Volume 9
Prólogo: Mesmo Assim, Yuki Era Apenas uma Criança
Dói.
*Cof, cof...!*
No instante em que Yuki recobrou a consciência na cama, uma tosse brotou do fundo do peito, escapando à força. Ela continuou tossindo sem parar, cada acesso trazendo uma dor ardente que queimava sua garganta e uma pontada aguda e latejante na nuca.
Instintivamente, encolheu-se, tentando suportar a dor, mas até mesmo o menor movimento fazia suas articulações doerem por completo. Quando conseguiu se virar de lado, lutando contra o desconforto, o peso de seu próprio corpo fez com que o ombro e o braço começassem a ranger de agonia, obrigando-a a voltar a se deitar de costas.
Mas isso só fez parecer que seus pulmões estavam sendo esmagados, tornando a respiração ainda mais difícil.
Ah... essa sensação...
À medida que sua mente, ainda turva pelo sono febril, começava a clarear, lembranças do passado voltaram à tona. Acamada, sem poder ir a lugar algum. Uma dor sem fim à vista. A sensação sufocante de estar presa, como se vagasse sem rumo em uma caverna alagada, sem mapa. Sem saber quando a água poderia subir novamente e tornar difícil respirar — mas com o medo constante de saber que isso inevitavelmente aconteceria.
Não importava o quanto lutasse, nem o quanto chorasse de angústia — não havia escapatória. Quanto tempo mais teria que lutar para se libertar daquela situação desesperadora? Será que havia mesmo uma saída? Imaginar um futuro tão sombrio fazia com que ela sentisse como se estivesse perdendo a razão.
Não... se eu começar a ter dificuldade para respirar de novo...
Fechou os olhos e inspirou lentamente. Só o ato de puxar o ar já era suficiente para sentir o sangue escapar de seus dedos. Estava frio. Sentia-se sozinha. Queria que alguém — qualquer um — segurasse sua mão. E ainda assim, ninguém estava lá.
Por quê...? Eu entendo a Ayano e a mamãe... Mas a Natsu-san deveria estar aqui...
Com certeza, só tinha saído por um momento. Yuki também sabia que, se usasse o telefone ali ao lado, alguém da casa viria correndo em menos de um minuto. Mas ela não o fez. Não era porque a febre nublava seu julgamento. Era mais como... Por que ninguém está ao meu lado? Por que a deixaram sozinha para suportar aquela dor? Ela não conseguia aceitar. Odiava todos eles. Eles deviam vê-la chorar e se atormentar de culpa e tristeza. Era um ressentimento infantil. Um turbilhão de raiva, amargura, medo, dor e solidão.
— Uuu... uááááá~...
Ignorando a dor na garganta, Yuki chorou como uma criança. Mas isso só piorou sua respiração, e a falta de oxigênio tornou seus pensamentos ainda mais confusos.
— Hic... huff, uááá~...
E logo seus pensamentos estavam espalhados por todos os lados. Já nem sabia mais por que estava chorando.
Ela chorava porque estava triste? Ou estava triste porque chorava?
A raiva já havia desaparecido há muito tempo, restando apenas uma solidão fria e uma ansiedade esmagadora.
Quanto tempo aquela dor duraria? Quando ela poderia sair daquela cama? E se ficasse assim para sempre? Não, ela não queria isso. Queria brincar com seu irmão. Queria continuar provocando a Ayano. Odiava se machucar.
Dói. É solitário. Estou com medo. Com medo. Com medo!
— Uááá~... Hic... uáááá~...
Nesse instante, a porta do quarto se abriu com um clique, e duas vozes familiares chegaram aos ouvidos de Yuki.
— Yuki-sama!? O que aconteceu!?
— Yuki-sama...
Eram Natsu Kimishima, serva da família Suou, e sua neta Ayano, que servia como acompanhante de Yuki.
— Está sentindo dor? Teve um pesadelo?
Natsu largou apressada a bandeja que carregava, quase a deixando cair no chão enquanto corria até a cama. Segurando a mão de Yuki, estendeu a outra para tocar sua bochecha com preocupação — mas Yuki virou o rosto, recusando o toque.
— Está tudo bem, Yuki-sama? Quer que eu traga alguma coisa!?
Dessa vez, Ayano a chamou com uma voz incomumente aflita, mas Yuki a ignorou, continuando a chorar. Ela mesma não entendia por quê. Tudo doía e a dor poderia ser o motivo, mas no fundo sabia que não era por isso que chorava. Ainda assim, não conseguia entender o verdadeiro motivo. Sem saber, só conseguia continuar chorando — como se rejeitasse tudo à sua volta.
— Ayano! Chame o médico!
— S-Sim!
— Vai ficar tudo bem, Yuki-sama. O médico já vem — disse Natsu, mas o significado de suas palavras não alcançava Yuki.
— Hic... uuuu~... N-Nii... sama...
Ao ouvir aquele murmúrio fraco e choroso, Natsu congelou.
— Nii-sama... onii-sama... uááááá~...
Será que ela estava mesmo pedindo ajuda ao irmão? Ou seria apenas uma tentativa cruel de atormentar Natsu com um pedido impossível de atender?
— Uááá~... Hic... nii-sa—Onii-chaaan, uááááá~...
Sem conseguir distinguir nem isso, Yuki continuou chorando.
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