley quis dizer com aquilo, hein. 

Loki entendeu imediatamente o objetivo de Frey. Este treinamento era por causa disso. 

— Ó, Loki... 

Frey imediatamente o notou, com uma expressão de alguém que havia acabado de cair em uma pegadinha. O suor que escorria por seu queixo caia na abertura de seu decote avantajado. Sua blusa estava grudada na pele, de modo que seu corpo aparecia ligeiramente através dela. 

Loki desviou o olhar por alguma razão e fez contato visual com Henri. 

Henri fez uma careta. Ela ficou um pouco pálida e tensa. 

Essa garota realmente odeia homens, hein... 

Cumprimentá-la? Mostrar sua apreciação? Agradecer a ela por ficar com sua irmã mais velha? Loki pensou que tinha que dizer algo, mas acabou se preocupando demais ao pensar assim e no fim das contas apenas passou diante de Henri. 

— Não se force demais, irmã idiota. Seu coração está prestes a explodir. 

— Mas... eu sou inútil, do jeito que estou agora. 

Ela tinha a mesma opinião que Loki. 

Loki fez as bolas flutuarem, as reorganizou em ordem crescente no ar e depois as fez pousar. 

Tanto Frey quanto Henri olharam para a demonstração de habilidade de Loki com olhos arregalados. 

Se a gravidade e a telecinese não estivessem perfeitamente balanceadas, as bolas tocariam o chão e quicariam. 

A falta até mesmo de movimentos leves era uma indicação do exaustivo e preciso controle de Loki. 

— É um treinamento muito impressionante, mas parece que a carga está muito pesada para você no momento. Se vocês não treinarem com moderação, existe o risco de sair do controle novamente. 

*Abatida* 

Frey baixou a cabeça. Loki entrou levemente em pânico. 

— Ignore isso, continue com este treinamento. Treinos básicos são sempre úteis. Mas nunca é ruim ter uma carta na manga. 

— Uma... carta na manga? 

— Falando em cartas na manga, eu decidi. 

Loki apontou para seu próprio peito com o polegar e declarou em uma voz cheia de determinação. 

— Vou aproveitar esse coração irritante. 

— ! 

A aparência de Frey mudou. Ciente da situação, Henri cobriu a boca com ambas as mãos. 

Essa era, sem dúvidas, uma ideia perigosa. 

Se ele saísse de controle uma vez, então seu coração amaldiçoado converteria sangue em poder mágico sem restrições. 

— Você não pode, Loki! 

— Está tudo bem. Estive estudando órgãos internos e encontrei algo interessante.  

O livro proibido mostrado por Kimberley deu a Loki uma dica importante de algo diferente da produção de órgãos essenciais. 

— Nós dois já experimentamos a sensação de sair de controle, certo? 

— Si...sim. 

— O fenômeno que nos atingiu quando isso aconteceu— a chave está aqui. 

A chave para superar Magnus e colocar de lado a pressão de Raishin. 

 

Parte 4 

 

O primeiro golpe pôde ser evitado principalmente por instinto. 

A abordagem de Griselda foi rápida, comparável à de um mestre espadachim— e também à de um mestre em artes marciais. 

Quase não havia movimentos previsíveis, ele não conseguia ler os movimentos dela para se preparar de antemão. Se ele não tivesse obedecido a ordem instintiva de seu cérebro que dizia “Pule!”, ele teria sido cortado ao meio. 

O golpe balanceado e perdido quebrou o pavimento de pedra. 

Fragmentos de pedra foram lançados como se fossem respingos de água, originados de uma fissura de mais de dois metros. 

Essa força não é humana! 

Apesar de estremecerem, Raishin e Komurasaki saltaram para fora do caminho e mantiveram distância de Griselda. 

Griselda lentamente puxou de volta sua espada e disse que estava impressionada. 

— Como pensei, você tem bons movimentos. 

— ...Eu sou um estudante comum, mas se eu fosse o jovem mestre de uma boa família eu já estaria morto, sabia? 

— Não se preocupe. Não importa o quanto você tente disfarçar, você não se parece em nada com um riquinho. 

Ela não estava zombando da aparência de Raishin. Ela parecia ter medido a habilidade física de Raishin com base em seus músculos, postura e agilidade. E tinha excelente poderes de observação. 

— Agora, me mostre sua habilidade. 

Raishin hesitou. Se ele acreditasse nas palavras de Griselda, ele poderia correr de um lado para o outro até que os ponteiros dos segundos dessem uma volta. Ou ele poderia aproveitar o tempo entre o primeiro e o segundo golpe e atacar o ponto fraco dela— 

Não, isso seria impossível. Ele não sentia que Griselda tivesse algum ponto fraco. No momento seguinte, ela reagiria independentemente da direção que Raishin atacasse. 

Correr de um lado para o outro também seria impossível— mesmo dez segundos não seriam o bastante. 

Ele não seria realmente morto... ele esperava. Griselda não havia matado os marionetistas agora há pouco. Ela mataria um candidato a aprendiz embora não tenha matado um bando de arruaceiros? 

Porém, apesar de pensar com a razão, sua espinha ainda assim congelou. 

— O que está fazendo, venha! Ou será que eu vou precisar ir até aí? 

— ...Acho que não temos escolha. Vamos, Komurasaki! 

Ele só seria caçado se continuasse a se esquivar. Ele precisava ganhar tempo atacando. 

Raishin concentrou seu poder mágico e o transferiu para Komurasaki. Ela não tinha uma força sobre-humana no mesmo nível que Yaya, mas ela era mais perspicaz e ágil que um ser humano comum. E se ela recebesse poder mágico de Raishin, ela seria capaz de usar ainda mais força. 

E Komurasaki também tinha uma arma poderosa. 

— Hou... 

Griselda deixou escapar um suspiro de admiração. 

As figuras de Komurasaki e Raishin desapareceram de sua vista. 

Raishin pegou impulso no pavimento de pedra e deu a volta para ficar ao lado de Griselda. 

Embora tenham se movido rapidamente, os olhos dela não os seguiram. O Yaegasumi de Komurasaki foi eficaz e escondeu sua presença. 

— Manipulação de percepção, hein. É a primeira vez que vejo alguém com uma habilidade furtiva de efeito imediato. 

Sua habilidade foi imediatamente percebida. No entanto, a magia ainda não tinha sido quebrada. 

— Hum... invisível, sem sons e sem cheiro. Eu não sei se você pode escapar. 

Quem está fugindo aqui!? 

Raishin enviou poder mágico para Komurasaki e ordenou que ela atacasse. 

— Vai, Komurasaki. Um golpe de impacto vai ser o bastante. Atinja ela com o ombro! 

— Entendido! 

Komurasaki, que transformou o poder mágico que recebeu em força física, correu. Uma força instantânea, como era de se esperar. A força do impacto seria o quadrado da velocidade, e apesar do corpo pequeno de Komurasaki, ela poderia facilmente mandar uma pessoa voando para longe, no mínimo. 

A Griselda vai resistir. 

Raishin previu. 

Mesmo que ela não pudesse percebê-los, ela desviaria a direção da carga no momento do golpe— ela era uma oponente que realizaria uma façanha desse grau. 

No entanto, uma chance deveria surgir naquele momento. Se pudesse se aproveitar disso, ele teria uma chance de vencer. 

Komurasaki se aproximou de Griselda. Um ataque rápido como o de um gato selvagem. No momento em que seu ombro reforçado atingiu Griselda, o mundo de Komurasaki foi destruído. 

Komurasaki girou uma vez no ar com uma expressão estampada no rosto que deixava claro que ela não compreendia o que tinha acabado de acontecer. 

Komurasaki foi imediatamente e violentamente atirada de costas contra o pavimento de pedra. Ao contrário de Yaya, Komurasaki não tinha sido instruída na arte de cair em segurança. Sua cintura estava praticamente deslocada de lado em um ângulo bem ruim. 

Ela a pegou pelo colarinho e a atirou no chão!? 

Raishin olhou para ela maravilhado. Ela pareceu ter conseguido agarrar o quimono de Komurasaki naquele pequeno instante. Que trabalho rápido! Ele não entendia completamente como ela havia compreendido a posição exata de Komurasaki. 

— Desistimos! Pare com isso—! 

Griselda ergueu sua espada. Movendo seu corpo antes de pensar, Raishin cobriu Komurasaki. No entanto, a espada de Griselda não parou. O golpe, que produziu um som abafado, esmagou o pavimento de pedra com um poder semelhante ao de um míssil. 

Terra e areia estouraram como uma fonte. Raishin e Komurasaki foram mandados voando para longe junto com a terra e a areia. 

Não foi um golpe direto. Ao que parece, ela errou. Entretanto, o fluxo de poder mágico foi interrompido pelo impacto e o efeito do Yaegasumi chegou ao fim. 

— Você valoriza marionetes, hum. Você não está preparado. 

Griselda disse com um tom desapontado. Ela guardou sua espada na bainha e disse sem misericórdia. 

— Não vale a pena considerar. Volte para a Academia. 

— ...Isso não vai acontecer. 

— Você não está em um nível que possa receber minha orientação. Será uma perda de tempo. 

Griselda lhe deu as costas. Raishin começou a correr e se colocou diante dela. 

— Eu vou conseguir de algum modo, por favor! Eu preciso do seu [fio]! 

— ...O [Fio de Ariadne]? 

*Sigh* 

Griselda suspirou. 

Imediatamente depois disso, e completamente de repente, a espada de Griselda foi brandida. 

Raishin rolou para trás e se esquivou da lâmina no último momento. 

*Pant, pant...* 

Ele ficou sem fôlego devido ao medo. 

Griselda, que olhou para baixo na direção de Raishin com olhos semicerrados, perguntou com frieza, 

— Você quer morrer? 

— Pergunte primeiro! Eu realmente poderia ter morrido agora! 

— O [Fio de Ariadne] é a maior arte secreta entre as artes mágicas transmitidas entre os membros da Família Weston há gerações. Não é algo que possa ser revelado assim tão facilmente para os outros. Ou será que isso... é uma metáfora para uma proposta de casamento? 

— Você está enganada! Por que você acha que alguém te pediria em casamento assim!? 

Naquele momento, 

*Bum!* 

Um som baixo sacudiu a atmosfera. O som de uma explosão. Komurasaki, Raishin e Griselda voltaram suas cabeças para a cidade de uma só vez. 

Apenas alguns segundos mais tarde, uma fumaça preta começou a subir.  

O local era em frente à estação. Mais ou menos onde ficava o hotel— 

— Raishin! Alguém está usando magia! Muitas pessoas! 

Komurasaki gritou enquanto segurava sua cintura aparentemente dolorida. 

Griselda começou a correr antes de qualquer outra pessoa. 

— E-ei! 

Ela não se virou. Ela correu em direção a cidade com a intensidade de um vendaval. 

— Droga! Logo na hora mais importante...! 

Um obstáculo desnecessário surgiu. No entanto, Raishin não tinha intenção de desistir de se tornar aprendiz dela. 

Griselda era forte assim. Não importa quem fosse o oponente, ela não iria se ferir facilmente. 

No entanto, Komurasaki disse que haviam muitos oponentes. E Griselda não tinha um autômato. 

— “No caso improvável” é isso... certo? Não há espaço para escolhas! 

Raishin ajudou Komurasaki a se levantar e correu atrás de Griselda. 

 

Parte 5 

 

No momento em que Raishin entrou na cidade e passou pela delegacia, ele compreendeu a situação. 

A delegacia construída em pedra estava parcialmente destruída. Havia um enorme buraco na parede, a porta de entrada estava dobrada e a cerca havia sido derrubada. Fogo subia de seu interior e barras de ferro em brasa estavam presas por todos os lados. 

Ele não sabia como, mas os marionetistas de antes pareciam ter escapado da cadeia. Os policiais saíram correndo, notaram Griselda e a saudaram. 

— Desculpe, Senhorita! E obrigado! 

— Não precisam me agradecer. Qual é a situação? 

— Agora há pouco, err, a estação foi... atacada por, humm, muitos deles! 

— Acalme-se! Assim você morrerá! 

— Sim, minha Senhora! 

Raishin ficou surpreso. 

Mesmo a polícia era algo parecido com o exército particular de Griselda. 

— Mulheres, não saiam de casa! A polícia irá me seguir! 

Uma voz bem projetada. Ela parecia ter praticado. Além disso, ela parecia habituada a situações assim. 

Os policiais se animaram como se respondessem à voz valente de Griselda. Não somente eles, mas os cidadãos, que haviam escutado a comoção, começaram a se aproximar um após o outro. 

Todos usavam bonés verdes e estavam armados com rifles. Aquilo era como uma milícia. 

Quando Griselda começou a correr, eles a seguiram em uníssono. 

Em vez de correr de forma imprudente, o grupo de dividiu em equipes de 4 ou 5 pessoas e se organizou, mantendo distância. Os homens rapidamente se multiplicaram, chegando a um total de 50 deles. 

Enquanto corria, Griselda fez uma pergunta ao mesmo policial de antes. 

— Em outras palavras, os caras que atacaram antes— pertencem a esse grupo? 

— Sim. Eles trouxeram autômatos com eles. 

— Quantos? 

— São 5 ou 6 magos. 

Bastante poder de luta. Vendo os danos que a delegacia sofreu, suas habilidades de ataque eram tão boas quanto 5 ou 6 pequenas artilharias. Um oponente ainda mais problemático que artilharias, porque seu poder de fogo era rápido e efetivo. 

Entretanto, os homens que a acompanhavam não estavam nada vacilantes— 

— ... 

— ... 

— ...! 

O bastante para ser assustador. Eles eram comandados tal qual um exército. 

A sensação era estranha. O som de uma explosão foi ouvido e fumaça começou a sair de um beco. 

Homens em ternos escuros apareceram de repente enquanto estilhaços de caixotes de madeira voavam por todos os lados. Raishin, que tinha uma boa visão noturna, rapidamente os identificou. 

— Os mesmos caras de antes! E com autômatos novinhos em folha! 

Quando os notaram, eles fugiram assustados. 

Eles atiraram barras de ferro na direção de Raishin e do grupo de Griselda enquanto escapavam, então, naturalmente, Raishin e os demais pararam de se mover. 

— Escondam-se no beco! Não desperdicem suas vidas! 

Griselda rapidamente deu instruções e os homens obedeceram. No entanto, ela ainda estava fazendo uma pose assustadora no meio da estrada. 

— Sr. Cowen, está aí? 

— Estou aqui! 

— Divida a força em dois grupos. Vocês irão contornar ao longo da ferrovia e cercar esses caras! 

— Sim, minha Senhora! 

— A polícia irá avançar de frente comigo! 

Vozes afirmativas se ergueram e eles imediatamente começaram a se mobilizar. 

Mas que raios é isso...? 

Griselda, que parecia ter a mesma idade de Raishin, estava mobilizando um grande número de pessoas. Uma admiração diferente do sendo de habilidade de combate surgiu em seu coração ao ver aquela cena. 

Griselda retomou sua perseguição. 

Ela desviou as barras de ferro que voavam em sua direção com seus tradicionais [fios]— com os [Fios de Ariadne]. Cada vez que ela usava essa técnica, fumaça vermelha se dispersava atrás dela, envolvendo Raishin que estava bem a sua cola. 

Eles logo alcançaram os inimigos em fuga. 

Dois marionetistas ficaram presos no beco, em um local deformado. 

Caixas de madeira e sacos de terra estavam empilhados no fundo do beco, bloqueando o caminho. Uma barricada improvisada. Os cidadãos pareciam ter feito aquilo em conjunto. Era algo surpreendentemente inteligente. 

Os marionetistas notaram e ordenaram que seus autômatos atacassem— mas já era tarde demais! 

Griselda já havia mergulhado na direção deles. Com um golpe de sua espada, o autômato que estava a sua frente foi destruído. Com um balanço na direção oposta, o outro também foi transformado em sucata. 

E ela não parou. Ela correu para a parte central da cidade, sem prestar atenção nos marionetistas. 

O som de batalhas ecoou na estação de trem mais à frente no caminho. 

De repente, os cinco sentidos de Raishin tiveram um mau pressentimento. 

Ele sentiu uma silenciosa intenção assassina. Alguém estava... olhando para eles... não, para Griselda! 

— Labirinto, em cima de você! 

— Não me chame por este nome! 

Griselda respondeu ao ataque do inimigo enquanto gritava de raiva. 

Barras de ferro vermelhas brilhantes voaram. Duas delas para ser preciso. Elas tinham sido direcionadas para seu peito e testa, mas Griselda se esquivou delas no último instante. Uma sombra negra surgiu por baixo no momento em que sua postura foi perturbada. 

A sombra desembainhou uma espada no ar e cortou Griselda. 

Espada colidiu com espada, e um som agudo atingiu os tímpanos de Raishin. 

Ele não podia se dar ao luxo de ficar ali olhando sem fazer nada. Barras de ferro voaram na direção de Raishin. 

Três delas. Com o caminho fechado, ele relutantemente saltou para trás, segurando Komurasaki. Enquanto isso acontecia, a sombra, com um esplêndido trabalho de pés típico de artistas marciais, brandiu sua espada duas, três vezes contra Griselda. 

Eles são hábeis! E não perdem em nada para a Griselda! 

Raishin e Griselda miraram em dois alvos ao mesmo tempo. Obviamente, isso era diferente para os marionetistas ao redor deles. Seus rostos estavam escondidos por capuzes, mas seus cabelos dourados podiam ser vistos claramente. 

Os golpes da sombra eram pesados. Griselda foi gradualmente empurrada até que ficasse contra a parede. 

O oponente não perderia essa chance. Um golpe poderoso atacou Griselda. 

Sem aguentar, ela parou o golpe com a espada. A lâmina se lascou com o impacto e uma das lascas voou e cortou a bochecha de Griselda. 

Ela tentou evitar que sua espada fosse travada, mas o oponente não a deixou fazer isso. Eles habilmente mudaram a posição de seus corpos e usaram seu peso para segurar a espada. Se eles a forçassem a largar sua espada, ela seria imediatamente cortada. 

A intuição de Raishin deixou escapar um aviso que o irritou. Ele prontamente olhou para cima e viu a silhueta de um autômato no telhado de um dos edifícios. 

E virou os braços na direção de Griselda, diretamente abaixo dele. Ele já estava pronto para atirar! 

Raishin saltou reflexivamente. Komurasaki, que era mais rápida que Raishin, moveu-se logo em seguida, passando por ele. 

No entanto, já era tarde demais. A distância entre eles e o inimigo era muito grande. 

Komurasaki não era o bastante— 

Se a Yaya ou a Irori estivessem aqui... 

Ele pensou. 

O que Raishin poderia fazer agora? 

Droga, eu me recuso a permitir isso! 

Raishin fez sinais com os dedos e sentiu algo semelhante ao que se sente durante uma oração. Ele concentrou todo o poder mágico que possuía, fez com que ele explodisse no ponto abaixo de seu umbigo e esticou as duas mãos na direção de Komurasaki. Assim que ele o fez, poder mágico fluiu dos dedos de ambas as suas mãos. 

Eu consegui...!? 

Não, não era um Kouyokujin perfeito. Mal haviam 5 [fios]. Ainda assim, o que surgiu teria que bastar. Como da última vez, será que ele seria capaz de usar isso no último momento de uma batalha real? Ele se surpreendeu com sua própria força de vontade. 

O poder mágico se estendeu e viajou até Komurasaki, transformando-se em força em um piscar de olhos. 

E a fez acelerar usando essa força. Komurasaki pareceu surpresa, mas ela obedientemente deixou o comando para Raishin. Ela demonstrou uma habilidade de corrida semelhante ao que era normal para Yaya, pegou impulso no pavimento de pedra e saltou diagonalmente. Autômatos comuns não seriam capazes de suportar essa carga, mas Komurasaki tinha a mesma estrutura especial de Yaya. Ela imediatamente alcançou o topo do edifício de quatro andares e chutou a cabeça do autômato para longe. 

A cabeça do autômato foi destruída e as barras de ferro voaram numa direção diferente. 

Ela sentiu a situação. Griselda afastou a espada e forçou a sombra a retroceder. 

A sombra deslizou no ar e desapareceu, como se tivesse se misturado à escuridão. 

— Hum, eles priorizaram a fuga de seus aliados. Eles não pareciam ter intenção de me apagar... 

Griselda murmurou irritada. No entanto, Raishin não estava mais a escutando. 

O cansaço o dominou de repente e uma forte sonolência o atacou. Seu cérebro ficou entorpecido e seus pensamentos não funcionavam corretamente. 

A massa de poder mágico invadiu seu corpo de forma imprudente. 

Griselda olhou para Raishin como se ele estivesse bêbado. 

— Ei, você. Aquilo que acabou de fazer, não me diga que— 

Antes que Griselda terminasse de falar, um jato de sangue escorreu das costas de Raishin. 

Ele nem sabia se estava de pé ou caindo. 

Antes que qualquer um pudesse perceber, Raishin caiu prostrado no pavimento de pedra. 

— Raishin!? Raishin! 

Komurasaki o ergueu nos braços. Ela chorou, segurando o corpo de Raishin. 

Pensando bem... naquela também foi assim. Eu fiz a Yaya chorar... exatamente assim, certo...? 

Raishin desmaiou após pensar nisso.  



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