Volume 2

Capítulo 95: ONDA DE SANGUE

Kai observou a escuridão se aninhar ao redor, impossibilitando ainda mais sua visão. 

 

Como ele possuía grande sensibilidade sensorial por causa do chi, conseguia distinguir brevemente as silhuetas de várias coisas o cercando em questão de segundos. 

 

E quanto mais e mais se aproximavam, mais escuro ficava.

 

No entanto, se era para Kai ficar nervoso, sua mente se concentrou e se tornou puramente clara. Não havia tensão ou pensamentos excessivos. 

 

Seu rosto impassível permaneceu inalterado pelo longo minuto que se seguiu, com mais e mais seres surgindo. 

 

Não era preciso juntar um e um para saber que eram inimigos. Apenas o fedor deles e suas passadas pesadas lhes entregavam. 

 

Neste ponto, Kai agradeceu por não conseguir enxergá-los… deveria ser uma visão infernal. 

 

Pararam a poucos passos dele, e Kai se aquietou, ouvindo atentamente suas respirações ofegantes e… bufadas de ar fétidas. 

 

O que estavam esperando? Quer dizer, talvez achassem que ele se entregaria…? 

 

Ou talvez fossem burros demais para saber onde ele estava? Não… se fossem incapacitados pela escuridão, a criatura vil que os mandara não iria apostar nisso. Somente a quantidade era suficiente. 

 

Mas era incomum que tanto tempo prosseguisse sem que nenhum deles tomasse a iniciativa. 

 

Kai esperou e esperou, nunca perdendo a calma. 

 

Eles, no entanto, pareciam apreciar da mesma calma…

 

‘Huh, que criaturas estranhas…’ 

 

Com isso, Kai suspirou, o que fez as criaturas se agitarem. 

 

Uma série de bufos, rugidos e bramidos se seguiu. Era como se houvesse uma matilha de cães aqui.

 

Logo, como se era esperado, Kai foi atacado pelo primeiro deles. Somente no último segundo é que Kai conseguiu notar, no entanto. 

 

Com um franzir de testa, ele desviou bem a tempo de garras longas e fedidas rasparem suas narinas. 

 

Não somente isso. Entrementes, um forte golpe o assolou pelas costas, enviando dor, náusea e uma abrupta quantidade de raiva imolante. 

 

Sem pensar duas vezes, Kai girou no calcanhar erguendo sua perna e acertando a criatura bem na fuça. Sem perder tempo ele se empertigou e girou no eixo dando um salto mortal para o lado. 

 

Com socos e pontapés ele afastou brevemente as criaturas, que foram acertadas sem fazer absolutamente nada. 

 

Quando Kai pousou sobre um joelho e respirou fundo, as criaturas se afastaram, como se isso não tivesse acontecido. 

 

E de fato, quem seria louco o bastante para permanecer calmo diante tantos demônios… e ainda atacá-los? Tudo isso numa escuridão eterna? 

 

Nem mesmo as criaturas acreditaram no que viam… ou no que sentiam… quem sabe como esses bichos se orientavam?

 

A única coisa que pode ser aceita é que elas não ficaram bem com isso, então uivaram feito lobos e hienas, rugindo e fazendo sons antinaturais. 

 

Kai inclinou a cabeça e se preparou. 

 

Prestes a ser atacado, ele tocou no cabo de Vento Noturno, e um choque percorreu seu polegar até seu peito, fazendo-o largar a espada por breves segundos. 

 

Franzindo a testa, Kai tocou de novo o cabo da espada, mas desta vez estava mortalmente fria. Uma série de pensamentos passou por sua cabeça, mas nada que devesse ser importante demais. 

 

No momento ele tinha de sobreviver a centenas de criaturas vis, fedorentas, barulhentas… e sem face. 

 

Uma intensa batalha começou não muito tempo depois. 

 

Kai girava no eixo desferindo golpes mortais e bem pronunciados, o que era intrigante pois ele não via nada ao redor.

 

As bestas agiam de modo impensado, talvez irritadas e confusas com as ações de seu inimigo. 

 

Mas mesmo assim, uma onda crescente delas surgia mais e mais, somente para terem suas almas ceifadas pela lâmina fria e rápida de Kai. 

 

O rapaz era um furacão, girando, cortando, chutando, perfurando, golpeando. Ele recebia muitas quantidades de cortes, mas aguentava bem a dor, nunca parando mais do que dois segundos para recuperar o fôlego. 

 

Seus ataques eram fortes e muito ágeis, com uma quantidade imensa de precisão. 

 

Todas as criaturas que se aproximavam era somente para morrer, e seus cadáveres povoando o chão enquanto a tempestade de areia batia em seus corpos. 

 

Kai recebia cada vez mais golpes, mas ele estava concentrado demais para ligar para isso. No momento, era como se estivesse em seu habitat natural. 

 

Ele matava cada criatura com um ou dois golpes, e sua espada zunia no ar, o som de areia raspando e o som da carne sendo rasgada. 

 

Mais impressionante… é que todo seu esforço era recompensado. A cada morte, e a cada quantidade de energia gasta, era rapidamente recuperado… pois era como se a energia dessas criaturas fosse sugado por ele… e isso porque…

 

Kai sacudiu a cabeça, desviando de garras mortais. 

 

Quanto mais Kai se tornava veloz, ágil e preciso, mais energia transbordava para seu Tanden. 

 

Então ele cortou e cortou, matando tudo que via pela frente – ou sentia. E sua energia circulava loucamente. 

 

Sem ver nem necessidade de usar energia para ataques, o rosto de Kai se tornou sombrio e obscuro, concentrado ao máximo. 

 

A energia recuperada era automaticamente purificada, se tornando intensa e refrescante… 

 

E mesmo assim… Kai não diminuiu o ritmo, entrando num frenesi automático. 

 

Freneticamente pego no ritmo de desvia, corta, esquiva, pula, abaixa, mata… e tudo de novo. Morte, morte, morte. A carne rasgando e o uivo mortal das criaturas se tornou música para os ouvidos de Kai, que regia o campo de batalha com uma orquestra sinfônica e harmoniosa. 

 

Ele entrou no turbilhão frenético de morte e perfuração, ignorando as próprias feridas e circulando sombriamente até se ver deslizando para lá e pra cá sem sequer ser atingido… 

 

… Até perceber que não havia mais nada. Só morte e corpos. A areia batia em sua pele e permanecia presa pelo grude do sangue seco e fedorento em seu corpo.

 

Não o seu sangue, obviamente. 

 

Kai suspirou e suspirou, balançando a cabeça freneticamente, a espada em riste, tão fria e mortal quanto qualquer arma deveria e poderia ser. Pelo menos para Vento Noturno, que tinha sido sua fiel protetora nos últimos dias, isso não significava muito algo bom. E ele sabe o motivo, porque…

 

Kai bufou. Olhou para os lados, não enxergando realmente, e enfiou Tirise na bainha junto ao baldrico, o cinto diagonal em sua cintura. 

 

Estavam todos mortos. O cheiro fétido de sangue subiu e inundou suas narinas. Os corpos se estenderam por uma extensão realmente grande, mas Kai agiu indiferente. 

 

Ele estava tão absorto nessa busca incessante por carne e sangue que nem percebeu que estava em real situação de perigo aqui. 

 

Em outra época, Kai pensaria mil vezes antes de se envolver em tamanho perigo. Mas isso havia passado, e restou a vã reação de desafiar o mundo. E a si mesmo. E a morte. 

 

Tolo, burro, estúpido… sua mente já trabalhava com esses adjetivos pré dispostos há muito tempo para Kai realmente se importar com isso agora. Não… ele não ligava. 

 

Nem mesmo uma única nota mental. Nem uma repreensão sequer. Nada. Parecia que a chave do senso de perigo havia sido desligada. Como se o anjo que o impedia de agir tolamente tivesse se aliado ao demônio, e ambos agora esperassem… ansiando para que ele perdesse realmente a compostura. E ele não podia ligar menos.

 

Agora restara apenas alguém totalmente disperso e sem um mínimo de consideração por si mesmo. 

 

Não sobrou nem a compaixão estarrecedora. Kai queria sangue, e não sossegou até que tivesse. E isso foi bom… mortalmente bom.

 

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