Volume 1

Capítulo 25: SEM DOR, SEM GANHO

Era noite e uma barreira foi erguida sobre a unidade para evitar que alguma criatura percebesse sua presença ali.

A tropa estava acampando na base de uma árvore.

Quase todos os vitanti estavam sentados ao redor da fogueira enquanto alguns outros vigiavam. Haveria uma troca de turnos.

Kai tinha acabado de voltar de uma inspeção mais minuciosa, e sentara no galho baixo de uma árvore próxima. Tinha a visão de boa parte da floresta dali.

Ele lançou um breve olhar para os soldados embaixo e notou Fioled o encarando. Ela sorriu, mas ele não devolveu o gesto.

Alguns tessaya conversavam ao redor do fogo, eram bem jovens. Estavam recontando sobre a noite em que os mercenários invadiram seu acampamento e mataram muitos de seu povo.

– ...Então o mercenário cortou a garganta do pequeno Vert... – contou um deles. – Ele queria saber se haviam mais de nós ou até mesmo vitanti por aí, mas ninguém disse nada. Foi aí que o general Mael chegou.

– Entendo – Ómra se aproximou. – Sinto muito que tenha sofrido tudo isso. Esses curoh’nekedoh continuam achando que podem tudo... mesmo que tenhamos sido esquecidos na mente de alguns deles, existem aqueles que sempre irão lembrar. É por isso que eu odeio a todos eles e, se tivesse a chance, mataria qualquer um no meu caminho.

Kai olhou de soslaio e viu o Echanti o encarando.

– Mas nem todos os humanos são ruins... – disse o jovem tessaya.

– Como não? – Oseias bradou. – Você acabou de dizer que eles mataram os nativos, destruíram seu vilarejo. Eu sinceramente não consigo entender como nós estamos convivendo com um neste momento... só os Eblomdrude mesmo pra nos forçar a isso...

– É bom que tenha cuidado com o que diz, garoto – disse um vitanti de feição carrancuda. – Tenha respeito.

– Ele não mente, Zinério – rebateu o irmão de Fioled. – Neru’dian e Mael estão esmaecendo, perdendo a visão...

– Então você deve concordar que nosso pai também está – Fioled rebateu. – E Oren, e eu, e metade dos anciãos do vilarejo.

– Oren só não queria ter sangue imundo manchando suas mãos, foi puro e simples remorso.

Arjuani acompanhava a discussão acalorada de longe, calada.

Zinério se adiantou.

– Para um ferreiro, você tem muitas ideias rebeldes nessa cabeça, moleque.

Ómra se levantou, agora encarava Kai diretamente.

– É óbvio que tenho. Não vê que tudo mudou depois que esse curoh’nekedoh chegou? Todos estão em frenesi constante, Pele-pétrea entrou em guerra conosco, perdemos Oren que era um adendo significativo... ele só traz o mal. Eles são ruins, e esse macaco de pele amarela não é diferente.

– Eu não acredito nisso.

Todos se viraram para um tessaya que permaneceu calado até o momento.

– Quero dizer... até a morte de Vert, não tínhamos esperanças. Mas quando o sr. Mael chegou junto do vice comandante Kai... bom, quero dizer, ele lutou contra os mercenários e... e...

– Aposto que os deixou fugir – interrompeu Ómra, risonho e arrogante. – Não teria culhões necessários para...

– Na verdade ele matou o líder dos mercenários.

Todos se viraram para um tessaya mais velho, que tinha um rosto cansado. Deveria ter, no mínimo, uns 25 anos.

– Eu vi com os olhos que Bulogg me permitiu ter... sem manti, sem armas, só força bruta. Ele bateu tanto no rosto do sujeito que seus olhos saltaram para fora. O crânio virou sopa, o cérebro foi moído, e ele não parou até que dissesse chega. Suas mãos ficaram tão inchadas que mesmo quando colocamos ataduras, elas continuaram a tremer. Lembro... lembro até hoje da cena. Foi horrível.

Todos encararam Kai, escorado num tronco e bebendo um líquido que trouxera consigo.

Ele não queria que lhe olhassem assim, mas fitou o rosto de cada um ali, escondido pela gola da capa negra. Encarou os tessaya e os vitanti. Ómra parecia perplexo, sem acreditar. Oseias era o mesmo.

Arjuani estava um tanto curiosa. Mas Fioled... ela talvez estivesse se perguntando a razão dele não ter contado isso para ela. Sua feição era tão indecifrável quanto a de Mael no dia do ocorrido.

– Muito difícil de acreditar, caso contrário... – Disse Ómra.

– O que? – Interrompeu o vitanti que contou os detalhes, irritado. – Está tão cego pela sua inveja que é difícil acreditar que um macaco pelado fez mais por nós, sentiu mais a nossa dor, chorou mais as nossas lágrimas do que nossos próprios irmãos? Livre-se disso enquanto é tempo, ou vai engasgar com o próprio veneno.

Ómra nada disse além de encarar o chão. O lugar ficou incrivelmente quieto.

E assim permaneceu por um longo tempo.

Quando todos foram se aprontar para dormir, Kai foi o único a ficar acordado. Já tinha dormido o bastante.

Ficou encarando o fogo enquanto o vento frio soprava em sua bochecha. Bebeu um gole do malte da casa Eblomdrude; era doce como o hidromel dos Dito e embriagava igual a cerveja preta caseira de Lucio Fal.

Pegou-se pensando nos malucos de Neve Sempiterna e em como estaria o lugar neste momento. Ninguém acreditaria se ele contasse tudo o que viveu até aquele momento.

Um bom tempo se passou e boa parte dos soldados já estava dormindo. Kai havia descido do galho a fim de se aconchegar próximo do fogo.

– É verdade?

Ele ergueu o rosto e Arjuani lhe encarava do outro lado da fogueira.

– O que?

– Que matou o mercenário com as próprias mãos.

– Que diferença isso faz?

– Toda diferença. Pode não parecer, mas você parece um gato fofinho, ninguém acreditaria se dissessem que é um assassino frio.

– Tsc.

– Você estalou a língua? Pra mim?

Quando o rapaz não respondeu, ela soltou um riso baixo.

– Por que não retalha quando Ómra fala? Tem medo?

Kai soltou uma risada baixa, carregada de todo sarcasmo que ele possuía.

– Só não vale a pena. – Disse, por fim.

– Por que diz isso?

– Eu lido com pessoas desse tipo desde que me lembro. Com o tempo, a única coisa que os irritaria mais do que uma retaliação é ignorar.

Arjuani baixou a cabeça e mexeu no fogo, pensando sobre algo.

– Quer dizer que só vale a pena quando sou eu? – ela balbuciou.

Kai ergueu o rosto.

– Hein?

– Nada... – Ela suspirou, o ar gélido. – Só gostaria... Gostaria de me desculpar.

Aquelas palavras o surpreenderam, mas ele não disse nada.

– Quando nos conhecemos, admito que fiquei irritada, incrivelmente irritada por ter que dividir a liderança com você...

Kai esperou que ela concluísse, mas Arjuani não disse mais nada. Ele respirou fundo e olhou para ela.

– O que mudou?

Demorou alguns minutos até que ela dissesse algo, como se avaliasse se era sábio ou não contar alguma coisa. Ainda mexendo nas fagulhas, disse:

– Recebi uma carta de Neru’dian. Ele queria que eu construísse uma boa conexão com você, que isso era de extrema importância.

Kai franziu o cenho, se sentindo engraçado.

– E uma simples carta a fez mudar de opinião assim tão rápido? Me desculpa, mas isso é difícil de acreditar...

– Pra você, Neru’dian pode ser só um homem, mas, para nós, vitanti, é uma honra ter pelo menos o prazer de conversar com ele. Neru’dian é, para nós, um guia, o conselheiro espiritual mais poderoso, aquele que está em constante conversa com Bulogg. Alguns jovens não entendem isso, mas eu compreendo; para mim foi de extrema felicidade quando soube que seria necessária para os planos do protetor.

Kai suspirou. Tinha que levar em consideração que com os vitanti era oito ou oitenta. Ou eles amavam alguém, ou odiavam com todo o ser. E nisso poderiam ser melhores que os humanos.

Ele fitou por um longo tempo a escuridão.

– Desculpas aceitas.

Ela acenou com a cabeça. Depois de mais um tempo, tornou a falar.

– Tenho uma pergunta. 

– Pois não?

– Quais são seus motivos? Por que você perderia seu tempo lutando uma guerra que não é sua?

Kai olhou para o fogo por um longo minuto.

– Dever e obrigação.

– Não acredito nisso. E nem você. Já deu pra notar que você é um cara que faz o que dá na telha, então não é somente ‘dever e obrigação’ como manda o roteiro.

– Nem tudo necessita de uma explicação, uma filosofia metódica por trás de cada ato e ação. Nem todo movimento gera uma consequência ou, por exemplo, nem toda escolha gera uma cadeia de novos fatos. 

– Ainda não faz sentido.

– Vocês veem os humanos como seres que fazem tudo com um motivo por trás, e eu concordo que esse tipo de pensamento é válido; mas nem todos somos assim. Quando digo que meus motivos se cercam de dever e obrigação, é porque é.

– E que deveres são esses? E essa obrigação?

– Nem tudo é preto no branco, Arjuani. Os motivos vão existir ainda que ninguém os entenda e/ou os aceite.

– Isso não fez nem um pouco de sentido.

Kai a olhou e sorriu.

– Acontece.

Arjuani devolveu o sorriso.

– Ainda assim...

– Nesse caso – Kai suspirou e esfregou as mãos. – Me diga o conteúdo da carta que posso responder uma pergunta.

Arjuani se levantou e soltou uma risada baixa.

– Boa noite, o próximo turno é meu.


***

A unidade Fronteira se espreitava por uma região escura e muito sombria.

Percorriam por entre as árvores em filas indianas.

– Como sabe que é por aqui? – Kai indagou.

– Mael deu as coordenadas. – Ela puxou uma caixa pequena e pousou na palma da mão. Abriu e havia um ponteiro de ferro rodando, vez ou outra pulsando para noroeste. – Aqui, uma bússola que ele inventou; ela contém um feitiço de busca.

Kai pegou e inspecionou. Era bem a cara dele.

– Quer dizer que esse ponteiro aponta para o lugar? É algo parecido com a Grande Entrada?

– Mais ou menos... quero dizer, pelo que Mael falou, é um lugar menos espalhafatoso.

– Ok. – Ele suspirou. – Irei checar.

Arjuani se virou para as árvores e arbustos e chamou Ómra e o sujeito tessaya. Quando se aproximaram, ela falou:

– Vocês irão com o vice comandante Kai.

– Não será necessário. – Disse Kai, interrompendo Ómra que já tinha aberto a boca.

– Entendo, mas isso não é um pedido. – Ela se virou para Ómra. – Qualquer desacato ao vice comandante Kai será reportado a mim por Liziero. Espero que entenda que não estamos a passeio e existem regras que devem ser respeitadas. Qualquer coisa que seja parecida com o que vi ontem, será imediatamente reportada para seu pai, que é um líder muito respeitado dentre os chefes de estado. Você compreende, não é?

– Sim, senhora. – Ómra engoliu em seco.

– Certo. Kai, acho que você irá notar quando se aproximar da entrada. Segundo Mael, é grande e emite uma aura enorme.

O rapaz apenas assentiu e, ao pegar a bússola, saiu correndo.

Liziero e Ómra seguiram um de cada lado, a carranca do Echanti mais evidente do que nunca.

Em um certo ponto, o ponteiro passou a apontar para um só lugar: Noroeste. Eles seguiram e, em determinada localização, foi como Arjuani disse: uma imensa aura escapava de algum lugar.

– Sentiram isso? – Kai indagou, guardando a bússola.

– Como não? – respondeu Ómra, rude. – O negócio parece um farol.

– Acho que é uma armadilha. – Disse Liziero.

– Mas é óbvio que é, seu idiota. – Rebateu o irmão de Fioled.

– Vamos prosseguir. – Kai se virou e começou a andar.

– Que? Você quer nos matar? Não sabe da brutalidade dos mudanti, sabe?

Kai fechou os olhos e respirou fundo; em seguida, contou até cinco.

Saiu correndo, Liziero no seu encalço.

Logo chegaram nas ruínas de uma grande montanha. A vegetação e plantação eram escassas em vários pontos. 

Na base da rocha, haviam escrituras e desenhos estranhos. Kai se aproximou e inspecionou o lugar.

Era parecido com inscrições, como algum aviso. Mas, como Kai não sabia falar a língua nativa dos vitanti, não perdeu tempo. Poderia perguntar a Ómra ou Liziero, mas não queria ter que discutir com o Echanti e duvidava que o outro fosse letrado. Muito embora soubesse falar a dita “língua universal” com muito louvor e maestria.

Ele caminhou mais um pouco e era inegável que uma densa aura escapava dali; mas, ao decorrer do tempo, foi perdendo intensidade.

Kai se agachou, a fim de tocar nas rachaduras. Em quase toda a superfície havia pó e cipós secos, exceto numa pequena parte do tamanho de uma passagem.

Ele chegou à conclusão de que deveria ser a entrada e que os mudanti deveriam fazer morada nos túneis.

– Virou arqueólogo, agora? – Disse Ómra, sarcástico.

Kai ignorou o comentário.

– Por que tem que ser tão rude? Você nem o conhece.

– Que foi? Agora virou protetor dos animais pelados? Não sabia que existia esse tipo de comitê.

– É que eu sei agradecer aos que me fizeram bem.

– Fizeram bem? Ele só teve que agir porque você não foi forte o suficiente para se proteger; ao meu ver, é tão descartável quanto ele.

Kai percebeu pontos estranhos, como quando houve perturbação na energia ambiente na luta contra o Bulgu. Ele se virou, buscando qualquer coisa anormal.

Os dois vitanti continuavam conversando besteira.

– Cala a boca, porra. – Rosnou Kai.

Ómra olhou para ele, estupefato.

– Quem você pensa que...

Antes que ele terminasse a frase, Kai avançou em sua direção, os braços erguidos, prontos para atacar.

Sabendo da capacidade de Kai, Ómra temeu por sua vida um milésimo de segundo. Mas o ataque nunca veio.

Isto é, quando ele se deu conta, Kai estava parado na sua frente, com a enorme Amencer em mãos e, forçando sua arma contra ele, um sujeito de pele vermelha e cabelos negros.

– Esta... esta é... É a Amencer? A espada do alvorecer? Como... como é possível?

Kai olhou para trás de soslaio, irritado.

– Preste atenção, idiota.

Kai se virou para frente e checou a feição bruta de seu oponente. Era um mudanti.

Ele não tinha qualquer tatuagem, mas era forte e cheio de colares e pulseiras.

Kai pressionou a espada e o mudanti deu dois mortais para trás. Ao levantar o rosto, havia um enorme sorriso.

– Ora, então havia alguém forte assim, é? Qual seu nome, macaco pelado?

– Isso não é interessante no momento. – Kai guardou a espada, mas não saiu da pose de batalha. – Não viemos atrás de uma contenda.

– Ah, mas isso quem julga sou eu. – O mudanti sorriu.

– Responda, Stone. – Ómra urrou. – Essa espada... ela estava na posse dos Echanti há milênios... é a cortadora dos céus, alvorecer da manhã, a espada do amanhecer... Amencer. Se você roubou, é melhor que...

– Dá pra calar a porra da sua boca por um segundo, seu retardado? – Kai gritou. – Isso não é hora pra uma discussão dessas. Cheque seus arredores, vitanti tolo. Há mais uma dúzia deles nas árvores.

Ómra ergueu o rosto e então percebeu. Como o macaco pelado tinha notado antes dele? E que força monstruosa era aquela?

– Peço que não nos ataquem, temos uma situação a tratar...

– Batalhe comigo, então. Daí julgarei se você deve ou não morrer.

Kai não queria que chegasse até aquele ponto, mas, pelo visto, seria necessário.

– Uma luta no um contra um, sem a interferência dos meus ou dos seus. Que me diz?

Kai olhou de soslaio para os outros dois vitanti. Não poderia deixar que o irmão de Fioled se machucasse e, caso Liziero morresse, teria sido em vão.

– Tudo bem.

Assim que ele terminou a frase, o mudanti diminuiu o espaço.

Ele desceu a espada em vertical; Kai rolou para o lado, mas, antes que se levantasse, foi recebido com um chute. Levantou os braços a tempo e foi arremessado um pouco longe.

O mudanti correu e deu dois chutes aéreos que foram defendidos pelas mãos de Kai. Ele manejou a espada em horizontal e Kai arqueou as costas. A lâmina passou raspando por sua barriga.

O sujeito vermelho estocou e, em novas investidas, desferiu golpes e cortes contínuos.

Kai se esquivou de todos.

O mudanti berrou em raiva e ficou mais vermelho ainda.

– Vai ficar só esquivando? Isso não está certo.

Chi fluiu nos punhos de Kai e ele avançou.

Deu um soco lateral que acertou a costela do mudanti; em seguida, deu um soco direto que acertou o nariz. Deu mais dois socos, um no queixo e outro no diafragma, com os nós dos dedos.

O mudanti caiu, engasgando. Despois de recuperar a respiração, se levantou e fincou sua espada no chão, um sorriso enorme no rosto. Cuspiu um punhado de sangue e ergueu os punhos.

Diminuiu o espaço e atacou de frente.

Tão franco, pensou Kai.

O golpe pareceu muito direto, mas, quando Kai focou apenas nele, notou que era uma finta. Sua defesa se abriu na parte das costelas, onde foi golpeado com uma joelhada que trincou os ossos. Ele cuspiu um punhado de sangue.

Em seguida, o mudanti deu uma rasteira circular e Kai caiu para trás, respirando pesado.

Entrementes, o mudanti acertou um golpe de palma aberta no queixo dele e tudo rodou.

Mas o rapaz se agarrou no braço musculoso e enganchou a perna esquerda na direita do mudanti. Sacudiu a cabeça e, mesmo tonto, tornou a levantar.

Apertou tanto os punhos que ouviu estalos. Os nós dos dedos ficaram brancos.

Eles se soltaram e ficaram em um curto espaço.

Kai avançou e acertou um golpe direto no antebraço do mudanti que ecoou. Tentou um soco baixo vindo de trás, que foi aparado pela mão do mudanti. Em seguida, deu um chute de sola que acertou a canela do adversário, isso o desequilibrou.

Com a palma aberta, deu um golpe no meio do pescoço e uma joelhada na boca do estômago.

Mesmo ofegante, o mudanti avançou e tentou um chute nas costelas de Kai, que agarrou a perna abaixo do braço. Tentou, com o braço livre, socar o mudanti, que se esquivou para baixo. Kai soltou a perna e, como o espaço era curto, acertou um golpe no meio do peito. O guerreiro carmim cuspiu sangue, soltou um guincho alto e caiu no chão. Kai cerrou o punho direito e chi fluiu, então socou em direção da cabeça do oponente, mas este desviou, mesmo caído.

O impacto do golpe de Kai criou um enorme buraco no chão, que, dele, fez um enorme estrondo. A terra tremeu e se estilhaçou.

Kai desceu a mão esquerda em direção ao rosto do mudanti. Depois de acertar o primeiro golpe, desceu a mão direita sobre o peito do guerreiro e seus ossos trincaram. Ele arregalou os olhos e cuspiu um punhado de sangue, que espirrou no rosto de Kai e voltou para o seu próprio. 

O rapaz acertou outro soco, que o fez perder a consciência momentaneamente.

Ele agarrou o pescoço do guerreiro carmim e ergueu a outra mão para dar o golpe final. Antes que o fizesse, no entanto, teve uma sensação ruim. Ao erguer o rosto, Liziero e Ómra estavam cercados; não somente: uma dúzia de guerreiros vermelhos apontavam flechas enormes para ele.

Kai respirou fundo, a batalha havia chegado ao fim. 



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