Volume 8

Capítulo 7: Música

 

NO DIA SEGUINTE À CHAMADA FESTA DE comemoração pós-festival esportivo, que por acaso tinha como tema o Halloween, Masachika seguiu em direção à sala de música para cumprir sua promessa com Elena. Ela havia pedido que ele participasse da apresentação da orquestra de sopro como pianista acompanhante. Isso em troca da ajuda dela durante a competição de cavalaria no festival esportivo. Para atender a esse pedido, Masachika decidiu começar a frequentar os ensaios da orquestra a partir daquele dia. Claro, por conta de suas obrigações no conselho estudantil, ele não conseguiria comparecer todos os dias.

"Nem toda música precisa de piano, e o Kuze-kun é habilidoso o bastante pra pular alguns ensaios, né~?"

Ao lembrar da senpai que disse isso rindo com uma confiança misteriosa, Masachika sentiu o estômago se revirar um pouco.

Bom… faz anos que não pratico de verdade e tô enferrujado. Além disso, nem tenho mais um piano em casa, então não posso treinar lá também. Bom, pelo menos andei praticando os movimentos das mãos...

O peso daquela expectativa pressionava seus ombros, tornando seus passos lentos enquanto caminhava até a sala de música. No entanto, por mais que ele andasse devagar, acabaria chegando ao destino de qualquer jeito.

Já em frente à primeira sala de música, Masachika respirou fundo e abriu a porta com determinação.

Com licença—

Bem-vindo ao meu harém!

Você tem certeza de que tá tudo bem com esse tipo de recepção?

Ao ver Elena recebê-lo daquela forma, Masachika lançou uma resposta seca. Em troca, Elena estufou o peito com confiança.

Fufu~. Sem problema nenhum! Porque é a mais pura verdade. Né, pessoal?

Dizendo isso, Elena se virou para os membros da orquestra, buscando apoio.

Sim, presidente.

É verdade.

Ufufu.

Ao testemunhar sorrisos encantadores e uma cortesia exemplar, Masachika se lembrou do que Elena havia dito anteriormente.

"Essa escola é cheia de damas e cavalheiros que ignoram brincadeiras com elegância, então geralmente sou eu quem tem que fazer o papel de quem traz o senso comum. Encontrar alguém com quem eu possa brincar à vontade é raro."

Entendi… então era disso que a Elena-senpai falava quando mencionava estudantes refinados que ignoram suas piadas com um sorriso.

Olhando ao redor, a maioria dos membros da orquestra (em sua maioria meninas) tinha um ar de boa educação, como se fossem filhas e filhos de famílias tradicionais. Era um grupo com uma aura parecida com a de Yuki em seu modo daminha.

Sem dúvidas, esse é o território onde o humor vem para falecer.

Ao ver as piadas de Elena sendo ignoradas de forma tão suave, Masachika se solidarizou com ela. No entanto…

Viu? Todo mundo aqui faz parte do meu harém!

Declarou Elena com um sorriso vitorioso.

Você não tá sendo determinada demais, não?

Masachika ficou dividido entre a exasperação e a admiração pela atuação de Elena, enquanto ela se virava sorrindo, fazia um joinha e, em seguida, colocava as mãos na cintura, rindo alto.

Ahaha, ué, se você vai ser mestre de um harém, tem que ser resoluta de várias formas, né~? Né, pessoal?

Sim, presidente.

É isso aí.

Ufufu.

Não, sério, você tá exagerando… Até quando pretende manter essa encenação?

Não chama de encenação!

Então esse personagem, sei lá…

Cala a boca! Se você não tiver um personagem marcante, nunca vai se destacar!

Isso… foi mal.

Não pede desculpa! Foi só uma piada. A Elena-senpai sempre foi uma onee-san ousada e sem noçãozinha☆!

Com um sorriso radiante e uma pose que parecia vir acompanhada do efeito sonoro cha-ha☆, Masachika ficou ainda mais impressionado com a dedicação de Elena em manter o papel. Ao mesmo tempo, percebeu que a tensão que carregava nos ombros havia se dissipado. Com um sorriso de canto de boca, ele abaixou a cabeça.

Obrigado por ajudar a quebrar o gelo pra eu conseguir me enturmar mais rápido.

Não me agradece!!

Como assim?

Nada de formalidade! Nosso clube é bem de boa. A gente não liga pra hierarquia, né, pessoal?

Sim, presidente.

É isso aí.

Ufufu.

Eles são robôs?

Masachika olhou para os membros do clube que repetiam as mesmas falas com expressões sérias, mas tudo o que recebeu de volta foram sorrisos impenetráveis. A essa altura, já estava começando a ficar meio assustador.

Na real, parece que ela é viciada em ser a excêntrica do grupo…

Olhando com mais atenção, só três pessoas participavam ativamente das palhaçadas de Elena. O resto apenas sorria em silêncio. Por ora, Masachika decidiu apelidar esses três de "Yes", "Right" e "A ufufu".

Bom, então, está decidido: Kuze Masachika-kun vai participar como nosso pianista acompanhante no concerto de dezembro! Uma salva de palmas pra ele!

Dizendo isso, Elena começou a aplaudir, e os outros membros a acompanharam em uníssono. Não havia nenhum sinal de rejeição ou desconforto por ele ser um recém-chegado. Pelo contrário, todos expressavam uma recepção genuinamente calorosa.

Isso deixou Masachika aliviado, mas, ao mesmo tempo, aquele frio na barriga persistia, pois ele interpretava aqueles olhares como expectativas por uma boa performance.

Certo! Então, eu adoraria que cada um se apresentasse, começando daquele lado ali… mas se for todo mundo, vai demorar demais. Vamos deixar isso para outro momento, talvez durante o intervalo. Por enquanto, vamos pedir que os representantes de cada ano se apresentem, tudo bem?

Ah, sim. Por favor.

Beleza, mandem ver~!

Masachika assentiu, e Elena fez um gesto misterioso com a mão, chamando três alunas que se aproximaram. Eram as mesmas três que estavam repetindo as falas anteriormente.

Ah... então ela é a ufufu.

Sentindo-se um pouco constrangido por ter dado apelidos a elas há pouco, Masachika percebeu que as três estavam prestes a se apresentar como representantes de suas séries no clube.

Prazer em conhecê-lo. Sou Hitani, vice-presidente e do terceiro ano. Toco clarinete.

Yes-senpai

Prazer, sou Souma, do segundo ano. Toco percussão.

Right-senpai.

Prazer, Kuze-san. Sou Arai, da Classe A. Toco flauta.

Ah, errei... Ela é do tipo "ara-ara", não do tipo "ufufu".

(N/SLAG: Ele faz um trocadilho com o nome dela, "Arai" (あらい), que começa com "ara", como na expressão "ara-ara" (あらあら) — algo comum em personagens femininas mais maduras e elegantes em animes. Ele diz que achou que ela era do tipo "ufufu" (uma risadinha típica de personagens misteriosas ou refinadas), mas percebe que ela combina mais com o estilo "ara-ara". A piada mistura estereótipos de anime com o nome da personagem.)

Pensamentos ridículos passaram pela cabeça dele, e então Masachika se repreendeu mentalmente. Em seguida, adotou uma expressão séria e fez uma reverência respeitosa.

Muito prazer, sou Kuze. Ficarei aqui por pouco mais de um mês, mas espero poder colaborar com todos—

Muito formaaaaall! — interrompeu Elena, balançando dramaticamente o braço entre Masachika e as três garotas. Em seguida, lançou um olhar afiado ao surpreso Masachika.

Você não ouviu o que eu disse mais cedo!? Nosso clube tem um clima descontraído, não nos importamos com hierarquia ou formalidades!

Bem, mesmo que diga isso... hoje é minha primeira participação... E além disso, todos estão usando linguagem formal, então, pra mim—

Essas garotas falam formalmente com todo mundo! Mais importante que isso, Kuze-kun, seja mais casual comigo, igual quando estamos a sós!

Be-bem... se é isso que a presidente do clube está dizendo... vocês estão de acordo com isso?

Sim.

Tudo bem pra mim.

Ufufu.

Com a suposta aprovação delas, Masachika relaxou um pouco os ombros. Elena, satisfeita com as respostas, colocou a mão no ombro de Masachika.

Bom, então vamos fazer você tocar uma música agora mesmo.

Hã?

Como forma de apresentação, sabe? Todo mundo quer te ouvir tocar, né?

Ao ouvir a pergunta da Elena, não só as três garotas habituais assentiram animadamente, como também todo o clube. Diante da pressão daqueles olhares cheios de expectativa, Masachika assentiu.

E-Então... só uma música.

Uma leve comemoração se espalhou após suas palavras. Tentando resistir ao desconforto causado pelas expectativas inocentes, Masachika se sentou ao piano.

Hmm, não esperava tocar um solo logo de cara... O que devo tocar?

Na lista de peças enviada previamente por Elena para o concerto, havia desde composições orquestrais famosas até músicas populares recentes do J-POP, e até temas de alguns animes. Pensando nessas opções, Masachika decidiu tocar a abertura de um anime para animar o pessoal. Enquanto cantarolava a melodia, moveu os dedos pela coxa antes de posicioná-los nas teclas. E então—

Hã? Mas... por que estou tocando?

Seus dedos pararam.

Por que tocar, e para quem? Claro, por Elena e... pelo clube de banda de sopros.

Mas por quê?

Como assim, por quê? Ao questionar a si mesmo, Masachika compreendeu.

Ah... entendi. Eu não tenho um motivo.

Faltava a Masachika uma motivação para se apresentar para Elena e os membros do clube. Embora tivesse um motivo passivo — sua promessa —, não havia uma vontade ativa de tocar. Talvez por isso... seus dedos não se movessem.

Não, não. Mesmo sem motivação, ainda assim preciso tocar...

Apesar de pensar assim, seus dedos continuavam imóveis. Sua visão ficou turva, as teclas à sua frente começaram a perder o foco, e em sua mente surgiu a imagem do olhar da mãe... aquele olhar rancoroso que ela lançava a ele...

O-O quê? Onde está a tecla dó? Onde mesmo eu começo a tocar...?

Um zumbido preencheu seus ouvidos, e sua consciência foi arrastada de volta para as memórias daquele dia—

Ah, é verdade.

Enquanto os dedos de Masachika permaneciam congelados sobre as teclas, a voz de Elena chegou aos seus ouvidos. Assustado, ele levantou o rosto. Elena, com a mão na testa, balançava a cabeça.

Ai, ai... O que eu tô fazendo...? É o básico: você deve se apresentar primeiro antes de pedir isso aos outros. É claro, deve ser estranho pro Kuze-kun se ele nem sabe como são nossas apresentações normais.

Elena-senpai...

Com um tom teatral, Elena se virou para os membros do clube.

Então... vamos aproveitar hoje pra apresentar o clube pro Kuze-kun primeiro! Kuze-kun, pode só assistir por enquanto, tá~?

Seguindo a iniciativa de Elena, Masachika sentou-se hesitante em uma cadeira próxima à parede. Os membros do clube, um pouco confusos com a mudança repentina, acataram as instruções.

Agora, vamos começar sem se preocupar com nosso convidado~. Como de costume. Ah, Sensei, poderia reger pra gente? Senseeei~?

Fwah!

Ao chamado da Elena, uma mulher que cochilava perto da janela despertou num sobressalto.

Ah... então ela é a orientadora, afinal... Eu não tinha certeza porque ninguém falou nada...

Desde que havia chegado, Masachika notara a mulher encostada na parede, dormindo. Parecia mesmo ser a orientadora. Ela, que aparentava estar na casa dos trinta, levantou-se enquanto massageava a nuca e olhou ao redor, procurando sua batuta.

Ah~, certo... Eu não estava dormindo. Com certeza não estava dormindo...

Não, você com certeza estava dormindo.

Hãã~? Eu não estava dormindo. Né?

Sim, sensei.

Isso mesmo.

Ufufu.

Viu só?

Poxa, vocês mimam demais a Sensei.

Sim.

Não é verdade?

Ufufu.

Enquanto os membros do clube desconversavam com sorrisos, Masachika observava a mulher que bocejava enquanto procurava pela batuta de regente.

Não… Ela é mesmo a orientadora deles…? Não me lembro de tê-la visto pela escola… Será que é uma instrutora externa?

Enquanto Masachika especulava, a mulher finalmente encontrou a batuta e inclinou a cabeça ao notar a presença dele.

Hm? Temos um visitante hoje? Logo nessa época do ano?

Sensei… A gente conversou sobre isso outro dia, lembra? Estamos procurando um pianista para acompanhar a banda.

É mesmo? Hmm~...?

A mulher franziu o cenho ao olhar para Masachika, que respondeu com um leve aceno. Mas antes que ele pudesse dizer qualquer coisa, ela desviou o olhar e se virou para os membros do clube. E assim que levantou a batuta, a atmosfera relaxada da sala de música se transformou num instante.

!

Masachika se endireitou involuntariamente, como se fosse puxado pela tensão que dominou o ambiente. Em seguida, a batuta foi baixada, e uma muralha de som o atingiu.

Uou, caramba...!

Ouvir uma apresentação dessa intensidade em uma sala pequena e de tão perto era uma experiência totalmente diferente de um concerto em auditório. Impactado pela força da música, Masachika sentiu sua espinha se alinhar instintivamente.

Isso é incrível... A Elena-senpai também parece tão incrível...

O conjunto, em perfeita harmonia entre todos os instrumentos presentes, era realçado pelas notas agudas e brilhantes do trompete de Elena.

Impressionante...!

Tomado pela força da apresentação, Masachika fechou os olhos e se deixou envolver pelas ondas sonoras. Quando a música terminou, ele aplaudiu espontaneamente. Elena e alguns outros pareceram satisfeitos, mas suas expressões mudaram rapidamente quando a professora sinalizou o início da próxima música. Naquele instante, Masachika teve certeza de que apenas aqueles com verdadeira paixão pela música estavam reunidos ali.

Uau... que maneiro.

Masachika realmente sentiu isso. Ao mesmo tempo...

Será que... eu consigo me encaixar aqui? No meio dessas pessoas?

Ele, que fazia apresentações que deixavam o público sem reação, conseguiria se encaixar? Alguém que não tinha paixão pela música? Alguém que ainda não conseguia se libertar do passado?

…….

Fora de lugar.

Enquanto esses pensamentos fervilhavam silenciosamente, Masachika continuou ouvindo a apresentação da banda sinfônica.

⋆⋅☆⋅⋆

 

Certo, por hoje é só. Dispensados!

Quando as atividades do clube terminaram, a mulher que regia rapidamente juntou seus pertences e foi embora com uma expressão de "Ah~, tô exausta", deixando Masachika sem reação.

Ela é bem… única.

Ahaha, entendo por que você ficou surpreso. Apesar da aparência, ela é uma musicista bem famosa. Ah, e ela é ex-integrante do nosso clube, a Susume-sensei. Pode-se dizer que ela é uma "lenda viva".

Esse nome é… bem incomum.

Né? Então, o que achou?

Diante da pergunta da Elena, Masachika respondeu honestamente, elogiando a apresentação.

Foi incrível. Nunca tinha escutado uma banda sinfônica de tão perto assim, e fiquei impressionado.

Fufuun~. Isso mesmo. Somos bem bons, né?

Elena estufou o peito com orgulho, e Masachika fez uma leve reverência.

E também… obrigado. Por ter me ajudado.

Hm? Ah…

Depois de pensar um pouco, Elena entendeu que ele se referia ao momento em que travou no piano, e acenou com a cabeça.

Você parecia... confuso, ou talvez perdido. Eu só agi por impulso. Espero não ter me intrometido demais.

Intromissão? De jeito nenhum… Eu fiquei muito grato.

Mm…

Naquele momento, Elena olhou discretamente para os outros membros do clube antes de perguntar baixinho.

Então… você acha que consegue participar do nosso ensaio na próxima vez?

Masachika, percebendo que ela propositalmente evitou fazer perguntas mais profundas, respondeu com um olhar de gratidão e acenou vagamente com a cabeça.

Bem, acho que sim, mas… o que aconteceu agora há pouco, é só que…

Ele hesitou um instante e então deu uma risada tímida.

É que… eu meio que perdi de vista o motivo de estar aqui tocando piano…

Masachika abaixou o olhar, sentindo-se envergonhado assim que terminou a frase. No entanto, Elena arregalou os olhos levemente, se aproximou um pouco mais e assentiu, compreensivamente.

Ah, então o Kuze-kun é do tipo que precisa de um propósito~. A música não é o seu objetivo, e sim o meio para alcançar algo, né?

A surpreendente percepção de Elena fez Masachika levantar o rosto, revelando uma parte de si que ele talvez escondesse até de si mesmo. Aceitando as palavras dela de coração, ele concordou.

A Música como meio para um fim. Aquilo estava certo. Para Masachika, o piano sempre foi apenas uma ferramenta para agradar sua família… e a pessoa que amava. Ele só havia aprendido e tocado porque isso deixava sua mãe e sua irmã felizes. Pensando bem… talvez ele nunca tivesse tocado música por amor à própria música.

Alguém como eu não se encaixa muito bem num clube de banda sinfônica, né?

Um leve sorriso sarcástico surgiu em seus lábios, acompanhando as palavras autodepreciativas. Mesmo se arrependendo logo em seguida, tudo que Elena fez foi erguer uma sobrancelha de forma despreocupada.

Hm? Mas não é bem assim, sabia?

Ao contrário do que esperava, a leve negação de Elena deixou Masachika desanimado.

As pessoas têm motivações diferentes~. Eu sou do tipo que acha que se divertir é o mais importante, mas também tem quem se concentre apaixonadamente só em vencer competições, sabe?

É…

Após responder vagamente às palavras de Elena, Masachika ficou curioso sobre o motivo pelo qual ela o havia recrutado.

Então, por que a Elena-senpai me recrutou? Se aproveitar a música é o mais importante pra você… não deveria importar muito com quem você toca, certo?

Hm? Bom, porque eu senti que com o Kuze-kun, um novo tipo de música poderia nascer? Ah não, desculpa. Isso soou meio pretensioso.

Retratando-se imediatamente, Elena inclinou levemente a cabeça e continuou.

Bem, em termos simples… eu só pensei: "Ah, quero tocar com ele como nosso pianista acompanhante", quando ouvi a apresentação do Kuze-kun. Só isso.

Dizendo isso, Elena riu de forma tímida. Em seguida, olhando para o rosto de Masachika, acrescentou.

Então, bom… faça como quiser, tá? Eu também faço tudo do meu jeito. Só toque do jeito que você quiser tocar, sem pressão… embora, acho que isso possa ser difícil.

Levantando-se, Elena falou com confiança e um sorriso brilhante.

Os ideogramas que formam a palavra "música" podem ser usados na frase "desfrutar do som". Ou seja, tudo gira em torno de você aproveitar.

(N/SLAG: 音楽" significa "música". "音を楽しむ" quer dizer "desfrutar o som" ou "apreciar o som".)

……

Você achou essa frase super clichê, né?

Bom.

Cala a boca! Frases dignas de entrar para a história não são fáceis de inventar assim, de improviso, sabia!?

Sorrindo de canto diante da irritação de sua senpai, Masachika se levantou e tentou escapar da fúria de Elena.

Engolindo por pouco as palavras que quase escaparam de sua boca.

A música é realmente algo tão divertido assim?

⋆⋅☆⋅⋆

 

Bem então, com licença.

Certo, até a próxima semana!

Trocando despedidas com os membros do clube de banda, incluindo Elena, Masachika deixou a sala de música. Ao fechar a porta e olhar pelo corredor, viu um aluno encostado na parede, de braços cruzados. Apesar de tentar passar sem fazer contato visual, inevitavelmente foi abordado.

Então, entrou no clube de banda, afinal, Kuze.

O que você tá fazendo aqui? Tá entediado?

Sem se dar ao trabalho de encarar Yusho, Masachika apenas direcionou seu olhar a ele e perguntou. Yusho, de forma desnecessariamente afetada, deu de ombros.

Graças a um certo alguém, o clube de piano tá à beira de fechar com a queda drástica de membros. Então, não é que eu esteja entediado, mas tenho bastante tempo livre.

Bom, isso é culpa sua por ter estragado tudo. Infelizmente, ao contrário de você, eu tô ocupado. Até mais.

Dizendo isso, Masachika tentou ir embora, mas Yusho começou a dizer algo — quando uma figura familiar surgiu de uma porta próxima.

Ora, que combinação rara temos aqui.

Nonoa…

Ao ver Nonoa sair da segunda sala de música, Masachika percebeu que hoje era dia de prática do clube de música leve. Notou Sayaka, que tinha ido apenas observar, espiando por trás de Nonoa.

Já terminaram o ensaio?

Hm~? É. A gente vai bater um papo e depois ir pra casa, acho.

Entendi.

Curioso sobre a reação de Yusho — alguém que havia rotulado Nonoa como uma pessoa perigosa — Masachika se virou… só para não encontrar ninguém.

Hã?

Se for sobre o Yusho, ele foi embora correndo agora há pouco~. Provavelmente para me evitar, já que me detesta~.

Ah, é… O que ele veio fazer aqui, afinal?

Levemente surpreso com o comentário casual de Nonoa, Masachika murmurou, e ela respondeu com um tom despreocupado.

Vai saber? Talvez tenha vindo ouvir a performance do Kuzecchi no piano?

Hã? Não, claro que não…

Instintivamente prestes a negar, Masachika reconsiderou a situação. Talvez seja mesmo isso, e sentiu um certo incômodo.

Ei? Como assim? Esse cara tá mesmo obcecado comigo...? Isso é bem irritante, se for verdade…

Franzindo a testa diante da ideia desagradável de estar sendo procurado por alguém que preferia evitar — especialmente um cara —, Masachika balançou a cabeça como se quisesse espantar esses pensamentos. Então, lembrou-se de algo que precisava dizer à Nonoa.

Ah, é verdade. Fiquei sabendo que você acompanhou a Alya até a enfermaria outro dia. Obrigado por isso.

Em resposta ao agradecimento de Masachika, Nonoa inclinou levemente a cabeça antes de responder com naturalidade.

Não foi nada demais. Só deixei a Alisa, que parecia meio mal, na enfermaria antes de ir embora.

Entendi. Ainda assim, você ajudou. A propósito...

Olhando ao redor, Masachika abaixou a voz antes de perguntar.

(Você sabe por que exatamente a Alya não estava se sentindo bem?)

Embora Alisa não tivesse revelado a causa exata, Masachika suspeitava que ela pudesse ter se abalado com comentários maldosos sobre suas chances nas eleições.

Na verdade, Masachika havia ouvido que alguns apoiadores entusiasmados da Yuki — que derrotou Alisa na competição de montaria — passaram a criticá-la incansavelmente. Além disso, consideravam Masachika, que havia sido parceiro de Yuki no ensino fundamental, um traidor. Embora ele tivesse ignorado os comentários com sua atitude costumeira e despreocupada, não podia negar que sentia uma raiva fria crescendo por dentro.

Se alguém falou coisas tão cruéis a ponto de deixá-la mal... eu nunca vou perdoar.

Enquanto aguardava a resposta com um incômodo crescente, Masachika infelizmente viu Nonoa balançar a cabeça.

Desculpa. A Alisa já parecia meio mal quando a encontrei, sabe~? Não vi nada que tenha acontecido antes disso~.

Entendo... Bem, você não precisa se desculpar. Obrigado... e desculpa.

Pelo quê?

Ah, é que...

Se tivesse que dizer o motivo do pedido de desculpas, era por ter suspeitado, mesmo que brevemente, de Nonoa — que vinha sendo tão colaborativa — com base nos comentários de Yusho. Mas ele não conseguiria dizer isso em voz alta.

Masachika então murmurou algo vago e, logo depois, pensou em perguntar à Nonoa a mesma questão que quase havia feito à Elena mais cedo.

Ah, certo... É divertido estar em uma banda?

Diante da pergunta repentina, Nonoa fez uma expressão confusa, talvez surpresa pela mudança repentina de assunto, mas logo assentiu com facilidade.

É~, cantar é gostoso~, então acho que é divertido, sim?

E-Eu entendo...

Então, até Nonoa gostava de música. Era uma resposta simples e comum, mas o fato, por si só, surpreendia e ao mesmo tempo chocava Masachika.

Até a Nonoa acha divertido... e eu...

Vendo Masachika se entristecer ainda mais, Nonoa ficou ainda mais confusa, balançando o corpo de leve.

Já acabou? Quero ir ao banheiro.

Ueh!? A-Ah, claro. Vai lá.

Tá bom...

Dizendo isso, ela deu um passo à frente.

Quer vir junto?

Ir com você!?

Masachika imediatamente retrucou à proposta absurda e casual de Nonoa. Depois, suspirou levemente ao vê-la se afastar com um sorriso no rosto, e seguiu em direção à entrada do prédio escolar.

Então é assim... Até do ponto de vista da Nonoa, música é divertida...

Esse tipo de prazer era uma sensação desconhecida para Masachika. Ou melhor...

Eu... sempre toquei sozinho.

Ele não tinha experiência com performances em conjunto ou em banda. No máximo, havia praticado piano em dueto com sua professora algumas vezes. Se isso tinha sido divertido ou não, ele honestamente não lembrava. Além disso… Uma certa lembrança surgiu em sua mente. A memória daquele dia havia se tornado um trauma mais profundo do que ele poderia imaginar. Involuntariamente, Masachika rangeu os dentes e balançou a cabeça de um lado para o outro.

Quanto mais penso nisso, mais duvido que possa ser útil pra alguém...

Analisando a situação com calma, Masachika soltou um suspiro. O que veio à tona foram as palavras ditas por Alisa no dia em que ele aceitou o pedido da Elena.

“Eu acredito que você é alguém que consegue acender sua própria paixão para apoiar aqueles que são apaixonados.”

“Então... eu tenho certeza que vai dar certo. Você com certeza pode realizar o desejo da Narahashi-senpai.”

……

Masachika sabia que Alisa não queria pressioná-lo. No entanto, a confiança que ela depositava nele, somada às expectativas dos membros do clube de instrumentos de sopro, era um fardo naquele momento.

É verdade que a apresentação deles foi incrível e... se eu puder ajudar, com certeza quero ajudar. Mas...

Mesmo com esse desejo, ele não tinha certeza se tinha habilidades ou talento suficientes para contribuir de verdade. Nesse ponto, ele nem sabia se conseguiria tocar algo na próxima prática do clube.

Isso tá sendo mais difícil do que eu pensava...

Murmurando para si mesmo enquanto virava o corredor, avistou Maria parada ao lado do armário de sapatos — e seus olhares se encontraram.

Ah, Kuze-kun. Também tá indo embora agora?

Ah, sim… Masha-san, está esperando pela Alya?

Sim, ela foi resolver umas coisas na sala dos professores~.

Entendi.

Enquanto conversavam e se aproximavam um do outro, Maria perguntou casualmente.

E aí? Como foi no clube de banda?

Hoje eu só observei, então não aconteceu nada de mais.

Prevendo a pergunta, Masachika respondeu vagamente, evitando entrar em detalhes. Quando tentou ir em direção ao armário dos sapatos, Maria o impediu com um tom inocente.

Ehhh~. Por quê? Vamos pra casa juntos~. A Alya-chan já deve estar chegando, né?

Diante do sorriso genuinamente inocente de Maria, Masachika não pôde deixar de rir por dentro.

Não, hoje—

Ah, e na reunião do conselho estudantil hoje, a Chisaki-chan foi tão~. engraçada~.

E a conversa já começou…

Com grande entusiasmo, Maria começou a contar os acontecimentos do conselho estudantil. Diante de seu sorriso puro, Masachika não teve coragem de dizer "vou embora" e, relutantemente, decidiu acompanhá-la e ficar ao seu lado.

Então, o presidente falou! “Isso não é o Sonho da Borboleta!”

Ahaha…

Masachika assentia casualmente e acompanhava a história de Maria, no entanto…

E então… o que aconteceu no clube de banda?

Hm?

De repente, foi surpreendido por uma mudança de assunto, sendo completamente pego desprevenido. Maria sorriu com ternura ao ver seu rosto congelado.

Aconteceu alguma coisa, né? Kuze-kun, você parece meio abatido.

Ao ser lido tão facilmente, Masachika sentiu-se envolvido por um olhar que parecia entender tudo. Fitando o horizonte, ele suspirou e retomou a compostura após um breve silêncio.

Eu só percebi o quanto os membros do clube de banda são dedicados… e comecei a duvidar se conseguiria acompanhar. Só isso.

Ele transmitiu apenas os fatos, sem se aprofundar nos detalhes, tentando esconder sua vulnerabilidade. Maria, percebendo até o que não foi dito, estendeu a mão para afagar a cabeça de Masachika. Após olhar discretamente ao redor, deu um tapinha casual em seu ombro.

Não se cobre tanto, tá bom? O pessoal do clube de banda tá praticando há muuuuito tempo. É natural não conseguir acompanhar logo de cara.

Bem, isso é verdade…

É~. E tenho certeza que a Elena-senpai entende isso também. Ninguém vai se decepcionar com você por não ser perfeito logo no começo.

!

O corpo de Masachika se enrijeceu levemente com as palavras de Maria. O simples e reconfortante "ninguém vai se decepcionar" ressoou em seu peito como um verdadeiro alívio. A confiança de Alisa, as expectativas do clube de banda — tudo isso, que ele havia acumulado sem perceber, começou a se dissipar.

Então era isso… Eu tinha medo de decepcionar os outros…

Pensando bem, sempre tinha sido assim. As expectativas do avô, as da mãe — ele sempre se forçara a atender essas exigências. Sem perceber, acabava se encurralando para não frustrar ninguém.

Ao deixar para trás essas ansiedades que nem sabia que tinha, Masachika sorriu levemente. Ao ver esse sorriso, Maria também sorriu, aliviada.

Não precisa ser perfeito em tudo. Só faça o seu melhor, do seu jeito… E se mesmo assim ainda for difícil, tá tudo bem fugir. Quando isso acontecer, eu vou te consolar bastante.

Haha… Isso é reconfortante.

Enquanto pensava internamente. 

Se chegar a esse ponto, vai ser o fim de várias maneiras, Masachika riu, sem sarcasmo. E, quando relaxou os ombros por um momento…

A propósito, Kuze-kun? Por que você anda evitando olhar nos meus olhos ultimamente?

A pergunta curiosa de Maria o atingiu em cheio. Tendo olhado para frente o tempo todo durante a conversa, Masachika respondeu com um rosto inocente, enquanto uma gota de suor escorria por sua bochecha.

Não, eu só estava olhando na direção de onde a Alya vai vir…

Por que você está evitando tanto me encarar?

Não é isso.

Ele disse isso ao se virar, mas, ao ver Maria em seu uniforme… imediatamente teve um flashback da Maria bêbada de anteontem e desviou o olhar de novo.

Por que você olhou pro outro lado?

N-Não, é que… passou um inseto voando…

Mesmo sendo quase inverno?

Digo, eles voam mesmo no inverno. Na verdade, eles até se agrupam. É um saco, principalmente perto de água—

Aconteceu alguma coisa anteontem, não foi?

Enquanto tentava de todas as formas mudar o rumo da conversa, Maria acertou em cheio, e Masachika gaguejou. Aparentemente, seu comportamento já entregava tudo, e Maria franziu as sobrancelhas.

Eu sabia… Realmente aconteceu alguma coisa, né?

E-Er… bem…

Quando Maria havia se recuperado da bebedeira naquele dia, Masachika simplesmente havia descartado tudo com um casual: “Você apagou logo depois de beber.”

E, por ora, Maria tinha aceitado essa explicação. Mas, de algum modo, parecia que ela sentia que havia mais por trás daquilo, e isso a incomodava. O que era? O que a incomodava tanto a ponto de trazer esse assunto à tona?

Enquanto Masachika especulava, Maria, com um olhar culpado, começou a explicar enquanto mexia nervosamente nas mãos entrelaçadas.

Me desculpa por aquilo… Eu geralmente tento evitar doces com álcool, e até agora... Nunca perdi a memória por causa deles fora de casa. Mas anteontem, eu abaixei a guarda porque o Kuze-kun e a Elena-senpai estavam lá...

Embora Masachika tenha se sentido, no geral, aliviado com a explicação, havia algo que ela disse que o deixou intrigado.

Quantas vezes você já perdeu a memória em casa?

U-Umas vezes...? A Alya-chan ficou muito brava comigo todas as vezes...

O que você fez?

B-Bem, eu não lembro… Parece que fico grudenta com a Alya-chan quando estou bêbada...

Apertando as bochechas com as duas mãos e desviando o olhar, Maria espiou Masachika com um olhar tímido.

Então, ahm… será que eu fiquei grudenta com o Kuze-kun também...?

……

Diante da pergunta de Maria, Masachika olhou para cima, pensativo.

Ela… ficou mesmo grudenta? Bem, eu senti algo fisicamente... envolvente, mas…

Abraçado pela barriga, braços, pernas, puxado para o sofá e, por fim, montada em cima dele—

Nnngh.

Uma cena indecente surgiu em sua mente, e Masachika limpou a garganta reflexivamente. Assustada, Maria se atrapalhou.

Eu-eu fiz alguma coisa, então!? Eu fiz!?

Ca-calma. Tem gente por perto.

Apontando discretamente com o olhar para os alunos que estavam saindo, Masachika a alertou em voz baixa. Percebendo que talvez tivesse falado alto demais, Maria cobriu a boca com as duas mãos. Enquanto olhava ao redor com cautela, Masachika ponderava sobre o quanto deveria contar a ela.

Bom, talvez seja melhor ser completamente honesto neste ponto…

Esse pensamento passou por sua mente, mas ele logo descartou a ideia.

Como eu poderia dizer isso!? Que ela ficou sem camisa e montada em cima de mim!? Eu não posso dizer isso!! A Masha-san morreria de vergonha e desmaiaria!!

Além disso… se fosse totalmente honesto, surgiriam perguntas sobre como ela voltou ao estado sóbrio naquela situação.

Ao se lembrar do processo de fazê-la voltar à consciência, Masachika sentiu um aperto no peito — foi quase uma experiência de quase-morte, de tanto nervosismo e culpa. Ele cerrou os dentes.

Quer dizer… não tinha como evitar. Eu não sabia quando alguém do conselho estudantil poderia voltar, e se alguém que não soubesse da situação visse aquilo, só daria em mal-entendido… Principalmente se fosse a Sarashina-senpai. Ela teria arrombado a porta e me resetado com um peteleco na testa!

Mesmo se desculpando internamente, o sentimento de culpa de Masachika persistia. E esse peso facilmente superava a culpa de mentir para Maria e, como resultado...

Bom, ahm… você me agarrou pelo braço e me puxou pro sofá? Acho que a gente ficou um pouco embolado, só isso.

Masachika optou por uma evasiva completa. Afinal, ela não lembrava de nada, certo? Se contasse só uma parte da verdade, talvez conseguisse esconder o resto. No entanto, parece que ele foi ingênuo demais.

Isso… é tudo mesmo?

Com um tom de quem não estava convencida, Maria perguntou novamente. Mas mesmo assim, a resposta de Masachika permaneceu firme.

É tudo. Aconteceu algo?

Bem, veja...

Enquanto Masachika bancava o desentendido, Maria olhou ao redor com discrição, se aproximou na ponta dos pés e sussurrou no ouvido dele, cobrindo a boca com uma das mãos como se criasse uma barreira improvisada. Envergonhada, ela falou em russo.

Эм, положение моего нижнего белья... стало немного не тем после этого.

(Ahm… a posição da minha roupa de baixo… estava meio fora do lugar depois daquilo.)

!?

Это не должно было произойти просто из-за обычных объятий… Может быть, я…

(Não devia ter ficado assim só com um abraço… Será que eu…)

Tendo pisado em um território inesperado por causa de uma única pista, Masachika, pego de surpresa, desviou os olhos.

U-Uuuuu~~~.

Maria, que já havia parado de ficar na ponta dos pés, fez bico enquanto cruzava os braços sobre o peito, corando. Ao ver isso, Masachika percebeu que estava acabado — já era tarde demais.

Ваааах! Я больше не могу выйти замуж ни за кого, кроме Саа-куна!

(Uwaaaah! Agora eu não posso me casar com mais ninguém além do Saa-kun!)

Ei, espera um segun...

Justamente quando esperava um tapa na cara, Maria girou sobre os calcanhares e saiu correndo pelo corredor.

Я обязательно сделаю тебя своим мужем!

(Eu vou fazer você se tornar meu marido, com certeza!)

Que frase mais clichê é essa!?

Enquanto retrucava, Masachika saiu correndo atrás dela, mas Maria correu direto para... o banheiro feminino.

Estou surpreendentemente calmo, não?

Por causa disso, acabou ficando mais tranquilo do que esperava, e Masachika ficou parado em frente ao banheiro feminino, mandando sua resposta ao ar.

Normalmente, alguém não correria até ficar sem fôlego numa situação dessas? No entanto, esconder-se foi, de fato, mais eficaz do que sair correndo sem rumo. Na verdade, Masachika não conseguia pensar em um plano melhor contra aquela saída particularmente dramática dela. Os olhares curiosos dos outros também eram desconfortáveis, então, a contragosto, ele se afastou da frente do banheiro feminino.

Bem... será que está tudo bem deixar a Masha-san assim e simplesmente ir pra casa? Mas esperar também não parece uma opção...

Voltando para a entrada da escola, Masachika hesitou enquanto alternava o olhar entre os armários de sapatos e a porta do banheiro feminino. Foi então que alguém o chamou por trás.

Masachika-kun...? Aconteceu alguma coisa?

Ao se virar, ele viu Alisa olhando para ele com uma expressão confusa. Em seus olhos azuis havia uma clara suspeita, como se dissesse: "Você estava olhando para o banheiro das meninas?"

Não, é que ouvi um barulho alto vindo do banheiro feminino, então só vim ver o que era.

Masachika mentiu casualmente com uma expressão impassível. Alisa continuou olhando para ele com desconfiança por alguns segundos, antes de examinar os arredores.

Você viu a Masha? Ela deveria estar esperando por aqui...

Huh. Quem sabe...

Sem dizer as palavras diretamente, Masachika usou o olhar para sugerir que Masha poderia estar no banheiro. Mesmo com o olhar dela ficando ainda mais frio, Alisa virou as costas para a entrada.

Bem, se você esperar aqui, ela vai acabar saindo.

Hmm...

O que foi?

Nada...

Se ele continuasse ali, talvez Masha nunca saísse. Com esse pensamento em mente, Masachika seguiu em direção aos armários.

Certo, até amanhã...

Eh? Vamos embora juntos. Quero falar sobre a reunião do conselho estudantil de hoje.

Déjà vu...

?

Não, nada não.

Dando de ombros, ele voltou para o lado de Alisa. Em contraste com alguns minutos atrás, agora ele esperava ao lado dela pela Masha.

Como foi que cheguei nessa situação?

Inclinando a cabeça em confusão por dentro, Masachika percebeu a situação e pensou em maneiras sutis de sair dela. No entanto...

Como foi o clube de música?

Mais uma vez, déjà vu. Com um sorriso irônico ao ouvir a mesma pergunta que a irmã dela havia feito, Masachika falou seus sentimentos verdadeiros após a conversa com Masha mais cedo.

Pra ser honesto, fiquei um pouco ansioso sobre o quanto eu poderia ajudar... mas bem, vou tentar sem me estressar demais.

Entendo.

Talvez percebendo a sinceridade na resposta de Masachika, Alisa abaixou os olhos levemente e então voltou a encará-lo.

Como são os membros do clube de banda de sopro? Acha que vai se dar bem com eles?

Ah... alguns eram bem peculiares, mas, bem...

Respondendo com um sorriso suave, sem nenhuma emoção negativa, Masachika ficou surpreso com a resposta casual de Alisa.

Fico feliz que esteja parecendo divertido.

Essas palavras, ditas de forma tão natural por Alisa, fizeram com que os ombros de Masachika se contraíssem involuntariamente.

Masachika-kun?

Percebendo que ela notou o movimento, ele desviou o olhar para o cenário distante.

……

O olhar de Alisa perfurava sua bochecha. Ainda assim, ele continuou fingindo ignorância, o que a fez suspirar levemente e murmurar.

Честно говоря, он действительно просто беспомощен.

(Francamente, ele é mesmo um caso perdido…)

Suas palavras, uma mistura de exasperação e aceitação, trouxeram tanto gratidão quanto um leve arrependimento ao coração de Masachika. Após franzir o cenho por alguns segundos, ele falou resignado.

Pra ser sincero... eu nunca achei divertido tocar música.

Alisa levantou o rosto, e ao sentir o olhar dela sobre si novamente, Masachika continuou sem olhar em sua direção.

Sempre considerei o piano mais como uma obrigação do que como um hobby... Se eu consigo ou não me divertir com isso, honestamente não sei. E eu nunca toquei música com outras pessoas antes.

Escolhendo bem as palavras, Masachika confessou suas próprias inseguranças enquanto dava de ombros. Nesse momento, Alisa segurou firmemente sua mão direita.

?

Vamos.

Apesar do olhar questionador de Masachika, ela o puxou sem esperar resposta.

Eh? P-Pra onde?

Sem responder à confusão de Masachika, Alisa continuou puxando-o enquanto caminhava rapidamente pelo corredor. Eventualmente, sob os olhares curiosos dos alunos que passavam, chegaram à segunda sala de música.

Hã? Masachika e Alya-san?

Takeshi, que acabara de sair da sala de música, olhou para os dois enquanto inclinava a cabeça. Os outros membros da banda também lançaram olhares desconfiados ao vê-los. No entanto, ignorando esses olhares inquisitivos, Alisa parou na frente deles e olhou para Nonoa, Sayaka, Takeshi e Hikaru, um por um.

Que timing perfeito. Vocês têm um tempinho?

Eh, ah, acho que sim...?

Olhando para os rostos dos outros, Takeshi respondeu pelo grupo, enquanto Alisa assentia com a cabeça.

Obrigada. Desculpem incomodar enquanto estavam guardando as coisas, mas poderiam montar os instrumentos de novo?

Hã? Os instrumentos?

Sim. Me desculpem, mas podem preparar também o baixo e o teclado?

Eh, bem, acho que... tá bom...

Com expressões sérias, todos eles, aparentemente pressionados pelo pedido direto de Alisa, começaram a preparar os instrumentos sem reclamar. Embora ninguém entendesse a situação, Alisa exalava uma aura que desencorajava perguntas, e todos focaram em silêncio nos preparativos.

Hum, estamos prontos, mas...

Obrigada.

Então, lançando um olhar para Masachika, que parecia completamente perdido, Alisa declarou com ousadia.

Esta será uma apresentação de retorno única da Fortitude. Mas com vocais duplos: eu e Nonoa-san. E você, Masachika-kun, vai ficar no teclado.

Ueeeh!?

Masachika soltou um grito confuso diante do anúncio inesperado de Alisa. Com o barulho, outros membros do clube de música leve que ainda estavam na sala se aproximaram, curiosos para saber o que estava acontecendo.

A música será "Dreamy Phantom", tudo bem? Então, vamos começar logo.

N-Não, espera aí!

Incapaz de tolerar a forma impositiva de Alisa, Masachika protestou em voz alta. No entanto, Alisa virou seu olhar frio casualmente na direção dele.

Qual o problema? Você sabe tocar, não sabe?

Bom, eu li a partitura e vi vocês tocarem várias vezes, então acho que consigo, mas não é isso o problema—

Então se prepara logo.

Cortando a reclamação de Masachika, Alisa se virou para Nonoa. Sem saber o que dizer, Takeshi, segurando sua guitarra, riu animado.

Uau, sério? Nunca pensei que íamos tocar com essa formação de novo.

Takeshi? Desculpa acabar com a empolgação, mas temos alguém aqui tocando pela primeira vez, né?

Bem, bem, é ordem da líder. Vai se preparar, Masachika.

Por que você também tá empolgado com isso, Hikaru!?

Não seja tão rígido, Masachika-san. Vamos nos expressar através dos nossos instrumentos, sim?

O que isso quer dizer, sua "Chuunibyou" Sayaka...

Por algum motivo, os outros membros, agora totalmente entusiasmados, ignoraram calmamente os protestos de Masachika. Após terminar de conversar com Alisa, Nonoa, segurando o microfone, girou-o na mão enquanto dizia.

Bem~, bem~, já que chegou a esse ponto, vamos só curtir o momento, né?

Ao ouvir essas palavras descontraídas de Nonoa, os olhos de Masachika se arregalaram. Em seguida, ele olhou fixamente para as costas de Alisa. Quando ela olhou por cima do ombro para ele, abriu a boca.

Prontos? Então—

Recebendo aquele olhar, Hikaru bateu suas baquetas uma na outra. Vendo isso, Masachika hesitou por um momento, depois decidiu se lançar com uma determinação quase desesperada.

Ah, dane-se! Seja o que Deus quiser!

Em um instante, Masachika visualizou a partitura e a imagem de Nonoa tocando o teclado, e começou a apertar as teclas. A bateria acelerou, as cordas da guitarra e do baixo dançaram de forma enlouquecida, e os vocais duplos de Alisa e Nonoa ecoaram pela sala de aula. Seguindo o ritmo, Masachika ativou seu cérebro musical e seus dedos no máximo.

Para que estavam tocando, ou para quem — Masachika não tinha espaço para pensar nisso. As memórias do passado nem conseguiam emergir naquele ambiente. O que restava era uma performance desesperada, desajeitada e atrapalhada.

Ah, tô tocando muito bruto. Que performance horrível.

Estava extremamente imperfeita, se comparada às muitas apresentações das quais já participara. Tocavam tão mal que chegou a parecer engraçado para Masachika. Mas o curioso era que, apesar do desempenho individual horrível, quando tudo se juntava... de alguma forma, não soava ruim.

Os vocais de Alisa e Nonoa às vezes se desencontravam. A guitarra de Takeshi errava algumas notas. A bateria de Hikaru exagerava nos pratos, e o baixo de Sayaka tinha umas vibrações esquisitas aqui e ali. Mesmo a participação e os gritos do "público" — tudo se misturava numa peça musical única e incomparável.

Hah-hahaha...

Antes que percebesse, Masachika estava rindo alto. Era uma risada baixa, facilmente abafada pela música. No entanto, como se tivesse ouvido, Alisa lançou um olhar breve para Masachika.

E aí, tá se divertindo?

Em resposta à pergunta implícita naquele olhar, Masachika respondeu com um olhar cheio de gratidão.

É... Tá divertido.

Se ela entendeu o que ele quis dizer ou não, Alisa desviou o olhar com um leve sorriso, virou-se para frente e levantou a voz para o coro final.

Благодаря тебе, Аля.

(É graças a você, Alya.)

Sussurrando suavemente para as costas de Alisa, Masachika fez uma glissando até o clímax da música. Inspirados pelo ato improvisado dele, os outros membros fizeram seus instrumentos ressoar. Como respingar tinta colorida numa folha em branco, foi uma apresentação livre e despreocupada, extremamente divertida, assistida por cerca de dez membros do clube de música que estavam por ali.

Foi uma apresentação de retorno única da Fortitude. De forma alguma chegou à escala ou perfeição da que fizeram no festival cultural. No entanto, a primeira e última apresentação com os seis membros da Fortitude terminou com uma empolgação que podia rivalizar com a daquele dia.

No entanto, cerca de dez minutos depois...

Alisa e Masachika, ainda animados, decidiram ir embora com os outros membros da banda. E então, encontraram Maria, sentada sozinha com os joelhos encolhidos, em frente ao armário de sapatos. O que aconteceu em seguida levou a uma situação extremamente constrangedora — mas essa é uma história para outro dia.

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